quinta-feira, 9 de abril de 2020

Francisco Fernandes da Costa (Chiquitinho)


Francisco Fernandes da Costa
(Chiquitinho)

Quando estou em Guidoval, Lourdes e eu, fazemos a nossa caminhada matinal. São uns 6 km passeando pelas ruas que abrigaram a minha infância. E pelo caminho vamos distribuindo e recebendo “Bom dia”. É gratificante dar e receber um bom dia do seu semelhante. Faz muito bem.
E filmes vão surgindo na minha imaginação ao rever velhos e novos amigos, amigos da família, amigos de uma vida. São histórias acumuladas ao longo de mais de 67 anos de existência. E no nosso trajeto passamos perto da casa do Francisco Fernandes da Costa, o Chiquitinho.
Dias desses, interrompi, rapidamente, a caminhada para dois dedos de prosa com o Chiquitinho. Somos parentes. Ele é primo em terceiro grau do meu saudoso pai Zizinho do Marcílio (José Vieira Neto). O seu avô, o fazendeiro Henrique (Perna de Pau) da Costa era irmão de Maria Roza da Costa, mãe do Vovô Marcílio.
Perguntei ao Chiquitinho como estava passando e ele respondeu “a gente vai levando”. Estava cuidando do joelho que o dificultava de andar, por isto apoiava-se num cajado que lhe servia de bengala e também para espantar viralatas atrevidos, cachorros e homens, bandidos e marginais, como um que lhe assaltara uns tempos atrás.
Quis saber a sua idade e ele me disse que nasceu em 09 de abril de 1.939. Respondi-lhe “vou me lembrar”. E estou agora recordando a sua data natalícia. Portanto, hoje é aniversário.
A primeira lembrança que tenho dele é jogando bola no time de roça do Barreiro, como consta no mapa do IBGE, mais alguns dizem “Barreira”. Era um jogador voluntarioso e veloz. Se não me engano era ponta-direita. Não fazia feio não. Honrava as cores do seu clube.
Depois, aí uma memória mais viva, é o Bar do Chiquitinho, o Bar da Rodoviária, debaixo da prefeitura. Isto na década de 70. A cerveja era gelada e ele servia o melhor frango em pedaços da região. Poder-se-ia dizer que era um “chicken-in”, um tipo de bar/botequim que, naquele tempo, era moda em Belo Horizonte.
Aliás, bar e botequim não faltavam em Guidoval. Lembrarei alguns: Bar do Oscar Occhi, Bar da Esquina (João e Geraldo), Bar do João Vicente, Bar do Fiim Kiel, Bar do Ivo/Gilmar, Bar do Jésus Fernandes, Bar do Arlindo Amaral, Bar do Tarcísio.  E ainda podíamos beber umas pingas na venda do Felismino, Geraldo Matos, Rubens Caetano, Geraldo Franco (Kôde), Chiquito Galdino, João Matos.
Mas voltemos ao Bar da Rodoviária. Além do frango em pedaços, tinha linguiça, picanha na chapa, servidos pelo Chiquitinho e família. E era o lugar onde se aglomeravam os jovens da cidade. A Praça Santo Antônio tinha sido urbanizada recentemente pelo Prefeito Sebastião Cruz. Não era tão bonita com é atualmente, mas foi um marco para a época.
Lembro-me bem que os vizinhos Mariozinho, Geraldo Bolivar e Mundico atravessavam a rua e vinham prosear com a gente. Bons papos. Prosa boa e sadia. E o Chiquitinho atendendo a todos com cortesia e presteza.
E dentre os utensílios do bar, que era simples, tinha uns banquinhos que serviam tanto de mesa, suporte para os copos, bebidas e tira-gostos, como também para sentar. De um “banquinho” falarei ao final.
E creio (é só palpite, uma opinião) que o Chiquitinho querendo crescer economicamente vislumbrou que poderia progredir mais numa cidade maior. E dessa forma, deixou o Bar da Rodoviária e rumou para Ubá.
Continuando a “palpitar”, no início teve sucesso o seu empreendimento, mas depois foi decaindo. Tempos depois voltou para Guidoval e se instalou na Esquina, onde foi a Mercearia 7 Portas. E ali montou um bar que se transformou no “point” da cidade. Se não chegasse cedo, não conseguia uma mesa.
E durante mais de 40 anos, nas festas, rodeios, feiras ou exposições, o Chiquitinho sempre presente, servindo a sua tradicional “picanha na telha”. Uma delícia e um preço justo.
Agora, aposentado, filhos criados, com o suor de seu trabalho, senta-se à porta da sua casa, que fica em frente a Pracinha formada pela confluência das ruas Belarmino Campos (Sacramento) e as avenidas Sebastião Ignácio da Costa/Sebastião Balbino da Silva (antiga Rio-Bahia).
E é na calma e segurança de uma vida vivida, seguindo os ensinamentos de Cristo, que observa o movimentar dos transeuntes. O ir e vir dos desocupados e dos que têm o que fazer.
E hoje, sendo o seu aniversário, aproveito este espaço para lhe desejar muitos anos de vida, Paz, Saúde e Bênçãos Divinas.

EM TEMPO:

1 - Dos “banquinhos” citados acima, eu ganhei um do Chiquitinho. Presente que guardei e me acompanha há mais de 40 anos. E é sobre ele que coloco a minha cervejinha domingueira ou outro dia qualquer da semana, além dos petiscos que a Lourdes, minha esposa, sabe preparar com tanto carinho.

2 – A Lourdes aproveita para também parabenizar o amigo Chiquitinho.



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