quarta-feira, 25 de junho de 2014

Coisas que eu guardei - sabor de infância



Coisas que eu guardei - sabor de infância
Gosto bom!

Maria Das Graças Santos Carmo

Os pés- de moleque da vó Feinha. Chicletes que mascávamos durante as missas de domingo comprados no bar da esquina com o dinheiro que deveríamos dar no ofertório.

Ler o jornal de cabeça para baixo que estava em cima do balcão da padaria, na rua do Fundão, enquanto esperava o pão que vinha quentinho lá de dentro.

Cortar cabelo com a tia Ruth quando ela ia a Guidoval.

Os remédios do dr. Mário para combater os vermes.

Os bicos-de-bala da tia Maria do Carmo.

Os doces que vó Jovita guardava no seu quarto. A "manteiga com pão" que tia Lourdes preparava para o Carlinhos no café da manhã.

Aulas de Matemática com o Fabiano na casa da vó Jovita.

Venda dos Estulano. Grampinhos de cabelo comprados na farmácia do senhor Heraldo.

Os brinquedos da loja da Sinhaninha. Comprar tecido era na Casa Sampaio.
Barracas das festas de Sant'Anna na esquina do Fundão com a Rua do Campo.

Os doces e licores nos aniversários do padrinho Mundico.

As cédulas dos candidatos políticos que minha vó Feinha guardava debaixo da toalha da mesa.

A folhinha do Coração de Jesus pendurada na porta do quarto.

O Paulinho debruçado sobre a mesa, em cima do prato de cajuzinhos, nas festas de aniversário.

Circo do Bartollo.

O piano de Lili.

A alta-costura de minha mãe.

A escada e os postes escalados por meu pai Benjamin.

O café com leite da noite preparado por minha avó. O amendoim que meu avo debulhava para fazer os pés-de-moleque.

A fogueira e o mastro de Santo Antônio nos aniversários de meu avô Tianinho.

Centro Espírita na Rua do Sacramento.

A despedida dos primos, que moravam fora,no final das férias de julho...

Era infância! Tudo era tão doce!

Gosto bom até hoje!

O que não contei, continua tão doce quanto.

Um comentário:

Plinio Augusto disse...

Realmente tudo o que a Maria das Graças comenta são também sabores e lembranças muito gratas para mim. Começando pela D. Feinha, dela não somente tenho uma boa lembrança como também uma gratidão por um feito muito importante para mim, que veio através dela. Não sei quantos sabem, mas a D. Feinha era uma rezadeira de muito poder. Uma de suas especialidades era o Responsório de Santo Antonio. No ano de 1980, precisamente no mês de maio, depois de retornar de uma viagem a trabalho da cidade de Minas Novas - MG, constatei que a minha gaita de boca havia desaparecido. Sempre a levava comigo na minhas viagens, mesmo que não fosse soprada nem uma vez. Mas, era uma companhia. No mês de junho seguinte fui a Guidoval e visitei uma grande amiga, a Cesarina Coelho, irmã do Vianelo Coelho da Serra da Onça. Lá ela me comentou que pouco antes de eu chegar ela tinha recuperado uma toalha bordada que desaparecera no dia do velório da sua mãe, a D. Júlia, seis meses depois que mandara "Responsar para Santo Antonio", como se dizia, ou ainda se diz. Eu ainda sentia a falta e tinha uma tristeza pela perda da minha gaita, não somente pela qualidade do instrumento, uma Honner alemã, mas também por se tratar de um presente que meu pai me dera no ano de 1963. Pensei também em mandar "Responsar". Ao retornar para a casa da minha tia Gildinha perguntei-lhe se sabia de alguém que rezasse o tal Responsório. Imediatamente ela me disse que a sua vizinha, a D. Feinha o fazia. No mesmo ritmo me dirigi à casa dela que prontamente se dispôs a fazê-lo. O tempo passou e em fevereiro de 1981 me mudei com a família de Belo Horizonte para Brasília. Lá pelo mês de abril o meu filho Erick havia escrito uma carta para a sua professora primária da escola Ondina Amaral em Belo Horizonte. Perguntei-lhe como a enviaria se não tinha o endereço. Ele então me respondeu que tinha e estava numa bolsa onde eu guardava umas cartas de antigas de namoradas, uma bolsa fina, que eu mesmo acondicionara em uma caixa juntamente com cobertores novos na época da mudança. Ao colocá-la na caixa nada havia de especial. Mas logo ao tomá-la em busca do endereço, notei um peso diferente. Ao abri-la, a surpresa: lá estava a minha gaita, um ano depois do seu desaparecimento. Não havia recebido visitas nesse período. Um fato realmente inusitado. Sem explicação convincente. Somente o Responsório de Santo Antonio, rezado pela D. Feinha. Milagre? Não sei o que responder. Mas sei de pelo menos mais dois casos de coisas desaparecidas e que reapareceram depois do "Responsório de Santo Antonio". Quanto aos demais relatos, sempre tive estreitas relações de amizade com a sua família. Tinha longos papos com a D. Jovita que me dava muita atenção, eu apenas com quinze ou dezesseis anos. Da D. Ruth, já fiz diversos comentários. Do Sr. Benjamim, me lembro dele em dias de chuva, depois dos relâmpagos, subindo nos postes para religar a chave caída, a fim de que a cidade não ficasse sem luz. Do Mundico, também ja comentei como ele aprontava não somente com crianças mas também com adultos. Ele, por si só merece um estória de muitas páginas. Uma última que me disse em sua casa quando lhe perguntei pelo seu cunhado Benjamim, respondeu assim: "como dizia o Quinzim Pinto, morreu, mas está bem". Também me lembro bem da lojinha da D. Sinhaninha e do circo Bartolo. A garotada pré adolescente era encantada com a atriz trapezista "Mascotinha". Que bom que sempre alguém nos faz recordar coisas boas da nossa terra.