sábado, 17 de outubro de 2009

ELPÍDIO (por Dr. Plínio Augusto de Meireles)

ALGUMAS LEMBRANÇAS DE GUIDOVAL GUARDADAS NA MEMÓRIA
escrito por Dr. Plínio Augusto de Meireles
em 11/09/2009

Elpídio Manoel Maximiliano, nascido em 05 de fevereiro de 1925. Mas, quando se lhe perguntava o nome ele respondia que se chamava “Erpide Sirva Camarote”

Do Elpídio eu me lembro de quando devia ter 7 ou 8 anos, ou seja, lá pelos idos de 1946/47, quando morávamos na esquina do Fundão com Rua do Campo.

A entrada da casa era pela Rua do Campo. Não havia porta nem cancela ao nível da rua. Uma passagem em escada de cerca de um metro de largura dava acesso a um patamar de mais ou menos um metro quadrado, que depois de atingido chegávamos à porta da casa que ficava à direita de quem subia. Era uma porta de madeira maciça com cerca de dois metros e meio de altura. Foi nesse patamar que um dia vimos pela primeira vez o Elpídio.

Ao sair de casa para a escola deparei com alguém dormindo sobre uma esteira naquele quadrado, todo coberto até a cabeça. Chamei minha mãe. O odor do ambiente não estava muito agradável naquele instante devido a algumas descargas gasosas disparadas momentos antes. Não o acordamos. Saltei por sobre ele para o primeiro degrau da decida e somente mais tarde o ficamos conhecendo.

Nessa época devia ser um rapaz de seus vinte e dois anos, negro, ainda usando calças curtas, à meia canela, com suspensório do mesmo tecido, à semelhança dos bermudões de hoje. Isso se considerada a data de nascimento acima que encontrei na sua biografia no “site” de Guidoval. Mas, na minha lembrança eu vejo um rapaz de uns dezessete anos, o que me leva a certa dúvida quanto à data citada. Mas, se for verdadeira, o equívoco então será da minha memória. Contudo, a história deverá ser mais interessante do que a exatidão dessa data. O Elpídio gostava de tocar uma flauta de bambu, feita por ele mesmo, a qual chamava de “froita” e, mais tarde, sempre portava e tocava uma gaita de boca. Suas músicas preferidas eram Asa Branca e o bolero Jamais Te Esquecerei, que ele pronunciava “O mat que serei”. Dessas, ele soprava apenas umas poucas notas. Tocava mais outras tantas músicas improvisadas, as quais ele denominava “calango”.

Também sempre que solicitado cantava uma música com a seguinte letra: “Eu comprei uma boneca prá Totonha batizá; a boneca pegô fogo quinuá pegô chorá”. Tinha o antebraço esquerdo mantido dobrado quase em ângulo reto com a parte superior por uma prega de pele, resultado, segundo ele contava, de uma queimadura por água fervendo. Mesmo assim ele era muito forte e realizava trabalhos diversos, como por exemplo, rachar lenha para ser queimada nos fogões da cidade, onde ainda não haviam chegado os fogões a gás. Apenas uns poucos a querosene. Mas o trabalho que ele mais gostava era de puxar uma carroça, especialmente se cantasse à semelhança dos carros de bois. Como esses carros de transporte eram feitos de madeira, era comum também fazer-se o eixo entre as rodas das carroças e dos carros de bois com madeira especial em cujos lados próximos às rodas havia um rebaixamento onde se encaixavam sob medida uma peça de madeira a cada lado, a que chamavam de “cocão”, presa no corpo do carro ou da carroça, permitindo o deslocamento do veículo com firmeza e segurança. Com o deslocamento do carro, especialmente se muito pesado, o eixo esquentava demais pelo atrito, correndo o risco de pegar fogo. Para a sua conservação e evitar o problema, passava-se ao redor da parte que atritava uma mistura de azeite de mamona com carvão moído através de um pincel.

Essa mistura, além de proteger o eixo, fazia com que o atrito produzisse um ruído multisonoro ao que se chamava o “cantar do carro de bois”. O Elpídio adorava o cantar dos carros de bois e preferia puxar as carroças que também cantassem. Às variações de sons ele chamava de “mudança de toada”. Assim, as pessoas que queriam atraí-lo para transportar areia, lenha ou qualquer outro material, cuidavam para adquirirem carroças que cantassem. Ele às vezes andava quilômetros atrás de um carro de bois, como se dizia, comendo poeira, só para ouvir o carro cantar. Caminhava quase meio dia até Guidoval, desde a Companhia, região próxima a Visconde do Rio Branco, uma plantação canavieira pertencente a uma usina açucareira daquela localidade e administrada pelo capitão Henrique de Almeida. Uma curiosidade da casa do capitão é que naquela época ele possuía uma geladeira doméstica, cuja refrigeração era feita por barras de gelo,colocadas na parte superior, que lhe eram fornecidas pela usina. Não havia energia elétrica naquela área rural.

Essas caminhadas do Elpídio aconteciam muito na época da colheita de cebola e de outros produtos agrícolas que já fizeram a riqueza de Guidoval e que chegavam à cidade em carros de bois; tiveram o seu apogeu e hoje não acontece mais. Posteriormente, a partir 1954 ou 55, cerca de seis anos depois de adquirir o “status” de cidade, para tristeza do Elpídio e dos seus proprietários, ficou proibido a entrada e circulação de carros de bois cantando pelas ruas de Guidoval. Já no início das ruas eram afixadas placas advertindo para o cumprimento da determinação e anunciando multa pelo seu descumprimento. O Elpídio era uma pessoa mansa, incapaz de fazer qualquer mal. Segundo o meu pai, o Dr. Mário, ele tinha idade mental igual a uma criança de 4 ou 5 anos. Chorava quando contrariado e só tomava banho e trocava a roupa uma vez por semana quando ia visitar a sua irmã, a Pina, como ele dizia, que morava primeiramente na Companhia, mudando-se depois para a Rua do Alto em Guidoval.

Tinha suas preferências para trabalhar para certas pessoas, como a D. Ida do Dotore Mário, o Sr. José de Barros, a quem ele chamava “Sô Juquinha José de Barros”, o Pedro Carioca, homem alto, sempre usando um chapéu escuro e camisa xadrez, que às vezes até subia na sua carroça e era puxado pelo Elpídio pelas ruas de Guidoval sem qualquer acanhamento. Uma curiosidade sobre o Pedro Carioca é que, não sabendo ler, pagava ingresso no cinema do Severino Occhi para alguém que, ficando ao seu lado, lia para ele as legendas dos filmes.

O Elpídio tinha um linguajar muito particular, engraçado para quem o ouvia, e muitas vezes demorávamos a entender o que ele dizia, e também tinha expressões muito interessantes e curiosas. Quem convivia com ele se deliciava com seu jeito de ser e seu modo de falar. Certa vez presenciei o Padre Oscar a lhe perguntar: _“Meu filho, por que você não vai à missa? E ele respondeu: _“Porque num sô isprivitado”. E num gosto de home de saia e “concifico” (crucifixo) no pescoço”. De outra feita ele foi acometido de caxumba que resultou num abscesso que deveria ser lancetado. Para isso o meu pai o convenceu de ir até Ubá, no hospital, salvo engano, levado pela Shirley do Seu Gil e a minha irmã Luiza Amélia, para que o Dr. Lourenço realizasse o procedimento. Lá chegando foi um trabalhão para convencê-lo a entrar no consultório desse médico cirurgião. Ele estava do lado de fora e, quando o Dr. Lourenço se aproximava, ele se abaixava atrás de um carro. Quando o Doutor se abaixava ele se levantava. Assim, se repetindo várias vezes. Aí o Dr. Lourenço dizia: “venha, entre meu filho”. Ele respondia: “num sô seu fio. Sô fio do Dotore Mário. Num gosto de home de camisola”. (o Doutor estava com um jaleco branco e comprido). Quando se conseguiu que ele entrasse numa sala para pequenos atendimentos cirúrgicos se recusou deitar na maca porque não queria sujar o “lençol dos outros”. O Dr. Lourenço teve que realizar o procedimento com ele sentado numa cadeira. Um dia chegando à casa do meu tio Mariozinho (Mario Marotta) a quem ele chamava de “Marzim”, a Gildinha, esposa do Mario, dirigiu-se a ele perguntando: “você está sumido? Por onde tem andado?” e ele respondeu: “tava carregando água no tambor de pamunico”. Ninguém sabia do que se tratava até que esmiuçando a conversa descobriu-se que era um pequeno tambor de 20 litros de capacidade que lhe dera o seu sobrinho Antero, que trabalhava em uma padaria. Esse tambor chegava à padaria contendo o Pó Amoníaco (sal amoníaco), utilizado no preparo de bolos e roscas. Daí a corruptela por ele não saber pronunciar corretamente o nome do produto.

De vez em quando também repetia uma história, segundo ele, de quando andava “pelo mundo” com sua mãe. Tendo esta certa vez pedido pousada numa fazenda, o fazendeiro além de negá-lo ainda a teria chamado de “sua vaca”. Aí ele ficou muito bravo com o homem e respondeu: “que a minha mãe é u’a vaca, o senhô tamém é um vaco”. Gostava de fumar cachimbo, de madeira ou de barro, que comprava no comércio local.

Mas o cabo ele mesmo gostava de fazer com um talo seco e oco que ele dizia ser “fedegoso”. O fumo que usava era o de rolo, produzido na localidade, que ele cortava bem fino com um canivete. Mas preferia mesmo era ganhar aquele em pacotes aluminizados e perfumados, apropriados para cachimbos de alta classe, que ele dizia “fumo papiado prá cachimbo”. Sempre que ia de Belo Horizonte para Guidoval eu levava um desses pacotes para ele. Ele mantinha um grande apreço pelo Dário tintureiro, uma baiano que chegara a Guidoval e, como trabalho, lavava ternos masculinos e chapéus de lebre, como se dizia. À noite, nos feriados e fins de semana também vendia “bejús” que ele próprio fabricava em sua casa, para alegria da garotada e também de adultos que saboreavam essa guloseima. O Elpídio se referia ao Dário, chamando-o de: “Dário tintureiro da Licinha do Dário”. O Dário, salvo engano, professava a Religião Batista e era um homem muito caridoso a ponto de conseguir remédios para distribuir com pobres e necessitados. Em sua maioria, vermífugos e alguns ferruginosos para combater a anemia conseqüente. Muitas vezes o Elpídio passou por anemias intensas, a ponto de nós o presenciarmos roendo e comendo cacos de telhas e pedaços de tijolos de barro, uma perversão do apetite na busca de ferro, que acomete pessoas bastante infestadas de vermes e muito anêmicas.

Nessa ocasiões o Dário lhe oferecia remédios, mas ele recusava dizendo que não tomava “remédio sambraista da pobreza”; “só do dotore Mário”. Assim, quando ia à nossa casa e o meu pai percebia o problema lhe dava um remédio granulado e saboroso, de cor marrom, que ele chamava de “tierrinha”. Nos idos de 1966 eu já formado em Medicina Veterinária, trabalhava na profissão e administrava a Fazenda Monte Alegre no município de Corinto – MG. Possuía uma Rural Willis, uma “Arural” na linguagem do Elpídio, e com ela fui a Guidoval na festa de Santana.

Nessa época o meu irmão Aulo cursava o último ano de Medicina e também estava lá. Fomos a Ubá buscar alguém que chegara de ônibus e levamos o Elpídio. Ao retornarmos à noite o Aulo guiava o veículo e, ao passarmos pela ponte de madeira próxima à residência do Seu Dico Peixoto, uma das rodas escorregou da prancha de rodagem e todos nós levamos um pequeno susto, já que a referida ponte não dispunha de proteção lateral. Chegando em casa o Elpídio se antecipou a contar o ocorrido e disse: _ Esse Aulo é um doido. Se a gente tivesse caído no rio ia molhar a roupa e morrer de frio. Depois que me casei e meu filho Alex já estava com pouco mais de um ano, fomos a Guidoval. Nessa oportunidade o Elpídio estava na casa do meu tio carregando areia num daqueles carrinhos de ferro com uma só roda na frente, que ele chamava de “galeota”. Quis carregar a criança no carrinho, mas percebeu que a minha mulher Leise estava com medo de o menino cair. Aí ele a tranqüilizou dizendo: “Num tem perigo, eu num deixo dar buléu”. E quando íamos embora, ao nos despedirmos , ele acenava e dizia: “Alô greve, nada mas”. Era o seu até breve.

Certa vez o meu pai resolveu levá-lo a Belo Horizonte. Foi deveras muito engraçado. Viajou em um fusca juntamente com meu pai e minha irmã Luiza Amélia, mais o motorista, o Luciano Viana, namorado da minha irmã. Ao entrar na cidade ficou muito admirado com a quantidade de veículos que circulavam à frente e dos lados daquele em que viajava. Muito espantado com o que via, falou: “To bismado! Os tomove tudo impariadinho e as casa uma pro riba da outra!” Ficava bravo toda vez que o trânsito parava e ficou encantado quando andou de elevador, a que ele chamava de “levadeus”. Dizia que dava um frio na barriga. Estava hospedado na casa dos meus pais na Rua Sete de Abril, no Bairro Pompéia, casa esta junto a um lote vago, cheio de mato, de propriedade do meu pai. O Elpídio não tinha o hábito de satisfazer suas necessidades fisiológicas em banheiros fechados, as “viagens”, como ele dizia, para não fazer zueira para os outros.

Assim, preferia sair sorrateiramente, saltar o muro e fazer, como sempre, as suas viagens no mato. E, quando estava com diarréia dizia que estava “jogando longe”. Nesse período em que esteve em Belo Horizonte na casa dos meus pais, eu morava na cidade vizinha, Pedro Leopoldo que distava 45 quilômetros, onde trabalhava como Médico Veterinário na Cooperativa Agropecuária. O Elpídio foi levado até lá, viajando de ônibus, juntamente com a minha irmã, a Gildinha, o Mariozinho e outros. Durante a viagem ele ficou numa poltrona com uma pessoa desconhecida e, por isto, se sentava um tanto torto para um lado, talvez por receio de incomodar o outro. Num certo momento a pessoa ao seu lado vendo-o assim perguntou-lhe: _
O senhor sofre da coluna? E ele respondeu: _ Não, eu sô mesmo de Guidoval. Ficou em Belo horizonte por cerca de uns quinze dias. No início achou tudo muito interessante, mas, com o correr do tempo, foi batendo a saudade de Guidoval e teve que ser levado de volta. Tanto na casa em que morávamos em Guidoval, como tempos depois na casa do meu tio Mariozinho, além de rachar lenha, puxar carroça e outros serviços, ele também socava pimenta do reino e canela em um almofariz de bronze.


Naquela época não era freqüente encontrar esses produtos já moídos. E, nos últimos tempos de sua vida, tanto a pimenta como a canela eram produzidas e colhidas no quintal do meu tio e não mais piladas em almofariz, e sim moídas em um moinho próprio. Foi fotografado realizando essas tarefas em algumas oportunidades. Porém, sempre que lhe mostrávamos uma foto socando o almofariz, se dizíamos que ele estava socando pimenta ele negava e afirmava estar socando canela. O mesmo acontecia se falássemos o contrário. Também na casa do meu tio ficava muito bravo com a Gildinha quando ela punha o Marinho e o Marquinhos de castigo ou queria bater neles por alguma arte que faziam e dizia: “num gosto que fica izemprano os meninos”. Muitas vezes a Gildinha o pegou chorando no quintal e ele não dizia a razão. Em algumas ocasiões, logo depois e voltava a contar a velha história do fazendeiro. Quem sabe aquela lembrança lhe causava saudades da mãe ou o evento lhe tivesse produzido algum tipo de trauma?... De outra feita, no cemitério de Guidoval, por ocasião do enterro da D. Ana Ramos, o Sô Tão (pai do Chará) que era muito gozador falou para a Luiza Amélia, minha irmã, e a Marli do Sô Gil, que o Elpídio também havia morrido. Imediatamente as duas desceram a galope o morro do cemitério e, chegando ao quintal da nossa casa viram que o Elpídio estava lá, bem vivo e rachando lenha. Mesmo assim as duas se abraçaram e choraram muito. Elas contaram o ocorrido e ele mesmo achou engraçado. Depois, quando contava o caso para outras pessoas falava assim: “A Zuzameli e a Marli pensaro que eu morri e ficaro branquinha feito vara verde.”

Depois de muito tempo morando em Guidoval, mudou-se para Visconde do Rio Branco juntamente com seu sobrinho Antero. Já doente e até hospitalizado foi levado a Guidoval pelo sobrinho e sua esposa a fim de sacramentar com o polegar um documento que lhe conferia a aposentadoria que havia em fim conseguido. Já no ônibus, com roupa de hospital e bastante depauperado a Gildinha foi até ele e, de caçoada, lhe perguntou: _ Você não quer rachar um pouco de lenha para mim? E ele respondeu: _ Agora num posso mais. Tô aposentado. Algum tempo depois morreu vindo a ser sepultado em Guidoval, em 18 de junho de 1998, onde não havia quem não o conhecesse e o considerasse muito. Sempre andou descalço. Nunca suportou nada nos pés, nem mesmo sandálias havaianas que ele experimentou usar algumas vezes. Foi uma presença sempre alegre e gratificante tanto para crianças como para os adultos que o conheceram e, sem dúvida, faz parte da história e da cultura de Guidoval. Esse relato não é resultante de uma pesquisa, mas apenas um registro da minha memória. Por isto, as datas podem não ser precisas, haja visto o que já comentei no início sobre a minha dúvida a respeito da data de seu nascimento. Do mesmo modo a ordem cronológica dos eventos, mesmo que tenha boa lembrança da sua ocorrência.

Belo Horizonte 11 de setembro de 2009

Plínio Augusto de Meireles





2 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Plinio,
Como é bom ler coisas sobre minha terra!Se meus pais estivessem vivos,certamente lembrariam do personagem retratado pois nasceram e viveram em Guidoval(família Barros e Baía).Parabéns pelo estilo,simplicidade e beleza dos fatos.
Autoríza-me a publicação em nosso modesto jornal?(WWW.leopoldinense.com.br
Maria José Baía Meneghite

Plinio Augusto disse...

Olá Maria José,

Com toda certeza pode publicar este texto em seu jornal. É com muita satisfação que relembro personagens perdidos no tempo da nossa terra. Tantos outros como o Elpidio, de muita simplicidade e ingenuidade povoaram as ruas de Guidoval da nossa infância, fazendo a alegria da criançada e também dos adultos, com seu jeito de falar e agir.
Eu os considero tão importantes como quantos de nós que conseguimos um diploma universitário, pois na sua leveza de ser fizeram história e estórias da nossa terra.
Plinio