terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Marcílio José Vieira Neto

 

Marcílio José Vieira Neto

    Quando o meu irmão, caçula, nasceu eu tinha onze anos e cinco meses. Foi numa data muito especial, dia 08 de dezembro, Consagrado à Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Tenho a certeza de que ele é um abençoado.

    Era o bebê mais bonito da Praça Getúlio Vargas. O ano de 1963 terminava e eu concluía o quarto ano primário e logo em seguida comecei o ginasial no “Guido Marlière”. Além destas obrigações estudantis, tinha os compromissos com jogar peladas na nossa pracinha, um areal, e no campo do José Pinheiro, no campo do Bambu, depois promovido Vai-quem-Quer, no campo do Jaburu que ficava nos fundos da casa da D. Alzira e Sô Pedro Vieira e no Campo do Cruzeiro. Portanto uma infância voltada ao futebol que me negou a glória, pois não passava de um perna-de-pau esforçado.

    MAS estou aqui para falar de meu irmão. É o que farei. Herdou o nome poderoso do Vovô Marcílio José Vieira, uma tradição criada pelo nosso bisavô José Marcílio Vieira que colocou Marcílio como sobrenome dos filhos como em José Marcílio Vieira Filho, Joaquim Marcílio Vieira, Maria Marcília Vieira (Tia Cotinha). Preciso confirmar os nomes completos dos tios-avós Aristides, Francisco e Isabel.

    Toda família tem pelo menos um Marcílio. Assim temos primos em 1º, 2º e 3º grau, são várias gerações, com nome de Marcílio. O Vovô Marcílio, em vida, sabia e contabilizava quantos “Marcílio” tinham na Família.

    Em 1965, quando o Marcílio tinha pouco mais de um ano, fui estudar no Colégio Agrícola de Rio Pomba. Dessa forma, acompanhei o seu crescimento um pouco à distância, nas férias, feriados e fins de semana. Mesmo assim tive alguma influência nos gostos e preferências do meu irmão caçula. Torcer para Flamengo e depois o Clube Atlético Mineiro, o GALO Forte Vingador.

    Em 1969 nossos pais mudaram para Rua Conde da Conceição, hoje João Januzzi. Mesmo sendo uma criança de apenas seis anos, “do lado de lá da ponte”, na nossa Niterói, Praça Getúlio Vargas, iniciou uma amizade com o menino Juscelino Pinheiro, que atravessa os tempos, enraizando em compadrio, de muitas histórias em comum. Aliás, amizade estendida à toda Família do patriarca Geraldo Pinheiro, grande futebolista guidovalense.

(A história sobre o Marcílio está apenas começando. Irei dar continuidade muito em breve. Tenho muito a contar sobre o meu irmão. Aguardem...)

































quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Estão acabando com a LAVA-JATO. A quem pode interessar?

Estão acabando com a LAVA-JATO. A quem pode interessar?

DESCONFIO de todos que querem destruir a Lava-Jato.

 Uma síntese da atuação da Lava-Jato.

 Prendeu, julgou e condenou:

- Diversos políticos de alto coturno (deputados, senadores, governadores, ministros, ex-presidente), tesoureiros de partidos.

- Empresários e executivos de grandes empresas como a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, J&F/JBS, dentre outras.

- Funcionários e presidentes de estatais como a Petrobras e Banco do Brasil.

Publicitários, Doleiros, agentes públicos.


http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/lava-jato/resultados













terça-feira, 1 de setembro de 2020

Se Essa Rua Fosse Minha... (escrito pelo poeta José Francisco Barbosa)

 

Se Essa Rua Fosse Minha...

(à minha neta Júlia, fonte de minha inspiração)

 

(escrito pelo poeta José Francisco Barbosa)

 

Ao ver minha neta ninando sua boneca com a cantiga acima, por alguns instantes, meus pensa­mentos vagaram. A caixa filmadora e gravadora de meu cérebro rodaram rapidamente à minha frente. Assisti ao filme. Eu era espectador e protagonista. Não há cortes. Era julho. Esquina do Sr. Dionísio empoeirada. Um mastro com a imagem de Nossa Senhora Sant’Ana tremulando no alto. Uma fogueira recheada com algumas batatas doces. Alguns esperando que da fogueira restem apenas brasas para pisá-las com os pés nus, numa demonstração de sua fé.

O comando do Benedito no mais autêntico congado. Gorros enfeitados de espelhos redondos, espadas reluzentes ao clarão do fogo.

Encostado à parede da casa do Dr. Mário, uma barraca com chocolate, quentão e canjica. No bar do Caputo, alguém pede "mais uma". Desço um pouco pelo Fundão. Paro num salão de piso de tábuas corridas, onde o perfume indefinível faz parte de mim, assim como é o cheiro de minha carteira do Grupo Escolar Mariana de Paiva, friccionada pela borracha de apagar. Não sai.

Neste salão, admiro um velho, cuja cabeça me parecia uma pluma suave, valorizada por um sorriso aberto e umas mãos mágicas rodeado de uma platéia. Que platéia! Cada um patrocinava um convidado. Terezinha Reis, Sô Odilon, Zé do Gil, Bigica, Márcio Barbosa, Sô Lau, Landim, Mundico, Manga Rosa, Renatinho, Bebeto e tantos outros, que como ninguém, valorizavam o deslizar dos dedos de um artista nas cordas de um violão, de um violino ou de um banjo com suas vozes suaves e encantadoras. Saudades de vocês, Sô Nilo, Sô Odilon... E o filme desce um pouco mais pelo Fundão quando vejo uma placa "Cartório de Paz". Sinto-me envolvido no calor do ventre materno. Que delícia! Foi ali, lá em cima, onde respirei o primeiro ar com meus pulmões. Vovó Elisa, ainda sinto o deslizar de suas mãos abençoadas em meu corpo. O filme e o tempo passam neste lugar. As brincadeiras com o Babá (onde você está?), o cheiro deixado pelos primeiros baldes de água jogados na rua pelo Jésus Ribeiro para eliminar a poeira, as noites bem disputadas de buraco com Sr. Sebastião Vieira, as nossas confidências, Élvia. O tio Nely a me colocar dentro de um pneu dando-me aquele impulso Fundão abaixo... Que maravilha.

Ainda é julho e bem lá embaixo no Fundão, ouço uma música de qua­drilha e a voz cadente, encanta­dora, entremeada de boas expres­sões em francês, marcando a quadrilha. Seu Antônio Queiroz, como isto me marcou! Quanto ciúme me causava o "cada um com seu par" de meu primeiro amor (ela não sabia).

De repente, sinto um cheiro gos­toso de remédio manipulado. Lá de dentro, surge um homem alto, mãos limpas, conversa agradável, conheci­mento de tudo. Era nossa consulta. Era nossa enciclopédia. Seu Trajano, onde está aquele banquinho?

Eu adormeci. Fiquei a vaguear. Sonhei. Defrontei-me com o "Espírito Perfeitíssimo, Eterno, Criador do Céu e da Terra" que você, Tia Sinhá, havia me apresentado aqui e que aprendi a amar.

Repetidas vezes, minha neta cantava: "se essa rua, se essa rua fosse minha / eu mandava, eu mandava ladrilhar / com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes / para o meu, para o meu amor passar".

Acordei lentamente. Nos lábios eu tinha uma expressão de felicidade.

No travesseiro, encontrei umidade. Meus olhos merejavam.



terça-feira, 28 de julho de 2020

Thaís Ribeiral Vieira Condessa


Thaís Ribeiral Vieira Condessa

Quarenta anos atrás, às 13:50h do dia 28/07/1980, nasceu a nossa filha Thaís. O maior presente que DEUS poderia nos ter proporcionado. É filha única, a mais velha, a mais nova, única.
Ao longo destes anos, Thaís, tornou-se Ribeiral, mirando-se no exemplo da Matriarca Dona Lourdes, dos tios Marta, Zuleika, Luiz Antônio, Dilermando, Olga, Adauto, Meire e Alexandre, na convivência com os primos e primas tão queridos, uma grande irmandade.
E a sua personalidade foi se construindo ao conviver com o Vovô Zizinho, a Vovó Tita, os tios Ângela, Sueli, Meire, Zezé e Marcílio; além dos primos, a confraria dos Vieira.
Em 2017, casou-se com Luís Fernando, virando uma Condessa. E agora temos a Thaís Ribeiral Vieira Condessa, uma nobre cidadã que nos enche de orgulho.
Ao longo desta caminhada, por onde passa, vai reunindo amigos. Da Rua Cardoso, a Família Santiago Chaves; Ballet do Joaquim Ribeiro, Colégio Arnaldo, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) onde fez graduação, especialização, mestrado e leciona (professores, colegas e alunos), UFMG onde fez o doutorado, clínicas odontológicas onde trabalha, Clube Palmeiras de BH, quintal da sua infância e hoje é conselheira, nas praias de Caraíva, na cidade de Guidoval nas férias, feriados (Festa de Santana, Festival Gastronômico e da Manga). Católica, participa do Encontro de Casais com Cristo na Paróquia Nossa Senhora de Fátima.
A Thaís adora festas, barzinhos, praias, encontros, reencontros; e claro, o Clube Atlético Mineiro, GALO forte vingador.
Tentamos retratar um poquinho disso tudo neste vídeo. Não foi possível registrar, catalogar, todos os amigos que a Thaís foi colecionando ao longo deste tempo. Pedimos escusas por todas as omissões. Numa outra oportunidade resgataremos estas falhas.
FAMÍLIA E AMIGOS são os TESOUROS que a vida nos reserva. E isto a Thaís tem, e muitos, e da melhor qualidade.
Parabéns, filha! Que Deus continue lhe abençoando, protegendo e iluminando a sua vida.

Com AMOR, seus pais,

Lourdes e Dé (28/07/2020)

 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

O DUELO (publicado no jornal Saca-Rolha - Edição Nº 12 – 27/08/1977)


O DUELO
(publicado no jornal Saca-Rolha - Edição Nº 12 – 27/08/1977)

Negra e fria noite de um mês que bem poderia ser dezembro ou agosto. Necessidade de chuva, milharal ou plantação de cebola a ressentir. Sei não... Projeto de lua nova, fim de minguante. Qualquer coisa assim, data que não me recordo com precisão. Dias desses - melhor dizendo - noite dessas opacas e omissas, não fosse o encontro que tentarei narrar.
Lá pelas bandas da Cachoeira, vindo de caminhos opostos, seguindo por estradas diferentes, defrontaram-se a "Cultura" e a "Política".
A Cultura de bengala, cansaço visível diante de uma luta inglória. A Política de guarda-chuva em punho, colete e "sobretudo" distribuindo sorrisos e promessas.
Há muito os dois se evitavam. Um por sentir as suas esperanças à porta da miséria, o outro por não ter como se explicar. Como tudo tem seu dia, o inevitável aconteceu.
Enfim a Cultura e a Política cara-a-cara, resmungos e caretas, cuspidelas no chão... Diálogo de envergonhar Camões e Bilac, de fazer inveja a Bocage e ao Quirino. Nome de mãe, ir-e-vir a lugares incomuns tornou-se a tônica da conversação. Não fosse a intervenção do Espião, sempre presente nos locais improváveis, haveria morte.
Aparteando-os e tentando controlá-los, o Espião contou com a pronta colaboração do Sapé, caminhante incansável nas madrugadas em busca de inspiração e sossego.A única saída plausível e aceitável foi marcar um duelo no estilo antigo e clássico.
Consideraram como local mais indicado, a saída da antiga estrada para Ubá, pouco após da gameleira centenária, na primeira curva. Como padrinho de arma a Cultura escolheu o Ateneu Sapeense, a Política a AREG. Para testemunhas convidaram A VOZ DE GUIDOVAL, MARLIÈRE, GUIDOVALENSE, SAPÉ, O APÓSTOLO, JORNAL DE GUIDOVAL, SACA-ROLHA, SAPEENSE, TURUNAS e o ESPIÃO.
Ninguém queria aceitar a responsabilidade de ser o juiz deste evento. Com muito custo, após vasta argumentação o Chopotó concordou, porém com uma ressalva: - Serei o juiz desde que eu possa ficar a uma distância considerável. Não quero perturbar o meu curso pacato, não desejo complicações com a polícia, já que tais "encontros" são proibidos por lei. Aliás, isto muito contribuiu para que o duelo não fosse preparado e badalado pelos arredores, o que ocasionou a ausência de curiosos.
No dia determinado, que não posso precisar, verão ou outono, todos marcaram presença. As testemunhas, os padrinhos de arma e o juiz Chopotó a uma certa distância, como combinado.
A Cultura chegou um pouco mais cedo, a Política atrasou um pouco devido a burocracia. Num clima de suspense e inquietação a Cultura escolheu como arma a "palavra", à política ficou com a "meia-palavra".
O Chopotó deu o sinal de longe, numa época em que a poluição em nome do progresso não o agredia. Contaram-se os passos.Viraram-se ao mesmo instante.
A Cultura mais rápida lançou no ar: “Inútil!
Não afetou e nem tampouco sensibilizou a política. Esta por sua vez, milésimos de segundos depois, antes mesmo que o eco se consumisse (inútil) no vale vociferou: “Fé-da-pu...
Foi o bastante para fulminar a Cultura.
Acorreram-se todos juntos à Cultura. Mas nada havia a fazer. Constataram-se o óbvio e o óbito.
Marcaram o enterro para o dia seguinte. Entretanto na hora de mudar a roupa da Cultura, o seu fiel amigo Saca-Rolha, percebeu leve pulsação. Não divulgou o fato para não causar impacto, alvoroço.
A cultura não estava morta e sim num estado de catalepsia.
De comum acordo o Saca-Rolha e o Espião, sempre sabendo das coisas, resolveram escondê-la em local adequado, para que mais tarde pudesse ser medicada.
No caixão colocaram cinzas e não deixaram que ninguém o abrisse no velório para o último adeus.
A Política e a politicagem fizeram quarto entre lágrimas de e fingimento.
Houve o enterro, sino, choro e missa. Só ninguém sabia, exceto o Saca-Rolha e o Espião, que estavam enterrando as cinzas da ignorância.
Hoje algumas pessoas idealistas andam à procura de médicos e enfermeiros que consigam tirar a Cultura deste estado de catalepsia.
O local onde sucedeu o duelo o povo resolveu denominá-lo de "Curva da Morte".

Verbetes para quem não conhece Guidoval
Quirino - Personagem da vida guidovalense capaz de recitar palavrões que nem o Aurélio conseguiu registrar.

AREG - Nome da iniciativa de se construir um clube social, que não passou de alicerces e estruturas fantasmas.

Chopotó - Rio que banha e adorna a cidade

Ateneu Sapeense - Teatro-lítero-musical que existiu em Guidoval.

Turunas e Sapeense - Clubes carnavalescos antigos.

A Voz de Guidoval, Marlière, Guidovalense, Sapé, O Apóstolo Espião, Saca-Rolha, Jornal de Guidoval - são jornais antigos que já circularam em Guidoval.
(escrito por Ildefonso Dé Vieira)