Em julho de 2008 recebi uma carinhosa carta da Nilza Queiroz, casada com o Toninho Ponso Louzada, quando me agradecia o CD que eu lhe dera de presente e a fez recordar da nossa velha e querida Guidoval.
À época, publiquei a carta no Jornal SACA-ROLHA.
Abaixo, transcrição da emocionante carta da Nilza.
Vitoria, 16 de julho de 2008
Dé
Vieira e esposa,
Agradecemos
pela delicadeza do presente “Gente & Terras Gerais” que fez
meu coração chorar.
Tempos
mudaram, as saudades ficaram...
Várias
pessoas me fizeram voltar ao passado de Guidoval, onde nasci, lembrando minha
infância na rua Santa Cruz na casa de meus pais, Nhonhô comerciante Da. Zélia
cabeleireira, onde vivíamos juntos num mundo de solidariedade, guardando a
essência do ser humano e não o valor do poder.
Foi
uma época maravilhosa, sem maldades, sem
assaltos, as comadres e os compadres se entendiam, vivendo como verdadeiros
amigos e não simples conhecidos.
Lembro
do nosso querido Sapé de Ubá de meus amigos e amigas.
Dr.
Mario e Da. Ida, meus
padrinhos de casamento guardo grandes lembranças, do médico que não gostava de
ver sangue.
Jesus
Ribeiro e Aracy,
padrinhos de Toninho, onde nos aconselhava nas dúvidas que tínhamos sôbre o
casamento.
Elisa, figura enérgica, alta magra com
capacidade de trazer ao mundo vários bebês, ilustres guidovalenses, que pela
dedicação, admiração e carinho todos na
cidade a chamavam de Vó Elisa, criatura
que veio ao mundo para deixar sua marca de solidariedade e amor.
Da.
Maria, benzedeira,
procurada por todos para curar ou amenizar a dor.
Sá Lódia, o nome me soa aos ouvidos com
muito carinho, mas sinceramente não me lembro da fisionomia dela, embora o nome
está presente na minha memória.
Tuniquim, nosso saudoso amigo que trabalhava
com fumo para o Zé Vieira, que com sua singeleza, passava bons conselhos para
nós: Foi uma grande figura.
Sr. Nilo, pequeno, cheinho, simpático sempre
com seu banjo, parece vê-lo hoje, sorrindo no seu terno marron claro. Sua
fisionomia permanece nítida nas nossas recordações.
Zé Mineiro, com sua clarinete,tocando na banda
e nos carnavais de Sapé.
Alda Simões, da padaria tocando seu bandolim,
esperando pelo seu amor platônico ( acho que na época era Sr. Nicodemos).
Odilon Reis, com seu violino tocando na Igreja
Sant’ Ana na época do padre Oscar de Oliveira que pediu para colocar seu jazigo
na entrada à direita da igreja.
Zé do Fio, metido a galã de ” Hollywood “ era
um bom vivan, criatura boa e engraçada, se dizia parecido com Clark Gable;
fazia colchões e morava no fim da rua Santa Cruz.
Bigica, que nos encantava com sua amizade
e sua voz, não tive a alegria de vê-lo
novamente. Soube que já partiu grande amigo meu, de Toninho e de mil outros
amigos.
Sr Trajano e Da.
Nininha, a farmacêutica
que por muitas vezes no lugar do remédio, me dava grandes doses de conselhos.
Seu Elísio, um dos primeiros homens
empreendedor de Sapé, linha de ônibus, posto de gasolina, padaria, armazém,
comprador de safras de café de cebola, de manga e de outras atividades. Não
podemos esquecer o motorista Virgilio que nos levava para estudar em Ubá numa
viagem rápida de 4 a
7 horas nos dias de chuva, e hoje 15
a 20 minutos.
Mariozinho, nosso companheiro, que apostou no nosso casamento,
uma aventura de no maxímo 2 anos?????
Zé Ferrerinha, onde sua barbearia era ponto de
encontros, guarda recados guarda volumes, e até cabeleireiro.
Toninho, meu cunhado onde mantinha seu
escritório na cabeceira da ponte do rio Chopotó.
Sebastião Cruz, o inesquecível. Para comentarmos
sobre as memórias desta criatura, só escrevendo um livro,pois as recordações
são inúmeras.
Lincoln “peru”, que tinha o único carro de aluguel,
um big. Ford 29
Da. Sadina, minha guru, que muitos conselhos e
coisas boas me passou.
Severino Occki,
Auxiliadora, Ocacira, Renato,
grandes amigos que já se foram.
Conceição Vieira, minha colega no ginásio, nunca mais
a vi, sei que mora na mesma casa, no vai e volta.
Shirley, lembranças de quando estudávamos
juntas, me trouxe alegria quando aí passei.
Antonio Matos, Bebeto,
centenas de grandes
amigos e amigas que encontrei na ultima viagem a Guidoval e
em B.Horizonte no casamento da
Elisia.
Um
abraço a você, esposa e todos meus queridos conterrâneos. Foi verdadeiramente
um rodopio de saudades, isto é muito bom relembrar depois de 54 anos de
ausência.
Nilza (Q ueiroz de Oliveira Louzada)