terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Reforma Política

artigo que escrevi há bastante tempo e publicado no jornal "Saca-Rolha"


Regresso mais uma vez a Guidoval, desta vez para votar. É sempre gratificante exercer este direito que a democracia nos proporciona. A prerrogativa de escolher através do voto os nossos legítimos representantes. Acrescente-se a esta satisfação o ar puro que respiro, antes mesmo da "curva do aeroporto". Sei que são os eucaliptos à beira da estrada, mas prefiro imaginar que seja a proximidade de Guidoval.

Tenho um amigo nascido na cidade de Tombos, Luiz Gonzaga de Freitas, que se ajoelha e beija o solo, gesto idêntico ao do Papa João Paulo II, toda vez que retorna a sua terra natal. 

Ainda não cheguei a tanto, mas não se surpreenda se me vir praticando ato semelhante.

Antigamente, antes mesmo de transpor o nosso raquítico e poluído Chopotó, eu saberia dizer qual propaganda política eu encontraria na casa de Eduardo Nicodemo Occhi ou na de meu pai, José Vieira Neto - Zizinho do Marcílio; ou ainda na casa de Francisco Moacir da Silva, o Sô Francisquinho. Isto só para exemplificar com estes saudosos prefeitos, todos residentes à Rua João Januzzi. Havia compromisso, respeito, fidelidade partidária.

Lembro-me muito bem da primeira investidura pública vitoriosa de meu pai quando se candidatou a vereador. O meu avô Marcílio, de outra facção política, foi até ao líder de seu partido esclarecer-lhe os motivos porque votaria, daquela vez, no seu filho Zizinho. Isto ocorreu em 1.972, numa eleição em que o partido de meu avô nem apresentou candidatos para concorrer e pregava o "voto em branco".

Meu avô por esta época tinha mais de 80 anos, uma vida ilibada, irrepreensível. Não precisava dar explicações a ninguém. E deu, gesto de gente com caráter. Coisas de antigamente.

Tínhamos orgulho do nosso partido, de nossos líderes. 

Como no hino do MENGÃO "uma vez Flamengo, sempre Flamengo. ". Valia para o PSD, PR, UDN ou PTB. Perdiam-se eleições, nunca a dignidade.

Hoje existe  uma "babel" de candidatos, pára-quedistas, aventureiros, "mandrakes" de todos os cantos destas geraes. Aparecem às vésperas das eleições, mercadejam com as lideranças municipais e comunitárias, compram uns votinhos e somem, por pelo menos quatro anos. Tornou-se natural, os votos serem trocados por um saco de cimento, uma cesta básica ou uma caixa d'água.

Neste quadro político promíscuo, sem comprometimento e lealdade, quem menos culpa tem é o ELEITOR, principalmente os mais humildes e carentes. São eles, entretanto, os mais pobres e modestos, os maiores perdedores ao permutarem o seu voto. Provavelmente estarão perdendo, no mínimo, uma vaga na escola para o seu filho estudar ou um leito no hospital quando um familiar adoecer.

Urge uma Reforma Política com a implantação do VOTO DISTRITAL misto, a Fidelidade Partidária, MENOS partidos políticos e MAIS IDEOLOGIA.

Nossas lideranças locais precisam parar de preocupar-se apenas com o seu umbigo e EMPENHAR com determinação para o desenvolvimento do município. Foi para isto os eleitores os escolheram.


Observação:
Hoje, ando tão desiludido com os políticos que não sou filiado a nenhuma agremiação partidária, portanto, não sou e nem posso ser candidato a nada.

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