segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dr. Daniel Rufino Amaral

Agricultores do Triângulo Mineiro apostam na cultura do trigo

Trigo é importante para a rotação de culturas.
Além disso, os agricultores se beneficiam por colher primeiro o grão.

Do Globo Rural
Comente agora
O plantio de trigo começa a ganhar espaço no Triângulo Mineiro. Por ser uma das primeiras regiões do país a colher o grão, os agricultores esperam um bom lucro.
José Luiz Balardin tem uma propriedade no município de Sacramento, trabalha com trigo há nove anos e está com boa expectativa para esta safra. Serão 42 toneladas de sementes e dois tipos diferentes. "O Brasil está com uma deficiência grande de trigo, os preços internacionais estão bons, então é uma cultura que acreditamos que vá remunerar bem o produtor", diz.
Para aproveitar o momento, 250 hectares já foram plantados há 30 dias com o trigo sequeiro e com o tipo irrigado serão mais 150 em uma área onde hoje está o milho.
O trigo é importante para a rotação de culturas, já que a palha ajuda a fixar os nutrientes no solo. O cereal também se adaptou bem aos chapadões do Triângulo Mineiro, onde durante à noite as temperaturas caem e é possível ver o orvalho até às 10 horas da manhã, clima propício à plantação. Além disso, existe a facilidade de mercado para o produtor mineiro, já que o grão é colhido bem mais cedo do que na região Sul do país, a maior produtora de trigo. Por causa dessas vantagens, os produtores estão investindo mais na cultura.
Atualmente, 60% da produção de trigo de Minas Gerais se concentra no Triângulo e no Alto Paranaíba. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Joaquim Soares Sobrinho, acredita que a área plantada deve crescer 40% este ano, chegando a 40 mil hectares.
Para incentivar o avanço da cultura no cerrado, há três anos foi criado um campo experimental pela Embrapa em parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro. Novas sementes estão sendo testadas, assim como estratégias para controles de praga e doenças e novas tecnologias, que são divulgadas para os produtores rurais.
saiba mais

    terça-feira, 20 de maio de 2014

    Ricardo Aguiar Magalhães eleito para diretoria do CBDB

    Ricardo Aguiar Magalhães  eleito para diretoria do CBDB

    O Engenheiro Civil e Arquiteto Ricardo Aguiar Magalhães foi eleito para Diretor de Comunicações do CBDB (Comitê Brasileiro de Barragens). Ele é filhos dos conterrâneos Cleto Teixeira de Magalhães (Geólogo) e Maria Aguiar Magalhães (Professora).

    A eleição ocorreu no dia 20 de maio na sede de Furnas, no Rio de Janeiro,

    A nova diretoria do CBDB ficou assim constituída:

    Presidente - Brasil Pinheiro Machado
    Vice-Presidente - Fabio De Gennaro Castro
    Diretor Secretário - Luciano Nobre Varella
    Diretor Técnico - Carlos Henrique A. C. Medeiros
    Diretor de Comunicações - Ricardo Aguiar Magalhães

    É extenso o currículo do Ricardo.
    Abaixo, uma síntese da sua formação e múltiplas atividades.

    - Pós-Graduado em Master Business Administration Executivo, Concentração em Gestão Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas
    - Pós-Graduado em Web Plublish, Concentração em Ferramentas de Design e Publicação em Internet, pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI –BH
    - Especialista em Engenharia de Barragens, Área de Concentração Geotecnia, pelo Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto
    - Arquiteto e Urbanista pelas Faculdades Metodistas Integradas Izabela Hendrix
    - Especialista em Aço pela Escola de Engenharia da UFMG
    - Especialista em Transportes pela Escola de Engenharia da UFMG
    - Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais
    - Exerceu o cargo de Diretor do Núcleo Regional de Minas Gerais do Comitê Brasileiro de Barragens - CBDB,
    - Foi Conselheiro Suplente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais – CREA – MG
    - Participou como Diretor Administrativo-Financeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento de Minas Gerais, IAB/MG
    - Ocupou o cargo de Vice-Diretor para Comunicações do Núcleo Regional de Minas Gerais do  Comitê Brasileiro de Barragens – CBDB
    - Consultor e Proprietário da Ideiajato Arquitetura Virtual Ltda
    - Trabalhou como Engenheiro Sênior Especialista na Gerência de Segurança de Barragens e Manutenção Civil na  CEMIG

    É mais um descendente de guidovalenses brilhando.

    domingo, 18 de maio de 2014

    SERTÃO PROIBIDO DO CHOPOTÓ DOS COROADOS



    SERTÃO PROIBIDO DO CHOPOTÓ DOS COROADOS
    - De Freguesia de Sant'Ana de Sapé a Guidoval -
    escrito por Ildefonso DÉ Vieira
    A primeira vez que Guido Marlière pisou por onde hoje é a Esquina foi em 1813. Vinha de São João Batista do Presídio (Visconde do Rio Branco) para criar o Quartel de Guidowald (floresta do Guido). Depois disso muita água rolou por debaixo da ponte, que nem existia. Para que pudesse descansar da longa jornada de cinco léguas entre o Presídio e o Quartel de Guidowald, Marlière construiu um rancho de sapé às margens do Chopotó, o marco zero da nossa cidade.
    Cinco anos depois, os alemães Spix (zoólogo) e Martius (médico e botânico) em “Viagem pelo Brasil” visitaram Guido, em sua fazenda-quartel em 1818. Estava surgindo o “Arraial do Rancho de Sapé”.
    No dia 24/04/1822, Marlière informa ao Príncipe Regente Dom Pedro I que construiu uma capela para os índios ao pé da Serra da Onça. Menos de cinco meses depois D. Pedro I gritou “Independência ou Morte”, nos libertando do jugo português, tornando-se Imperador do Brasil. Os índios Coroados, Croatas, Carajás, Coropós e Puris, primitivos habitantes da região, nem ligaram para o acontecimento, mantendo-se a tradição de “jamais bater palmas”, fiéis à origem da palavra Chopotó: Che=jamais; =bater; = palmas. Talvez venha daí essa nossa preguiça macunaímica em NÃO APLAUDIR quaisquer shows, espetáculos sejam artistas de renome ou não. Não é indolência ou falta de educação, herdamos essa característica dos Coroados. Fazer o quê? Essa mesma apatia se repetiu tanto na Aldeia do Morro Grande, próximo a povoado de Sapé, como na Aldeia de Cipriano a cem passos da Fazenda Guidowald. Independência eles possuíam antes da chegada dos brancos.
     Guido MarlièreNo dia 05 de junho de 1836 falece Guido Marlière. No enterro do grande catequista, a viúva D. Maria Victória da Conceição Rosier pranteia a morte do marido, corta alguns cachos de cabelos do esposo, guarda-os no relicário que lhe adorna o pescoço junto com a única imagem do semblante do nosso colonizador. Desta vez os índios se manifestaram em dor e choraram a perda do protetor, apaziguador das constantes guerras.
    E foram chegando os forasteiros. Vindo de São Domingos do Prata, Manoel Ferreira da Costa estabeleceu-se onde hoje é parte da sede do município, criando a Fazenda Sapé. Depois trouxe a família. Junto com os filhos Delfino e João doaram 22 e ½ alqueires para patrimônio e criação da Paróquia. Já andava por estas bandas o Padre José Francisco Baião que adquiriu dois terrenos (08/10/1839 e 28/02/1844) de D. Maria Victória Marlière às margens do Rio “Chopotó dos Coroados”.
    O Capitão Gonçalo Gomes Barreto, fazendeiro e senhor de escravos, nos idos de 1840, foi o responsável pela construção de uma estrada do Presídio, passando pelo Sapé, Aldeia do Morro Grande, Fazenda Guidowald, Fazenda da Onça, Arraial Meia-Pataca, Capivara (hoje Palma), Registro da Barra do Pomba até aos Campos dos Goitacazes de grande importância econômica para toda a região.
    Em 1851, pela Lei nº 533, fica elevado a Distrito de Paz o “Curato do Sapé” que passa a ser conhecido como Sapé de Ubá.
    O Cartório de Paz registra, em 29/04/1853, transações comerciais entre José Joaquim Pedroso e Cypriano da Costa Carvalho. No dia 25/02/1856 o Padre José Francisco Baião vende terreno a Moysés Ferreira da Rocha e em 02/04/1856 Dona Maria Victória vende 10 alqueires a Romildo José Campos.
     Primeira Igreja Matriz de SANTANAA Lei Provincial nº 758 de dois de maio de 1856 eleva o Curato à Paróquia. Surge a Freguesia de Sant'Ana do Sapé, tendo como primeiro pároco o Padre Baião. O apelido Sapé, surgido desde o primeiro rancho fincado por Guido Marlière às margens do Chopotó, se incorpora em definitivo ao arraial que prosperava. SAPÉ na língua indígena quer dizer “O que alumia”. Os moradores do povoado têm agora a proteção da gloriosa Senhora Sant'Ana, Mãe de Nossa Senhora, Avó de Nosso Senhor Jesus Cristo, comemorada a 26 de julho. A doação dos terrenos pela família Ferreira da Costa para a criação da Paróquia foi o embrião, a semente para germinar a futura cidade. O tempo provaria que estes pioneiros tinham razão.
    Há muito se espalhara notícias da fertilidade das terras da região. Começaram a chegar mais e mais forasteiros, aventureiros de toda parte. Acabou-se o sossego dos índios, os verdadeiros donos da terra. Muitos vieram em busca de riqueza, outros fugindo da justiça e um grupo muito especial à procura da liberdade, tesouro d'alma. Eram os Tavares, Aleluia, Cruz, Tomé e Martins, todos negros fugindo da escravidão. À beira de um ribeirão, depois chamado de Preto, ao sopé da Serra de Sant'Ana trabalharam de sol a sol, poupando-se cada mil-réis pelos trabalhos prestados, até adquirirem o terreno dividido entre as cinco famílias.
    Não parou de chegar estrangeiro, imigrantes portugueses e italianos, negros alforriados, o povoado crescendo, o primeiro comércio, a primeira igreja, o primeiro crime, o primeiro casamento. A febre amarela que grassava o Rio de Janeiro desde 1850 começou a fazer vítimas pelo interior do Brasil. A Freguesia de Sant'Anna do Sapé não ficou livre dessa epidemia. Em menos de um ano, de 22/04/1857 a 15/03/1858, o livro de óbitos registra a morte de 31 pessoas com o sobrenome Bagne. Não se sabe a “causa mortis”, mas é muita desgraça para uma só família.
    Em 11/11/1858 nasce Bernardo Pinto Monteiro, filho de José Mariano Pinto Monteiro e Carolina Duarte Pinto Monteiro, natural de Ubá. É natural, pois a Freguesia de Sant'Anna do Sapé pertencia a Ubá. Meu amigo Marcellus Cattete afirma que ele nasceu na Fazenda de Sant'Ana, visitada pelo Imperador D. Pedro II, depois propriedade de D. Natinha que dizem ter sido amante do Presidente Getúlio Vargas. Um monumento de fazenda, uma relíquia do ciclo do café, que foi destruída apenas para vender o madeirame. Mas voltando ao Dr. Bernardo Monteiro ele foi Vereador, Deputado, Senador e Prefeito de Belo Horizonte. Hoje é nome de avenida na capital. Vamos pesquisar com maior profundidade a origem do provável ilustre conterrâneo.
    No dia 02/08/1859 morre Anna, índia Coroatá e em 29/05/1860 o índio Puri Severino. São enterrados como cristãos no cemitério local.
    Em outubro de 1864 começa a Guerra do Paraguai. Não bastasse a febre amarela para aniquilar os mais humildes, surge o conflito militar mais sangrento da América do Sul. A comunidade do Ribeirão Preto, já sofrida pela escravidão faz promessa. Se os seus filhos não fossem convocados para a guerra e nem morressem da epidemia que se alastrava, iriam construir um cruzeiro em homenagem a São Pedro. Atendidos em suas preces em 1870 erguem o Cruzeiro do Ribeirão e em todo 29 de junho festejam, até hoje, com entusiasmo as graças obtidas, num ritual tradicional que emociona os participantes e convidados.
    Albino Ferreira de Araújo adquire uma porção de terra com vinte alqueires de plantio de milho na Fazenda Aldeia do Morro.
    A Lei do Ventre Livre é aprovada em 1871, livrando-se da escravidão todos os negros nascidos a partir daquela data. Porém a criança ficaria em poder dos senhores de sua mãe até os 21 anos. Liberdade para inglês ver. Em 10/06/1873 Inácio José de Barros e sua mulher doaram três alqueires de terras, a título de permuta, à Paróquia de Sant'Ana, tendo à frente Padre Severiano Anacleto Varella.
    Aos dois anos de idade, em 1873, veio morar na Fazenda de Jacinto Pereira, na Serra da Onça, o menino Levindo Eduardo Coelho, depois Senador e pai do Governador Ozanan Coelho. Nasce no dia 16 de junho de 1877, Joaquim Martins, filho de José Martins Ferreira e Joana Martins Coelho. O pai era natural de São João Nepomuceno. Joaquim depois virou fazendeiro, coronel, político, nome de rua, com muita história para contar. Em 06/09/1879 falece o Capitão-Mor Florêncio Pereira da Silva Catete, de 79 anos. Era natural de Mariana.
     Vó ElisaNasce em 11/02/1888 Elisa Ribeiro, filha da parteira Afra Tereza. Três meses e dois dias depois de seu nascimento, a liberdade limitada da Lei do Ventre Livre era lhe restituída integralmente pela Lei Áurea. O Brasil inteiro comemorou a virada desta página de dor e vergonha da história nacional. Elisa aprendeu com a mãe o ofício de parteira. É a cidadã que mais guidovalenses ajudou a nascer em toda história do município. À benção Vó Elisa!
     Dr. Manoel Basílio FurtadoO povoado continuou atraindo aventureiros e desejosos de fortuna. Chega a Freguesia de Sant'Ana do Sapé, em 1891, o Dr. Manoel Basílio Furtado e abre uma empresa de beneficiamento de cereais. Médico, cientista, pesquisador é o primeiro a levantar a biografia de Guido Marlière. É o responsável pela pintura do único quadro que conhecemos do “Comandante de todas as Divisões do Rio Doce” . Conseguiu emprestado de Maria Flávia Marlière a medalha que ela herdara da avó Maria Victória. Dr. Basílio registra em fotografias o incipiente Sapé no fim do século XIX. Muitos comemoraram a chegada do século XX. Dr. Manoel Basílio Furtado não tinha motivos para celebrar, os negócios não andavam bem, fechou a empresa e mudou-se para Rio Novo.
    Durante o paroquiato do Padre João Caetano da Encarnação é criado a Conferência de Sant'Ana em 30/06/1901.
    Circula em 1906 o jornal “O SAPÉ”, de Belarmino Campos. Casam-se Dionísio Vitorino Maciel e Isaura Rosa Silva. O Tenente Joaquim Henriques da Costa pede providências para consertar a estrada que vai a “Barreiras”, no lugar denominado “Barro Branco”. Encontrava-se adoentado o proprietário da Padaria São Pedro, Sr. Vicente Jorge. A Profª. Mariana de Paiva convoca os pais a matricularem seus filhos na escola de ensino primário. A Sociedade Atheneu Sapeense convida o corpo cênico para uma reunião. Esta sociedade cultural é presidida por Belarmino Campos, músico, ourives, dentista, jornalista, ator, dramaturgo, cenógrafo. É um dos grandes beneméritos do Sapé.
    Nasce na Serra da Onça, em 11/05/1906, Ascânio Lopes.
    Em 1910, a passagem do Cometa Halley provoca alvoroço no mundo. Muito se falou no fim dos tempos. No povoado do Sapé não foi diferente. Ignorantes, sabidos, zambetas, todos de boa fé correram à Igreja Matriz de Sant'Ana a rezar em busca de um lugar ao céu, rogando a Deus perdão pelos pecadilhos que todo ser humano comete. Padre João Caetano da Encarnação confortou os seus fiéis, não sem antes orar umas dúzias de Pai-Nosso e algumas centenas de Ave-Marias. O cometa passou e só deixou um rastro de beleza nos céus sapeense.
    Morre a 22 de janeiro de 1922 o Papa Bento XV. Na velha Igreja Matriz de Sant'Ana o Padre Vicente Cunto Pinto e toda comunidade reza pela alma do líder católico. Em fevereiro realiza-ser a Semana de Arte Moderna. Reflexo do movimento modernista surge em Cataguases a Revista Verde em setembro de 1927. Um dos participantes é o jovem conterrâneo Ascânio Lopes QuatorzeVoltas autor da poesia “Serão do menino pobre”, da qual transcrevo o trecho:
    “Quando Mamãe morreu / o serão ficou triste, a sala vazia. / Papai já não lia os jornais / e ficava a olhar-nos silencioso. / A luz do lampião ficou mais fraca / e havia muito mais sombra pelas paredes... / E, dentro em nós, uma sombra infinitamente maior”.
    Em 07 de setembro de 1923 reduziu-se o nome da Sant'Ana do Sapé para apenas Sapé. A mudança toponímica não foi motivo de grande euforia, nem houve entusiasmo na comemoração de 101 anos da Independência, o povoado almejava a sua autonomia administrativa. Em 03/04/1927 é criado o Apostolado da Oração.
    Com a presença do Presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, inaugurou-se o Monumento do Guido, na Serra da Onça, em 13 de agosto de 1928, em homenagem ao civilizador que dedicou 23 anos de sua vida a apaziguar e educar indígenas.
    Por um breve período, 01/08/1936 a 17/11/1937, governou a Prefeitura de Ubá o médico Dr. Theóphilo Moreira Pinto, pai de Cybele que depois se casou com Ozanan Coelho. A beleza encantadora das sapeenses Cybele e Ilca de Castro Arantes, que se casou com o Dr. José Campomizzi Filho, fez com que ele, mais tarde, espalhasse aos quatros ventos que “Guidoval era a terra das moças mais bonitas do Brasil”. Segui os conselhos do sábio Promotor de Justiça e casei-me com uma guidovalense: Maria de Lourdes Ribeiral.
    Depois de mais de 30 anos um novo jornal aparece no Sapé. É a “Voz de Sapé” dirigido por Theophilo Braz Pereira de Mendonça e tendo como Redator o Prof. Aristides Rocha. O primeiro número saiu escrito “Villa de Sapé, 23 de outubro de 1938” e já combatia o vício do fumo dizendo-o “anti-higiênico, tóxico, é um tirano que brinca com o seu escravo viciado”, num artigo assinado por Mário Reis. Condena o “costume deselegante” de uso de armas como facas, punhais e até mesmo pistolas e garruchas de todo calibre, texto escrito por Amadeu dos Santos. É recebido com entusiasmo pelo jovem Sebastião Lisboa Andrade, cujo texto reproduzo em parte:
    “Voz de Sapé é a voz das montanhas, das cascatas, dos rios, dos lagos, de Sapé de Ubá. É a voz do sol que doira as campinas rociadas de luz e de vida, da terra de Guido, o desbravador, é a voz da Noite que acalenta o sono da alma sapeense, varonil e intrépida.”
    Infelizmente durou pouco esse periódico. Uma pena, pois era muito bem escrito. Cheio de idéias e ideais. Não tinha propagandas, talvez daí a sua rápida passagem pelo nosso povoado. Como se sabe a propaganda é alma do negócio. Por essa época Turunas e Sapeense alegravam os folguedos carnavalescos do povoado em pleno desenvolvimento.
    No dia 8 de maio de 1940 toma posse na Paróquia de Sant'Ana o Padre João Crisóstomo Campos. Dinâmico, logo faz um inventário dos bens da igreja, identifica as necessidades e carências da paróquia, abre um Livro do Tombo e inicia a sua administração.
    Em 1943 o Distrito do Sapé teve seu nome modificado para GUIDOVAL, em justa homenagem a seu fundador o Coronel Guido Thomas Marlière L'age, esse plantador de cidades em Minas Gerais. O mundo em plena Guerra Mundial nem percebeu que na Zona da Mata de Minas Gerais um francês tivera a honraria de ser nome de um povoado em venturoso progresso. Os novos guidovalenses, sapeenses para sempre, festejaram o acontecimento. Entre setembro de 1944 e maio de 1945, 25.000 soldados brasileiros combateram na Itália. Lutaram conta o fascismo, o nazismo, em defesa da liberdade e democracia. Nos campos italianos morreram 465 soldados brasileiros e 3.000 ficaram feridos. A crueldade da guerra não poupou guidovalenses que derramaram sangue e sacrificaram suas vidas nos campos de batalha na Itália.
    No dia 2 de março de 1948 estava em Belo Horizonte a “Comissão Pró-Emancipação de Guidoval” integrada por Padre Sinfrônino Almeida, Manoel Reis Moreira, Astolfo Mendes de Carvalho, Dilermando Teixeira Magalhães e José de Azevedo Costa. Visitaram o Secretário do Interior, Dr. Pedro Aleixo, e se encontraram com o Governador Milton Campos para tratar da emancipação de Guidoval. O jornal belo-horizontino, “O DIÁRIO” publicou matéria sobre o assunto.
    Rua Sete de Setembro (Fundão). Foto do séc.  Rua Sete de Setembro (Fundão). Foot do s[ec. XIX de Dr. Manoel Basílio FurtadoXIX de Dr. Manoel Basílio Furtado
    Em 04 de abril de 1948, Dr. Artur Furtado, publica longo artigo no jornal “Folha do Povo” de Ubá onde manifesta a importância da Emancipação de Guidoval. Por essa época, Dr. Artur mantêm intensa correspondência com o amigo Deoclécio Lopes Catete. Trocam idéias sobre Guidoval, emancipação, nome e instalação do município, das obras essenciais, emergentes e urgentes para a cidade recém-criada. São sentimentos de homens altruístas, pensando no bem da coletividade. Dr. Artur é filho do Dr. Manoel Basílio Furtado de quem herda o amor pela nossa terra. Na década de 30, presidiu o Conselho Distrital do Sapé, ocasião que foi adquirido prédio que depois abrigou classes de aula das Escolas Estaduais Reunidas. Era o casarão que serviu de sede à velha prefeitura. No porão ficava a cadeia. Hoje é Prédio Administrativo e Clube “Álbero Campos”. Dr. Artur, depois se mudou para Belo Horizonte trabalhando na Secretaria de Educação. Residindo na capital do estado, se transforma numa espécie de embaixador de Guidoval, atuando nos bastidores para a emancipação do nosso município.
    Daí a minha certeza:
    Guidovalense não parte. Reparte!
    Uma parte fica. Outra parte, parte!
    (Fim da primeira parte – publicada no Jornal de Guidoval em Janeiro/2006)

    A tão sonhada emancipação política de Guidoval aconteceu em 27 de dezembro de 1948. Frutificou a luta dos emancipacionistas. Guidoval não seria mais um distrito abandonado da prefeitura de Ubá. Um bairro de periferia aonde político só aparece em época de eleição em busca de votos. Poucas vezes se viu tanta alegria nas ruas descalças de nosso povoado. Não faltaram foguetes, bebidas e danças. Mesmo com tanta euforia teve comerciante que colocou luto achando que deixaria de vender querosene, pois logo chegaria a energia elétrica. Acertou quanto ao progresso, mas isto em nada prejudicou o seu bem-sucedido comércio.
    Também não gostaram nem um pouco dessa alforria conquistada os partidários do Partido Republicano (PR) de Ubá. Guidoval era um reduto de eleitores desse partido que perdia sempre as eleições na sede da comarca e nos distritos de Tocantins, Divinésia e Rodeiro; em compensação quando chegavam os votos de Guidoval tirava-se a diferença e o PR ganhava as eleições. Houve até bate-boca, destampatório na instalação do município ocorrida a 1º de janeiro de 1949.
    Até que se realizassem eleições e posse dos futuros governantes do município, assumiu como Intendente o Sr. José Vilela em 10/01/1949.
    Ao som da Orquestra Jazz Sapeense, no carnaval de 1949 os foliões cantavam “Chiquita Bacana” de João de Barro e a música “Que samba bom”, canção passada para a partitura pelo músico Odilon Reis após ouvir os solfejos do boiadeiro Zizinho do Marcílio que recolhia canções em evidência no Rio de Janeiro em suas constantes viagens levando boiadas à capital federal. O samba era de autoria do genial Geraldo Pereira um juizforano radicado no Rio e amigo de farra do Vicente do Dario do Chico do Padre, dois companheiros de comitiva de Zizinho. O pai, Dario, foi o professor de cavalgadas. O filho, Vicente, um aprendiz de longas jornadas.
    Em plena quaresma realizaram-se eleições especiais a 06/03/1949 para escolher o primeiro prefeito e a primeira câmara. Foram eleitos Cid Vieira (prefeito) e Dilermando Teixeira Magalhães (vice-prefeito), empossados em 27/03/1949.
    Num tempo em que vereadores não eram remunerados, o povo escolheu para compor a primeira Câmara: Sebastião Cruz, Antônio José Barbosa Neto, Dionísio Vitorino Maciel, Teófilo Braz de Mendonça Filho, Antônio Vieira de Queiroz, Celso Reis Moreira, Geraldo Gonçalves dos Santos, Geraldo Dornelas Oliveira e Dr. Mário Geraldo Meireles escolhido como Presidente desta primeira legislatura. Padre Messias Passos além de abençoar os mandatos foi o orador oficial da solenidade.
    A autonomia administrativa iluminou novos horizontes ao município com urgência de realizações. Construir escolas, instalar postos de saúde, canalizar água, implantar saneamento básico, urbanizar ruas, praças e avenidas, criar um código de postura, elaborar um plano diretor, abrir e conservar estradas vicinais. Nada que intimidasse a vontade dos novos governantes mesmo com tanto a fazer e pouco dinheiro para realizar.
    É eleito para Juiz de Paz, em 03/10/1950, Dionísio Vitorino Maciel cargo antes já ocupado por Deoclécio Lopes Cattete, Custódio Lopes Moreira e depois por Dr. Jair Dutra Venâncio, dentre outros.
    Em 27/01/1951 o prefeito Cid Vieira pede licença para tratar de sua saúde e negócios particulares. Assume a prefeitura Dilermando Teixeira Magalhães. Com dinamismo dá início à sua gestão. Prenúncio de dias de progresso vislumbra no horizonte do novo município. Mesmo diante a hostilidade de alguns moradores manda desobstruir, rebaixar e nivelar o cruzamento das ruas João Januzzi e Sete de Setembro (Esquina). Faz contrato com a Secretaria de Agricultura para perfuração de poços artesianos. Constrói a Ponte sobre o "Córrego da Laje" na Rua Belarmino Campos e a “Ponte da Cachoeira”. Inicia a canalização de água na cidade, instala escolas rurais.
    Em sete de setembro de 1951, Dilermando oferece uma fotografia a Juscelino Kubitschek, Governador de Minas Gerais, como “lembrança das crianças guidovalenses na comemoração do Dia da Pátria”. É uma gentileza para lembrar e marcar a sua passagem pelo município.
    Toma posse na Igreja Matriz de Santana o pernambucano Padre Oscar de Oliveira em 29/12/1951, princípio da mais fecunda administração da nossa paróquia.
    Depois de mais de oito anos o salário mínimo que era de Cr$380,00 passou para Cr$1.200,00 em 01/01/1952.
    Um funcionário graduado da prefeitura que recebia apenas Cr$900,00 pedia, com razão, aumento em 03/02/1950.
    Depois de 39 anos sem solenidades na Semana Santa é encenado, em 11/04/1952, a Paixão de Cristo. Padre Oscar anota no Livro de Tombo: “Grande resultado espiritual”.
    O iluminado Prof. Ernani Rodrigues “lança a pedra fundamental” do Ginásio Guido Marlière no dia 1º de maio de 1952. Guidoval começava de fato a se transformar numa cidade.
    Existia em Guidoval, como de resto em todo país, uma acirrada disputa política entre o PR/UDN e o PSD. O cidadão guidovalense contente com a gestão de Dilermando queria que ele continuasse à frente da prefeitura. Avesso ao fingimento das campanhas políticas, cabalar votos, tapinhas nas costas, fazer promessas vãs, Dilermando revela-se um hábil negociador ao condicionar a sua candidatura a prefeito para o próximo mandato desde que houvesse uma UNIÃO de todas as correntes partidárias do município. Em 27/04/1952 há uma reunião sem precedentes do PR, PSD, UDN e PTB em que os partidos prometem uma trégua em suas desavenças ideológicas lançando candidatura única para prefeito e vice-prefeito (veja foto acima).
    Em 26/07/1952, circula o jornal “Cidade de Guidoval” dirigido pelo Sr. Sebastião Cruz e Dr. Mário Geraldo Meireles, adversários políticos, mas unidos no interesse maior do município. Dois incansáveis batalhadores, vida afora, pelo progresso e bem-estar de nossa cidade. As edições desse jornal noticiam o LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL do “Asilo Frederico Ozanan” e do “Ginásio Guido Marlière”, as obras e melhoramentos que aos pouco iam surgindo na pequena urbe.
    Toma posse, em 28/03/1953, Dilermando Teixeira Magalhães (prefeito) e Astolfo Mendes Carvalho (vice-prefeito) eleitos pelos PSD, com mandatos obtidos através de eleição com candidatura única.
    Em 19/06/1954 nasce Antônio José Barbosa depois professor universitário, historiador, ilustre conterrâneo que quando Secretário Executivo do Ministério da Educação trouxe grandes realizações para a municipalidade.
    O status de cidade exigia ares de civilização. Na entrada do povoado uma velha placa alertava: “É proibido entrar carro de boi cantando nas ruas da cidade Multa $10:000”. A sanção aos infratores era estipulada em mil-réis quando o mesmo já fora extinto desde 1942. Contrariados, tristes, ressabiados, os carreiros respeitavam, em termos, este estorvo de lei provinciana. Lembro-me do Zé Coelho meeiro de Ildefonso Gomes, Pedrinho Ribeiral, Xará, Zé e Cavaco do Sô Tão, Chico Laureano, Tida Venâncio e João Natal empregado do fazendeiro e grande empreendedor Antenor Bressan que construiu em tempo recorde o prédio para abrigar o Ginásio Guido Marlière.
    No dia 02/05/1956 a Paróquia de Santana comemora com fervor cem anos de existência. Vários garotos vestidos de príncipes fazem a Guarda de Honra do Bispo Dom Delfim Ribeiro Guedes que comanda a cerimônia, com a presença de vários padres, fiéis e devotos. Há uma foto que registra este fato e no verso uma significativa dedicatória "A boa D. Sinhá Cattete, a alma artística das Festas do Centenário da Paróquia”, assinada por Padre Oscar de Oliveira. Ele aproveita as festividades para comprometer-se com o início das obras de construção da nova igreja. Circula pelas ruas da cidade o jornal satírico “O ESPIÃO” feito por Ibsen Francisco de Sales, o estimando professor Salim, lembrado com carinho por várias gerações de estudantes de nossa terra.
    Nesse ano, Juscelino Kubitschek enfrenta sérios obstáculos para assumir a Presidência da República a 31 de janeiro. Nossas modestas ruas já tinham sido percorridas pelo presidente-estadista, acompanhado de várias autoridades dentre elas a Profª. Jesuína Simões de Mendonça.
    No dia 02/02/1957 é assassinado o fazendeiro e político Coronel Joaquim Martins, vítima de uma tocaia quando abria a porta de sua fazenda. Surgiram vários suspeitos, intrigas, júris, mas até hoje permanece o suspense e mistério: Quem matou o coronel? Esta frase provocava a cólera do Agripino, um andarilho que perambulava pelas ruas de Guidoval que é pródiga em transformar pacatos cidadãos em malucos-beleza.
    É o caso do Teteco, Quirino, Ôsprum, Ô Lôco, Ilda Quiabo, Sá Lódia, Zé das Latas. Todos retidos na minha mais grata lembrança, como também os recadeiros da telefonista D. Ernestina: Kael e Manoel da Sá Joaquina. Lembro ainda do Mané Toma-Broa, o surdo Enéas, o negro Damião José, o sorridente “fumeiro” Tuniquim, o lenhador-glutão Joviano, o menino-teimoso Elpídio, o irrestível conquistador Fenderracha, o irrequieto Pinduca que às vezes desafiava o destacamento policial, brigando com todos os soldados. Batia e apanhava, depois exausto era preso. Passava a noite na cadeia debaixo da prefeitura velha (nem mais existe o prédio), exposto à curiosidade pública das crianças rueiras e dos desocupados de plantão. Dormia, sarava da carraspana, era solto e ia trabalhar de “chapa de caminhão” para o cerealista Bié Linhares que '”falou tá falado”.
    Em 1959, o Padre Oscar cumpre o prometido e constrói a nova igreja, orgulho de todos nós e não existe guidovalense ausente que não saiba a inscrição em latim escrita em sua fachada: “Quam Dilecta Tabernacula Tua Domine Virtutum”. O diligente prefeito Otaciano da Costa Barros constrói o primeiro reservatório de água e distribui o precioso líquido por toda cidade, melhoramento que deu mais dignidade e saúde aos guidovalenses.
    No final dos anos 50 um forte temporal seguido de uma descomunal enchente destruiu inteiramente o Circo do Bartolo. A solidariedade, a magnitude de nosso povo ajudou a erguer novamente o circo. São estas virtudes dos guidovalenses que cativam os visitantes que aqui aparecem e nunca mais deixam de voltar, isto quando não decidem morar de vez.
    O jornal “A VOZ DE GUIDOVAL” de 11/06/1961 publica um artigo escrito pela Profª. Carmem Cattete Reis Dornelas enaltecendo o Prof. Ernani Rodrigues e conclamando os ex-alunos do “Ginásio Guido Marlière” a retribuírem, de alguma forma, ao município os ensinamentos recebidos. Era a D. Carmem inventando os “Amigos da Escola” bem antes da Rede Globo. Esse abnegado periódico foi o idealizador do “Dia do Guidovalense”, esta festa de confraternização. Estabeleceu ainda o compromisso moral de que todo prefeito deveria inaugurar pelo menos uma obra durante os festejos de SANTANA.
    Em 25/10/1961 uma laje, em construção, cai em cima do pedreiro Calixto Braz de Oliveira, matando-o. Foi na mocidade um grande artilheiro do Sapeense. É o responsável por uma geração de bons jogadores de futebol: os filhos Lilico, Helinho, Vitor, Calixto e Braz; o neto Agnaldo e o bisneto Carlos Roberto.
    Uma multidão escuta nos rádios da Barbearia do Elzo de Barros e no Consultório Dentário do Dr. Jair a vitória apertada do Brasil sobre a Espanha por 2X1 no dia 06/06/1962. A seleção dá um passo decisivo para ser bicampeã mundial. A Rua Conde da Conceição, hoje João Januzzi, é cortada ao meio por um canal para abrigar rede de água, esgoto e o primeiro calçamento de paralelepípedo da cidade, obra do inspirado prefeito Eduardo Nicodemo Occhi, também responsável pela primeira praça urbanizada (Major Albino), a 1ª Biblioteca Pública, a instituição do Hino de Guidoval composto por Plínio Augusto Meirelles e Áureo Antunes Vieira, a conclusão do Grupo Escolar Cel. Joaquim Martins e principalmente por implantar no nosso calendário festivo o profícuo “Dia do Guidovalense”.
    No LARGO, Praça Santo Antônio, armava-se circos, parques de diversão e touradas como a do Mário Silva que consagrou os toureiros Testa-de-Ferro e Moreninho, mas principalmente o “Escovado” um pacato boi carreiro do João Vitório que punha qualquer um para correr até mesmo os nossos toureadores caseiros como o Miguel da D. Neném, o Chico Dercílio, o Raimundo do Sô Tão e o Custódio da Dorce do Ivair que morreu vitimado por uma fratura na coluna no exercício da sua arriscada profissão. Outro boi pegador foi o Inhapim, segundo me disse o amigo Renatinho do jornal Saca-Rolha.
    Morreu, aos 89 anos, Maria Gregória Alves em 29/01/1964 que diziam ser descendente de Tiradentes, o mártir da Independência. Era avó do Mundico filho do Tianin (Cristiano Alves) proprietário da primeira jardineira que depois pertenceu ao grande comerciante português Elísio Avidago que um dia mandou o seu motorista Geraldo Carias retornar com o veículo para buscar apenas o Sr. Marcílio Vieira que ficara esquecido, uma vez que ele não estava à beira da estrada esperando a condução, pois refugiara-se da chuva na Fazenda do Dico Peixoto.
    Em 23/07/1965 a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, visita o nosso município, sendo recebida com fé e devoção pelos católicos. Neste mesmo ano, no Baile da Saudade da Festa de Santana a Jazz Sapeense faz a sua última apresentação oficial depois de mais de 50 anos alegrando guidovalenses.
    Muitos músicos brilharam neste conjunto musical. Podemos citar Zé Mineiro, Piloto (pai do Tilúcio, o maior carnavalesco de toda nossa história) e Sô Nilo que tinha uma barbearia no Fundão e quase toda noite promovia um show musical ao ar livre, interrompendo a rua, dando vez e voz ao Jeová, Sô Lau, Josias do Pombal, Zé do Fio (Barão), José Occhi (Bijica), Bebeto Ramos, Landinho Estulano e Zé do Gil.
    Falando de música não há como deixar de recordar da Banda Lira Sapeense, Corporação Musical Belarmino Campos, Banda Francisco Batista e seus talentosos maestros como o Moysés Mineiro, José Cordeiro, Belarmino e Álbero Campos, Zé Negueta (José Alves de Freitas), Sô Tute (Oswaldo José de Barros), Luiz Pinheiro, Zé Balbino e também os fantásticos instrumentistas como Odilon Reis, João Queiroz (do Pinho), Zé Afra, Zé Boiota, Zé Manga Rosa, Zé Vieira (flautista), toda família do Juca Alfaiate (José da Costa Azevedo) e o bombardino do Zico Sapateiro (José Ferreira Cezar).
    A primeira ordenação sacerdotal na Igreja Matriz de Santana é do Padre Felipe Caetano da Silva em 26/07/1966.
    Em 30/01/1967 termina o mandato do saudoso prefeito Francisco Moacir da Silva, de grandes melhoramentos ao município como calçamento de ruas, iluminação da Ponte Raul Soares, ampliação da rede de esgoto e captação de água pluvial, perfuração de novos poços artesianos, construção de escolas rurais, sendo que o ponto alto de sua administração foi a Criação e Instalação do "Ginásio Estadual Guido Marlière", fazendo uma adaptação do Prédio do “Asilo dos Pobres” doado ao estado de Minas pela Diocese de Leopoldina, sob a aprovação do Padre Oscar. No dia 25/07/1967, o criativo poeta Marcus Cremonese faz uma homenagem a Guidoval, a Santana e a todos guidovalenses apresentando o seu poema “De como eu amo uma cidade” no Cinema do Severino Occhi, que tudo sabia de marketing. Senão vejamos. Deixava uma greta de cortina aberta para se ver parte final do filme. Pelo basculante semi-aberto da Rua Sacramento um agrupamento de pessoas assistia trecho do filme. Sem mais nem menos a fita era interrompida, hora de se vender os deliciosos picolés que lotavam o freezer do bar. Garotos, em troca do ingresso, percorriam as ruas da cidade segurando uma tabuleta artisticamente escrita anunciando o nome do filme em cartaz. Saudades do cinemascope, do operador Geraldo Pereira, do porteiro Dimas Jacaré, do cinema do Severino, João Marceneiro e Zimbim (José Diomiciano Soares). Faz enorme falta um centro cultural.
    Em 1968 morre o consagrado escritor Lúcio Cardoso que chegou a afirmar ao “Jornal do Brasil”: “Guidoval é a mais mineira de todas as cidades”. Esta sentença que nos envaidece é fruto das longas conversas que Lúcio Cardoso manteve com um de nossos ferreiros, quando por aqui passou.
    Seria o ferreiro Sebastião Franco (avô do Dr. Wilton) ou Sebastião Almeida (pai do caminhoneiro Milim) ou Sebastião Pereira (pai da Eneida do Zim do Sô Nego)?
    Ou seria o Belo que colocava bilhetes na porta do seu estabelecimento como “Belo mudô, difronte do Trajano, dibaixo do Otaço” ou ainda “Belo saiu, Belo foi murçá, Belo não demora, Belo vórta já”?
    Tempos que não voltam mais.
    Encerro a segunda parte deste artigo citando “Esta é a terra que Deus prometeu e do amor plantastes a raiz” , verso do meu samba “Guido, este vale é teu”.
    (Fim da segunda parte – publicada no Jornal de Guidoval em Março/2006)

    Estamos em “1968” que, de acordo com o livro do jornalista Zuenir Ventura, é “o ano que não terminou”. O mundo vive grandes transformações políticas, éticas, sexuais e comportamentais, rebelião de estudantes em Paris, Primavera de Praga, passeata dos cem mil pela morte do estudante Edson Luís na UFRJ, prisão dos estudantes da UNE em Ibiúna.
    Por alguns centésimos de segundos o atleta José Alan Máximo (melhor goleiro da história de Guidoval, na opinião de muitos, inclusive a minha) não consegue se classificar para participar da Equipe Brasileira nas Olimpíadas no México.
    O obscurantismo da ditadura militar edita o AI-5 em 13/12/1968. Em síntese podia-se decretar Estado de Sítio, recesso do Congresso, Assembléias e Câmaras de Vereadores. Suspender a garantia de HABEAS CORPUS e direitos políticos de quaisquer cidadãos. Intervir nos Estados e Municípios. Proibir de freqüentar determinados lugares, ter a liberdade vigiada. Ou seja, não mais se podia nem conversar fiado na “ESQUINA”.
    A morte, normalmente, traz grande dor. Não foi diferente em 09/12/1969, quando um trágico acidente fez toda cidade chorar a perda de quatro conterrâneos de uma só vez: Iolanda Bressan da Costa, Nair Bressan da Costa, Vereador Sebastião Inácio da Costa e Vereador Natalino Dornelas de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal e o principal candidato a prefeito na eleição vindoura.
    O regime de exceção não consegue calar a irreverência de alguns jovens guidovalenses que nos botequins levantavam copos de cerveja e davam “Viva à Rússia”, como consta na Ata da Câmara de 16/08/1970. Não eram comunistas nem subversivos, manifestavam insatisfação contra o golpe de 64. Só isso, mas dedos-duros de plantão denunciavam aos militares qualquer arroubo juvenil.
    Nas eleições municipais de 15/11/1970 a Professora Carmem Cattete Reis Dornelas foi a primeira mulher a ser eleita vereadora em nossa cidade. Teve a maior votação até à época conseguida por um edil. O ingresso na política da nossa grande educadora foi a forma que ela encontrou de homenagear o marido, Natalino Dornelas, falecido menos de um ano antes. Por duas legislaturas honrou a nossa Câmara Municipal com criatividade, dedicação e sabedoria.
    No dia 23/03/1971 morre Padre Oscar de Oliveira um dos maiores benfeitores de nossa terra. Liderou os católicos, participou ativamente da vida do município. Vieram vários sucessores: Pe. Venício, Pe. João Beentys, Pe. Cassemiro, Pe. Antônio, Pe. Catarino, Pe. Jorge Passon, Pe. José Carlos Ferreira Leite, Pe. Semer e Frei Adriano. Todos com obras e realizações, mas nada que se compare à administração do Paroquiato de Padre Oscar que construiu a nossa monumental Igreja Matriz de SANTANA e a bela TORRE, a qual batizou de “IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA”.
    Uma semana depois, 30/03/71, vereadores enaltecem o sétimo aniversário da “redentora” de 64. Em Guidoval, desde a extinção do PSD, UDN, PTB, PR e outros partidos, nossos políticos refugiaram-se na ARENA, legenda governista.
    Aos 84 anos, no dia 02/10/1972 morre Elisa Ribeiro, a querida Vó Elisa. Por mais de 60 anos fez partos em Guidoval e nas cidades vizinhas, principalmente em Ubá e Visconde do Rio Branco. Não se sabe ao certo quantos partos foram feitos por ela, mas pode-se dizer que era raro o dia que não ajudava mais uma criança a vir ao mundo.
    O íntegro Prefeito Cândido Mendes foi eleito para um mandato-tampão de dois anos que terminou em 30/01/73. Neste curto espaço de tempo executou várias obras com destaque para a urbanização da Praça Getúlio Vargas, o calçamento da Rua Belarmino Campos, a ampliação da rede de esgoto, melhoria no abastecimento d'água e conservação das estradas rurais. Católico praticante, cursilhista atuante, ajudava a Paróquia participando de encenações da Semana Santa quando personificava Pôncio Pilatos. Já no carnaval fantasiava-se em animado folião. Sua paixão por carros e motores consolidou a fama de um dos melhores mecânicos da região. Hábil motorista, excelente caminhoneiro percorreu quase todo o Brasil. Leitor habitual de revistas em quadrinhos, retornava de suas viagens trazendo vários gibis, abastecendo a minha infância com revistas do “Fantasma, Mandrake, Manda-Chuva, Zé Carioca e Cavaleiro Negro”. Aproveito este espaço para dizer da minha eterna gratidão ao fraternal amigo familiar Cândido Mendes.
    Na festa de Santana de 1974 recebem o Título de Cidadão Guidovalense Astolfo Francisco dos Reis e Dr. Jorge Sobral Venâncio, o primeiro estudante do “Grupo Escolar Mariana de Paiva” a retornar à nossa terra natal depois de formado para exercer a sua nobre profissão de médico. Na infância, criou o time de futebol “Getúlio Vargas Futebol Clube”. Guardo dessa época amigos para a vida inteira. No primeiro confronto esportivo jogou com o Tarcísio do Rafael Cusati, Fabinho do Zé Estulano, Aurinho e Quinca do Áureo Ribeiral, Roberto e Gilberto do Geraldo Pinheiro, Teixeirinha e Alonso da D. Violeta, Dé do Zizinho do Marcílio, Zé Ratinho (sobrinho do Pujonas) e Nélio do Gil Queiroga.
    A idéia, do Dr. Jorge, surgiu num longínquo 15/12/1963 quando o FLAMENGO sagrou-se mais uma vez campeão carioca. Dirão os torcedores de outros clubes: Por que intrometer nessa história o rubro-negro? Fácil! “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo” diria a saudosa Nilza Ribeiro, como também toda família de João Matos, Severino Occhi, Artur Lagartixa, Vianelo Silva, Robert e Marcellus C. R. Dornelas.
    Para mostrar que o torcedor do MENGO é imparcial e justo, tentarei me redimir lembrando torcedores de outros clubes como o América de Jésus e Cléber Ribeiro; Bangu do Mundico; Cruzeiro belo-horizontino da família Duzin Vieira, Antônio e Gonçalo Matos; GALO de Padinha Occhi, Cláudio do Domício, Zé Júber da Risoleta e Adão Nogueira; Fluminense de Wilson Ribeiro e João Tolentino; Botafogo da família Pinheiro, Márcio Barbosa, Elzo de Barros e Dr. Jair Venâncio; Vasco da Gama da família de Adauto Ribeiral, Geraldo do Bar da Esquina e Oscar Occhi; que tinha um bar, mais conhecido como o “Rei do Bife Acebolado”, onde na década de 70 podia-se ouvir Odilon Reis ao violino e Sô Nilo ao violão acompanhando a bela voz da Carminha do Virgílio ou escutar o Professor Salim recitando “Rapsódia Negra”.
    Falando de bife me deu fome ao recordar a delícia da culinária guidovalense. Nunca é demais lembrar do lombo do Wagner do Bar da Esquina, do churrasquinho no espeto do bar do Marquinhos do Recanto dos Amigos, do frango com quiabo do João Vicente, da feijoada do Diógenes, duns torremos no Bar do Ivo, de um pedaço de frango frito do Canico, galinhada do Jorge do Tilúcio, uma picanha no Chiquitin, cascudos do Beira-Rampa, depois Beira-Rio da Graça Campos, o sabor de um cabrito à caçadora da D'Lourdes Ramos, um PF caprichado da Fatinha, dos pastéis da D. Mimi Ramos, empadão de palmito da D. Iolanda Fernandes da Silva, do bolinho de bacalhau da Maria do Mazin, cambuquira da Vovó Jandira, torta de biscoito da D.Tereza do Duzin Vieira ou da macarronada da D. Tita, minha mãe. Isto sem falar da taioba, angu, jiló e abobrinha. De aperitivo, uma pinga comprada fiado no Felismino. Para beber, uma cerveja gelada do Bar do Fiim Kiel ou um abacatinho do Bar do Tarcísio. A sobremesa pode ser caçarola da Padaria do Edson, canudo da Alice Nogueira, picolé de amendoim da Irene Avidago Occhi, doce-de-leite mole de Geni Reis Barbosa, goiabada ou caramelos da D. Lourdes Magalhães Ribeiral, mangada da saudosa D. Olga Ribeiral Bressan, compotas da D. Ida do Dr. Mário Meireles, brigadeirão da Maria do Celso Sampaio, cajuzinho de D. Luziinha Rossi ou da Auxiliadora Matos, brevidades da Mariana Bandeira, bombons da Aparecida do Beijamin, pés-de-moleque da Tia Feinha mãe do Mundico. Para despedida ou conversa ligeira, um licor da D. Efigênia Maciel Reis ou um leite-de-onça feito pela saudosa Terezinha Ribeiro do Paulo Ramos ou então um café de rapadura da saudosa Vovó Maria José Alves acompanhado dos biscoitos fritos da Vicentina Marcelo Magalhães.
    Algum leitor, recordando-se da avó, tia, namorada, mãe ou esposa, poderá dizer que deixei de mencionar várias mulheres que são quituteiras especiais. E eu direi que concordo. A sintética lista foi uma forma que encontrei de homenagear a todas maravilhosas mulheres guidovalenses.
    No dia 06/09/1976 o digníssimo e saudoso Dr. Edgard Reis de Andrade completava 50 anos de idade. Foi um dos guidovalenses mais ilustres de nossa história. Ocupou os mais altos cargos da Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais. Cultivou os amigos de infância e quando retornava a Guidoval fazia questão de visitar a todos, sempre com um sorriso e abraço carinhoso. Também angariou novos amigos pelas cidades em que trabalhou, as quais lhe retribuíam a benemerência com Título de Cidadão, é o caso de Leopoldina e Juiz de Fora. Casou-se com Therezinha Queiroz Andrade e tiveram quatro filhos: Mª de Lourdes, Margareth, Fernando e Edson, este um grande violonista, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. Apresenta-se sempre como Spalla convidado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Tem um filho, Edson Scheib, também virtuose no violino, que gravou o CD “24 Caprichos de Paganini” e atualmente aprimora seus conhecimentos musicais na Áustria, terra de Mozart. Estes talentosos músicos são neto e bisneto de João Vieira de Queiroz, considerado o melhor violonista da história do Sapé e para quem Sô Nilo fez o choro “Queiroz do Pinho”.
    Descendente dos doadores do terreno para a criação da Paróquia de SANTANA, Luciano Ferreira da Costa teve a feliz iniciativa de criar o Festival de Batidas, evento que depois, por vários anos, enriqueceu o calendário festivo de Guidoval. Contou com ajuda de vários conterrâneos, com destaque especial para Sueli Vieira Gomes e Luiz Fernando Teixeira Albino. O Primeiro Festival realizou-se, com pleno êxito em 31/10/1976.
    Nas eleições municipais de 15/11/1976 apresentaram-se quatro candidatos a prefeito, todos de prenome José, porém mais conhecidos pelos apelidos de Teixeirão, Didi, Zequinha e Zizinho que venceu a eleição com 1801 votos, a maior votação já conseguida, à época, por um político em Guidoval.
    Falando de ZÉS, eu que sou um filho de José e Maria, lembro de alguns conterrâneos conhecidos por ZÉ: do Brejo, Manga Rosa, Boióta, Afra, Bento, Timóteo, Negueta, Balbino, Fendederracha, Vieira, Bonifácio, Firmino, Pequeno, Braga, Dilermando, Cusati, Albino e também algumas MARIAS: do Pombal, Lepoldo, Benzedeira, Triste, Caboclo, Tatanita, Sabiá, Pereira.
    Em abril de 1.977 surgiu o jornal SACA-ROLHA. O que parecia ser apenas uma brincadeira, dos jovens Antônio Augusto Rossi (Brito), Márcio Dias, Edgar Avidago Andrade e Luiz Oliveira, tornou-se um sério (sem ser senil) porta-voz dos anseios dos munícipes de nossa querida terra natal.
    Nestes quase 29 anos de existência honraram as suas páginas colaboradores ilustres como o Padre Casemiro, os médicos Wilton Franco, Jorge Sobral Venâncio e Ronaldo Ribeiro dos Santos, os professores Ibsen Francisco de Sales e Antônio Barbosa, os poetas Zé Geraldo, João Coelho, Zé Francisco Barbosa e Marcus Cremonese, além do talentoso e jovem cientista Rodrigo Oliveira.
    Ao longo de frutífera existência, o SACA-ROLHA brigou pelo asfalto ligando Guidoval a Ubá. Condenou o gesto desumano de "marmanjos e marmanjas" agredindo a um indigente com problemas mentais, o Berto de Paula. Constatou o mau cheiro nas ruas centrais da cidade. Estimulou o crescimento do SER 66. Criticou a inércia da AREG. Desfilou no jubileu da então Escola Estadual Guido Marlière. Elogiou personalidades como a D. Maria Leopoldo, o Maestro Sô Tute, Dr. Mário Meireles, Urcecino (sacristão), Renato Ramos, José Bressan, Mirandolino Pinheiro. Enfrentou sem medo a cara fechada de algum vereador descontente com as notícias veiculadas no jornal. Incentivou o Festival de Batidas. Lutou pela instalação do Colégio de 2º Grau. Noticiou o lançamento da Luz Negra devido a deficiência de iluminação nas ruas. Participou da 1ª Mini Olimpíada Guidovalense. Promoveu Concurso de Contos. Reclamou dos bois de um delegado "pastando na pracinha". Reivindicou o escritório da EMATER.
    O SACA-ROLHA foi, é e será sempre assim. Veste LUTO com as famílias quando da perda de um ente querido. Consta do seu obituário, entre outros, o Sô Marcílio Vieira, Waldemar Rufino (Sô Nego), D. Margarida Geraldo, D. Alzira de Freitas Vieira, Sô Augusto Pinto, Sô Juquinha de Barros e até fez uma Edição Especial para Gracinha do Geraldo Franco, o Kôde. Publica os nossos poetas. Aplaude e divulga nossos músicos e escritores. Acompanha os movimentos esportivos, principalmente o futebol. Canta parabéns aos aniversariantes. Denuncia sistematicamente a poluição do Rio Chopotó e abre espaço permanente para o MEG (Movimento Ecológico Guidovalense).
    Muito do que antes era apenas uma pregação cívica do SACA-ROLHA, hoje é uma realidade. Outras demandas, por enquanto inglórias, continuam em pauta permanente. Parte da história de um povo é registrada em jornais. O SACA-ROLHA, mesmo com todas as dificuldades, tem cumprido esta missão. Os nossos parabéns ao Diretor e Redator Renato Moreira da Silva.
    Morre Gumercindo Alves Rodrigues, o Sô Gomes, em 27/06/1977. Residia à Rua Padre Baião, perto da mina d'água do Pedro Ribeiral. Munido de martelo, torquês, puxavante, ferradura e cravos, tinha por ofício “ferrar eqüinos e muares”. Às vezes acontecia do martelo fugir do cravo e acertar-lhe o dedo, motivo mais que natural para recitar sonoros palavrões, imediatamente aprendido pela criançada da Rua do Campo.
    Outro notável “ferrador de cavalos” é o cavaleiro Zé Bento que exerce esta profissão em extinção, assim como vão sumindo os alfaiates, ferreiros, celeiros, mascates e sapateiros. O progresso colaborou para essa extinção. Sumiram de nossas ruas as mulas do Sô Marcílio, Tatão de Freitas e Luiz Marinho, o cavalo “Quebra-Coco” do Zé Bressan, o alazão marchador do Odilon Marcelo, a égua fora-do-prumo do Nicélio, a charrete do Quizin Pinto, o peão Casanova, o domador de cavalos Manuel Barbosa da Serra da Onça e o adestrador Custódio Gato.
    O Saca-Rolha de novembro de 1977 noticiou o Segundo Festival de Batidas e a Primeira Mini-Olímpiada Guidovalense que não vingou, não teve prosseguimento. Uma lástima, poderia ter se transformado em um grande sucesso. Por esta época não mais se via pelas nossas ruas o Congado do Benedito Medeiros, a Igrejinha São José, nenhum cinema, o Canário da Terra, tampouco o burro Piano que por muitos anos serviu com presteza a prefeitura. No dia 1º de maio de 1978 o Ginásio Guido Marlière comemorou JUBILEU DE PRATA com um desfile inesquecível. Vingou o ideal do clarividente Professor Ernani Rodrigues. A programação durou três dias e teve futebol, gincana, baile, churrasco e Festival de Chopp.
    Valho-me dessa ocasião para homenagear aos nossos mestres lembrando de Nadir Cunto Simões, Eurídes e Élvia Reis Andrade, Carmem Cattete, Mariana de Paiva, Célia Teixeira Albino, Jesuína Simões de Mendonça, Cecília, Conceição, Glorinha, Marta e Vésper Vieira, Zilda de Araújo Mendonça, Arlete Avidago Andrade, Odete e Glória Queiroz, Olga, Zuleika e Marta Ribeiral, Kerma da Cunha Benini, Eneida Pereira, Graça Bressan Geraldo, Dalva Franco, Inês e Terezinha Geraldo, Vera Oliveira, Mª de Lourdes Bressan, Luiza Rosa Occhi, Nicolina Martins de Castro, Ivone Vieira Pereira, Lyra Araújo Porto, Ester Reis, Dionísia Cardoso Pinto, Maria Marcília Vieira, Neli Marques de Oliveira, Sueli Vieira Gomes, Ana Marcília Ramos, Maria Raimunda, Soraia Vieira Queiroz de Souza, Elaine Ramos Vieira Pinheiro, Ibsen Francisco Sales, Joaquim de Freitas, Evandro Marques de Oliveira, Aristides Rocha, José Carlos Estevão (Carlinhos) e Renato Moreira da Silva, alguns dos nobres profissionais que consolidaram o ensino em nosso município.
    Muitos professores poderão estranhar a não citação de seus nomes. Não foi proposital e sim esquecimento da minha fraca memória. Desde já peço desculpas pelo lapso involuntário. Afirmo a estes mestres que tal fato não acontecerá com os seus ex-alunos, pois como diz um texto que corre na internet, podemos não saber o nome das cinco pessoas mais ricas do mundo ou de dez vencedores do prêmio Nobel ou ainda os quatro últimos vencedores do Oscar, mas ninguém esquece dos professores que nos ajudaram na nossa formação, dos amigos que nos apoiaram nos momentos difíceis, das pessoas que nos fizeram e fazem sentir alguém especial. E depois disse Guimarães Rosa “Mestre não é quem ensina, mas quem de repente, aprende”.
    O ano de 1979 foi fértil na vida de nossa cidade. Em janeiro, tornou-se realidade o sonho de Vasco Cândido dos Reis, inaugurando-se a Sociedade Esportiva 66 (SER 66). Nossas crianças não precisavam mais nadar na Ponte Guarani (Joca), na Cachoeira, nas pedras do Sô Nego ou na Prainha da Serra da Onça, sujeitando-se a adquirir uma cruel xistosomose. Tínhamos afinal um clube, fruto da obstinação e muito desprendimento do líder e idealista Vasco Reis.
    No carnaval de 1979 a “Calouros do Samba” do Tilúcio trouxe para as ruas da cidade enredo denunciando a poluição do Rio Chopotó que terminava com os versos “Chora, Chopotó/Chora, meu povo / Nem que seja com lágrimas / Vamos regá-lo de novo.”
    Infelizmente versos não regam rios. O jornal Saca-Rolha publicou matéria sobre a poluição, o Prefeito José Vieira Neto concedeu entrevista à TV Globo sobre o assunto, procurou insensíveis autoridades estaduais para que providências fossem tomadas a fim de reabilitar o nosso principal curso d'água, fonte de vida dagora e futuro. Tudo em vão. Mesmo a luta do MEG parece inútil. O nosso Rio Chopotó continua morrendo. É preciso urgente fazer um trabalho gigantesco, autoridades e comunidade, para recuperar os nossos córregos, revitalizar as matas ciliares, combater as erosões e assoreamento, impedir os desmatamentos criminosos, fazer parcerias com a Universidade de Viçosa, EMATER, IEF e Ministério do Meio Ambiente.
    Em março de 1979, durante a administração do Prefeito José Vieira Neto, é inaugurado o asfalto Guidoval-Ubá, realização do então Governador Ozanan Coelho que ainda contribuiu para outros melhoramentos como a Ponte Guidoval-Rodeiro, próximo ao encontro dos rios Ubá e Chopotó, o prédio da atual Escola Estadual Mariana de Paiva, construção das 10 primeiras casas para necessitados na Av. Sebastião Ignácio da Costa.
    O atento jornal Saca-Rolha, nesse mês, tece merecidos elogios ao Governador pela magnitude da obra. Dr. Ozanan, sempre presente em nossa terra, além de lutar pela emancipação política, foi um dos grandes benfeitores do município. Até hoje não fizemos uma homenagem que lhe faça justiça.
    Por volta do meio-dia de 26/07/1981, à porta da Igreja Matriz de Santana, vão chegando jovens, já não tão jovens assim, para uma reunião combinada dez anos antes. São amigos de infância e juventude, conhecidos como a Turma da Santa Cruz. Foram os pioneiros a chegar ao topo Serra de Santana. Encontravam-se todos os dias durante as férias ou nos feriados e fins-de-semana. Conversavam, filosofavam depois saiam às ruas em serenatas às amadas e aos amigos.
    O líder intelectual e espiritual do grupo era o Dr. Wilton Franco autor da linda bandeira do município. Médico, humano e humanista tinha sempre uma palavra amiga, um conselho ou um consolo para os momentos de angústia e aflição. Participava de todos os movimentos culturais, sociais e esportivos da cidade. Menos de 11 anos depois desse encontro a morte nos roubou o Dr. Wilton. DEUS, Senhor de tudo, também tem as suas preferências e quis a sua companhia mais cedo.
    Na festa de Santana de 1982 teve o lançamento do livro “Saudade Sapeense” contendo crônicas, poemas, contos e poesias de guidovalenses. Ao coquetel oferecido no Salão Paroquial compareceram os escritores e a sociedade em geral. No livreto, à página 52 podemos ler o Hino de Guidoval composto por Plínio Augusto de Meireles e Áureo Antunes Vieira.
    Somos uma terra hospitaleira e pródiga em abrigar imigrantes. Os estrangeiros sempre foram bem-vindos. Primeiro chegou Marlière e a sua comitiva, depois dele muitos outros, vindos principalmente de Portugal e da Itália. Vou relembrar algumas famílias: Avidago, Ribeiral, Bressan, Occhi, Candian, Fouraux, Quinelato, Urgal, Pinto, Coelho, Lopes, Souza, Silva e Vieira.
    Alguns viraram comerciantes, industriais, prestadores de serviço, muitos foram para o campo trabalhar a terra, produzir o alimento nosso de cada dia. São na maioria pequenos agricultores, devido a divisão de terra em heranças sucessivas. Hoje o município é praticamente dividido em pequenas glebas, minifúndios para agricultura de subsistência.
    Poucos chegaram a fazendeiros como João Germano, Horácio, Antenor e Afonso Bressan, Astolfo Mendes de Carvalho, Antônio Pacheco Ribeiral, Cristiano Alves, Geraldo Cândido, Alaor Martins, Jacinto Pereira na Serra da Onça, Família Lopes do Córrego do Rosa, Família Aleluia do Ribeirão Preto, Família Coelho da Boa Esperança, Família Amaral da Boa Vista e o saudoso e bem-humorado Tito Dilermando (Félix Magalhães), de quem ouvi divertidas histórias.
    Morre o Prefeito Eduardo Nicodemo Occhi no dia 06/05/1983 e o Governador Ozanan Coelho em 30/03/1984. Guidoval começa a se empobrecer politicamente.
    No dia 21/04/1985 morreu Tancredo Neves e o sonho da Nova República. O Saca-Rolha nada noticiou, pois não circulava desde 1980 só voltando a ser impresso 15 anos depois.
    No dia 20/04/1988 um vereador na nossa Câmara Municipal requereu moção de aplauso a Fernando Collor, Governador de Alagoas, por seu combate à corrupção e aos marajás de seu estado. O tempo, senhor da razão, provou que era uma farsa o governante alagoano.
    No último dia de 1988 terminava o terceiro mandato do empreendedor Sebastião Cruz à frente da prefeitura municipal. Todo prefeito eleito representou ou representa a vontade do povo, mesmo que discordemos do resultado eleitoral. De todos os políticos o que mais representou os anseios da população foi Sebastião Cruz. Foi o maior realizador de obras no município. Revolucionou a administração pública em nossa cidade.
    Filho de lavradores, ficou órfão aos 12 anos. Só foi aprender ler e fazer contas aos 15 anos de idade, mesmo assim porque pagou um professor particular para lhe ensinar em período noturno, pois não havia escolas no meio rural.
    Iniciou-se na atividade política em 1945, na campanha de Dr. Ozanan Coelho para Deputado Estadual. Depois se elegeu Vereador duas vezes para a Câmara Municipal, a primeira e segunda legislatura.
    Sofreu a primeira derrota eleitoral sendo candidato a Vice-Prefeito da chapa do Prof. Ernani Rodrigues, quando foi vitorioso o prefeito Otaciano da Costa Barros.
    Em 1958 é eleito Vice-Prefeito de Eduardo Nicodemo Occhi. Em 1962 sofre a segunda derrota política, perdendo a eleição de prefeito para Francisco Moacir da Silva.
    Depois foi prefeito por três mandatos (01/02/67 a 31/01/71, 01/02/73 a 31/01/77 e 01/02/83 a 31/12/88) ficando quatorze anos à frente da prefeitura e ainda conseguiu fazer os sucessores em três mandatos. Chegou a ter tanto prestígio político que os adversários não apresentaram candidato nas eleições municipais de 1972, quando concorreu sozinho à prefeitura.
    Devido ao parco espaço no jornal só citaremos algumas de suas principais obras: Edificou os prédios da Prefeitura Municipal, do Clube Recreativo Álbero Cattete Campos e da Delegacia e Quartel de Polícia; Urbanizou a Praça Santo Antônio e do Rosário; Construiu diversas escolas rurais, 24 casas populares, a Ponte “Deoclécio Cattete”, o Posto de Saúde "Dr. Mario Geraldo Meireles" (Fazenda do Pombal), a Biblioteca "Prof. Ernani Rodrigues" e o Matadouro Municipal; fez calçamento e rede de esgoto das ruas Governador Valadares, Sete de Setembro, Padre Vicente, Antero Furtado de Mendonça, 5 de julho, Cel. Joaquim Martins, Vereador João Cezar de Matos, Astolfo Mendes de Carvalho, Vereador Manoel Reis Moreira, Cesário Alvim, São Sebastião, Otávio Ramos, Praça Major Albino, Praça Sant'Ana, parte da Padre Baião e Avenidas Padre Sinfrônino de Almeida e Antônio Luiz da Silva Cruz; realizou as obras das Escadarias Dilermando Teixeira Magalhães e Amaro Ramos além do Lactário "Natalino Dornelas"
    Os inimigos apelidaram-no de Caboré. De limão fez limonada. Transformou o pseudônimo, que tinha o objetivo de humilhá-lo, em uma logomarca das suas campanhas eleitorais.
    Em 27/02/1990, uma terça-feira de carnaval, desfila pela primeira vez pelas nossas ruas a “Banda de Cá” idealizada pelo Dr. Jorge Sobral Venâncio, com os músicos Luiz e Aloísio Pinheiro, Jader Mendes, Fenderracha, Chicão do Lilico, Jorge, Tavinho e Tilúcio, é claro! Acompanharam a Banda várias pessoas caracterizando fatos em evidência na política, no dia-a-dia ou na TV, como os personagens da novela “Tieta” sendo representados por Mª de Lourdes Ribeiral Vieira (Perpétua), Sueli Vieira (Cinira) e Marcílio Vieira (Zé Esteves). No meio da folia, a folclórica Carminha Alexandre. Participaram da Banda: Elzo, Landinho, Zé Geraldo, Cidinho e as filhas Érica e Elaine, Juscelino, Rafaela da Maria do Zimbin, Ludmila Matos, Patrícia da Marília da Dona Araci, Fernanda do Custódio da Farmácia, Marley e as filhas Monique, Marcela e Marina, Tito, Titita e filha Talita, Tavinho do Jair, Isabela da D. Conceição, Luciano Ferreira, Graça Geraldo e a filha Mariana, Marcelo do João do Parquinho, Conceição Áurea e filho ao colo, Doidinho, Pedro Cid, Maria do Domício, Wilton, Robertinho do Sô Nego, Ildefonso, Ângela, Meire e Zezé Vieira, Thaís, Nathália e Fernanda, netas do Zizinho do Marcílio que da janela de sua casa observou o cortejo passar. Era o seu último carnaval. A terrível doença já minava a sua energia.
    Em 06/07/1990 morre o generoso Prefeito José Vieira Neto depois de uma cirurgia para retirada do esôfago.
    Prestativo, caridoso era querido e admirado pelos conterrâneos, principalmente os mais humildes a quem sempre estava pronto para ajudar. Sua bondade não tinha limites.
    Era um lutador, sobrevivente dos vários contratempos da vida. A mãe, Belminda Queiroz Vieira, faleceu durante o seu parto. Órfão, desde o nascimento, foi criado pelo dedicado pai Marcílio Vieira. A empregada da casa, num descuido, esqueceu um resto de soda cáustica ao alcance da pequena criança que, aos dois anos, ingeriu um pouquinho, o suficiente para corroer e estreitar-lhe o esôfago, problema que carregou pelo resto da vida. Engasgava com um caroço de feijão. Aprendeu a cavalgar com cinco anos e com menos de dez uma vaca matou a égua em que estava montado.
    Aos 31 anos, andando de bicicleta, desequilibrou-se e caiu de cima do Pontilhão do Henrique de Almeida, na Fazenda do Pombal. Por sorte e instinto, agarrou-se aos dormentes da estrada de ferro, balouçando o seu corpo, vindo a cair fora das pedras, o que seria fatal. Neste local, já houve queda de vários animais, todos morrendo.
    Boiadeiro, açougueiro, comerciante, caminhoneiro viajou o país de norte a sul, muitas vezes junto com o fiel compadre Anito Siqueira.
    Por último, tornou-se funcionário da prefeitura e de tanto fazer caridade, a população estimulou-o a ser candidato a vereador. Nas eleições de 1972 obteve a maior votação para vereador na história de Guidoval. Foram 556 votos, 25% dos votos dados ao Prefeito eleito Sebastião Cruz, que contabilizou 2194 votos.
    Nas eleições de 1976 foi intimado pela população a candidatar-se a prefeito. O Professor Antônio Barbosa criou o slogam “O POVO QUER”. Obteve outra votação consagradora, alcançou 1801 votos, numa eleição com quatro fortes candidatos a prefeito.
    Conciliador e pacificador, administrou o município buscando a paz entre as correntes políticas Sebastião Cruz (esquerda), Zizinho (centro) e o cantor Sílvio Caldas, na festa de inauguraçao do ASFALTOadversárias.
    Realizou grandes obras durante a sua gestão: Construção do Prédio da Escola Estadual Mariana de Paiva, Escola Municipal "D. Leonor de Araújo Porto" no Ribeirão Preto, Prédio da Administração Municipal "Cid Vieira", Quadra de Esportes "Natalino Dornelas" e diversas casas populares na Vila Trajano; asfaltamento das ruas Capitão Antônio Ribeiro, João Januzzi, Sete de Setembro, São Vicente de Paulo, Santa Cruz, Padre Vicente e Governador Valadares, das Avenidas Padre Sinfrônino e Antônio Luiz da Silva e Cruz e das Praças Getúlio Vargas, Santo Antônio, Major Albino e Santana; parceria na construção da Ponte Guidoval-Rodeiro; instalação de energia elétrica e iluminação pública na Várzea Alegre, na Comunidade de Santa Bárbara e Ribeirão Preto; calçamento e rede de Esgoto da Rua Padre Baião, 13 de maio e prolongamento da Av. Antônio Luiz da Silva Cruz; Reservatório de Água na Rua do Alto e Poços Artesianos no Clube 66 e Rua Belarmino Campos; Reforma de várias escolas rurais e da Escola Municipal "Cid Vieira"; Instalação do Escritório da EMATER; Sistema de Recepção de TV (antena parabólica).
    Como prefeito, colaborou com todos os eventos culturais durante seu mandato como: Construção e Inauguração do Clube 66, Sede da Corporação Musical Belarmino Campos, Festival de Batidas e Lançamento do Livro Saudade Sapeense.
    Durante o seu mandato teve a felicidade de inaugurar o asfalto Guidoval-Ubá, obra conseguida através do admirável Governador Ozanan Coelho. Sorte de José Vieira Neto e de toda população guidovalense que não precisou mais comer poeira ao por o pé na estrada. Isto se os políticos atuais e futuros não deixarem a estrada acabar. Zizinho do Marcílio governou Guidoval por dois períodos, vindo a falecer antes de completar a metade do segundo mandato.
    Uma das manias nacional é o futebol, em Guidoval também. Uma das páginas de glória de nossa história é o aguerrido Cruzeiro Futebol Clube. O ápice foi conquistar o campeonato da Liga Atlética Ubaense em 1990/1991, mas a história futebolística do município começou muito tempo antes.
    Em 1922, uns rapazes que construíam a estrada de terra, à picareta, de Guidoval a Ubá criaram um time que levou o nome do fundador; “Antônio Joaquim Carneiro Futebol Clube”. Belarmino Campos jogou neste time. Mais tarde, fundou-se o Sapeense. O campo localizava-se no Largo, hoje a Praça Santo Antônio.
    Depois o campo passou para a Rua do Alto, onde é hoje a Praça do Rosário, devida a uma Igreja do Rosário, que nunca chegou a ser totalmente construída. Como nesse local existia um grande cruzeiro e de tanto se falar que iam jogar lá no cruzeiro, o nome pegou e o time passou a se chamar Cruzeiro, nascido extra-oficialmente em 23/06/1943. Os fundadores foram Geraldo Luiz Pinheiro, Walace Azevedo Costa, Severino Occhi, José Alves de Freitas, Odilon dos Reis, Antônio Euzébio Pereira, Astolfo Mendes de Carvalho e outros. Em 30/03/1952 registrou-se o Estatuto, tendo como presidente o fazendeiro Antônio Ribeiro Meireles, bisavô do promissor craque Hugo que é filho do Emiliano que faz um excelente trabalho nas categorias de base do Cruzeiro.

    O maior goleador do Cruzeiro foi o Tuninho Estulano. Para se ter uma idéia, contou-me o Mundico, o Cruzeiro foi lanterna de um campeonato com 18 clubes e mesmo assim o Tuninho alcançou a artilharia da competição. Ele guarda a medalha desta façanha.

    Além do fantástico título de 1990, o Cruzeiro foi campeão em 1952 com os aspirantes na Liga Atlética Riobranquense e vice-campeão com a equipe principal no Torneio Regional. Conta-se que o juiz prejudicou o nosso clube na final contra o Aymorés de Ubá, que teve confirmado um gol irregular. Na linguagem popular: FOMOS ROUBADOS. Como consolo ganhamos o troféu da TAÇA DISCIPLINA por não ter nenhum jogador expulso durante o campeonato.

    De pé: Brás, Samuel, Toninho, Genorinho, Moacir, Vitório e Zé Alan.Agachados: Etiene, Eloir, Gonzaga, Jorge Mira e Dão.Quando pedimos uma seleção do Cruzeiro, de todos os tempos, são sempre lembrados: Zé Alan, Domício, Saninho, Zé do Juca, Paulo Pereira, Áureo Ribeiral, Moacir Gonçalves, Zequinha do Casin, Elier, Lilico, Vítor, Zé do Gil, Oséas, Saint'Clair, Landinho Estulano, Silvestre, Brás do Zé Firmino, Gonzaga do Duzin, Cândido do Zico Didu, Jorginho Cariá, Tuninho Estulano, Etiene, Luiz Tavares, Adão do Juca.

    O melhor juvenil, em minha opinião, jogava com Vianelo, Luiz Pinheiro, Zé Maria Matos, Célio Teixeira Albino, Zé Américo, Dilermando Ribeiral, Zé da Conceição, Lucas de Freitas Vieira, Oscar Matos, Luiz Antônio Ribeiral, Cidinho Vieira, Chiquinho Matos e Eloir Máximo.

    Em 31/12/1992 o Prefeito José Pinto de Aguiar, o Zequinha do Casin, termina o mandato iniciado por Zizinho do Marcílio.
    Zequinha que tanto lutou para governar a prefeitura, acabou conseguindo por meios que NÃO desejava e tampouco imaginara. Com retidão, seriedade e controle das finanças públicas, honrou o mandato conquistado junto com Zizinho.

    Num mandato pequeno, pouco mais de dois anos, realizou importantes obras para o município. Recordo-me do calçamento e repavimentação asfáltica de diversas ruas, Ampliação do Cemitério Municipal, construção de casas populares para famílias de baixa renda, extensão de redes de esgoto e elétrica, construção de pontes, bueiros e Escolas Rurais, Instalação de Iluminação em Luz Mercúrio na Praça Santo Antônio, Amplificador para a Torre de Repetidora TV, além de vários outros melhoramentos.
    Na parte cultural fez aquisição de acervos bibliotecários, palanque para festividades culturais, incentivo aos compositores e cantores da terra, desfile dos alunos das Escolas Rurais no Dia 7 de Setembro, com uniformes Novos, adquiridos pela Prefeitura Municipal.

    No dia 01/01/1993 o Prefeito Élio Lopes dos Santos inicia o seu governo. Eleito com 2563 votos impingiu a maior derrota eleitoral ao grande líder político Sebastião Cruz. Os adversários do Élio até hoje não sabem de onde ele tirou tantos votos. Élio é atualmente, de novo, o prefeito da cidade. Vamos dar tempo ao tempo para falar das suas administrações.

    No mês de setembro de 1993 chega para dirigir a Paróquia de Santana o nobre Frei Adriano. No dia 25 morre o grande líder político Francisco Moacir da Silva. Uma verdadeira multidão seguiu o enterro do chefe político do antigo Partido Republicano. Guidoval estava ficando cada dia mais pobre de verdadeiros líderes.
    Em janeiro de 1996 morre Sebastião Cruz. Guidoval estava ficando chata para ele. Perdera familiares, companheiros, amigos e adversários. Aos 85 anos de idade parte para nova morada, junto ao Criador. O povão acompanhou o corpo do guerreiro CABORÉ ao nosso campo santo.

    Diz o poeta Marcus Cremonese em “De como eu amo uma cidade”: “Se tem festa, Guidoval é festa. / A igreja abriga no seu seio / todo esse povo que não se esquece de Deus. / Enquanto isso a bandinha lá fora / suspira dobrados reluzentes” ou ainda “se a morte rouba / um de seus filhos, todos choram / a perda do irmão que se foi” , poema que sintetiza a nossa alma generosa.

    Encerro esta série de artigos lembrando dos versos cantados no Congado do Benedito Medeiros “Oh! Sinhá SANTANA! Tua casa cheira! Cravo e Rosa, olê lê! Flor de laranjeira!” e pedindo a nossa Padroeira para nos proteger hoje e sempre!

    (Fim da terceira parte – publicada no Jornal de Guidoval em 30/03/2006)



    Texto completo em Word (691 Kb) SERTÃO PROIBIDO DO CHOPOTÓ DOS COROADOS