No último domingo, dia
16/06/2013, conversava com o meu amigo Luiz Carlos Magalhães Leal, no Clube
Palmeiras, quando passou pela minha cabeça o trecho de uma canção. Era uma
composição que tinha feita há muito tempo e dizia:
“Há muito ainda para espernear/ Faz tempo que
estamos calados / E o tempo passou arranhando / a nossa vergonha”.
Cantarolei este pedacinho para
o Luiz e disse:
- Já tinha até esquecido
desta música. Quando chegar em casa vou procurar, nos meus guardados, a letra inteira.
Achei, num pequeno caderno, escrito com caligrafia da Lourdes a
letra inteira.
A data informava que foi composta no período de 16/08/1979 a
10/09/1979.
Nesta ocasião estava sendo elaborada, discutida e aprovada a “Lei da Anistia”, o nome popular da lei n° 6.683, promulgada pelo presidente Figueiredo em 28 de agosto de 1979.
Abaixo, o resgaste de uma canção antiga perdida nos escaninhos da
vida.
Conciliação
Há muito ainda para espernear,
Faz tempo que estamos calados
E o tempo passou arranhando
a nossa vergonha.
E medramos pasmos,
no céu um minguante (inútil) luar.
De liberdade?
O nosso corpo continua marcado
pelos descaminhos de sempre.
Nossas cicatrizes
de uma eterna esperança
míseras ainda estão
e as nossas mãos mais vazias.
Conciliar? Como?
Só se for pela metade
como esta tal de anistia.