e-mail recebido do Dr. Plínio
Meireles sobre as histórias da Gagaça
Realmente tudo o que a Maria das Graças comenta são também
sabores e lembranças muito gratas para mim.
Começando pela D. Feinha, dela não somente tenho uma boa
lembrança como também uma gratidão por um feito muito importante para mim, que
veio através dela.
Não sei
quantos sabem, mas a D. Feinha era uma rezadeira de muito poder.
Uma de suas especialidades era o Responsório de Santo
Antonio. No ano de 1980, precisamente no mês de maio, depois de retornar de uma
viagem a trabalho da cidade de Minas Novas - MG, constatei que a minha gaita de
boca havia desaparecido. Sempre a levava comigo nas minhas viagens, mesmo que
não fosse soprada nem uma vez.
Mas, era uma companhia. No mês de junho seguinte fui a
Guidoval e visitei uma grande amiga, a Cesarina Coelho, irmã do Vianelo Coelho
da Serra da Onça. Lá ela me comentou que pouco antes de eu chegar ela tinha
recuperado uma toalha bordada que desaparecera no dia do velório da sua mãe, a
D. Júlia, seis meses depois que mandara "Responsar para Santo
Antonio", como se dizia, ou ainda se diz. Eu ainda sentia a falta e tinha
uma tristeza pela perda da minha gaita, não somente pela qualidade do
instrumento, uma Honner alemã, mas também por se tratar de um presente que meu
pai me dera no ano de 1963.
Pensei também em mandar "Responsar". Ao retornar
para a casa da minha tia Gildinha perguntei-lhe se sabia de alguém que rezasse
o tal Responsório. Imediatamente ela me disse que a sua vizinha, a D. Feinha o
fazia. No mesmo ritmo me dirigi à casa dela que prontamente se dispôs a fazê-lo.
O tempo passou e em fevereiro de 1981 me mudei com a família
de Belo Horizonte para Brasília. Lá pelo mês de abril o meu filho Erick havia
escrito uma carta para a sua professora primária da escola Ondina Amaral em
Belo Horizonte.
Perguntei-lhe como a enviaria se não tinha o endereço. Ele
então me respondeu que tinha e estava numa bolsa onde eu guardava umas cartas
de antigas de namoradas, uma bolsa fina, que eu mesmo acondicionara em uma
caixa juntamente com cobertores novos na época da mudança.
Ao colocá-la na caixa nada havia de especial. Mas logo ao
tomá-la em busca do endereço, notei um peso diferente. Ao abri-la, a surpresa:
lá estava a minha gaita, um ano depois do seu desaparecimento. Não havia
recebido visitas nesse período. Um fato realmente inusitado. Sem explicação
convincente. Somente o Responsório de Santo Antonio, rezado pela D. Feinha.
Milagre? Não sei o que responder. Mas sei de pelo menos mais
dois casos de coisas desaparecidas e que reapareceram depois do
"Responsório de Santo Antonio".
Quanto aos demais relatos, sempre tive estreitas relações de
amizade com a sua família. Tinha longos papos com a D. Jovita que me dava muita
atenção, eu apenas com quinze ou dezesseis anos.
Da D. Ruth, já fiz diversos comentários. Do Sr. Benjamim, me
lembro dele em dias de chuva, depois dos relâmpagos, subindo nos postes para
religar a chave caída, a fim de que a cidade não ficasse sem luz. Do Mundico,
também já comentei como ele aprontava não somente com crianças mas também com
adultos. Ele, por si só merece um estória de muitas páginas. Uma última que me
disse em sua casa quando lhe perguntei pelo seu cunhado Benjamim, respondeu
assim: "como dizia o Quinzim Pinto, morreu, mas está bem".
Também me lembro bem da lojinha da D. Sinhaninha e do circo
Bartolo. A garotada pré adolescente era encantada com a atriz trapezista
"Mascotinha". Que bom que sempre alguém nos faz recordar coisas boas
da nossa terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário