quinta-feira, 14 de maio de 2009

Raymundo (Tilúcio) Francisco


O nosso inesquecível Raymundo Francisco, o Tilúcio, maior carnavalesco da nossa terra, nunca foi de levar desaforo para casa.
De bem com a vida e com todo mundo, cuidou dos nossos jardins quando Eduardo Occhi governou Guidoval de 1959 a 1963. E continuou trabalhando na prefeitura até se aposentar. Tinha dois defeitos ou duas virtudes, depende para qual time e partido você torce. Era flamenguista e caburesista (eleitor de Sebastião Cruz). Por aí se vê que era homem que não fugia às polêmicas.
Depois de aposentado virou corretor zoológico, que na linguagem popular significa “anotador de jogo de bicho”. Isto lhe dava o direito de bater pernas, pra cima e pra baixo. Era o que fazia.
Sempre passava na hora do almoço na casa dos meus pais. Não era para filar a bóia, mas sim trazer as novidades, beber um cafezinho e acender o famigerado cigarro, que tanto mal faz à saúde, inclusive a dele.
Todo dia, assinava o ponto no Bar da Esquina, ponto de discórdia, congraçamento e palavras ao vento. Ali travou vários debates. Alguns, às vezes, quase chegaram às vias de fato. Fatos que depois narrava faceiro na varanda da cozinha da minha mãe Tita.

Numa oportunidade, entusiasmado, enfeitou tanto a contenda dizendo que falara poucas e boas ao oponente. Até palavrões. Meu pai, Zizinho do Marcílio, que não perdia o amigo e nem a piada, nessas ocasiões lhe perguntava sério:

- Tilúcio, você falou ou você pensou?
Tilúcio que não sabia mentir duas vezes seguidamente, abaixava a cabeça e humilde respondia:
- Sô Zizinho, eu só pensei.
Depois emendava, firme:
- Mas que eu tinha vontade de falar, isso eu tinha.

Ao eterno Tilúcio, nossas saudades e preces.

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