sexta-feira, 4 de março de 2016

Renato Moreira da Silva - 80 anos



Renato Moreira da Silva - 80 anos

            Sou amigo do Renato Moreira da Silva que eu chamo de Renatinho. Tem até quem o chame de "Delegado".  Sinto-me honrado em tê-lo como amigo. Agora, no dia 05 março ele faz 80 anos de idade. Parabéns, felicidades, saúde e paz é o que eu desejo neste momento.
            Na década de 60 ele fez uma canção sobre a nossa Guidoval. Seria uma canção do exílio. Na década de 70 acrescentei uns versos e trovas à sua canção original, tornei-me seu parceiro, e deu o nome de "Canção do Guidovalense Ausente". É a primeira música no meu CD "Gente & Terras Geraes".
            É o Diretor-Presidente do "Saca-Rolha", jornal com maior tempo de vida na história do nosso município. São quase 40 anos. Combativo, aguerrido, sempre defendendo interesses da nossa cidade e dos nossos cidadãos, principalmente os mais humildes.
            Em homenagem ao RENATINHO transcrevo abaixo a sua/nossa música e dois textos que fiz sobre ele, publicados no jornal "Saca-Rolha".

CANÇÃO DO GUIDOVALENSE AUSENTE
 ( Renato Moreira da Silva e Dé Vieira )
Guidoval eu vou te deixar
E lá de longe em ti eu vou pensar
Se é preciso o que eu posso fazer
O destino assim quis
Agora tenho que sofrer

E a canção que ora me delira
Não é mentira Guidoval é isso aí
A música, a lira,
Eu quero morrer aqui

Minha querida
Sei que tu és muito boa
Mas eu vou não é à toa
Eu preciso melhorar
Se Deus quiser daqui uns anos voltarei
Arrumarei um grande amor

E só aqui eu viverei
Oh! Mãe SANTANA ! Oh! Vó Elisa !
Oh! Guidoval nunca acharei outra igual!

Oh! Sinhá SANTANA!
Tua casa cheira
Cravo e rosa, olê lê
Flor de laranjeira

Músicos:
Voz:
Eleny Galvan
Violão: Geraldo Vianna
Baixo: Milton Ramos
Bateria: Esdra (Neném) Ferreira
Percussão: Ricardo Cheib
Sax Tenor: Eduardo Neves
Teclados: Clóvis Aguiar
 
Ouça a música  "Canção do Guidovalense Ausente"

PowerPoint sobre a "Canção do Guidovalense Ausente"


GUIDOVALENSE     DE     ESTIRPE

NÃO LI E NÃO GOSTEI. Explico.

Toca o telefone. Atendo. É a minha irmã Zezé indignada com o fax que acabara de receber de Guidoval. Nele, um escrito infame, desairoso e inverídico sobre o Renato Moreira da Silva. O folhetim, não se sabe a que propósito, difama e denigre um verdadeiro cidadão guidovalense. Conheço o

Renato, Delegado, Renatinho desde quando eu ainda era criança. Primeiro como jogador de futebol e mais tarde técnico de nosso glorioso Cruzeiro Futebol Clube, depois em 1.961, como jornalista e repórter do jornal "A Voz de Guidoval".
No início da década de 70 produtor, dramaturgo, diretor e ator de diversas peças teatrais encenadas em nossa cidade.

Num país onde poucos conseguem se alfabetizar, Renatinho tem curso superior, é economista. Este conhecimento lhe permitiu ser professor no Ginásio de Guidoval e na Faculdade de Visconde do Rio Branco.
Desde 1.977, mesmo com sacrifícios, dirige o SACA-ROLHA, jornal com maior tempo de vida e sobrevida de nosso município.

O verdadeiro caráter do Renatinho está registrado nas páginas do SACA-ROLHA através de campanhas institucionais reivindicando o Colégio de 2º grau , EMATER, asfalto Guidoval-Ubá, denunciando sempre a poluição do Chopotó, defendendo o indefeso e humilde Berto de Paula espancado por alguma besta humana.

Pode-se também ver, no jornal, o espírito iluminado de Renato Moreira da Silva liberando espaço a nossos poetas e escritores, promovendo concurso literário, valorizando nossos ícones culturais como o Maestro Osvaldo José de Barros (Sô Tute) ou a Profª Carmem Cattete Reis Dornelas ou destacando nossos baluartes morais como a parteira Maria Leopoldo ou mesmo apoiando movimentos como a Rua do Lazer e o Festival de Batidas .

É verdade que em Guidoval, realmente, aportam-se muitos pára-quedistas. Eu mesmo conheço vários. Não é este o caso do meu amigo Renatinho, um guidovalense nato.

Entretanto, o fato de nossa cidade abrigar tão díspares cidadãos, sabe vindos lá de onde; é o que a torna atraente e cativante, esta babel hospitaleira, merecedora de elogios até do grande escritor Lúcio Cardoso.

Só um guidovalense da gema pode entender o que é alimentar-se de idealismo  e sonhos, contentar-se com as homeopáticas doses de honradez, preferir a pobreza digna ao invés de migalhas do fausto perdulário e bajulatório.
Renatinho poderia até estar no bem bom, pendurado num emprego na prefeitura, amparado por decisão judicial. Não quis. Ou então continuar lecionando no ginásio de nossa cidade se submisso fosse, ao poder fugaz, fato muito comum a alguns eternos puxa-sacos de plantão. Também não quis. A sua liberdade e independência não têm preço. É autêntico, com opinião própria e um só compromisso : a consciência tranqüila.

Daqui a cem anos quando de nós só o pó restar, tenho certeza que sobreviverá a mais linda canção guidovalense, a minha canção do exílio, música que eu considero como o Hino do Guidovalense Ausente, feita pelo fértil compositor Renatinho, cuja letra transcrevo abaixo:

"Guidoval eu vou te deixar  / E lá de longe, em ti eu vou pensar. / Se é preciso, o que eu posso fazer,/ O destino assim quis, /Agora tenho que sofrer. / Minha querida, sei tu és muito boa, / Mas eu vou não é à toa, / Eu preciso melhorar. / Se Deus quiser, daqui uns anos eu voltarei, / Arrumarei um grande amor / E só aqui eu viverei. "

Ao Renatinho a minha irrestrita solidariedade.
O amigo Ildefonso Dé Vieira




A PEDIDOS
(publicado na Edição Nº 64 – 30 de maio de 1.998)

            Em abril de 1.977, abandonado sem sutileza no Fundão, largado displicente na Esquina, disperso afoito e bebadamente em bares e botequins, infiltrado clandestinamente por debaixo de algumas portas de respeitáveis lares guidovalenses, surgiu o SACA-ROLHA.

            A princípio, uma BRINCADEIRA, anônima, provocativa e rebelde dos jovens Antônio Augusto (Brito) Rossi, Márcio Dias, Edgar Avidago Andrade e Luiz Oliveira, exposta, quase que ilegível; em papel mimeografado, que pretensiosa auto - intitulava-se de " jornalzinho dos jovens guidovalenses".
Ao que parecia um despropósito, de imediato, veio socorrer, e mais uma vez e como sempre; dar credibilidade, o Sr. Trajano Viana, um guardião de nossa história e cultura.

            O que poderia ser uma farra de outono "ENGELECIDA" no nosso inverno, sempre generoso, transformou-se num compromisso "tropical" e candente, nas mãos, nos poros, voz e luta eloqüente do meu amigo Renatinho (Renato Moreira da Silva), nem sempre compreendido; mas porta-estandarte, desta batalha, quase inglória, mesmo que infinda, eterna e duradoura.

            Como intruso, participei do início da existência do SACA-ROLHA. Escrevi e opinei. Sempre encontrei guarida às minhas manifestações, obtusas, disparatadas ou ímpares. Divergi, resmunguei, discordei, briguei. Nunca encontrei censuras às minhas contestações. Posso afiançar o SACA-ROLHA é o porta-voz dos anseios guidovalenses. Merece todo crédito e apoio. Vale tentar e enfrentar este desafio.

            É preciso que todo guidovalense que se orgulha de sua terra, Presente ou AUSENTE, colabore para a sua existência, se possível, PRINCIPALMENTE contribuindo financeiramente.

            Pode não ser a melhor voz que ressoa, desperta e discute todas as nossas inquietações, mas é somente a ÚNICA disposta a REBELAR contra o cotidiano vulgar.

Observações Desnecessárias:

            Poderia falar do SACA-ROLHA que teve como colunistas o Padre Casemiro, o Dr. Wilton Franco, o Dr. Jorge Sobral Venâncio, o Dr. Ronaldo Ribeiro dos Santos, o Professor Ibsen Francisco de Sales (SALIM), o Professor Antônio José Barbosa, o magnânimo José Geraldo (sei que a sua humildade vai detestar, mas é o menor adjetivo que encontrei para expressar todo o seu talento).

            Poderia falar do LUTO do SACA-ROLHA pela morte da Gracinha do Geraldo ( Kôde ) Franco. (Ver edição de julho/77 – Ano I )

            Se espaço houvesse, falaria da Edição Nº 12, de 27/08/77, que promoveu Concurso de Contos, brigou pelo asfalto Guidoval-Ubá, o Colégio de 2º Grau, os bois do delegado de polícia "pastando na pracinha", do lançamento da Luz Negra ( deficiência de iluminação nas ruas ), o mau cheiro nas ruas centrais e " se vereador com cara fechada mete medo ".
           
            Tem mais, o SACA-ROLHA, promovendo incentivando o Festival de Batidas, a Mini Olimpíada Guidovalense, Missa dos Dias dos Pais, condenando o gesto DESUMANO de "marmanjos e marmanjas" agredindo um indigente com problemas mentais.

            Parece que foi HOJE, foi bem antes de ONTEM. Infelizmente não prestaram atenção ao SACA-ROLHA.ONTEM pode Ser HOJE que bem pode ser AMANHÃ.

Recado para Rodrigo M. de Oliveira

            Leio sempre o SACA-ROLHA, quando chega à minha casa. (raramente). Me entusiasma a sua dedicação e inteligência em defesa da ECOLOGIA. Busque entre seus amigos e guidovalenses, Britos, Marcinhos, Luizinhos e Edgares, se possível novos Renatinhos. Guidoval precisa de novos sonhadores.

Um sonhador : Ildefonso ( DÉ ) Vieira

Publicado no jornal Saca-Rolha, na Edição Nº 64 – 30 de maio de 1.998

http://www.devieira.com.br/guidoval.com/noticia.htm