terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Carta de Nilza Queiroz de Oliveira Louzada (Julho de 2008)

 Em julho de 2008 recebi uma carinhosa carta da Nilza Queiroz, casada com o Toninho Ponso Louzada, quando me agradecia o CD que eu lhe dera de presente e a fez recordar da nossa velha e querida Guidoval. 
À época, publiquei a carta no Jornal SACA-ROLHA.
Abaixo, transcrição da emocionante carta da Nilza.


                                                 Vitoria, 16 de julho de 2008


Dé Vieira e esposa,

Agradecemos pela delicadeza do presente “Gente & Terras Gerais” que fez meu coração  chorar.
  
Tempos mudaram, as saudades ficaram...
  
Várias pessoas me fizeram voltar ao passado de Guidoval, onde nasci, lembrando minha infância na rua Santa Cruz na casa de meus pais, Nhonhô comerciante Da. Zélia cabeleireira, onde vivíamos juntos num mundo de solidariedade, guardando a essência do ser humano e não o valor do poder.

Foi uma época  maravilhosa, sem maldades, sem assaltos, as comadres e os compadres se entendiam, vivendo como verdadeiros amigos e não simples conhecidos.

Lembro do nosso querido Sapé de Ubá  de meus amigos e amigas.

Dr. Mario e Da. Ida, meus padrinhos de casamento guardo grandes lembranças, do médico que não gostava de ver sangue.

Jesus Ribeiro e Aracy, padrinhos de Toninho, onde nos aconselhava nas dúvidas que tínhamos sôbre o casamento.

Elisa, figura enérgica, alta magra com capacidade de trazer ao mundo vários bebês, ilustres guidovalenses, que pela dedicação, admiração  e carinho todos na cidade  a chamavam de Vó Elisa, criatura que veio ao mundo para deixar sua marca de solidariedade e amor.

Da. Maria, benzedeira, procurada por todos para curar ou amenizar a dor.     

Sá Lódia, o nome me soa aos ouvidos com muito carinho, mas sinceramente não me lembro da fisionomia dela, embora o nome está presente na minha memória.

Tuniquim, nosso saudoso amigo que trabalhava com fumo para o Zé Vieira, que com sua singeleza, passava bons conselhos para nós: Foi uma grande figura.

Sr. Nilo, pequeno, cheinho, simpático sempre com seu banjo, parece vê-lo hoje, sorrindo no seu terno marron claro. Sua fisionomia permanece nítida nas nossas recordações.

Zé Mineiro, com sua clarinete,tocando na banda e nos carnavais de Sapé.

Alda Simões, da padaria tocando seu bandolim, esperando pelo seu amor platônico ( acho que na época era Sr. Nicodemos).

Odilon Reis, com seu violino tocando na Igreja Sant’ Ana na época do padre Oscar de Oliveira que pediu para colocar seu jazigo na entrada à direita da  igreja.

Zé do Fio, metido a galã de ” Hollywood “ era um bom vivan, criatura boa e engraçada, se dizia parecido com Clark Gable; fazia colchões e morava no fim da rua Santa Cruz.

Bigica, que nos encantava com sua amizade e sua voz, não tive a alegria de  vê-lo novamente. Soube que já partiu grande amigo meu, de Toninho e de mil outros amigos.

Sr Trajano e Da. Nininha, a farmacêutica que por muitas vezes no lugar do remédio, me dava grandes doses de conselhos.

Seu Elísio, um dos primeiros homens empreendedor de Sapé, linha de ônibus, posto de gasolina, padaria, armazém, comprador de safras de café de cebola, de manga e de outras atividades. Não podemos esquecer o motorista Virgilio que nos levava para estudar em Ubá numa viagem rápida de 4 a 7 horas nos dias de chuva, e hoje 15 a 20 minutos.   

 Mariozinho, nosso companheiro, que apostou no nosso casamento, uma aventura de no maxímo 2 anos?????

Zé Ferrerinha, onde sua barbearia era ponto de encontros, guarda recados guarda volumes, e até cabeleireiro.

Toninho, meu cunhado onde mantinha seu escritório na cabeceira da ponte do rio Chopotó. 

Sebastião Cruz, o inesquecível. Para comentarmos sobre as memórias desta criatura, só escrevendo um livro,pois as recordações são inúmeras.

Lincoln “peru”, que tinha o único carro de aluguel, um big. Ford 29

Da. Sadina, minha guru, que muitos conselhos e coisas boas me passou.

Severino Occki, Auxiliadora, Ocacira, Renato, grandes amigos que já  se foram.

Conceição Vieira, minha colega no ginásio, nunca mais a vi, sei que mora na mesma casa, no vai e volta.

Shirley, lembranças de quando estudávamos juntas, me trouxe alegria quando aí passei.

Antonio Matos, Bebeto, centenas de grandes amigos e amigas que encontrei na ultima viagem a Guidoval  e  em  B.Horizonte no casamento da Elisia.

Um abraço a você, esposa e todos meus queridos conterrâneos. Foi verdadeiramente um rodopio de saudades, isto é muito bom relembrar depois de 54 anos de ausência.

Nilza (Queiroz de Oliveira Louzada)