sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Professora Carmem Cattete Reis Dornelas - 91 anos



     Hoje, a nossa querida Professora Carmem Cattete Reis Dornelas completa 91 anos de idade.

     No ano passado, houve uma "Celebração Eucarística em Ação de Graças pelos 90 anos da Professora Carmem Cattete Reis Dornelas". 

   Durante a cerimônia foi lido pela Professora Elaine Ramos Vieira Pinheiro um texto elaborado por mim, com a preciosa colaboração das Professoras Mariza Correia e Rosana Vianna, filhas da Dona Carmem.

Abaixo, transcrevo o texto.




Professora Carmem Cattete Reis Dornelas

No dia 18 de dezembro de 1924 nasceu a menina Carmem. Filha de Astolfo Francisco dos Reis e Maria Cattete Reis. O seu nome foi escolhido pelo avô materno, Deoclécio Lopes Cattete, que lera um romance cuja protagonista chamava-se Carmem que significa “poema”, “pensamento do espírito divino”.
Foi batizada no dia 20 de Janeiro de 1925 e, curiosamente, no dia em que a Igreja Católica consagra a São Sebastião, enquanto a Igreja Ortodoxa comemora o mesmo santo no dia 18 de dezembro, a data do seu nascimento.
Tem quatro irmãos: Laerte, Laércio, Deoclécio e Edison que era o primogênito, já falecido.
Fez a primeira comunhão no dia 15 de Abril de 1934. Aprendeu as primeiras letras nas Escolas Reunidas do Sapé de Ubá, onde fez o então ensino fundamental. Aos 12 anos foi estudar no Colégio Sacré-Coeur de Marie, em Ubá, onde fez o Curso Normal, formando-se no dia 04 de dezembro de 1941.
Em 1942 e 1943, a Professora Carmem Cattete Reis foi lecionar no “Sacré-Coeur” do Rio de Janeiro. Hoje este educandário é conhecido como Colégio Sagrado Coração de Maria, fica no Bairro de Copacabana, onde as suas filhas Mariza e Rosana iniciaram as atividades profissionais e a Rosana permanece à frente da Coordenação Pedagógica da escola.
Durante mais de 45 anos lecionou em vários colégios como o Ginásio Estadual Raul Soares, Ginásio Dom Bosco, Academia do Comércio, Grupo Escolar Mariana de Paiva, onde depois foi Diretora. Faz parte do seleto grupo de professores pioneiros do Ginásio Guido Marlière, inaugurado em 1953.
Casou-se com Natalino Dornelas de Oliveira no dia 22 de Julho de 1951, quando passou a chamar-se Carmem Cattete Reis Dornelas. Desta união nasceram quatro filhos: Mariza, Marcellus, Rosana e Robert, que lhe deram 10 netos: Luiz Augusto, Ana Eduarda, Alexandre, Maria Clara, Marco Aurélio, Samanta, Guilherme, Arthur, Maria Luíza e Maria Fernanda. Marilene, a filha postiça com quem mantém o convívio diário, também lhe deu  mais dois netos: Luiz Guilherme e Anamaris.
No dia 09 de dezembro de 1969 um trágico acidente fez toda Guidoval chorar a perda de quatro conterrâneos de uma só vez: Iolanda Bressan da Costa, Nair Bressan da Costa, o Vereador Sebastião Inácio da Costa e o também Vereador Natalino Dornelas de Oliveira, que era o Presidente da Câmara Municipal e o principal candidato a prefeito na eleição vindoura.
Com menos de 45 anos de idade, a Professora Carmem ficou viúva. Apesar do luto e da dor, não esmoreceu. Convocada pelos líderes políticos aceitou o desafio e candidatou-se a vereadora. Foi eleita, em 15 de novembro de 1970, com a maior votação dada, até então, a um membro da Câmara Municipal, tornando-se a primeira mulher a exercer um mandato na nossa cidade!
Tia Sinhá e os pais, Astolpho e Miquinha foram determinantes nesta fase no apoio, orientação e acompanhamento dos sobrinhos/netos ainda pequenos.
O ingresso na política da nossa grande educadora foi a forma que ela encontrou de homenagear o marido, Natalino Dornelas, falecido menos de um ano antes. Por três legislaturas, durante doze anos, de 1971 a 1983, honrou a nossa Câmara Municipal com criatividade, dedicação e sabedoria, presidindo a casa por três vezes. Foi candidata a prefeita, mas desta vez não conseguiu a eleição.
Mais conhecida por Dona Carmem, esta cidadã exemplar, - “mestra de todas as artes” - educou várias gerações de guidovalenses!
Em certa ocasião, devido ao eterno descaso dos governantes com a educação, o grupo escolar, que funcionava no antigo sobrado ao lado da igreja, estava caindo aos pedaços. Em sinal de protesto e dando um recado às autoridades competentes, a Professora Carmem desceu as carteiras, quadro negro  e com a colaboração da professora da turma, levou os alunos para assistir a aula no meio da rua. O Pe Oscar, vigário na época, surpreendido com tal atitude, foi para o microfone da matriz denunciar tal abandono e pedir providências. Repercutiu, saiu na imprensa, deu o que falar. Em pouco tempo deram um jeito de melhorar o grupo escolar.
Católica, cristã, apostólica, devota, catequiza e participa ativamente das atividades da nossa Paróquia. Dona Carmem colabora com todas as festas religiosas ou cívicas.
Desde 1984, a convite do Padre Jorge Luiz Passon, dirige o Coral de crianças. A encenação, todo ano, do “Auto de Santana” e da “Via Sacra na Semana Santa” fazem parte das suas inspiradas criações. Hoje, uma tradição que enriquece nossa cidade.  
Em 2006 liderou, promoveu e organizou a monumental Festa do Sesquicentenário, 150 anos, da Paróquia da Igreja Matriz de Santana.
Historiadora, pesquisou, escreveu, dirigiu e encenou a “História do Ribeirão Preto”, a saga de uma raça, que faz com que nos orgulhemos de sermos seus conterrâneos. Promotora Cultural, tomou parte em diversas peças teatrais.
Artista Plástica, registra a nossa terra em lindas aquarelas. Artesã, faz trabalhos manuais que nos sensibiliza pela criatividade e delicadeza.
Escritora e poetisa contribuiu com o livro “Saudade Sapeense” escrevendo um lindo soneto dedicado ao Sô Trajano Viana. Por coincidência, no carnaval de 2003 a “Agremiação do Samba Vila Trajano” fez um samba-enredo em homenagem à Professora Carmem Cattete Reis Dornelas.
Promoveu gincanas memoráveis. Encenou jograis. Compôs hinos a Guidoval e ao Ginásio Guido Marlière.
Mantém-se atualizada convivendo com jovens e crianças, tanto que faz parte da rede social facebook.
Idealista, sempre colaborou com vários jornais de nossa cidade, escrevendo textos brilhantes e úteis à nossa sociedade. São documentos históricos. O artigo “ELE SEMEOU...”, escrito em 11 de junho de 1961 para o jornal "A Voz de Guidoval", com o pseudônimo de Silvana Rachel, deveria ser lido todo ano, em todas as escolas do município, no início do ano letivo.
Dona Carmem é incansável na luta em prol de nossa cidade. Por toda esta sua capacidade de liderar, opinar, apontar caminhos, buscar soluções para a nossa terra, Dona Carmem faz jus às homenagens recebidas.
Neste momento sagrado, de oração e fé, queremos pedir à nossa Padroeira Santana para continuar abençoando a Dona Carmem. Que DEUS a ilumine e a proteja, sempre!

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