O jornal “Estado de Minas” de 17/05/2009 publicou um artigo com o talentoso engenheiro civil e arquiteto Ricardo Aguiar Magalhães.
Ele é filho dos nossos conterrâneos Cleto Teixeira Magalhães e Maria Aguiar Magalhães.
É o DNA da velha Sapé conquistando o mundo.
Abaixo, transcrição da matéria.
Pequenos espaços, grande conforto
Reportagem de Rosana Zica
Ricardo Aguiar Magalhães, engenheiro civil e arquiteto, diz que projetos devem seguir determinados padrões de ventilação, tamanho mínimo e acessibilidade
A mudança no perfil da sociedade transforma o mercado das construções. Em vez das residências com sala, copa e três dormitórios, o novo filão são os apartamentos de um quarto, sala e cozinha conjugados. São imóveis feitos sob medida para pessoas separadas, viúvas, estudantes ou solteiros, que buscam praticidade, segurança, economia e conforto.
Engenheiros e arquitetos explicam que, na hora de planejar a obra, é preciso otimizar o espaço e valorizar o conforto. O engenheiro civil e arquiteto Ricardo Aguiar Magalhães revela que o projeto deve seguir as exigências convencionais quanto à ventilação, tamanhos mínimos, acesso para portadores de necessidades especiais, altura, afastamentos, taxa de ocupação e limite de unidades no mesmo terreno e área construída.
Para Ricardo, que também é diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a criatividade não tem limites. “Conheço quitinetes, fora de Belo Horizonte, cuja bancada da cozinha tem dois andares. Na parte inferior há o tanque, dispensando a área de serviço, e na superior um fogão de duas bocas elétrico, para não perder espaço com o gás.” Mas, em BH, as normas dificultam a criação de imóveis muito pequenos, garantindo ambientes mais arejados.
Magalhães ressalta que não adianta uma planta bem bolada, mas com insolação excessiva ou insuficiente. Para ele, corredores longos dão péssima impressão e podem ser evitados, por exemplo, construindo o banheiro entre a sala e o quarto. A privacidade, diz o especialista, ganha pontos quando não há portas externas sem vedação correta. “Também é preciso evitar que, da entrada, se vejam as áreas de serviço e íntima, e não instalar janelas uma de frente para a outra, nem do próprio imóvel, nem de vizinhos.”
A área de serviço deve ficar atrás da divisória ou da geladeira, facilitando a organização. Prateleiras para micro-ondas, forno elétrico e liquidificador, diz Magalhães, permitem que os eletrodomésticos funcionem no mesmo local onde ficam guardados. “O imóvel deve ter muitas tomadas, evitando-se gambiarras e risco de curto-circuito.”
VENTILAÇÃO A troca de paredes por armários, vidros, espelhos ou biombos, diz o especialista, aumenta a ventilação e permite que o usuário possa circular e respirar dentro do imóvel. Ele destaca que, em alguns casos, dá para trocar a alvenaria tradicional por paredes de gesso acartonado e colocar o lavabo fora do banheiro, de modo a ser utilizado por duas pessoas ao mesmo tempo. “Por que não, no lugar da pia pequena, instalar uma pia inox maior, do lado de fora do banho, que funcione para higiene pessoal, roupas e panelas?”
A rede hidráulica, segundo Magalhães, deve ser independente para o vaso sanitário e usar tubos e conexões de boa qualidade, evitando manutenção. O uso de sifões e ralos sifonados elimina odores. Para o engenheiro, a torneira das pias e tanques deve ter jato d’água perto do centro do bojo, para evitar contorcionismos no uso. O caimento do piso deve ser para os ralos e o box do chuveiro e a área de serviço devem ser dois centímetros mais baixos que o restante do piso da área molhada.
Na hora de finalizar o projeto, o engenheiro recomenda marcas de boa qualidade e baratas, mas nunca material ordinário. Para ele, a diversidade de itens reduz o ambiente. “Quanto menor o azulejo ou a largura das lâminas de piso, maior a sensação do espaço. Quanto mais claras as cores, melhor a sensação no espaço. Já o teto rebaixado aumenta a sensação de largura.”
O que esperar de uma quitinete?
Espaços reduzidos devem ser compensados pelo aproveitamento máximo, reduzindo a sobrecarga do ambiente
No Le Flamboyant Home Service, sala, cozinha, banheiro, quarto e corredor convivem harmoniosamente
O professor Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo, do curso de especialização em construção civil da Escola de Engenharia da UFMG, sugere a integração da área da cozinha com a sala. “Deve-se evitar corredores e não colocar a área de serviço junto à cozinha.”
Na parte externa das quitinetes, Figueiredo explica que os corredores de acesso devem ser curtos e bem iluminados. O diretor do IAB, Ricardo Magalhães, lembra que o corredor externo é o cartão de visitas da quitinete e deve ser ventilado e iluminado para o cultivo de plantas, humanizando o ambiente.
A engenheira Luisa Nascimento acredita que o pequeno tamanho da quitinete deve ser compensado por um arranjo físico adequado e pelo aproveitamento máximo de todos os espaços, sem sobrecarregar visualmente o ambiente. Para ter uma sensação de amplidão, Luisa sugere paredes e tetos com cores neutras e claras.
A especialista avalia que os aparts mais procurados estão nos centros urbanos ou próximos a eles. Em Belo Horizonte, onde as quitinetes dos edifícios Maletta e JK fizeram sucesso nos anos 70, a revitalização do Centro, com programas de melhoria da segurança pública, favorece a criação de apartamentos de um quarto.
Para Ricardo Aguiar Magalhães, dono da empresa Ideiajato Arquitetura Virtual, os potenciais moradores de apartamentos pequenos são um grupo variado. O público inclui solteiros ou separados, casais sem filhos, executivos em trânsito, pessoas em tratamento de saúde e que não se adaptam a hotel, pessoas que preferem morar perto do trabalho para economizar tempo e transporte, até quem quer um apartamento bem pequeno, porque é o que ele pode pagar.
PADRÃO “Cada um tem um tipo de apartamento em mente, uns mais simples e pequenos, outros mais complexos e também pequenos, e outros mais complexos e maiores.” O padrão da construção, segundo Magalhães, depende da localização do terreno. “Caso esteja nas proximidades de uma faculdade, a construção tende a ser o mais simples possível, pois o futuro morador busca economia.” Nas proximidades de hospitais especializados em tratamentos longos ou empresas de maior porte a dica do especialista é a adaptação para portadores de necessidades especiais e facilidades de acesso ao comércio local.
Para quitinetes próximas às estações de metrô, o engenheiro diz que o público será muito variado e vale a pena criar muitas unidades habitacionais, barateando a taxa de condomínio. “Para este caso, valem as garagens rotativas, já que os inquilinos optaram pelo transporte coletivo ou não pretendem ter um veículo.”
Um comentário:
Preciso contactar o Ricardo, que fez o projeto de minha casa. Favor me informar o telefone dele ou repassqar-lhe o meu 9977-0525. Obrigado, Ivan Capdeville Junior
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