sábado, 12 de julho de 2014

Carta a Ruy Bartholo Jr, filho de Ruy Bartholo e neto de José Bartholo



Por muito tempo pesquisei o paradeiro da Família Bartholo. Em 2006 localizei o Ruy, neto do José Bartholo. Ele trabalhava no Beto Carrero Word e me mandou o livro “Respeitável Público - os Bastidores do Fascinante Mundo do Circo” escrito pelo seu pai Ruy Bartholo.
Em agradecimento a sua gentileza mandei-lhe a carta abaixo, junto com o meu CD “Gente & Terras Geraes”.

Belo Horizonte, 26 de maio de 2006

Prezado Ruy,

            Com muita satisfação recebi, ontem, o livro escrito por seu pai. Imediatamente comecei a lê-lo e só parei ao final, emocionando-me em diversas partes. A história de seu pai é muito rica e daria um excelente filme. Tem ação, romance, drama, aventura e até comédia.
            O Marcos Frota ou você mesmo poderiam interpretá-lo, com direção do Jayme Monjardim, numa produção do Beto Carrero.
            Vou relembrar, rapidamente, alguns episódios como percorrer todo este Brasil, em cima de pranchas de barco e até carro de boi. A cobra cascavel que quase picou seu pai, a primeira apresentação e queda no rola-rola, as várias destruições e os eternos recomeço do circo, estudou na juventude com o cantor Roberto Carlos no Espírito Santo, o “pega” de caminhão de dois circo com capotamentos, o amor à primeira vista de seu pai por sua mãe Loriete, o parto difícil de sua irmã Jacqueline, a narrativa do seu casamento e depois o de Jacqueline, o acidente do elefante com a sua irmã Jane, a epopéia da novela “Ana Raio e Zé Trovão”, a persistência e visão empresarial de seu pai, a dedicação e adoração de seu pai pela sua família, a compra dos elefantes, o conto-do-vigário, o transporte dos EUA para o Brasil. A triste e traumática separação dos irmãos Bartholo, e mais e muito mais fatos que aconteceram na exuberante vida de Ruy Bartholo.
            Todos estes fatos, entremeados com belas cenas circenses, e aí poderia até se utilizar artistas do Orlando Orfei, Circo Garcia, Tihany, ente outros para engrandecer e embelezar o filme com todo o charme que o circo possui. Não tenho dúvida que seria um filme emocionante e de grande aceitação popular.
            Depois poderia até percorrer o país exibindo-se o filme debaixo de uma lona de circo. Mas isto tudo que estou dizendo é só uma fantasia, delírio de quem admira o mundo circense. “Sonhar não custa nada”, disse um poeta no samba-enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Abraços,
Ildefonso

PS:
No livro de seu pai, dentre as várias emoções que senti, uma foi quando à página 36, do livro, ele escreve sobre a minha cidade:

         “Jamais vou esquecer de Guidoval, uma pequena cidade mineira, onde um forte temporal atingiu o circo, que não resistiu e foi ao chão, as madeiras quebradas e o pano todo rasgado. Ainda estávamos meio aturdidos, olhando os estragos, quando ouvimos a voz do padre Oscar pelo alto-falante, conclamando todo o povo da cidade a nos ajudar a reerguer o circo.
         - Povo de Guidoval – gritava ele. – Vamos ajudar o Bartholo (meu pai). Temos que levantar este pequeno circo que tantas alegrias nos trouxe. Toda ajuda será bem-vinda!
         E, imediatamente, antes que sequer nos déssemos conta do que estava acontecendo, dezenas de mulheres afluíram ao local onde o circo jazia destroçado no chão, empunhando agulhas e linhas para remendar o pano rasgado.
         Enquanto isso, chegavam os homens, munidos de serrotes, pregos e martelos, que prontamente se puseram a consertar tábuas, cruzetas e grades.
         Tudo ficou novinho em folha, e naquela mesma noite ainda fomos homenageados no cine-teatro da cidade, com um show de cantores locais. Mais parecíamos heróis voltando ao lar depois da batalha! Foi realmente uma experiência incrível.
         Em Guidoval, o padre vendia ingressos para o circo ma hora da missa de domingo, quando a igreja estava lotada.
         - Vamos ao circo – dizia ele. – Enquanto eu rezo, as Filhas de Maria vão vender os ingressos.
         E o padre era convincente, pois todos compravam para ajudar, até mesmo aqueles que já tinham entrada permanentes, o que fez com que o circo ficasse uma maravilha, em pleno período de chuvas, quando normalmente estaria sem público.
         Guidoval era a cidade dos sonhos de qualquer circense da época e, se pudéssemos, teríamos ficado lá para sempre. Mas o circo tinha de seguir o seu caminho, para levar sua alegria a outras paragens e, assim, cumprir seu destino.”

Depois à página 106 ela volta a citar minha cidade:

 “Olhando aquele desastre, me lembrei de Guidoval, onde o padre pedira ajuda à população da cidade pelo alto-falante da igreja para reerguer o circo”. Mas ali era diferente; a cidade era muito grande e tudo acontecera de madrugada.”

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Como se pode ver, minha pequena cidade ficou guardada na memória de seu pai e registrada com carinho neste livro que conta a história de um circo no Brasil.

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Prezado Ruy,
Queira dar um grande e carinhoso abraço ao seu pai em nome de toda população de Guidoval que também não esquece o “Circo Teatro Irmãos Bartholo”.
No próximo número do “Jornal de Guidoval” iremos falar de seu pai e do livro que ele escreveu.

Abraços,
Ildefonso

JOSÉ BARTHOLO



JOSÉ BARTHOLO

Baiano de Vitória da Conquista, José Bartholo não era propriamente um anão, mas um homeM tronco. Tinha o torso normal, mas suas pernas, braços e mãos eram atrofiados. Mesmo assim era ágil no trapézio, sustentando o corpo com os antebraços. Sempre andava bem vestido, na maior estica, como se costumava dizer, terno branco, chapéu panamá.

Gostava de bilhar e quando jogava era tração. O povo corria pra ver o Bartholo – centímetros mais alto que a mesa, segurando o taco de bilhar como os tocos de braço – dar trabalho aos adversários.
Ele fazia dupla com meu pai – os excêntricos também formam dupla – e lembro-me de que, quando os dois entravam em cena, o povo os saudava com este versinho:

É hoje, é hoje, é hoje!
No Circo do Nerino!
Viva! Viva! Viva!
Bartholo e Picolino!
 
Mas, como excêntrico que era, Bartholo precisava de um clown. E quem veio desempenhar esse papel – tanto no picadeiro como na vida -, durante o período que esteve no Nerino, foi meu primo Júlio Avanzi. Os dois, além da profissão, tinham em comum o gosto por mulheres e pela boemia. Sumiam assim que chegávamos numa nova praça e voltavam, trançando as pernas, de madrugada.

Tempos depois, o Bartholo casou-se com a Zizinha, o Júlio Avanzi com a Odete Colman, e os dois fanfarrões aquietaram-se. Um pouco.

(tirado da página 29 do livro Circo Nerino de Roger Avanzi e Verônica Tamaoki)

Circo Bartholo

Circo Bartholo

No final dos anos 50 o Circo Bartholo apresentando-se em nossa cidade foi destruído por um forte temporal. O povo de Guidoval, hospitaleiro e solidário, ajudou a reconstruir o circo. Considero esse gesto de grandeza dos guidovalenses um marco na nossa história.

Há tempos venho procurando notícias sobre o Circo Bartholo. Enfim, consegui contatar a família através de Ruy Bartholo Júnior, domador de elefantes no famoso Parque Temático Beto Carrero Word. Disse-me que o pai, Ruy, tem um hotel na cidade, está adoentado, sofreu três derrames, mas que Graças a Deus vem, aos poucos, se recuperando.

Em 1999, seu pai escreveu o livro “Respeitável Público - Os bastidores do fascinante mundo do circo”. Recebi um exemplar e li imediatamente a epopéia do Gran Circus Bartholo.

Dentre as várias emoções que senti lendo o livro, uma foi descrita nas páginas 36 e 37, quando se fala de nossa terra. Texto que transcrevo abaixo:

“Jamais vou esquecer de Guidoval, uma pequena cidade mineira, onde um forte temporal atingiu o circo, que não resistiu e foi ao chão, as madeiras quebradas e o pano todo rasgado. Ainda estávamos meio aturdidos, olhando os estragos, quando ouvimos a voz do padre Oscar pelo alto-falante, conclamando todo o povo da cidade a nos ajudar a reerguer o circo.

- Povo de Guidoval - gritava ele. Vamos ajudar o Bartholo (meu pai). Temos que levantar este pequeno circo que tantas alegrias nos trouxe. Toda ajuda será bem-vinda!

E, imediatamente, antes que sequer nos déssemos conta do que estava acontecendo, dezenas de mulheres afluíram ao local onde o circo jazia destroçado no chão, empunhando agulhas e linhas para remendar o pano rasgado.

Enquanto isso, chegavam os homens, munidos de serrotes, pregos e martelos, que prontamente se puseram a consertar tábuas, cruzetas e grades.

Tudo ficou novinho em folha, e naquela mesma noite ainda fomos homenageados no cine-teatro da cidade, com um show de cantores locais. Mais parecíamos heróis voltando ao lar depois da batalha! Foi realmente uma experiência incrível.

Em Guidoval, o padre vendia ingressos para o circo na hora da missa de domingo, quando a igreja estava lotada.

- Vamos ao circo - dizia ele. Enquanto eu rezo, as Filhas de Maria vão vender os ingressos.

E o padre era convincente, pois todos compravam para ajudar, até mesmo aqueles que já tinham entradas permanentes, o que fez com que o circo ficasse uma maravilha, em pleno período de chuvas, quando normalmente estaria sem público.

Guidoval era a cidade dos sonhos de qualquer circense da época e, se pudéssemos, teríamos ficado lá para sempre. Mas o circo tinha de seguir o seu caminho, para levar sua alegria a outras paragens e, assim, cumprir seu destino.”

Uma das grandes qualidades do ser humano é a gratidão. Foi o que Ruy, filho do velho Bartholo demonstrou no livro que escreveu. Que viva, sobreviva o circo, o riso, a cordialidade, hospitalidade e solidariedade.

escrito por Ildefonso DÉ Vieira 
(publicado no Jornal de Guidoval -  Jul/2006)





sexta-feira, 11 de julho de 2014

IMAGINA NA COPA

IMAGINA NA COPA
(texto de Thaís Ribeiral Vieira)

Quando a expressão #ImaginaNaCopa caiu na boca do povo, jamais poderíamos imaginar, mesmo as mentes mais férteis, que aconteceriam tais fatos.

E é justamente por isso que o futebol é meu esporte favorito: essa caixinha de surpresas e emoções!

Futebol é paixão! E o que seria da nossa vida sem paixão?

Apesar do resultado não ter sido o que sonhei e acreditei para o Brasil, na minha opinião, essa foi a Copa das Copas!

Muito lindo e gratificante ver a confraternização universal, a alegria e união das torcidas, a mistura de culturas, a valorização do nosso país e o resgate do nosso patriotismo.

Tudo isso ocorrendo bem próximo de nós. Poder participar dessa Copa foi uma experiência única!

Sem falar que o futebol, e os esportes em geral, além de proporcionarem saúde, bem estar físico e emocional, ensinam a ter disciplina, concentração, foco, objetivo, competitividade, garra, superação.

É preciso saber perder. Faz parte!

Acho estranho quando ouço pessoas falando que não vão mais torcer, que não “estão nem aí” para o 3º lugar.

Claro que vou torcer para o Brasil sábado! Ficar em 3º ou 4º lugar, num campeonato mundial, não é pouca coisa. Sim, continuo tendo muito orgulho de ser brasileira!

Devemos reconhecer que, atualmente, não temos o melhor futebol do mundo. E existem inúmeros problemas sérios em nosso país. Apesar de tudo, vou torcer e vestir a camisa, sempre!

Torço também pelo futebol arte! É muito prazeroso assistir um show, um espetáculo dentro do campo!

Como a maioria dos brasileiros, agora, minha preferência é a Alemanha! Mas, sinceramente, meu desejo é de que vença o melhor!

Vence quem se vence!!!













quinta-feira, 10 de julho de 2014

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Custódio (toureiro)

No LARGO, Praça Santo Antônio, armava-se circos, parques de diversão e touradas como a do Mário Silva que consagrou os toureiros Testa-de-Ferro e Moreninho, mas principalmente o “Escovado” um pacato boi carreiro do João Vitório que punha qualquer um para correr até mesmo os nossos toureadores caseiros como o Miguel da D. Neném, o Chico Dercílio, o Raimundo do Sô Tão e o Custódio da Dorce do Ivair que morreu vitimado por uma fratura na coluna no exercício da sua arriscada profissão. Outro boi pegador foi o Inhapim, segundo me disse o amigo Renatinho do jornal Saca-Rolha.

(trecho extraído do texto publicado no Jornal de Guidoval em Março/2006 com o título de SERTÃO PROIBIDO DO CHOPOTÓ DOS COROADOS - De Freguesia de Sant'Ana de Sapé a Guidoval)

Nas fotos abaixo o toureiro Custódio.



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Gilberto Occhi e a esposa Cristina

Gilberto Occhi e a esposa Cristina

No dia 28 de junho, tivemos a honra de receber em nossa casa, o Ministro das Cidades Gilberto Magalhães Occhi e a sua esposa Cristina. Vieram a Belo Horizonte para assistir o jogo Brasil x Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo da FIFA.

Lourdes e Thaís, primas do Gilberto, prepararam um café da manhã bem mineiro para as nossas visitas, que contou com a presença do meu cunhado Alexandre Magalhães Ribeiral que veio abraçar o primo.

Depois do café, Gilberto e Cristina foram ao Mineirão assistir o jogo que terminou empatado em 1 x 1 no tempo normal e prorrogação, sendo decidido nas disputas de pênaltis, quando prevaleceu a vitória brasileira.

Após o jogo retornaram até a nossa casa. Assistiram ao jogo Colômbia x Uruguai, regados com umas cervejas, com direito a prosa e cantoria do “Hino do Guidovalense Ausente
(http://www.devieira.com.br/guidoval.com/cancao_do_guidovalense.htm)

Por volta das 19:30 hs retornaram à Brasília. O Ministro viajaria no dia seguinte, domingo pela manhã, ao estado do Acre representando a Presidente Dilma na entrega de 509 unidades do MCMV às famílias desabrigadas pela enchente do Rio Acre ocorrida em fevereiro de 2012.