quinta-feira, 4 de abril de 2019

Pão-durismo (05 – Causos do Sapé)


Pão-durismo (05 – Causos do Sapé)

Conto o milagre, mas não o santo. Um conterrâneo é tão pão-duro que perto dele munheca-de-samambaia parece girassol da Rússia.

Algumas cenas eu vi, outras me contaram. Para se ter uma ideia, ele coloca a pasta de dente atravessada, na vertical na escova. Não come banana para não jogar a casca fora. Espirra sem estar gripado só para que alguém lhe diga "Deus te ajude". Dispensa velório para não gastar lágrimas.

Assiste a missa pela televisão, na casa do genro para economizar energia elétrica. Na hora do ofertório, sai de fininho, vai a cozinha beber, de graça, água e cafezinho.

O Grilo do Zé Bento criou um capado à meia com ele. Só engordou a banda do nosso miserável concidadão.

Se você o vir, se é que já reconheceu de quem estou falando; pulando de um prédio do 20°andar, pule atrás e estarás fazendo um bom negócio.

Na inauguração do Clube Meia-Meia, havia acabado de filar um sonrisal do Vianelo Silva, quando o jogaram na piscina. Saiu do outor lado com o comprimido espremido, intacto, na mão esquerda. Não fez nem borbulha.

Certa vez, foi ao Vasco (Reis) da Farmácia e pediu um analgésico para dor de cabeça. Ia pagar a metade e se a dor passasse, voltaria para pagar o restante. O Vasco, um emérito gozador; pegou o comprimido, partiu ao meio, guardou a metade e falou para o nosso avarento:

- Então volte depois, com o dinheiro total, para pegar e pagar o restante. Nessa, o sovina não se deu bem.

Para encerrar.

Um dia um garoto da roça, perguntou-lhe as horas. Ele já achou um desaforo, ter que dar as horas. Onde já se viu! A contragosto, retirou do bolso, o “oméga” ferradura. Com rabugice, sem pressa, olhou de meia-jota, sem interesse e falou:
- Quatro horas.

O menino agradeceu e seguiu caminho. Na verdade, o relógio registrava-se 16 horas e 14 minutos.

Chico do Felício (Manoelito Siqueira) que estava ao lado comentou:

- O homem é danado. Economiza até os quebrados da hora.

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