Hoje, a nossa querida Professora Carmem Cattete Reis Dornelas completa 91 anos de idade.
No ano passado, houve uma "Celebração Eucarística em Ação de Graças pelos 90 anos da Professora Carmem Cattete Reis Dornelas".
Durante a cerimônia foi lido pela Professora Elaine Ramos Vieira Pinheiro um texto elaborado por mim, com a preciosa colaboração das Professoras Mariza Correia e Rosana Vianna, filhas da Dona Carmem.
Abaixo, transcrevo o texto.
Professora
Carmem Cattete Reis Dornelas
No dia 18 de dezembro de 1924 nasceu a menina Carmem. Filha
de Astolfo Francisco dos Reis e Maria Cattete Reis. O seu nome foi escolhido pelo
avô materno, Deoclécio Lopes Cattete, que lera um romance cuja protagonista
chamava-se Carmem que significa “poema”, “pensamento do espírito divino”.
Foi batizada no dia 20 de Janeiro de 1925 e, curiosamente, no
dia em que a Igreja Católica consagra a São Sebastião, enquanto a Igreja
Ortodoxa comemora o mesmo santo no dia 18 de dezembro, a data do seu
nascimento.
Tem quatro irmãos: Laerte, Laércio, Deoclécio e Edison que era
o primogênito, já falecido.
Fez a primeira comunhão no dia 15 de Abril de 1934. Aprendeu
as primeiras letras nas Escolas Reunidas do Sapé de Ubá, onde fez o então
ensino fundamental. Aos 12 anos foi estudar no Colégio Sacré-Coeur de Marie, em
Ubá, onde fez o Curso Normal, formando-se no dia 04 de dezembro de 1941.
Em 1942 e 1943, a Professora Carmem Cattete Reis foi
lecionar no “Sacré-Coeur” do Rio de Janeiro. Hoje este educandário é conhecido como
Colégio Sagrado Coração de Maria, fica no Bairro de Copacabana, onde as suas
filhas Mariza e Rosana iniciaram as atividades profissionais e a Rosana
permanece à frente da Coordenação Pedagógica da escola.
Durante mais de 45 anos lecionou em vários colégios como o Ginásio
Estadual Raul Soares, Ginásio Dom Bosco, Academia do Comércio, Grupo Escolar
Mariana de Paiva, onde depois foi Diretora. Faz parte do seleto grupo de
professores pioneiros do Ginásio Guido Marlière, inaugurado em 1953.
Casou-se com Natalino Dornelas de Oliveira no dia 22 de
Julho de 1951, quando passou a chamar-se Carmem Cattete Reis Dornelas. Desta
união nasceram quatro filhos: Mariza, Marcellus, Rosana e Robert, que lhe deram
10 netos: Luiz Augusto, Ana Eduarda, Alexandre, Maria Clara, Marco Aurélio,
Samanta, Guilherme, Arthur, Maria Luíza e Maria Fernanda. Marilene,
a filha postiça com quem mantém o convívio diário, também lhe deu mais dois netos: Luiz Guilherme e Anamaris.
No
dia 09 de dezembro de 1969 um trágico acidente fez toda Guidoval chorar a perda
de quatro conterrâneos de uma só vez: Iolanda Bressan da Costa, Nair Bressan da
Costa, o Vereador
Sebastião Inácio da Costa e o também Vereador Natalino Dornelas de Oliveira, que
era o Presidente da Câmara Municipal e o principal candidato a prefeito na
eleição vindoura.
Com
menos de 45 anos de idade, a Professora Carmem ficou viúva. Apesar do luto e da
dor, não esmoreceu. Convocada pelos líderes políticos aceitou o desafio e
candidatou-se a vereadora. Foi eleita, em 15 de novembro de 1970, com a maior
votação dada, até então, a um membro da Câmara Municipal, tornando-se a
primeira mulher a exercer um mandato na nossa cidade!
Tia
Sinhá e os pais, Astolpho e Miquinha foram determinantes nesta fase no apoio, orientação
e acompanhamento dos sobrinhos/netos ainda pequenos.
O
ingresso na política da nossa grande educadora foi a forma que ela encontrou de
homenagear o marido, Natalino Dornelas, falecido menos de um ano antes. Por três
legislaturas, durante doze anos, de 1971 a 1983, honrou a nossa Câmara
Municipal com criatividade, dedicação e sabedoria, presidindo a casa por três
vezes. Foi candidata a prefeita, mas desta vez não conseguiu a eleição.
Mais
conhecida por Dona Carmem, esta cidadã exemplar, - “mestra de todas as artes” -
educou várias gerações de guidovalenses!
Em
certa ocasião, devido ao eterno descaso dos governantes com a educação, o grupo
escolar, que funcionava no antigo sobrado ao lado da igreja, estava caindo aos
pedaços. Em sinal de protesto e dando um recado às autoridades competentes, a
Professora Carmem desceu as carteiras, quadro negro e com a colaboração da professora da turma, levou
os alunos para assistir a aula no meio da rua. O Pe Oscar, vigário na época,
surpreendido com tal atitude, foi para o microfone da matriz denunciar tal
abandono e pedir providências. Repercutiu, saiu na imprensa, deu o que falar.
Em pouco tempo deram um jeito de melhorar o grupo escolar.
Católica,
cristã, apostólica, devota, catequiza e participa ativamente das atividades da nossa
Paróquia. Dona Carmem colabora com todas as festas religiosas ou cívicas.
Desde
1984, a convite do Padre Jorge Luiz Passon, dirige o Coral de crianças. A
encenação, todo ano, do “Auto de Santana”
e da “Via Sacra na Semana Santa” fazem
parte das suas inspiradas criações. Hoje, uma tradição que enriquece nossa
cidade.
Em
2006 liderou, promoveu e organizou a monumental Festa do Sesquicentenário, 150
anos, da Paróquia da Igreja Matriz de Santana.
Historiadora,
pesquisou, escreveu, dirigiu e encenou a “História
do Ribeirão Preto”, a saga de uma raça, que faz com que nos orgulhemos de
sermos seus conterrâneos. Promotora Cultural, tomou parte em diversas peças
teatrais.
Artista
Plástica, registra a nossa terra em lindas aquarelas. Artesã, faz trabalhos
manuais que nos sensibiliza pela criatividade e delicadeza.
Escritora
e poetisa contribuiu com o livro “Saudade
Sapeense” escrevendo um lindo soneto dedicado ao Sô Trajano Viana. Por
coincidência, no carnaval de 2003 a “Agremiação
do Samba Vila Trajano” fez um samba-enredo em homenagem à Professora Carmem
Cattete Reis Dornelas.
Promoveu
gincanas memoráveis. Encenou jograis. Compôs hinos a Guidoval e ao Ginásio
Guido Marlière.
Mantém-se
atualizada convivendo com jovens e crianças, tanto que faz parte da rede social
facebook.
Idealista,
sempre colaborou com vários jornais de nossa cidade, escrevendo textos
brilhantes e úteis à nossa sociedade. São documentos históricos. O artigo “ELE SEMEOU...”, escrito em 11 de junho
de 1961 para o jornal "A Voz de Guidoval",
com o pseudônimo de Silvana Rachel, deveria ser lido todo ano, em todas as
escolas do município, no início do ano letivo.
Dona
Carmem é incansável na luta em prol de nossa cidade. Por toda esta sua
capacidade de liderar, opinar, apontar caminhos, buscar soluções para a nossa
terra, Dona Carmem faz jus às homenagens recebidas.
Neste
momento sagrado, de oração e fé, queremos pedir à nossa Padroeira Santana para
continuar abençoando a Dona Carmem. Que DEUS a ilumine e a proteja, sempre!