Dia
do Músico Guidovalense
No dia
24/10/2016, o Vereador Evaldo Ribeiro Lopes apresentou o Projeto de Lei nº
07/2016 instituindo o “Dia do Músico
Guidovalense” a ser comemorado no dia 25
de outubro.
Aprovado
por unanimidade pela Câmara Municipal de
Guidoval em reuniões realizadas no Plenário"Dr. Mário Geraldo Meireles", o projeto foi encaminhado para ser
sancionado pelo executivo municipal.
Os
eventos festivos deverão ser comemorados no último sábado do mês de outubro.
Portanto esta data variará entre os dias 25 e 31 de outubro.
Será uma forma de homenagear os
saudosos músicos que povoaram a nossa terra, além de acrescentar mais uma DATA
ao nosso CALENDÁRIO FESTIVO.
A data escolhida é uma deferência a um
dos músicos mais brilhante da nossa história, o Sr. Odilon dos Reis, cujo CENTENÁRIO de NASCIMENTO ocorreu no dia
25/10/2016.
JUSTIFICATIVA DO PROJETO
Um projeto para homenagear os músicos
guidovalenses.
É
fato e sabido que já existe o "Dia
do Músico", 22 de novembro, Dia de Santa Cecília, Padroeira dos
Músicos.
Mas a
nossa intenção é rememorar, relembrar, exaltar, especificamente, os músicos
guidovalenses, que ao longo dos anos celebraram a vida em forma de canções e
melodias, seja em comemorações, eventos, festas cívicas, coroações, serenatas,
bailes e inesquecíveis carnavais. E até mesmo nos momentos de tristeza, quando solidários
às famílias enlutadas, a nossa "Corporação
Musical Belarmino Campos" acompanhou enterros executando marchas
fúnebres.
E além
de homenagear os saudosos músicos que povoaram a nossa terra, acrescentar ao
nosso calendário festivo mais uma nova data a ser comemorada no último sábado
do mês de outubro. Aí sim, com a participação dos músicos atuais.
E a
data escolhida não poderia ser mais oportuna pois amanhã, dia 25 de outubro de
2016, faz exatamente 100 anos do nascimento do Sr. Odilon dos Reis, um dos músicos mais brilhante da nossa
história.
Mas a
nossa homenagem estende-se às mulheres musicistas de nossa terra, muitas já
esquecidas pelo tempo que agora passo a relembrar.
Professora
Maria Campos, filha do grande maestro Belarmino Campos.
Professora
Nadir Cunto Simões, esposa do ex-vereador Alcino de Almeida (Zizinho) Simões; Jandira
Cruz Vieira, esposa de Marcílio José Vieira.
E tem
mais.
Da família
musical de Francisco
Avelino da Silva, o Chico do Padre, temos a sua
esposa Dona Jovita e as filhas Guiomar (Dona Feinha - esposa de Cristiano Alves
de Faria), D. Maria do Carmo (esposa do Virgílio Oliveira), D. Antoninha
(esposa de Sebastião Venâncio de Almeida, o Sô Tão), D. Cota (esposa do Hugo
Barros), D. Ruth (esposa de Nilso Cremonese). Todas elas exímias no bandolim.
E ainda
falando das famílias musicais.
Temos a família de José da Costa
Azevedo (Juca Alfaiate) e os filhos José
e Walace Azevedo.
A família
de Belarmino Campos, os filhos Álbero e Francisco Campos, este professor de
Música na UFMG.
A
Família do Maestro José Alves de Freitas (Zé Negueta), o seu pai Joroez Alves
de Freitas (Neguetim) e o irmão Joroez Alves de Freitas (Zuim).
O Maestro Moyses Mineiro e o
enteado de José Martins Lopes (Zé Mineiro).
Do
meio rural há de se recordar de Frederico Tavares Aleluia (Tito Aleluia) no
Ribeirão Preto, Manoel Tabira, João Germano da Fazenda das Pedras, a família
Rufino na Serra da Boa Vista.
Não
podemos esquecer dos sanfoneiros Jacinto e Abilinho ou de Zé Bento, cantor de
modinhas sertanejas.
E não
podemos nos esquecer da contagiante Barbearia do Sô Nilo, situada no Fundão, em frente à esta Câmara Municipal. O Petronilo Alves, o Sô
Nilo, quase todas as noites, após encerrar o seu expediente, ia para a calçada
da rua com os seus instrumentos: violão, banjo, violino, bandolim, pandeiro,
agogô, afoxé e distribuía para o Carlos Vitor Pereira (Sô Lau), Landinho
Estulano (Orlando Pereira da Cruz), Josias do Pombal, Vicente do Dario do Chico
do Padre, Jeová dos Reis, Zé do Fio (o Barão), Zé do Gil (José Maciel de
Queiroga), ritmistas e cantores amadores da cidade.
De
vez em quando aparecia o Sô Odilon dos Reis ou o João Queiroz, conhecido por Queiroz
do Pinho. E segundo o Sô Nilo foi o melhor violonista da história de Guidoval.
Já
morando fora de Guidoval, por vezes, aparecia
o José Occhi (o Bijica) que
possuía uma belíssima voz que lembrava Orlando Silva e Gilberto Alves.
Inconstante
também era a presença de José Martins Ferreira, conhecido pelo apelido de Zé
Manga Rosa, virtuose no violão e nas interpretações das músicas de Canhoto e
Dilermando Reis.
Perdeu
quem não ouviu o saudoso Zé Vieira, que tinha o apelido de Xará, um trabalhador
braçal do DER-MG, mas quando tocava a
sua flauta feita de talo de abóbora encarnava a magia de um Pixinguinha.
E as
antigas serenatas contavam com o Zé
Afra, esposa e filhas, além do violonista Zé Boióta - tio do Zé Manga Rosa.
Como
não lembrar dos velhos carnavais comandados pelo Domingos Coelho da Silva e a
sua "Cacique de Bronze" e o
inigualável Raymundo Francisco, o Tilúcio, à frente da sua "Calouros do Samba".
O
berço maior de nossos musicistas foram e são as bandas de música.
Houve
uma época, na década de 30 e 40, que tinham duas bandas: a "Lira Sapeense" e a "Francisco Batista".
Vale
relembrar que conduziram, também, as nossas bandas de música o José Cordeiro e
Zé Balbino.
Atualmente
temos em atividade a "Corporação
Musical Belarmino Campos".
Dela,
sobressaíram diversos músicos.
O
Maestro Oswaldo José de Barros (Sô Tute), que por muitos dirigiu a corporação.
Vários músicos foram formados a partir dos seus ensinamentos. Compositor
fértil, com mais de centenas, alguns dizem milhares, de obras musicais, muitas
já perdidas no tempo, sem gravações ou partituras.
Seus
dobrados mais conhecidos são: "Frei
Eliseu", "Astro",
"José Vieira Neto", "Cândido Mendes", "Prefeito Sebastião Cruz", "Professor Artur", "Medeiros", "Meia noite".
Pela
corporação passaram músicos especiais como: Berkeley Silvério Gonzaga (Neto),
Celso Reis Moreira, José Carlos da Cruz (Zé Fenderracha), Júlio Vieira de
Mello, Laélio Soares, Nestor Franco, Sebastião Mendes Carvalho (Tatão), Zico Sapateiro ( pai do jornalista
Hélio Ferreira Cezar ).
Com
certeza ao final desta justificativa esquecerei muitos nomes, dos saudosos
músicos, que compõe a galeria de músicos da cidade de Guidoval.
Com
certeza ao final desta justificativa esquecerei muitos nomes que compõe a
galeria de saudosos músicos da cidade de Guidoval.
Peço
perdão, antecipado, pelos prováveis esquecimentos. E no devido tempo, em
ocasiões futuras, estes lapsos serão reparados.
Odilon dos Reis
Odilon dos Reis nasceu no dia 25
de outubro de 1916, no antigo Sapé de
Ubá, hoje Guidoval. Os seus pais Camilo Marcos dos Reis e Etelvina Cesária Reis
moravam, à época, na Praça do Mercado, que já foi chamada de Praça Getúlio
Vargas, hoje denominada Praça Três Irmãos.
Ainda criança teve poliomielite que
lhe afetou uma das pernas, mas não foi o suficiente para que tivesse uma
infância saudável participando das brincadeiras e peraltices próprias da idade,
destacando-se na natação no Rio Chopotó.
Inteligente e vivaz, muito cedo
aprendeu música, tornando-se um instrumentista habilidoso tanto em instrumento
de sopro, em especial o trombone; como
em instrumentos de cordas. com destaque para o violino e o violão.
Artesão e perfeccionista, ainda jovem
aprendeu a profissão de alfaiate exercendo-a de 1932 a 1949 quando entrou para
o serviço público estadual, aposentando-se em 1981 por tempo de serviço.
Em
22 de abril de 1939 casou-e com Nelcina Efigênia Reis e tiveram duas filhas:
Ione e Terezinha
Quando em 1953 começou a funcionar o
Ginásio Guido Marlière, Odilon dos Reis tornou-se o primeiro professor de Canto
Orfeônico da instituição.
É um dos fundadores, em 1936, da
famosa Banda "Jazz Sapeense"
que alegrou bailes e festividades, do município, na décadas de 30, 40 e 50.
Tocou violino em cinema mudo o teatros.
Com uma boa voz de barítono
participou do Coro da Igreja Matriz de Santana. Sonorizou, com seu violino,
inúmeros casamentos.
De 1960 a 1983 integrou o coral "Madrigal Ubaense”fundado e dirigido pelo Maestro Marum Alexander.
Nos anos 80, residindo na cidade de
Ubá, participou do Coro da Igreja São Januário tocando
violino junto com a pianista D. Chiquinha Dias Paes e outros.
Era compositor e arranjador. Fez uma
música interessante em homenagem ao Mundico (Raimundo Nonato de Faria).
Em Guidoval, fez parte da diretoria
do “Cruzeiro Futebol Clube", ao qual nutria paixão.
Enriqueceu o livro "Saudade Sapeense", publicado em
1982, escrevendo o "Soneto para o Dé".
Escritor nato, dono de uma linda
caligrafia, culto, autodidata, escreveu sonetos, poesias, textos, gostava muito
de acrósticos e nos deixou alguns deles, assim revela a sua Jane. Que ainda
acrescenta: Tinha o dom da palavra, era eloquente, o talento para discursar era
inconfundível e em várias ocasiões, recorriam a ele para emprestar seu dom.
Sua casa era constantemente palco de
reuniões de vários amigos, músicos como ele, de Guidoval e os que residiam fora, mas em datas festivas,
era palco de saraus, noites regadas à
boa música e os deliciosos licores da sua esposa D. Efigeninha.
Para a família e amigos, o
conselheiro, o esposo dedicado, o pai
amoroso, o avô doce e firme, inigualável e inesquecível. Ensinamentos de
justiça, honestidade, lisura, decência, são legados que deixou para suas filhas
e netos e que tentamos transmitir para
seus bisnetos, os quais não tiveram a
alegria de conhecê-lo.
Faleceu, aos 69 anos, em 18/11/1984,
deixando uma lacuna imensurável no cenário esportivo-lítero-musical da nossa
cidade de Guidoval.