sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sandra Starling – uma mulher de coragem e caráter



Sandra Starling – uma mulher de coragem e caráter

Fundadora do PT,  ex-deputada federal Sandra Starling, Ministra do Trabalho no governo Lula, condecorada com a Medalha do Mérito Naval Almirante Tamandaré, Sandra Starling diz que é preciso ter coragem para enfrentar os 12 anos de governo “em que o PT se julgou a consciência política do Brasil”, mas foi tão corrupto quanto os demais.

Publicou no jornal O TEMPO, onde escreve regularmente, o artigo Meu voto critico em Aécio é um veto ao voto a Dilma”.

A ex-líder do partido na Câmara disse que a censura sobre o IPEA foi a gota d’água. Segundo ela, os dados do IPEA tornariam oficial o que todos já sabem “a desigualdade social não diminuiu” e a lógica da presidenta Dilma é a mesma do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto que pregava esconder números que não favorecem o governo.

Militante do PT por mais de 30 anos, a professora, advogada e cientista política Sandra Starling desfiliou-se do partido que ajudou a fundar após a direção nacional da legenda impor, em 2010, ao ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel que cedesse a candidatura ao governo de Minas ao senador Hélio Costa (PMDB).

Starling, que foi a primeira mulher a disputar o governo mineiro e já se elegeu deputada estadual e federal pelo PT, afirma que o partido agora está refém de algumas pessoas que ocupam a executiva nacional e, principalmente, das vontades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Naquela época, justificou em artigo, a decisão dizendo que não se curvará "à imposição de quem quer que seja dentro daquele que foi meu partido por tantos e tantos anos".

- Pensei que ficaria no PT até meu último dia de vida. Mas não aceito fazer parte de uma farsa: participei de uma prévia para escolher um candidato petista ao governo, sem que se colocasse a hipótese de aliança com o PMDB. Prevalece, agora, a vontade dos de cima - afirmou.

Em entrevista ao GLOBO, a ex-petista diz que deixou o partido "com a dor da mãe que deixa um filho", mas afirmou que não haveria mais condição de permanecer na legenda após a imposição em nome da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência - o PMDB teria exigido a candidatura em Minas como condição para apoiar a ex-ministra.
- A decisão foi tomada na cabeça do Lula. Isso é caudilhismo e ditadura, com a justificativa de permanecer na Presidência. Mas é preciso permanecer na Presidência para melhorar o que está aí. Não para piorar – disparou.

O PT vai destroçando, e abandonando, os companheiros ao longo do caminho.
Lembrarei de apenas alguns, emblemáticos, como o Hélio Bicudo, Fernando Gabeira, Heloisa Helena e Marina Silva.

Votarei, convicto, no Aécio, assim como criticamente votará a Sandra Starling, cujo artigo transcrevo abaixo:


MEU VOTO CRÍTICO EM AÉCIO É UM VETO AO VOTO A DILMA

Sempre gostei de aprender.

E ontem aprendi com o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, que resolveu, ao contrário de mim, dar um voto crítico em Dilma e um veto ao Aécio. Lembrei-me do tempo em que juntos lutamos (nós e o PSDB) contra o Collor e fizemos o abraço na Av. do Contorno e na campanha de vestir- se preto contra o Presidente que sofreu o impeachment.

Vou fazer o contrário do Freixo. Quero ter a coragem de enfrentar esses 12 anos em que o PT se julgou a consciência política do Brasil e no qual fez e aconteceu como os demais, em tudo, – para , afinal, me deter na censura ao IPEA porque o IPEA, órgão do próprio governo, não demonstrou o que todos os que pelejam para entender este país já percebiam: a desigualdade social não diminuiu a ponto de ser significante do ponto de visto estatístico – logo, na lógica da Dilma Rousseff, que se parece à de Delfim Netto na ditadura, deve-se esconder os dados que não são a favor do partido que nos agrada.

Não compactuo com esse tipo de método.
Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser “idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me abster.

Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de que venha a aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo.

Qualquer que seja o resultado, para mim, terei cumprido meu dever de brasileira: arrisquei a perder ou a ganhar – para os outros que sofrem, não para mim, porque nada tenho a perder.

Bom voto a todos no domingo.
(Sandra Starling, fundadora do PT, foi deputada federal e líder da bancada petista na Câmara.)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Margem de erro nas pesquisas por Dr. Plínio Rafael Reis Monteiro



Margem de erro nas pesquisas
(publicado hoje, 23/10/20140, no jornal Estado de Minas)

escrito por Plínio Rafael Reis Monteiro (Doutor com 10 anos de experiência em pesquisas de opinião e mercado, fundador do instituto Analysis, professor e subcoordenador do curso de Administração da UFMG)

Vivemos um curioso momento político no Brasil. Muito além do acirramento dos ânimos sobre o pleito do próximo dia 26 de outubro de 2014 e da visível polarização do discurso político, as pesquisas eleitorais tornaram-se instrumentos de militância. Vemos esses estudos sendo divulgados nas redes sociais e no WhatsApp com a mesma exaltação que os resultados dos jogos do Campeonato Brasileiro, o que pode influenciar atitudes e a votação que se aproxima.

Chama a atenção que, apesar do arrefecimento do debate, é nítida uma crescente desconfiança sobre a “margem de erro” das pesquisas eleitorais, apesar dos recentes e valiosos avanços na legislação pertinente do TSE. Mesmo assim, observamos perplexos (ou maravilhados, dependendo de sua preferência) as enormes diferenças nas pesquisas de diferentes institutos, e, mais ainda, o resultado das pesquisas “boca de urna” e a votação presidencial do primeiro turno. Mas por que isso ocorre? Podemos tecer alguns direcionamentos.

Em primeiro lugar, como tipicamente defendem os institutos, as opiniões dos eleitores podem mudar por causa da dinâmica das campanhas políticas. Apesar de plausível, isso não poderia explicar as diferenças maiores que as margens de erro nos resultados de pesquisas em períodos similares. Pode-se ilustrar esse dilema pelos resultados de pesquisas realizadas por institutos diferentes no período entre 14 e 17 de outubro, amplamente divulgadas nas mídias e comemoradas pelas respectivas militâncias, uma apresentando vantagem numérica para Aécio, fora da margem de erro, e na outra ocorrendo empate técnico. Seria pouco provável que resultados como esses se devem a mudanças de opiniões, dado que os períodos de realização são basicamente os mesmos.

Uma segunda razão, essa a causa fundamental de desconfiança por parte do eleitor e da opinião pública, são questionamentos quanto à idoneidade daqueles que realizam ou contratam a pesquisa. Apesar de possível, dadas algumas brechas na legislação do TSE, esse não precisa ser o caso, o que nos leva à terceira e mais provável causa: a metodologia de cada instituto é diferente, cada um estabelecendo uma forma, entre as permitidas pela legislação, para selecionar os municípios e os eleitores que participam da pesquisa.

Para entender essa possibilidade, é necessário considerar que o fundamento central por trás da margem de erro nas pesquisas de opinião é a seleção aleatória da amostra. Esse princípio secular, que nos remete aos famosos estatísticos Carl Friedrich Gauss e, já no século 19, ao americano George Horace Gallup, indica que você deve selecionar os municípios e respondentes literalmente jogando os dados, ou seja, selecionando os eleitores de forma aleatória. Sem isso, qualquer margem de erro está definitivamente errada. Mas como isso funciona na prática?

Em princípio, a maior parte das pesquisas eleitorais de abrangência nacional seleciona municípios em todos os estados da federação, e a chance de cada município participar é, tipicamente, proporcional ao tamanho da população eleitoral de cada cidade. Em outras palavras, cidades com maiores populações têm mais chance de participar da pesquisa. Para contrabalançar o fato de que cidades maiores e menores podem ser redutos eleitorais de diferentes eleitores, as empresas podem ainda dividir as cidades por grupos, de acordo com o porte (número de habitantes) ou o PIB. Assim, tipicamente, seriam sorteadas cidades que representam um espelho fiel do Brasil.

Infelizmente, esses critérios de seleção não são definidos na legislação atual, e um instituto poderia, intencionalmente ou não, selecionar municípios que favoreçam determinados candidatos, por exemplo, aqueles com maior PIB ou outros com uma população menor. E depois atribuir essa “culpa” ao acaso. Mas, de posse da lista de municípios e da metodologia do estudo, que devem ser registradas no TSE, auditores independentes poderiam avaliar se essa seria a seleção adequada ou se a chance de o sorteio indicar aquelas cidades em particular é menor do que a de você ganhar a próxima loteria. Se for o segundo caso, você, eleitor, poderia pedir ao instituto que escolha os números para apostar na próxima Mega Sena ou acreditar que realmente tem alguma coisa errada na pesquisa.

Mas não acaba por aí. Após sortear os municípios, como reza a cartilha sugerida por Leslie Kish, seria preciso selecionar aleatoriamente regiões menores para a pesquisa. No Brasil, essas regiões tipicamente são distritos, bairros ou, mais usual, setores censitários do IBGE (divisões do território que contêm entre 150 e 250 domicílios). Essa seleção deveria ser aleatória, mas respeitando a quantidade de eleitores nessas regiões. Ao chegar ao local sorteado seriam feitas entrevistas “sistemáticas” em domicílios, de modo a cobrir a maior parte das pessoas que ali residem, mas sem privilegiar nenhum grupo em particular. Para garantir isso, as entrevistas ainda deveriam preencher “cotas” por sexo e idade, entre outras, de forma que a amostra seja bastante similar à população brasileira. Ufa! Mas e daí?

Muito simples. Alguns renomados institutos têm abandonado a seleção de indivíduos nos domicílios e realizado entrevistas nos chamados “centros de aglomeração”, ou seja, nas ruas. Apesar de selecionarem as regiões segundo critérios estatísticos, quem vai responder à pesquisa é quem está ali passeando pela rua, nos pontos de ônibus, nas lanchonetes e nas padarias. Feche os olhos e tente imaginar as pessoas que estão ali. Aposto que você não imaginou um milionário, uma socialite ou um artista global. São as pessoas comuns que ali estão: o povo. Como as pesquisas têm demonstrando uma divisão da preferência do eleitorado se divide pelo perfil de escolaridade e renda, fatores muitas vezes ignorados para estratificação da amostra, acabamos com uma amostra que é “muito mais popular” que a população brasileira, o que mostra resultados que podem privilegiar um candidato na disputa.

E por que os institutos têm feito isso? Uma razão simples: contenção de custos que se tornam mais críticos devido às pressões exercidas pela concorrência e pelos custos operacionais (mão de obra, vale-transporte e alimentação). Como é muito mais fácil entrevistar qualquer pessoa que esteja passando na frente do pesquisador, do que sair batendo de porta em porta para pedir pelo amor de Deus para responder a uma pesquisa, essa acaba sendo uma escolha comum.

Essas duas condições metodológicas indicam que, muitos institutos, buscando a redução de custos ou por razões mais obscuras, a critério do leitor, acabem obtendo opiniões que não representam fielmente a população brasileira. E o que acontece com a margem de erro então? Bom, ela fica errada: muito maior que a sugerida pela pesquisa.

A gangorra das pesquisas do DataFolha



A gangorra das pesquisas do DataFolha

Sempre desconfiei de quaisquer pesquisas eleitorais. Motivos? Tenho e muitos. Vou expô-los.

A quem interessa as pesquisas eleitorais? A quem recebe grana para fazê-las e a quem a contrata para insuflar o seu candidato.

Resultados falsos de pesquisas servem para induzir o eleitor indeciso, menos esclarecido ou até mesmo àqueles que gostam de votar em quem supostamente vencerá as eleições.

Por isto não levo muito fé nas pesquisas. O instituto que eu mais confio ou tento acreditar é o DataFolha, mas a “gangorra” dos últimos resultados me levou a analisar os números das últimas pesquisas desta eleição.

Antes das eleições do primeiro turno, em 03/10/2014, o DataFolha dizia que num segundo turno, a Dilma venceria o Aécio  por uma diferença de 9.853.221 votos.

Após o resultado do primeiro turno o DataFolha fez a primeira pesquisa, publicada no jornal em 10/101/2014, e aí, houve uma inversão, o Aécio venceria a Dilma por uma diferença de 2.505.533 votos.

Ou seja, em apenas uma semana, um contingente de 6.179.377 eleitores deixariam de votar na Dilma e passariam a votar no Aécio. É um número respeitável de pessoas para haver tanta volatilidade.

Depois na próxima pesquisa, o DataFolha manteve os mesmos números da pesquisa anterior publicada no jornal em 16/10/2014.

Cinco dias depois, na pesquisa publicada no jornal Folha de São Paulo em 21/10/2014, houve uma alternância na vontade popular e desta vez 3.758.300 eleitores desistiram de votar no Aécio para votar na Dilma.

Repito. Não acho razoável esta alternância e volatilidade do eleitorado. Não acredito que eles fiquem iguais aos casais dançantes na famosa quadrilha das festas juninas. Olha a chuva! O pessoal corre para um lado. É mentira! O pessoal voltando correndo para o outro.

Não acredito em pesquisas, principalmente quando há interesses escusos para se permanecer ou alcançar o poder.

Circula na internet, no facebook, um quadro com os dados de pesquisas do IBOPE e DataFolha de 2002 a 2014. É um festival de erros acima da margem que eles gostam que é 2%.

VEJA   O   QUADRO    ABAIXO:

Agora no primeiro turno, o DataFolha e o IBOPE davam um percentual de 27 e 26 % de votos para o Aécio. Ele obteve 33,55%. Um erro de 26,4%.

Neste primeiro turno, o DataFolha e o IBOPE davam um percentual de 46 e 44 % de votos para a Dilma. Ele teve 41,5%. O erro foi menor de 7,8%, mas muito acima da margem de erro.

DÁ PARA CONFIAR EM PESQUISAS??? Eu não, curió!

Vote consciente no seu candidato. Não se impressione com pesquisas.

A verdadeira pesquisa vem das urnas se elas não estiverem corrompidas como alguns núcleos do PT que se apoderaram da Petrobrás, Correios, etc...


Abaixo, Quadro baseado nas Pesquisas do DataFolha
 




sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Marcus Nogueira é homenageado pela ASSEMG

Marcus Nogueira é homenageado pela ASSEMG

O conterrâneo Marcus Nogueira é filho da juizforana Maria do Carmo e do guidovalense Mário Nogueira, irmão do Sô Ita. Os mais antigos, assim como eu, se lembram do Mário. Tinha o apelido de “governo”. Foi ele quem levou o grande craque Eloir Máximo para jogar no Sport de Juiz de Fora.

O Marcus é o Diretor-Presidente da “Mano Consulting”, conceituada empresa organizada para atuar com excelência e reconhecido “Know-How” na prestação de serviços especializados de:
- Auditoria de projetos, obras, contratações de serviços e fornecimentos;
- Gerenciamento de projetos e obras;
- Consultoria Tributária e Trabalhista;
- Gestão de Processos Internos.

No dia 13/08/2014, o Marcus foi agraciado com a Medalha Bernardo Mascarenhas “Construtores do Desenvolvimento” oferecida pela Associação dos Economistas de Minas Gerais durante VIII Prêmio Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico ASSEMG / MERCADOCOMUM.
A solenidade aconteceu no Automóvel Clube de Minas Gerais, na mesma data que também se comemora o Dia do Economista.

A Revista “Mercado Comum” é uma publicação nacional de Economia, Finanças e Negócios. Na Edição de Setembro/2014, à página 54, trouxe a reportagem que transcrevo abaixo:

“Engenheiro formado pela Fundação Oswaldo Aranha, Marcus Nogueira é Diretor-Presidente da Mano Consulting, com sede em Belo Horizonte e filiais em Porto Velho e São Paulo.

A empresa presta serviços de administração de contratos, gerenciamento e auditoria de projetos e obras, desenvolvimento e elaboração de editais de concorrências, documentos de contratação e análise de negócios. Na cartela de clientes, ilustram nomes como Petrobras, Mannesmann, Unimed, Fiat, Usiminas, Ale e Toshiba.

Antes de fundar a própria empresa, Nogueira trabalhou na Mendes Júnior Engenharia S.A, Contrap e na Companhia Siderúrgica Nacional, além de ter sido diretor da ADCE (Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa).

Com frequência, o engenheiro é convidado para ministrar palestras em eventos empresariais de nível nacional e internacional com ênfase em Gestão de Contratos, Auditoria de Obras e Fraudes em Projetos e Obras.

Natural da cidade mineira de Guidoval, Nogueira tem duas filhas e é avô de Lucca, nascido em junho deste ano.”

É mais um filho da nossa Guidoval brilhando por este mundão afora. Parabéns Marcus pela merecida honraria.

"Guidovalense não parte. Reparte! Uma parte, fica. Outra parte, parte!"

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Um soco na onipotência por Roberto Damatta



Um soco na onipotência
escrito por Roberto Damatta (*)

Todo mundo deve saber que a onipotência é o poder infinito e esmagador de um deus ou de uma figura dotada de capacidades titânicas para o bem ou para o mal.
No Brasil, os onipotentes que chegam ao poder são idolatrados, porque nossa cultura tem como base e modelo a gradação e a hierarquia e ambas têm uma extraordinária afinidade com o puxa-saquismo, com a bajulação, com a hipocrisia e com o bater em cavalo morto. É fácil torcer para o Brasil quando ele é pentacampeão e é mais fácil ainda negá-lo mil vezes, como fez São Pedro com Cristo, quando o Brasil perde de 7 a 1 para a Alemanha. Essa Alemanha que voltou a ocupar o lugar de superior em tudo - disciplina, coerência, treinamento e - quem sabe - a velha pureza racial que nós ainda lamentamos em certas situações.
O passado não discutido com sinceridade volta. Ele é apenas eclipsado.

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Começo essa crônica numa bela manhã e domingo e estou irremediavelmente dividido. Um lado meu gostaria que o PT perdesse - que fosse, para ser arriscadamente franco e para entrar em mais algumas listas negras, defenestrado do poder (mas, note bem, jamais da política brasileira). Um outro, porém, está convencido que Aécio achou o seu papel e o seu tom e vai ganhar num segundo turno. Como essa coluna sai na quarta-feira e o segundo turno vai ocorrer no dia 26, estou sendo moído pela angústia. Angústia que hoje faz parte do meu modo de ser. Não saber o futuro e aceitar o sofrimento é um modo de admitir a minha fragilidade diante da vida. Eu aprendi esse segredo. Por isso, não fujo da minha angústia, mas deixo que ela se manifeste e a recebo no meu coração. Procuro saber o que quer e, quando é possível, tomo um Joãozinho Caminhador com ela o que nos envolve na felicidade dos apaziguados. Dos que têm consciência de que, na vida, é preciso ter a noção do suficiente para sermos relativamente menos infelizes.
Sempre soube que não sabia, mas hoje tenho a mais absoluta certeza disso. Mas o não saber não me eximiu de ter declarado meu voto e ter sido admoestado por algumas pessoas que, muito mais sábias, me alertavam do risco que corria.

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Pois bem. Aécio Neves, com sua tranquilidade batalhou, enfrentou e virou o jogo. Foi o único que, no famoso debate da Globo, falou que todos os candidatos a presidente e, por implicação, a qualquer cargo eletivo - cargos que implicam não em grana e poder, mas em servir ao Brasil - se somavam. Todos os presidenciáveis, disse ele, continuavam projetos e planos que foram inventados e instituídos por seus antecessores. O único partido que negou isso foi o PT, que realizou sistematicamente o discurso Lulista do "nunca antes neste país" - exceto com ele e com o PT e que, no governo Dilma, usa o onipotente "nós" como a chave em todos os seus confusos discursos. O lulo-petismo está convencido (como ocorre com todo radical) que o Brasil e o mundo começam com eles. Aécio foi o único que falou numa continuidade de projetos como os de distribuição de renda que, em vez de separar, juntam posições do PT com os do governo de PSDB.

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Estou seguro de que esta eleição será, com Aécio, a da descoberta da soma e da continuidade. O Brasil, amigos, é muito maior que nós. Ele é um palco que não escolhemos para atuar e viver. A língua que falamos e os lugares onde nascemos e adquirimos consciência de nós mesmos e do mundo não foram inventados por nós. Do mesmo modo e pela mesma lógica de uma implacável finitude que desmancha onipotências, um dia sairemos do Brasil por mais que tenhamos achado que fazíamos todas as diferenças. Alguém se lembra do ministro da saúde do governo Rodrigues Alves? Aliás, leitor culto e educado, você sabe quem foi Rodrigues Alves?

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Um mundo em rede exalta individualidades, mas tem um lado oculto. Ele nos obriga a ver como estamos presos uns aos outros e como o discurso orgulhoso e valente do grande, mas iludido século 19 tem que ser modificado. Não basta ser contra banqueiros ou contra o nosso sistema produtivo, colocando-se no velho modelo dos revolucionários. É preciso saber como a rede nos afeta quando um pedaço dela se modifica. Estar enredado não significa estar enjaulado, mas se conhecer como uma parte menor, embora significativa, de um país e de um planeta. Um todo que segue somente em parte planificado porque o inesperado existe e faz parte - como prova essa eleição - da vida e do cosmos.

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Acabo de saber que vai haver um segundo turno e que o Aécio lá chegou. Minha angústia diminui de um lado, mas aumentou do outro.

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Cabe finalizar que, com essas eleições, iremos controlar os personalismos lulistas de índole malandra e neofascista. Todos os resultados pedem mais honestidade e seriedade com o governo da coisa pública. Tenho a esperança de liquidar com esses donos espúrios de um Brasil que é de todos nós. Esse é o pleito que nocauteou a onipotência e, com ela, a demagogia, a roubalheira, o aparelhamento do estado pelo governo, a corrupção deslavada, os dois pesos duas medidas no plano jurídico e econômico e, por último, mas não por fim, a autoridade absoluta de um partido cujo objetivo era muito mais o de trabalhar para um projeto de poder do que para o poder do Brasil.

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(*) Roberto Damatta
É um antropólogo, conferencista, consultor, colunista de jornal e produtor brasileiro de TV. Graduado e licenciado em História pela Universidade Federal Fluminense (1959 e 1962), Roberto possui curso de especialização em antropologia social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1960) bem como mestrado (Master in Arts) e doutorado (PhD) em 1969 e 1971 respectivamente pela Universidade Harvard.
Foi chefe do departamento de Antropologia do Museu Nacional e o coordenador do seu programa de pós-graduação em Antropologia Social (de 1972 a 1976). É professor emérito da Universidade norte-americana de Notre Dame, onde ocupou a cátedra Rev. Edmund Joyce, c.s.c., de Antropologia de 1987 a 2013.
Atualmente, é professor titular da PUC-RJ.
Em 2001, recebeu a Ordem do Mérito do Rio Branco no grau de Comendador.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Lucas de Freitas Vieira – 70 anos

Lucas de Freitas Vieira – 70 anos

As primeiras lembranças que guardo do Lucas de Freitas Vieira remontam à minha infância. Ele jogando, de meia-armador, no melhor juvenil do Cruzeiro de Guidoval. Brilhava junto com Eloir Máximo, Oscar Matos, Zé da Conceição, Zé Maria Matos, Luiz Pinheiro, Chiquinho Matos, Luiz Antônio e Dilermando Ribeiral, Celinho Albino, Cidinho Vieira, Zé Américo e Vianelo Silva no gol.
Nos fundos do quintal da casa dos seus saudosos pais, Alzira de Freitas e Pedro Vieira, tinha campinho de futebol. Nele batíamos peladas com o Mateus (seu irmão), Nélio Maciel Queiroga, Ângelo (do Casin) Pinto de Aguiar, Francisco e Luiz (Onça) Matias, Adauto Ribeiral, Luiz Fernando Albino, Roberto e Ronaldo Vieira. Tinha até um time de meninos e quem tomava conta era o Jaburu, um agregado à Família do Cid Vieira.
Após terminar o ginasial no “Guido Marlière”, Lucas foi estudar no Curso Técnico Universitário (CTU) da Universidade Federal de Juiz de Fora. Isto serviu de estímulo, referência e abriu o caminho para muitos jovens guidovalenses optarem por fazer o curso técnico. Eu sou dessa geração que seguiu este caminho.
Depois de formado, Lucas ingressou na Eletropaulo, indo trabalhar na cidade de São José dos Campos. Nesta progressista cidade do estado de São Paulo formou uma bela família com a paixão de sua adolescência Maria das Graças Araújo (filha da Professora Célia Teixeira e do saudoso fazendeiro Levindo Albino). Desta união nasceram Débora, Fernanda e Camila, que agora frutificam-se em netos: Moacir, João Pedro, Davi e Lucas. E que seja bem-vinda a Maria.
Em São José dos Campos angariou amigos e prestígio, tornando-se cidadão Joseense e Diretor, Conselheiro e Presidente do Clube Luso-Brasileiro.
Através da sua influência abriram-se as portas da empresa Eletropaulo para vários conterrâneos que fizeram e fazem carreira profissional. Abrigou em sua residência muitos guidovalenses para dar continuidade aos estudos e até começarem a trabalhar.
É apaixonado por Guidoval e participa de todas as campanhas e movimentos em prol da nossa cidade. Sempre presente nas festas da cidade, acompanha com fervor as procissões da Padroeira Santana e faz questão de ajudar a erguer o Mastro com a imagem da nossa Gloriosa Padroeira. É por isto que digo e repito:

"Guidovalense não parte. Reparte! Uma parte, fica. Outra parte, parte!"

Sou, com freqüência, presenteado pelo Lucas. Às vezes um CD/DVD com músicas de serenatas da cidade de Conservatória-RJ, ou então um bom vinho para aquecer a prosa e amizade, ou um livro ou uma revista para eu me informar e atualizar-me.
Eu, e minha família, temos admiração pelo casal Lucas e Graça, que nos retribui com generosidade fraterna a nossa sincera consideração.
Hoje, 06 de outubro, Lucas completa 70 anos de vida.  Desejamos-lhe muitas felicidades, saúde e paz. Que os seus sonhos e desejos se realizem. Que DEUS e Nossa Senhora protejam e iluminem a toda a sua Família.

Abraços,
Lourdes, Thaís e Dé






quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Zizinho do Marcílio e Pimenta da Veiga



Zizinho do Marcílio e Pimenta da Veiga

No dia 19 de maio de 1990, meu saudoso pai, Zizinho do Marcílio, participou do último evento político de sua vida. Recebeu, como Prefeito de Guidoval, o Dr. Pimenta da Veiga candidato em campanha para Governador de Minas Gerais.

No dia 06 de julho, quarenta nove dias depois, meu pai faleceu. Não resistiu a uma infecção hospitalar após uma cirurgia delicada para retirada do esôfago.  Não viveu para assistir a derrota de Pimenta da Veiga para o Hélio Garcia.

Pimenta da Veiga fazia uma grande administração pública como Prefeito de Belo Horizonte, mas cometeu um erro político ao deixar a prefeitura para candidatar-se a governador com apenas 1 ano e três meses de mandato. Isto pesou, negativamente, na sua campanha.

Pimenta da Veiga foi Prefeito de Belo Horizonte, Deputado Federal por quatro mandatos e Ministro das Comunicações no governo de FHC.

É um político íntegro e honrado. Merece e terá o meu voto. A minha mãe, Maria Madalena Vieira (Dona Tita) pediu-me para colocar, no BloGuidoval, a foto de meu pai junto com o Pimenta da Veiga. Estou cumprindo o prometido à minha mãe.