No Jornal de Guidoval, de 15 de outubro de 2006, Ano 4 - Nº 21, escrevi o artigo "Voz ao Vento".
Nele eu já falava em pintar a nossa cidade de Guidoval e nessa época não tinha enchente, tragédia, catástrofe. Tempos bons!
Como o próprio nome do artigo dizia era apenas uma “Voz ao Vento”. Ninguém prestou atenção. Reproduzo-o a seguir.
Voz ao vento
Tenho vários assuntos que gostaria de comentar. Faltam tempo e espaço. São palpites, sugestões, tempestade de idéias. Nem sei por onde começar. Vamos lá...
É preciso fazer Tombamento de prédios, casarões e fazendas do município. Tombar ao contrário do que se possa pensar, significa um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Já perdemos os casarões do Sebastião Reis, Juca Damato, Felismino, Pensão da Maria Pereira, Grupo Escolar Antigo, Prefeitura Velha, além da Igrejinha São José e Fazenda Santana (um crime). Ainda há tempo de salvar um pouco do nosso patrimônio.
Já tivemos em atividade, simultaneamente, duas bandas de música, hoje nenhuma. Faz falta uma Banda para nossas festas, batizados, coroações, alvoradas, procissões e até enterros. Corporações musicais ajudam na formação de cidadãos e até de músicos profissionais. O Ministério da Cultura tem um “Programa de Apoio a Bandas de Músicas” com doação de instrumentos, oferta de cursos de capacitação dos regentes. O telefone para maiores informações é (61) 3316-2126 ou (61) 3316-2104. Criar e manter uma banda é barato. Faz bem à alma da comunidade.
O conterrâneo José Jorge, do Zé Negueta, me telefonou sugerindo gravar um CD com músicas de guidovalenses. Registrar chorinhos do Sô Nilo, valsas e dobrados do Sô Tute, o samba sincopado de Josias do Pombal, canções carnavalescas de Vicente do Dario e Neto (Berkeley Silvério Gonzaga), sambas-enredo do Aloísio Pinheiro, Marcílio Vieira, Luizinho do Virgílio e Tarcísio Mendes. Perpetuar o “Gato Preto” do Zé Manga Rosa, a toada que o Zé Bento fez para os meninos da Memélia Ramos e Landinho Estulano. Imortalizar músicas da dupla sertaneja Canhoto e Carlito, do violeiro e repentista Oswaldo Soares, canções do Wanderlei do Duzin Vieira, Renatinho, Domingos Coelho, Cláudio do Chiquito e Marquim do Leon Denis. Eternizar a música que Odilon Reis fez em homenagem ao Mundico. É possível concretizar este projeto, basta somarmos ações do legislativo, executivo, empresários e comerciantes.
Uns anos atrás, passando na cidade de Guarará me chamou a atenção a enorme quantidade de casas recém-pintadas. Informaram-me que a prefeitura entra com a mão-de-obra e o proprietário com a tinta. É só fazer um cadastro das pessoas interessadas para priorizar a ordem de atendimento. Taí um bom exemplo a ser copiado. De quebra ainda daríamos serviço ao Jorge e Roberto do Tilúcio, Agnaldo e tantos outros pintores de nossa terra, que poderiam também ensinar o ofício a funcionários da prefeitura que, por ventura, encontram-se sem função.
No minifúndio de papel que me resta nesta página proponho a criação de uma pista de “cooper” na Rua Padre Baião até a Vila Trajano. Determinar aos proprietários para murar os seus lotes vagos.
Fazer calçamento e urbanização nas imediações do Monumento do Guido.
Canalizar todo o esgoto que é despejado no Córrego da Lajinha.
Gramar as encostas da Vila Trajano, plantando flores e até árvores frutíferas. Construir, pelo menos, um trecho de arquibancada no Campo do Cruzeiro.
Pintar de cal os meios-fios existentes. Embeleza-se a cidade com medidas simples e de baixo custo.
Descobrir a localização da Aldeia do Morro Grande onde moravam várias famílias dos índios Coroados, com um provável sítio arqueológico com utensílios e ossadas dos silvícolas, primeiros habitantes de nossa terra, a ser explorado turisticamente.
Criar, através de voluntários, cursos de artesanato, tricô, crochê, bordados, doces, salgados.
Alguns de nossos abnegados e magnânimos professores, em horários disponíveis, poderiam criar um cursinho intensivo gratuito, nos meses de outubro, novembro e dezembro, para melhor capacitar os nossos jovens alunos que queiram ingressar num curso superior em Ubá, Viçosa e Juiz de Fora.
Finalizando, ajardinar e florir as nossas praças, resgatar o nosso Canário da Terra, deixando pratos de canjiquinha, suspensos, espalhados pela cidade e transformar a frase “Guidoval, a mais mineira das cidades” do escritor Lúcio Cardoso em slogan oficial do nosso município.
abaixo, fac-símile de parte do jornal
Um comentário:
Bonito artigo,belos sonhos!!!!!
Sonho a mesma coisa para Leopoldina.Aqui a força da natureza não destruiu muito mais falta a força política ou melhor, a vontade política de florir a cidade.Falta-lhes a sensibilidade.... fazer o quê? Este artigo será sempre atual porque os políticos continuarão os mesmos.Lamentavelmente....
Maria José baía Meneghite
Jornal Leopoldinense
leopoldina
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