sábado, 12 de julho de 2014

JOSÉ BARTHOLO



JOSÉ BARTHOLO

Baiano de Vitória da Conquista, José Bartholo não era propriamente um anão, mas um homeM tronco. Tinha o torso normal, mas suas pernas, braços e mãos eram atrofiados. Mesmo assim era ágil no trapézio, sustentando o corpo com os antebraços. Sempre andava bem vestido, na maior estica, como se costumava dizer, terno branco, chapéu panamá.

Gostava de bilhar e quando jogava era tração. O povo corria pra ver o Bartholo – centímetros mais alto que a mesa, segurando o taco de bilhar como os tocos de braço – dar trabalho aos adversários.
Ele fazia dupla com meu pai – os excêntricos também formam dupla – e lembro-me de que, quando os dois entravam em cena, o povo os saudava com este versinho:

É hoje, é hoje, é hoje!
No Circo do Nerino!
Viva! Viva! Viva!
Bartholo e Picolino!
 
Mas, como excêntrico que era, Bartholo precisava de um clown. E quem veio desempenhar esse papel – tanto no picadeiro como na vida -, durante o período que esteve no Nerino, foi meu primo Júlio Avanzi. Os dois, além da profissão, tinham em comum o gosto por mulheres e pela boemia. Sumiam assim que chegávamos numa nova praça e voltavam, trançando as pernas, de madrugada.

Tempos depois, o Bartholo casou-se com a Zizinha, o Júlio Avanzi com a Odete Colman, e os dois fanfarrões aquietaram-se. Um pouco.

(tirado da página 29 do livro Circo Nerino de Roger Avanzi e Verônica Tamaoki)

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