terça-feira, 6 de abril de 2010

Carta a Autoridades Guidovalenses


No dia 09 de março, eu e o meu irmão Marcílio Vieira, mandamos correspondência às seguintes autoridades guidovalenses:

Ao Prefeito Municipal Élio Lopes dos Santos


Aos Vereadores:

  • Adenilson Lemes da Silva
  • Delso Gerônimo de Almeida Costa
  • Evaldo Ribeiro Lopes
  • João Batista Ferreira
  • João Rodrigo Alberto
  • Jose Occhi Medeiros
  • Michel Ângelo Carlos Pinheiro
  • Roberto Carlos de Almeida
  • Vismar de Souza Machado

Às Diretoras:
  • Profª Elaine Ramos Vieira Pinheiro (Escola Estadual Mariana de Paiva)
  • Profª Fernanda Pinheiro Vieira (Escola Municipal Antônio Barbosa Neto)
  • Profª Ionice da Silva Fouraux (Escola Municipal Cid Vieira)
  • Profª Sueli Vieira Gomes (Escola Estadual Cel. Joaquim Martins)


À grande Mestra:
  • Profª Carmem Cattete Reis Dornelas

Abaixo, a transcrição da carta.


Belo Horizonte, 09 de março de 2010

No dia 19/05/1910 brilhou no nosso céu o Cometa Halley. Não sabemos se por influência deste pequeno corpo celeste, o fato é que nesse mesmo ano nasceram várias pessoas que ajudaram a iluminar o mundo.

Lembraremos de alguns de reconhecimento internacional:
Tancredo Neves (4 de março), Chico Xavier (02 de abril), Madre Teresa de Calcutá (27 de agosto), Dom João Resende Costa (19 de outubro) e Noel Rosa (11 de dezembro).

Mas o que nós queremos na realidade é relembrar dos cidadãos que mesmo não nascendo na então Sant’Anna do Sapé, vieram depois aqui residir e ajudaram a construir a nossa Guidoval. São eles:


Padre Oscar de Oliveira (23 de março - nascido em Barreiras - PE) , Dr. Mário Geraldo Meireles (8 de abril - nascido em Visconde do Rio Branco) e Prefeito Sebastião Cruz (25 de junho - nascido em Rodeiro).

Agora que está completando 100 anos do nascimento de Padre Oscar, Dr. Mário e Prefeito Sebastião Cruz, nada mais justo que as nossas autoridades constituídas prestem as devidas homenagens a estes concidadãos que escolheram serem nossos conterrâneos.


É preciso reverenciar as personalidades que no passado trabalharam em prol da nossa terra.

A homenagem pode até ser simples, o que não pode ocorrer é o esquecimento daqueles que se dedicaram a construir o nosso município com abnegação e idealismo.

Contamos com a sensibilidade das nossas lideranças para promover eventos que dignifiquem estes saudosos guidovalenses.


Atenciosamente,
Ildefonso Vieira / Marcílio José Vieira Neto


PS1:
Uma cidade é do tamanho dos seus líderes.

PS2:
Apesar de acharmos desnecessário, faremos um breve histórico destes nossos concidadãos.



Padre Oscar de Oliveira


Padre Oscar de Oliveira nasceu no dia 23/03/1910 na cidade de Barreiros, Pernambuco. Filho de Antônio Cláudio de Oliveira e Josefa Catarina de Oliveira.

Antes de vir para Guidoval foi pároco em Juiz de Fora, Guarará, Laranjal, Palmas e Leopoldina. O seu paroquiato em Guidoval foi de 20/12/1951 a 17/12/1970.

Foram quase 20 anos de dedicação ao povo guidovalenses celebrando missas, batizando crianças, unindo casais através do matrimônio, dando extrema-unção aos enfermos.

Além dos sacramentos, conselhos e realizações espirituais, construiu a nossa grandiosa Igreja Matriz de Santana.

Para se ter a dimensão da grandeza do Padre Oscar, transcrevo trecho do livro “Respeitável Público - Os bastidores do fascinante mundo do circo”, escrito por Ruy Bartholo que conta a epopéia do Gran Circus Bartholo.

“Jamais vou me esquecer de Guidoval, uma pequena cidade mineira, onde um forte temporal atingiu o circo, que não resistiu e foi ao chão, as madeiras quebradas e o pano todo rasgado. Ainda estávamos meio aturdidos, olhando os estragos, quando ouvimos a voz do padre Oscar pelo alto-falante, conclamando todo o povo da cidade a nos ajudar a reerguer o circo. - Povo de Guidoval - gritava ele. Vamos ajudar o Bartholo (meu pai). Temos que levantar este pequeno circo que tantas alegrias nos trouxe. Toda ajuda será bem-vinda! E, imediatamente, antes que sequer nos déssemos conta do que estava acontecendo, dezenas de mulheres afluíram ao local onde o circo jazia destroçado no chão, empunhando agulhas e linhas para remendar o pano rasgado. Enquanto isso, chegavam os homens, munidos de serrotes, pregos e martelos, que prontamente se puseram a consertar tábuas, cruzetas e grades. Tudo ficou novinho em folha, e naquela mesma noite ainda fomos homenageados no cine-teatro da cidade, com um show de cantores locais. Mais parecíamos heróis voltando ao lar depois da batalha! Foi realmente uma experiência incrível. Em Guidoval, o padre vendia ingressos para o circo na hora da missa de domingo, quando a igreja estava lotada. - Vamos ao circo - dizia ele. Enquanto eu rezo, as Filhas de Maria vão vender os ingressos. E o padre era convincente, pois todos compravam para ajudar, até mesmo aqueles que já tinham entradas permanentes, o que fez com que o circo ficasse uma maravilha, em pleno período de chuvas, quando normalmente estaria sem público. Guidoval era a cidade dos sonhos de qualquer circense da época e, se pudéssemos, teríamos ficado lá para sempre. Mas o circo tinha de seguir o seu caminho, para levar sua alegria a outras paragens e, assim, cumprir seu destino.”


Dr. Mário Geraldo de Meireles

Dr. Mário Geraldo de Meireles nasceu em Visconde do Rio Branco no dia 08/04/1910.

Por muitos anos cuidou da saúde do povo guidovalense. No censo de 1950 Guidoval tinha 10.061 habitantes.

Em 1964, eram 11.334 habitantes. Hoje a população não chega a 8.000 habitantes.

Antigamente só tinha o Dr. Mário para atender a todo município. E mesmo com muito menos recursos científicos e tecnológicos, enormes dificuldades para locomoção, sem os avanços farmacológicos e exames laboratoriais sofisticados, a população tinha a presença de um médico em tempo integral para atendê-la física e espiritualmente.

Para ele, mais importante do que receber por uma consulta era atender o paciente. Muitos se aproveitaram desse seu desprendimento e não lhe pagavam os honorários.

Tanto que não acumulou riquezas, mesmo exercendo uma profissão tão respeitada, admirada e rendosa. Viveu uma vida simples, mas digna e honrada. Criou o “Asilo Frederico Ozanan” e iniciou a construção de um hospital. Idealista, junto com Sebastião Cruz, fundou em 1952 o jornal “Cidade de Guidoval” tinha como slogan "órgão dedicado aos interesses deste município”.

Quando foi criado o Ginásio Guido Marlière arrumou um tempo para ser professor do educandário, lecionando Inglês e Ciências.

Assim que Guidoval emancipou-se, foi eleito o vereador mais votado, sendo o Primeiro Presidente da Câmara Municipal. Algumas vezes teve que retirar-se da reunião do legislativo para atender pacientes que necessitavam dos seus cuidados.

Consta em atas. Elegeu-se também para a 2ª Câmara Municipal. Só não foi prefeito porque era mais útil à nossa terra como médico do que como administrador municipal.

Conciliador, em 10/06/52, como Presidente da Câmara Municipal participou da união política entre os partidos PR, PSD, UDN e PTB para que unidos trabalhassem para o engrandecimento de Guidoval.

Depois que se aposentou mudou para Belo Horizonte, mas continuou trabalhando como voluntário atendendo, diariamente, pessoas carentes na Igreja da Boa Viagem.

No dia 13/08/1984, voltando do trabalho, teve um enfarte fulminante, vindo a falecer.

Prefeito Sebastião Cruz

Nasceu no dia 25 /06/1910 na Fazenda do Paiol, distrito de Rodeiro e Comarca de Ubá.

De origem humilde, só foi alfabetizado aos 15 anos, pagando professor particular e estudando à noite. Em 1944 fez parte da campanha de vacinação para erradicação da Febre Tifo que vitimou inúmeras pessoas no município.

Em 1952 fundou, junto com o Dr. Mário Meireles, o jornal “Cidade de Guidoval” tinha como slogan "órgão dedicado aos interesses deste município”.

Dinâmico e idealista foi eleito vereador para primeira e segunda Câmara Municipal.

Foi Vice-Prefeito de Eduardo Occhi e Prefeito por três mandatos, nos períodos:
  • 31/01/1967 a 30/01/1971
  • 31/01/1973 a 02/01/1977
  • 01/02/1983 a 31/12/1988.

Em suas administrações construiu inúmeras obras de interesse o município. Como a relação é extensa vou são listar apenas principais realizações:
  • Sede da Prefeitura Municipal
  • Urbanização da Praça Santo Antônio e do Rosário
  • Escolas Municipais Senador Levindo Coelho, Joaquim Henrique, Henrique de Almeida Filho, Valverde, Padre Oscar de Oliveira, Cid Vieira, Vargem Alegre.
  • Posto Municipal de Saúde na Rua Antero Furtado de Mendonça, no Distrito do Pombal e Monumento do Guido.
  • Ponte Deoclécio Cattete
  • Delegacia e Quartel de Polícia
  • Calçamento das ruas Governador Valadares, Sete de Setembro, Padre Baião, Cesário Alvim, São Sebastião e as Avenidas Antônio Luiz da Silva Cruz e Padre Sinfrônino
  • Abertura das ruas Antero Furtado de Mendonça, João César de Matos
  • Construção de 24 casas populares
  • Perfuração do Poço Artesiano na Vila Trajano
  • Reservatório de Água no loteamento da Rua Padre Baião
  • Construção Clube Recreativo Álbero Cattete Campos (hoje Câmara Municipal)

Acreditamos que a síntese super-reduzida que fizemos de Padre Oscar de Oliveira, Dr. Mário Geraldo Meireles e Prefeito Sebastião Cruz é mais do que suficiente para que a nossa comunidade, através das nossas lideranças, possam homenagear a estes três cidadãos agora no centenário de seus nascimentos.


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