Sandra Starling
– uma mulher de coragem e caráter
Fundadora do PT,
ex-deputada federal Sandra Starling, Ministra do Trabalho no governo
Lula, condecorada com a Medalha do Mérito Naval Almirante Tamandaré, Sandra
Starling diz que é preciso ter coragem para enfrentar os 12 anos de governo “em
que o PT se julgou a consciência política do Brasil”, mas foi tão corrupto
quanto os demais.
Publicou no jornal O TEMPO, onde escreve regularmente, o
artigo “Meu
voto critico em Aécio é um veto ao voto a Dilma”.
A ex-líder do partido na Câmara disse que a censura sobre o
IPEA foi a gota d’água. Segundo ela, os dados do IPEA tornariam oficial o que
todos já sabem “a desigualdade social não diminuiu” e a lógica da presidenta
Dilma é a mesma do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto que pregava esconder
números que não favorecem o governo.
Militante do PT por mais de 30 anos, a professora, advogada
e cientista política Sandra Starling desfiliou-se do partido que ajudou a
fundar após a direção nacional da legenda impor, em 2010, ao ex-prefeito de
Belo Horizonte Fernando Pimentel que cedesse a candidatura ao governo de Minas
ao senador Hélio Costa (PMDB).
Starling, que foi a primeira mulher a disputar o governo
mineiro e já se elegeu deputada estadual e federal pelo PT, afirma que o
partido agora está refém de algumas pessoas que ocupam a executiva nacional e,
principalmente, das vontades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Naquela época, justificou em artigo, a decisão dizendo que
não se curvará "à imposição de quem quer que seja dentro daquele que foi
meu partido por tantos e tantos anos".
- Pensei
que ficaria no PT até meu último dia de vida. Mas não aceito fazer parte de uma
farsa: participei de uma prévia para escolher um candidato petista ao governo,
sem que se colocasse a hipótese de aliança com o PMDB. Prevalece, agora, a
vontade dos de cima - afirmou.
Em
entrevista ao GLOBO, a ex-petista diz que deixou o partido "com a dor da
mãe que deixa um filho", mas afirmou que não haveria mais condição de
permanecer na legenda após a imposição em nome da candidatura de Dilma Rousseff
à Presidência - o PMDB teria exigido a candidatura em Minas como condição para
apoiar a ex-ministra.
- A
decisão foi tomada na cabeça do Lula. Isso é caudilhismo e ditadura, com a
justificativa de permanecer na Presidência. Mas é preciso permanecer na
Presidência para melhorar o que está aí. Não para piorar – disparou.
O PT vai destroçando, e abandonando, os companheiros ao
longo do caminho.
Lembrarei de apenas alguns, emblemáticos, como o Hélio
Bicudo, Fernando Gabeira, Heloisa Helena e Marina Silva.
Votarei, convicto, no Aécio, assim como criticamente votará a
Sandra Starling, cujo artigo transcrevo abaixo:
MEU VOTO CRÍTICO EM AÉCIO É UM VETO AO VOTO
A DILMA
Sempre gostei de aprender.
E ontem aprendi com o deputado Marcelo Freixo, do PSOL,
que resolveu, ao contrário de mim, dar um voto crítico em Dilma e um veto ao
Aécio. Lembrei-me do tempo em que juntos lutamos (nós e o PSDB) contra o Collor
e fizemos o abraço na Av. do Contorno e na campanha de vestir- se preto contra
o Presidente que sofreu o impeachment.
Vou fazer o contrário do Freixo. Quero ter a coragem de
enfrentar esses 12 anos em que o PT se julgou a consciência política do Brasil
e no qual fez e aconteceu como os demais, em tudo, – para , afinal, me deter na
censura ao IPEA porque o IPEA, órgão do próprio governo, não demonstrou o que
todos os que pelejam para entender este país já percebiam: a desigualdade
social não diminuiu a ponto de ser significante do ponto de visto estatístico –
logo, na lógica da Dilma Rousseff, que se parece à de Delfim Netto na ditadura,
deve-se esconder os dados que não são a favor do partido que nos agrada.
Não compactuo com esse tipo de método.
Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser “idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me abster.
Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser “idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me abster.
Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de
que venha a aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os
homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das
mentiras que a Dilma vem assumindo.
Qualquer que seja o resultado, para mim, terei cumprido
meu dever de brasileira: arrisquei a perder ou a ganhar – para os outros que
sofrem, não para mim, porque nada tenho a perder.
Bom voto a todos no domingo.
(Sandra Starling, fundadora do PT, foi
deputada federal e líder da bancada petista na Câmara.)
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