sábado, 23 de março de 2019

12 - SERTÃO PROIBIDO


12 - SERTÃO PROIBIDO

Uma das manias nacional é o futebol, em Guidoval também. Uma das páginas de glória de nossa história é o aguerrido Cruzeiro Futebol Clube. O ápice foi conquistar o campeonato da Liga Atlética Ubaense em 1990/1991, mas a história futebolística do município começou muito tempo antes.
Em 1922, uns rapazes que construíam a estrada de terra, à picareta, de Guidoval a Ubá criaram um time que levou o nome do fundador; “Antônio Joaquim Carneiro Futebol Clube”. Belarmino Campos jogou neste time. Mais tarde, fundou-se o Sapeense. O campo localizava-se no Largo, hoje a Praça Santo Antônio.
Depois o campo passou para a Rua do Alto, onde é hoje a Praça do Rosário, devida a uma Igreja do Rosário, que nunca chegou a ser totalmente construída. Como nesse local existia um grande cruzeiro e de tanto se falar que iam jogar lá no cruzeiro, o nome pegou e o time passou a se chamar Cruzeiro, nascido extra-oficialmente em 23/06/1943. Os fundadores foram Geraldo Luiz Pinheiro, Walace Azevedo Costa, Severino Occhi, José Alves de Freitas, Odilon dos Reis, Antônio Euzébio Pereira, Astolfo Mendes de Carvalho e outros. Em 30/03/1952 registrou-se o Estatuto, tendo como presidente o fazendeiro Antônio Ribeiro Meireles, bisavô do promissor craque Hugo que é filho do Emiliano que faz um excelente trabalho nas categorias de base do Cruzeiro.

O maior goleador do Cruzeiro foi o Tuninho Estulano. Para se ter uma idéia, contou-me o Mundico, o Cruzeiro foi lanterna de um campeonato com 18 clubes e mesmo assim o Tuninho alcançou a artilharia da competição. Ele guarda a medalha desta façanha.

Além do fantástico título de 1990, o Cruzeiro foi campeão em 1952 com os aspirantes na Liga Atlética Riobranquense e vice-campeão com a equipe principal no Torneio Regional. Conta-se que o juiz prejudicou o nosso clube na final contra o Aymorés de Ubá, que teve confirmado um gol irregular. Na linguagem popular: FOMOS ROUBADOS. Como consolo ganhamos o troféu da TAÇA DISCIPLINA por não ter nenhum jogador expulso durante o campeonato.

Quando pedimos uma seleção do Cruzeiro, de todos os tempos, são sempre lembrados: Zé Alan, Domício, Saninho, Zé do Juca, Paulo Pereira, Áureo Ribeiral, Moacir Gonçalves, Zequinha do Casin, Elier, Lilico, Vítor, Zé do Gil, Oséas, Saint'Clair, Landinho Estulano, Silvestre, Brás do Zé Firmino, Gonzaga do Duzin, Cândido do Zico Didu, Jorginho Cariá, Tuninho Estulano, Etiene, Luiz Tavares, Adão do Juca.

O melhor juvenil, em minha opinião, jogava com Vianelo, Luiz Pinheiro, Zé Maria Matos, Célio Teixeira Albino, Zé Américo, Dilermando Ribeiral, Zé da Conceição, Lucas de Freitas Vieira, Oscar Matos, Luiz Antônio Ribeiral, Cidinho Vieira, Chiquinho Matos e Eloir Máximo.

Em 31/12/1992 o Prefeito José Pinto de Aguiar, o Zequinha do Casin, termina o mandato iniciado por Zizinho do Marcílio.
Zequinha que tanto lutou para governar a prefeitura, acabou conseguindo por meios que NÃO desejava e tampouco imaginara. Com retidão, seriedade e controle das finanças públicas, honrou o mandato conquistado junto com Zizinho.

Num mandato pequeno, pouco mais de dois anos, realizou importantes obras para o município. Recordo-me do calçamento e repavimentação asfáltica de diversas ruas, Ampliação do Cemitério Municipal, construção de casas populares para famílias de baixa renda, extensão de redes de esgoto e elétrica, construção de pontes, bueiros e Escolas Rurais, Instalação de Iluminação em Luz Mercúrio na Praça Santo Antônio, Amplificador para a Torre de Repetidora TV, além de vários outros melhoramentos.
Na parte cultural fez aquisição de acervos bibliotecários, palanque para festividades culturais, incentivo aos compositores e cantores da terra, desfile dos alunos das Escolas Rurais no Dia 7 de Setembro, com uniformes Novos, adquiridos pela Prefeitura Municipal.

No dia 01/01/1993 o Prefeito Élio Lopes dos Santos inicia o seu governo. Eleito com 2.563 votos impingiu a maior derrota eleitoral ao grande líder político Sebastião Cruz. Os adversários do Élio até hoje não sabem de onde ele tirou tantos votos. Élio é atualmente, de novo, o prefeito da cidade. Vamos dar tempo ao tempo para falar das suas administrações.

No mês de setembro de 1993 chega para dirigir a Paróquia de Santana o nobre Frei Adriano. No dia 25 morre o grande líder político Francisco Moacir da Silva. Uma verdadeira multidão seguiu o enterro do chefe político do antigo Partido Republicano. Guidoval estava ficando cada dia mais pobre de verdadeiros líderes.

Em janeiro de 1996 morre Sebastião Cruz. Guidoval estava ficando chata para ele. Perdera familiares, companheiros, amigos e adversários. Aos 85 anos de idade parte para nova morada, junto ao Criador. O povão acompanhou o corpo do guerreiro CABORÉ ao nosso campo santo.

Diz o poeta Marcus Cremonese em “De como eu amo uma cidade”: “Se tem festa, Guidoval é festa. / A igreja abriga no seu seio / todo esse povo que não se esquece de Deus. / Enquanto isso a bandinha lá fora / suspira dobrados reluzentes” ou ainda “se a morte rouba / um de seus filhos, todos choram / a perda do irmão que se foi” , poema que sintetiza a nossa alma generosa.

Encerro esta série de artigos lembrando dos versos cantados no Congado do Benedito Medeiros “Oh! Sinhá SANTANA! Tua casa cheira! Cravo e Rosa, olê lê! Flor de laranjeira!” e pedindo a nossa Padroeira para nos proteger hoje e sempre!



(Fim da terceira parte – publicada no Jornal de Guidoval em 30/03/2006)

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