segunda-feira, 16 de março de 2009

HUGO, um craque guidovalense no Cruzeiro de BH


No dia 15 de outubro de 2008 fomos à Toca da Raposa Marcílio, Rhayssa e o Túlio Ribeiral Pereira. Ele é filho do Tarso e Meire Magalhães, nossos leitores do Jornal de Guidoval em Caldas, no sul de Minas. A Meire é filha do saudoso Adauto Pacheco Ribeiral e D. Lourdes Magalhães Ribeiral.

Éramos três atleticanos na Toca 1 (Marcílio, Rhayssa e eu) e um cruzeirense conhecendo a casa da sua querida Raposa, o jovem universitário Túlio que está cursando Biologia na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL).
Estávamos ali não apenas pra contemplar a magnífica estrutura de preparação esportiva do Azul Celeste Mineiro que conta com uns 180 jovens treinando nas divisões de base. Nosso desejo era ver, abraçar e apoiar um guidovalense que dá seus primeiros passos rumo a uma trajetória promissora no mundo futebolístico.

Entrar na Toca da Raposa não é tarefa fácil. Conseguiu-nos o passaporte o cruzeireirense, sangue azul, Oscar Pinto de Aguiar, filho do inesquecível Sô Casim. Ele é sogro de Emerson Ávila, técnico que levou o Ipatinga à primeira divisão do futebol brasileiro e hoje faz parte da Comissão Técnica do Cruzeiro e nos recomendou ao Roger Galvão (Coordenador de Captação Técnica do Clube), que gentilmente permitiu que adentrássemos a Toca 1, onde pudemos realizar nosso desejo.

Custamos a ver o garoto-atleta. Haviam vários garotos treinando no momento, uns se alongando, outros batendo bola. Onde estava o nosso ídolo? Não o víamos. Será que o treinamento de sua categoria já tinha terminado?
Como sou “abelhudo” me identifiquei para as poucas pessoas que estavam assistindo ao treino e procurei me informar se nosso conterrâneo estava treinando, se iria ter coletivo. Um funcionário do Cruzeiro disse que quem poderia informar melhor seriam alguns desportistas que estavam sentados em um banco do lado oposto onde eu estava. Disse que o Gilmar Francisco, Observador Técnico das Categorias de Base daria as informações que eu queria. Aí meu coração pulsou mais forte, iria rever um ídolo que muito contribuiu para a maior glória alcançada pelo Cruzeiro de nosso Guidoval, o campeonato de 1990.

O Marcílio deslocou até ele e se apresentou, sendo atendido com a maior atenção. Aproveitou para mandar um abraço para os amigos Dr. Jorge e Tavinho, filhos do saudoso Dr. Jair Dutra Venâncio.
Fomos informados de que veríamos o Hugo Sanches, nosso craque, nosso ídolo prematuro, disputar o coletivo.
Marcílio conversava com o Gilmar, mostrando edições do JG que havíamos levado para o Hugo, com fotos dele e do Emiliano, quando o garoto-artilheiro chegou. Demonstrou alegria, mas tímido e por humildade inibiu-se quando os seus colegas começaram a vibrar ao ver Hugo nas páginas de um modesto jornal que demonstrava o quanto ele e seu pai são queridos em Guidoval.

Enquanto isso o Roger negociava com a Assessoria de Imprensa se seria possível tirarmos fotos e falar com o Hugo. Quando o coletivo já estava em andamento o Roger veio com a liberação para que pudéssemos fazer a reportagem.

Assistimos o coletivo orgulhosos de vermos o nosso jovem conterrâneo pisando os gramados por onde também treinou a seleção brasileira de 1986 com Zico, Sócrates e Falcão, além do seu pai Emiliano e o Ronaldo “fenômeno”.
Hugo Sanches escreveu o seu nome nos regionais de base da Liga Atlética Ubaense, sagrando-se artilheiro e badalado pela imprensa esportiva da região.

Para quem lê pela primeira vez o nosso JG, informamos que o meia-atacante Hugo já foi noticiado em várias de nossas edições, inclusive no número de 14/03/2006, quando informamos: “Quem foi ao Estádio Geraldo Luiz Pinheiro, pode ter visto o surgimento de um futuro craque do futebol brasileiro. Não é exagero. Trata-se do garoto Hugo (filho do Emiliano neto do Tuninho do Açougue), que quando dominava a bola partia em direção ao gol adversário e ninguém conseguia barrá-lo. Resultado: Hugo fez seis gols”.

No coletivo que assistimos, Hugo atuou de ala. Fez o que sempre soube fazer bem feito, mostrando que “filho de peixe peixinho é”. Atuando numa posição muito exigida no futebol moderno, posto que os pontas que o Zé da Galera, personagem do Jô Soares, tanto exigia já não existem mais.

Hugo cumpriu seu papel da melhor maneira possível, pois além de marcar, teve que criar opções pra sair da defesa ao ataque e encontrar espaços para possibilitar o objetivo maior do futebol: fazer a bola entrar no fundo do gol adversário.

Jogando com determinação tática, raça, velocidade e ampla visão de jogo, Hugo marcou bem, evitou um grande perigo em sua área rebatendo de cabeça uma cobrança de escanteio, deu passes curtos e longos com precisão, fez com categoria inversão de jogo, cobrou escanteios e ainda encontrou espaço para numa tabela com o meia-atacante dar um potente chute a gol que raspou a trave do goleiro adversário. Foi questão de centímetros para o gol inevitável, pois aquela bola se vai um pouquinho mais para a direita, tinha endereço certo: o lugar onde a coruja dorme.

O treino terminou e encontramos o Hugo exausto depois de uma grande batalha onde ele deu tudo de si. Graças a gentileza da Diretoria do Cruzeiro, através do Roger, do Emerson, genro do Oscar (do Casin) Pinto de Aguair, e de nosso amor por Guidoval que nos impulsionou a visitar um conterrâneo que tem tudo pra brilhar, pudemos tirar uma foto para que todos os guidovalenses vejam onde está atualmente aquele menino, que há alguns anos atrás o JG já anunciava como promessa de futuro craque.

Muito ainda se escreverá sobre o atleta HUGO!

Abaixo, vídeos com o jovem Hugo Sanches, filho de Emiliano e Janaína.


01 - http://www.youtube.com/watch?v=695LFt6u_ps

02 - http://www.youtube.com/watch?v=nbP4sIjssj8


03 - http://www.youtube.com/watch?v=7WT76PUwpIw



04 - http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM982764-7824-CRUZEIRO+DEIXA+O+PLANETA+CADA+VEZ+MAIS+AZUL,00.html




sexta-feira, 13 de março de 2009

Transparência administrativa, respeito ao cidadão

Um prefeito é o síndico de um grande condomínio: o município. Durante as campanhas políticas brigam, lutam, prometem tudo para serem eleitos. Depois, empossados, esquecem as promessas e fazem o que bem lhes dá na telha. Adeus programa de governo, juramentos e compromissos assumidos.

É bom que saibam, todos os prefeitos, que não fazem nenhum favor à população. Disputaram, alguns à tapa, para ocupar o cargo e são bem remunerados para exercê-lo.

Os seus salários vêm dos impostos que pagamos. E não são poucos. E tome IPTU, IPVA, ISS, Imposto de Renda ou ainda o ICMS do cigarro, da cerveja, do arroz e do feijão. Nós, pacatos condôminos, temos que pagar sem reclamar, pois se chiarmos estamos sujeitos a cair na dívida ativa, esperta como muitos políticos.

Por isso o mínimo que se espera é uma administração transparente. Tal e qual a mulher de César, imperador romano, a uma administração pública não basta ser honesta, ela têm que parecer honrada.

É necessário afixar balanços mensais da prefeitura nos locais de maior circulação de pessoas como nas escolas estaduais e municipais, postos de gasolina, Câmara Municipal, Posto de Saúde e até no Bar da Esquina. Por que não?

Em algumas cidades, a Lei Orgânica obriga a prefeitura a afixar diariamente na sua sede o movimento de caixa do dia anterior (o chamado boletim de caixa), discriminando todos os pagamentos efetuados. A nossa Câmara Municipal bem que poderia aperfeiçoar e evoluir a Lei-Maior do nosso município.

A comunidade não pode ficar alienada dos gastos municipais, portanto não fazem mais que a obrigação divulgar as despesas, para sabermos aonde está indo o nosso suado dinheirinho.

Temos dois jornais em nossa cidade, o Saca-Rolha e o Jornal de Guidoval e em nenhum dos dois é divulgado o balanço da prefeitura. Por que será?

Um bom exemplo vem da cidade de Ribeirão Bonito-SP que criou a ONG “Amigos Associados de Ribeirão Bonito” (AMARRIBO) para promover o desenvolvimento social e humano da cidade.

Acabaram recebendo denúncias de irregularidades na administração municipal e resolveram elaborar uma Cartilha para identificar e combater a corrupção. Estão na cartilha alguns tópicos que podem alertar que “há algo de podre no reino de Dinamarca” como disse Shakespeare.

Listarei alguns: “Resistência das autoridades a prestar contas, falta crônica de verba para os serviços básicos, parentes e amigos aprovados em concursos públicos arranjados, falta de publicidade dos pagamentos efetuados, perseguição a vereadores que pedem explicações sobre gastos públicos, empresas constituídas às vésperas do início de um novo mandato, fraudes em licitações dirigidas, esquemas de notas frias ou notas fiscais com valores redondos ou próximos do valor de R$ 8 mi”.

Ou então falcatruas como “adquirir bens e serviços por meio do procedimento de carta-convite quando se trata de gastos de até R$ 80 mil reais ao ano, falta de controle de estoque na prefeitura, promoção de festas públicas para acobertar desvios de recursos, pagamentos com cheques sem cruzamento”.

No site da AMARRIBO você pode encontrar, ler, imprimir ou fazer download da cartilha integral. É só acessar a página (http://www.amarribo.org.br/). São informações e dicas úteis para o cidadão comum e mesmo para os vereadores, responsáveis pela fiscalização das contas municipais.
Saberá da força que tem os cidadãos quando se unem em prol de uma causa nobre que é cuidar dos interesses do município.

"Exercer a cidadania não é apenas votar, mas, também, fiscalizar o poder público", afirma Pedro Sérgio Ronco da AMARRIBO.

A nossa obrigação não termina com o voto, temos que acompanhar, fiscalizar, exigir dos administradores públicos lisura e cumprimento de suas obrigações. A Transparência administrativa significa respeito ao cidadão.

Publicado no JORNAL DE GUIDOVAL, (http://74.55.255.99/~jornalde/opiniao_16b.htm.), Edição Nº 16 de 30 de abril de 2006

quinta-feira, 12 de março de 2009

Missa de Sétimo dia de José Pinto de Aguiar (Zequinha do Casin)

Prezados Guidovalenses,

Faleceu no dia 09 de março o nosso amigo e conterrâneo José Pinto de Aguiar (Zequinha do Casin), ex-prefeito de Guidoval.

A missa de 7º dia será celebrada neste próximo sábado.

Será um momento para orar pela alma do nosso concidadão, solidarizar-se com os familiares, reencontrar outros conterrâneos e amigos que residem aqui em Belo Horizonte.

Dia: 14 de março (sábado)

Horário: 18: 30 Hs

Local: Igreja Santo Antônio

Endereço: Avenida Contorno com Rua Espírito Santo – Bairro Santo Antônio

Abraços,

Ildefonso – Dé do Zizinho do Marcílio

terça-feira, 10 de março de 2009

Faleceu o ex-prefeito José Pinto de Aguiar

Faleceu ontem, dia 09/03/2009, o ex-prefeito de Guidoval José Pinto de Aguiar (Zequinha do Casin).
A nossas preces e solidariedade à família.


Abaixo, texto extraído do Site da cidade de Guidoval (http://74.55.255.99/~jornalde/guidoval/gzeq.htm).

Filho de Oscar Ovídio de Aguiar e Amália Pinto de Aguiar, José Pinto de Aguiar nasceu em 25 de janeiro de 1.936, no município de Cataguases, próximo à divisa com o município de Guidoval.

É conhecido popularmente como Zequinha do Casin.

Os primeiros estudos foram feitos no Ginásio Guido Marlière, onde destacou-se por sua liderança, sendo presidente do Grêmio Literário.
Participou como Representante dos ex-alunos do Ginásio Guido Marlière, da Primeira Comissão da Festa do Dia do Guidovalense, idealizada pelo Jornal "A VOZ DE GUIDOVAL".

Entusiasmado por futebol, jogou por vários anos no Cruzeiro Futebol Clube, destacando-se ainda no Aymorés de Ubá, o melhor time de futebol da região, à época. Aliás, no CRUZEIRO FUTEBOL CLUBE, foi de pouco um tudo, Atleta, Técnico, Dirigente, e se preciso fosse; Roupeiro e até aparador de grama ou trabalhador braçal, tal o seu amor pelo esporte e as coisas de Guidoval.

Durante a paralização temporária das atividades do CRUZEIRO FUTEBOL CLUBE, ( Fim da década de 60, Início da década 70 ) CONSTRUIU um campo de futebol, na Avenida Antônio Luiz da Silva Cruz, e FUNDOU o SPORT CLUBE GUIDOVAL, de pequena existência, mas marcante na vida do município.

Esportista, por onde passou, exercitou a sua liderança, principalmente no futebol, com destaque para o distrito de Tuitinga, que pertence ao município de Guiricema e no município de Dores do Turvo.

Exerceu o magistério em Guidoval, sendo Professor de Educação Física e Geografia e na cidade de Dores do Turvo como Professor de Ciências.

Esta capacidade de lidar com o povo, humilde ou elite; levou-o à política, sendo eleito Vice-Prefeito de Guidoval em 1.988, na Chapa encabeçada por José Vieira Neto, o Zizinho do Marcílio.
Segundo suas próprias palavras "quis o destino que acontecesse o afastamento do eminente companheiro e amigo para uma cirurgia em Belo Horizonte e da qual não suportou e veio a falecer deixando transtornado a família, amigos e companheiros; bem como a administração do município.Diante tal acontecimento, assumi a direção do município onde encontrei tudo em ordem e sem problemas financeiros, e da mesma forma passei ao meu sucessor."

Assumiu assim a Prefeitura Municipal em 07/07/90, deixando o cargo em 31/12/92.

Principais Obras da Administração de José Pinto de Aguiar
- Calçamento de Diversas Ruas da cidade
- Recapeamento Asfáltico
- Ampliação do Cemitério Municipal
- Casas Populares para Famílias de Baixa Renda
- Extensão de Redes de Esgoto e Elétrica
- Construção de Pontes, Bueiros, Escola Rural
- Instalação de Postes em Luz Mercúrio na Praça Principal
- Aquisição de Antena Parabólica e um Amplificador para a Torre de Repetidora de TV
- Vários outros melhoramentos.

Eventos Culturais durante a sua Gestão como Prefeito
- Aquisição de Acervos Bibliotecários
- Palanque para Festividades Culturais
- Incentivo aos Compositores e Cantores da terra, no Dia da Padroeira do Município
- Desfile dos Alunos das Escolas Rurais no Dia 7 de Setembro, com Uniformes Novos, adquiridos pela Prefeitura Municipal.

É casado com a Sra. Marta Júlia Matos de Aguiar, tendo três filhos:
- Rodrigo Matos de Aguiar
- Rogério Matos de Aguiar
- Juliana Matos de Aguiar.

Após vários anos de trabalho, aposentou-se, por Tempo de Serviço, junto à Secretaria do Estado da Fazenda de Minas Gerais.
É uma das lideranças expressiva na política do município.
Na foto abaixo, "santinho" utilizado na Campanha para Prefeito.



sábado, 7 de março de 2009

Um guidovalense notável




No dia 25 de agosto, no Clube Ginástico, Rio de Janeiro, ocorreu o lançamento do livro “Entre o que foi e o que virá” do Dr. Edison Cattete Reis. É mais um guidovalense levando e elevando o nome da nossa Guidoval ao mundo.

São crônicas escritas nas décadas de 40 e 50 e publicadas no Jornal do Commércio, O Globo, Jornal do Brasil, entre outros grandes jornais da então capital do Brasil.

Dr. Edison é o irmão mais velho da Profª Carmem Cattete, lembrada carinhosamente na crônica “Primórdios” , numa forma de agradecimento ao emprego que ela arrumara-lhe, em 1941, no “Arquivo Nacional” . Trabalhou ainda na “Imprensa Nacional” e “IBGE” , onde exerceu importantes cargos, inclusive a Chefia do Gabinete da Presidência.

Formado em Letras Neolatinas, Dr. Edison escreveu com fina ironia, crônicas saborosas sobre o cotidiano, belas histórias colhidas ao longo do tempo como “A sobrevivência do amor” , “Carta a um brasiliense enfermo” , “Beethoven e o samba” , “Um mistério de 50 anos” , “Parabéns pra você” , “Um caso de amor” .

A crônica que empresta o nome ao livro - Entre o que foi e o que virá - é premonitória ao relatar que “as mulheres se amotinaram por um pedaço de pano, a menos ou a mais, na saia de seu vestido” na “voluntariosa e incoerente moda feminina”, prevendo de certa forma, a minissaia surgida só duas décadas depois.

Na crônica “Nem todos...” demonstra “o orgulho de ser modestamente guidovalense”, rememora o irmão Laerte exaltando a todos “Sou de Guidoval, aprazível estância mineira”. Recorda do grande músico Chepsel Lerner (Chuca-Chuca) que durante 10 anos tocou no Clube Ginástico Português. Saudava a entrada dos sócios mais assíduos e importantes “com os acordes do hino do seu clube”. “Eram torcedores do América, Vasco, Fluminense, Botafogo, Flamengo”. Coube ao nosso cronista Dr. Edison, ser saudado pelo Hino de Guidoval, executado através de partitura escrita pelo “Sô Tute, Maestro da Lira Sapeense”. Nesse mesmo centenário clube luso-brasileiro, fundado em 1868, a ”Revista Ginasta” registrou em sua coluna social “No grande Baile de Gala, Edison Chini (presidente em vários mandatos) rendeu-se às evidências dos fatos: Guidoval é onde melhor se dança em Minas”.

Dr. Edison saiu de nossa cidade, ainda adolescente, em 1936, para estudar e trabalhar. Nunca se esqueceu da nossa terrinha, tanto que Guidoval é citada umas 15 vezes na obra, além do Chopotó, Marlière, nossas ruas, praças, bandas de músicas e times de futebol. O livro é dedicado à esposa Neuza e aos filhos Mônica, Marcos e Edson Jr. Como guidovalense também me sinto homenageado.

Vale a pena lê-lo.

Publicado no JORNAL DE GUIDOVAL - Dez/2005

Anos JK

Como acontece em qualquer ano, 1.959 teve as suas histórias para contar. Pelas ruas, da então pacata Belo Horizonte, ouvia-se assobios da marchinha “Engole ele, paletó”, sucesso carnavalesco no ano anterior.

A Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, construída na gestão do então prefeito Juscelino Kubitschek, depois de longos anos interditada pelas autoridades católicas, era benzida por D. João de Resende Costa. Este lindo projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, com murais de Portinari, jardins de Burle Marx e painéis em baixo relevo do escultor Alfredo Cheschiatti, ainda embeleza a nossa cidade.

O nosso mineiro de Diamantina, na presidência do Brasil, alçava vôos mais ambiciosos, na construção da nova capital, Brasília.

O país vivia momentos de cívica ressaca com a conquista da Copa do Mundo na Suécia, recebia os nossos campeões mundiais de Basquete e a tenista Maria Ester Bueno, campeã do torneio de Wimbledon.

O Cinema Novo mudava os rumos da sétima arte. No país, Glaúber Rocha filmava Barravento. O filme “Orfeu do Carnaval” recebia a Palma de Ouro no festival de Cannes. O disco “Chega de Saudade”, de João Gilberto, marcava o início da Bossa Nova. Democraticamente o país se livrava da Revolta de Aragarças.

Enquanto toda esta efervescência ocorria, no bairro Santa Efigênia, a boemia marcava presença através dos jornalistas Paulo Papini, Múcio Campos e outros.

Vendo o peixe pelo preço que comprei, ou quase.

Após uma noite-madrugada, de um sem número de doses generosas de whisky e saideiras, colóquios etílicos, repletos de filosofias e soluções para todos os problemas do mundo, às 5 horas da manhã, o Múcio chega ao seu tugúrio.

Recebido pela companheira de todas as horas e a bondade das esposas compreensivas aos noctívagos, Múcio é interpelado:

- Isto são horas?

Com o jornal “Estado de Minas” sob as axilas e tentando manter um equilíbrio que o álcool já não permitia, Múcio devolve com ares de suspeito espanto:

- Você não sabe?

- Sabe o quê Múcio?

- O Errol Flynn...

- Que que tem o Errol Flynn?

Com se a notícia pudesse causar grande dor à esposa, foi dando-a em conta-gotas.

- O... Errol ... Flynn... O Errol Flynn morreu ...

- MÚCIO... e o que é que você tem com o Errol Flynn?

- Eu... eu não tenho nada, mas o Paulo (Papini) está inconsolável.

E com ares de quem é eternamente solidário aos amigos, adentrou a sua casa, tentando manter a pose nos passos e nos gestos.

No caminho, para a sua cama, em busca do repouso necessário, cumprida a missão de amenizar a tristeza do amigo, deixou sobre a mesa o jornal onde se lia a manchete : MORREU ERROL FLYNN.

escrito por Ildefonso DÉ Vieira

Publicado no Jornal da Sociedade Recreativa Palmeiras - Ano 2 - Nº 6 - Junho/1996

quinta-feira, 5 de março de 2009

Os Anjos



Os anjos existem e eu vi.
Pode não existir o céu e a vida eterna,
mas os anjos existem e eu vi.
Numa forma serena, tranqüila,
ajoelhada em pueril santidade
a orar.

Sabe lá Deus por quê, por quem,
e só mesmo o Senhor
em precioso mutismo,
que na imortal sinfonia de silencio
se satisfaz e se abastece
dos pequeninos gestos,
da prece desprovida de ambição, sabe.

Os anjos existem e eu vi,
à minha frente
com emoção, vaidade, zelo excessivo,
querência de abraçar, beijar, fazer carinho.
Por respeito aos anjos,
apenas sorri plenificado
à minha filha Thaís
de infinita infância e pureza,
genuflexa a humílimo presépio natalino.

escrito em 28/12/1984

quarta-feira, 4 de março de 2009

Fragmentos esparsos de Guidoval

Guidoval, tem cachoeira,
tem pracinha e Fundão,
tem Maria Benzedeira,
Manga-Rosa e o Barão.
Tem até o Fenderracha,
Vai-e-Volta e Sacramento,
tem noites de cachaça
e os passes do Zé Bento.

Guidoval.... Guidoval... Guidoval...Guidoval....

Guidoval tem até bandeira,
Hospital em construção,
tem Sant'Ana padroeira,
tem padre e tem sermão,
tem fofoca de esquina,
de boteco e de barbeiro,
tem posto de gasolina,
tem doutor e tem roceiro.

Guidoval.... Guidoval... Guidoval...Guidoval....

Guidoval tem rodoviária,
e a rua lá do Alto,
com a reforma partidária,
talvez chegue o asfalto,
tem o Bar do Tio Oscar,
tem cachoeira e contra-mão,
tem igreja com altar
e o retratista Foto’s João.

Guidoval.... Guidoval... Guidoval...Guidoval....

Guidoval, tem cachoeira,
Tem pracinha e Fundão,
Tem Maria Benzedeira,
Manga-Rosa e o Barão.
Meu amigo Fenderracha,
Benedito do "Congado",
Tem muita cachaça,
Tem campo de alambrado.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Um cidadão em busca de cidadania

Sem o vigor da juventude, aos 63 anos de idade já não tem mais a altivez de um rei ou o corpo atlético de um guerreiro africano. Seus ancestrais vieram para o Brasil em navios negreiros, seqüestrados quem sabe da nação Cabinda, Benguela e Jêje; do povo Nagô ou da etnia dos Bantos de Angola, negros vindos do Gongo e da Guiné.
Não sofreu a injúria da escravidão imposta aos seus antepassados, mas pade-ceu as suas conseqüências, nascendo em berço humilde, sem recursos para custear-lhe os estudos, passaporte de um futuro melhor.
É raro vê-lo, atualmente, andando por nossas ruas e quando o faz apóia-se num cajado que não chega a ser um báculo e mais parece uma bengala a lhe servir de porrete para se proteger dos cães vadios que infestam a cidade.
Na juventude, o porte físico privilegiado, quase dois metros de altura, assegu-rou-lhe o ingresso na Polícia Militar de Minas Gerais, destacando-se no atletismo ao ganhar várias competições em diversas modalidades como 100 e 200 metros rasos, revezamento 4X100, Arremesso de Peso, Lançamento de Disco, Dardo e Martelo.
Em 1968 a Confederação Brasileira do Desporto, presidida na época por João Havelange, realizou na cidade de Ipatinga provas eliminatórias para as Olimpíadas no México. Patinou na largada da corrida, perdendo preciosos centésimos de segundo que lhe garantiria vaga na equipe brasileira. A mão torta do destino negou-lhe galgar os degraus da fama, ocasião em que Nelson Prudêncio ganhou uma medalha de prata no Salto Triplo.
Tivessem os deuses do Olimpo laureado a sua carreira com conquistas, títulos, prêmios e fortuna, muitos dos que hoje lhe viram as costas, seriam os primeiros baju-ladores.
Aos 16 anos, em 1958, tornou-se goleiro titular do Cruzeiro, defendendo o nosso time por mais de 23 anos, até 1981. Evitou derrotas humilhantes, colaborou com vitórias inesque-cíveis, fazendo defesas espetaculares, agarrando chutes indefensáveis em saídas arrojadas e corajosas. A sua reposição de bola era um contra-ataque, com chutes de bate-pronto atraves-sando toda extensão do campo, colocando nossos atacantes à frente do gol adversário.
Jogou em grandes equipes da região como o Nacional e Sport de Visconde de Rio Branco, Manufatora de Cataguases. Consagrou-se como campeão municipal pelo Boa Vista (Lagartixa), sendo o goleiro menos vazado da competição.
Hoje comanda, na Rua do Alto, um modesto time com o poético nome “Assim somos nós”, que serve para atrair a atenção dos jovens para o esporte ao invés das drogas.
Numa final da década de 50, ainda inexperiente, começando a difícil carreira de goleiro, falhou num gol marcado pelo Itararé, numa sensacional final de campeo-nato. Quiseram por toda culpa da derrota nele, assim como fizeram com o grande goleiro Barbosa em 1950. Esquecem esses críticos que ERRAR É HUMANO, ainda mais jogando na difícil posição onde nem grama nasce. E depois o Itararé já havia vencido o Cruzeiro dentro do nosso campo e contava com craques como Jarbas, Genaro, Bi-nha e Conrado. Perdemos porque o adversário era melhor.
Contou-me que a sua melhor partida foi contra o 1º de Maio que ganhou do Cruzeiro dentro do “Ninho das Águias” por 3 X 0 e no match de volta em Mirai a ex-pectativa era que seríamos massacrados. Pois bem, naquela tarde uns dos ídolos do futebol que guardo da infância, fechou o gol, pegou tudo, até pensamento e o jogo terminou em 0 X 0, um empate com sabor de vitória.
Nasceu em 20/07/1942 no distrito de Diamante. É o filho mais velho dos sau-dosos Antônio Máximo e Alzira Gomes. Refiro-me a José Alan Máximo, o ZÉ ALAN, um cidadão em busca da cidadania guidovalense.
Espero que no próximo 26 de julho, na FESTA DE SANTANA, um vereador inspi-rado lhe dê o ”Título de Cidadão Guidovalense”, é o mínimo que podemos fazer a quem tanto defendeu as cores alvinegras do nosso glorioso CRUZEIRO FUTEBOL CLUBE.

domingo, 1 de março de 2009

MISÉRIA DA ALMA HUMANA

Fecha o semáforo da Avenida Francisco Sales com Avenida Brasil, coração boêmio do Bairro São Lucas, frente ao barzinho Tarot. Paro o carro. São quase treze horas, início do mês de junho, que apesar de outono no fim, já se prenuncia em frio de inverno belo-horizontino, através de seu vento miúdo e renitente.
Sentado na lateral da rua o paraplégico esmoler, descamisado literalmente, expõe a mudança do tempo através dos poros de seu dorso desnudo, pele, pelos empolados e hirtos.
Ironia ou não do destino, momentos antes havia eu tirado do porta-malas de meu carro uma blusa que herdei de meu pai após a sua morte. Por prudência, nesses tempos instáveis, deixo-a sempre ao meu alcance. Naquele instante encontrava-se estirada no banco do carona.

O sinal permanece fechado.

O mendigo, contrariando o costume instintivo, nada me pediu. Desgraçadamente, batia fortemente com as mãos às pernas inertes. Gesto de revolta e desespero? Chantagem emocional? Fúria dos desamparados a praguejar a sua sina? Não importa. Pus-me a refletir.

O vermelho do farol, daltonicamente imutável.

A blusa cinza que poderia agasalhar o pedinte bem ao meu lado. Fiz tenção em tirar uma moeda qualquer e dar ao pobre que nada me pedira. Não tinha moedas na carteira ou outra quantia insignificante que se costuma dar aos infortunados.
Pensei em meu pai, Zizinho do Marcílio, e na sua conhecida e reconhecida benevolência em Guidoval, pequena cidade mineira da Zona da Mata. Assenti, com meus botões, meu pai lhe daria a blusa incontinenti.
Cogitei em lhe dar o agasalho que pertenceu ao meu pai. Cismei, será que é isto que o meu pai quer, seja de onde estiver? Meditei, alguém está me colocando à prova?
Capetinhas e querubins, do sim e do não, ziguezaguearam meu pensamento gritando argumentos prós e contras: “Estás querendo comprar uma passagem para o céu”, “Insensível, desumano, egoísta”, “são francisco do asfalto poluído”, “quixote das causas perdidas”.

A sinaleira, nada de mudar a cor.

De soslaio, fui extraindo estas observações, não tive coragem de me fixar na fragilidade do ser humano prostrado ao chão ao meu lado. Tive tempo de raciocinar sobre a falência de nossas instituições, e arregimentei álibis e cúmplices, nos nossos governantes, que não conseguem, pelo menos, cuidar dos menos favorecidos, das crianças, dos velhos. Emas em palácios calafetados. Indiferente aos meus devaneios, o sinal de trânsito por fim mudou para o verde, sem esperança. O tráfego, a vida seguindo o seu fluxo. Arranquei o veículo, fui para o serviço com a alma mais fria.