sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sandra Starling – uma mulher de coragem e caráter



Sandra Starling – uma mulher de coragem e caráter

Fundadora do PT,  ex-deputada federal Sandra Starling, Ministra do Trabalho no governo Lula, condecorada com a Medalha do Mérito Naval Almirante Tamandaré, Sandra Starling diz que é preciso ter coragem para enfrentar os 12 anos de governo “em que o PT se julgou a consciência política do Brasil”, mas foi tão corrupto quanto os demais.

Publicou no jornal O TEMPO, onde escreve regularmente, o artigo Meu voto critico em Aécio é um veto ao voto a Dilma”.

A ex-líder do partido na Câmara disse que a censura sobre o IPEA foi a gota d’água. Segundo ela, os dados do IPEA tornariam oficial o que todos já sabem “a desigualdade social não diminuiu” e a lógica da presidenta Dilma é a mesma do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto que pregava esconder números que não favorecem o governo.

Militante do PT por mais de 30 anos, a professora, advogada e cientista política Sandra Starling desfiliou-se do partido que ajudou a fundar após a direção nacional da legenda impor, em 2010, ao ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel que cedesse a candidatura ao governo de Minas ao senador Hélio Costa (PMDB).

Starling, que foi a primeira mulher a disputar o governo mineiro e já se elegeu deputada estadual e federal pelo PT, afirma que o partido agora está refém de algumas pessoas que ocupam a executiva nacional e, principalmente, das vontades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Naquela época, justificou em artigo, a decisão dizendo que não se curvará "à imposição de quem quer que seja dentro daquele que foi meu partido por tantos e tantos anos".

- Pensei que ficaria no PT até meu último dia de vida. Mas não aceito fazer parte de uma farsa: participei de uma prévia para escolher um candidato petista ao governo, sem que se colocasse a hipótese de aliança com o PMDB. Prevalece, agora, a vontade dos de cima - afirmou.

Em entrevista ao GLOBO, a ex-petista diz que deixou o partido "com a dor da mãe que deixa um filho", mas afirmou que não haveria mais condição de permanecer na legenda após a imposição em nome da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência - o PMDB teria exigido a candidatura em Minas como condição para apoiar a ex-ministra.
- A decisão foi tomada na cabeça do Lula. Isso é caudilhismo e ditadura, com a justificativa de permanecer na Presidência. Mas é preciso permanecer na Presidência para melhorar o que está aí. Não para piorar – disparou.

O PT vai destroçando, e abandonando, os companheiros ao longo do caminho.
Lembrarei de apenas alguns, emblemáticos, como o Hélio Bicudo, Fernando Gabeira, Heloisa Helena e Marina Silva.

Votarei, convicto, no Aécio, assim como criticamente votará a Sandra Starling, cujo artigo transcrevo abaixo:


MEU VOTO CRÍTICO EM AÉCIO É UM VETO AO VOTO A DILMA

Sempre gostei de aprender.

E ontem aprendi com o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, que resolveu, ao contrário de mim, dar um voto crítico em Dilma e um veto ao Aécio. Lembrei-me do tempo em que juntos lutamos (nós e o PSDB) contra o Collor e fizemos o abraço na Av. do Contorno e na campanha de vestir- se preto contra o Presidente que sofreu o impeachment.

Vou fazer o contrário do Freixo. Quero ter a coragem de enfrentar esses 12 anos em que o PT se julgou a consciência política do Brasil e no qual fez e aconteceu como os demais, em tudo, – para , afinal, me deter na censura ao IPEA porque o IPEA, órgão do próprio governo, não demonstrou o que todos os que pelejam para entender este país já percebiam: a desigualdade social não diminuiu a ponto de ser significante do ponto de visto estatístico – logo, na lógica da Dilma Rousseff, que se parece à de Delfim Netto na ditadura, deve-se esconder os dados que não são a favor do partido que nos agrada.

Não compactuo com esse tipo de método.
Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser “idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me abster.

Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de que venha a aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo.

Qualquer que seja o resultado, para mim, terei cumprido meu dever de brasileira: arrisquei a perder ou a ganhar – para os outros que sofrem, não para mim, porque nada tenho a perder.

Bom voto a todos no domingo.
(Sandra Starling, fundadora do PT, foi deputada federal e líder da bancada petista na Câmara.)

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