quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Spix - Martius - Coroados - Marlière

Em 1817, a Princesa Leopoldina chegou ao Brasil para casar-se com D. Pedro I.

Junto a ela, veio a Missão Artística Austro-Alemã, com um grupo de artistas e cientistas.

Dentre eles, estavam o médico, botânico e antropólogo Martius (Carl Friedrich Philipp von Martius) e o zoólogo e naturalista Spix (Johann Baptiste von Spix).

Durante 3 anos, eles viajaram pelo Brasil, percorrendo mais de 10 mil km, realizando inúmeras descobertas científicas, identificando 6.500 variedades da flora, 85 espécies de mamíferos, 350 de aves, 130 de anfíbios, 146 de peixes e 2.700 insetos.

Este trabalho científico resultou no livro “Reise in Bresilien”, editado na Alemanha e traduzido no Brasil com o nome de “Viagem pelo Brasil – Spix e Martius (1817 - 1820)”.  São três volumes.

O saudoso Dr. Aulo Marcos de Meireles, na década de 70, doou os três volumes à Biblioteca Municipal de Guidoval.

Os dois cientistas, Spix e Martius, conheceram Guido Marlière em Vila Rica e depois visitaram-no em sua fazenda “Guidowald”.

No Volume I, Capítulo II, à página 232, tem a descrição dessa visita.

Abaixo, transcrevo uma síntese adaptada.


 Visita dos cientistas Spix e Martius a Guido Marlière

No dia 10/04/1818, partiram, de manhã bem cedo, do Presídio São João Batista, em companhia de um soldado, para “Guidowald” (Fazenda do Guido Marlière).

Perto do meio-dia, chegaram à vizinhança da Aldeia do Morro Grande, onde habitam diversas famílias de Coroados.

Aconselhados pelo soldado que também servia de guia, tomaram um atalho para ir até a aldeia. Deixaram as mulas e as armas próximo à fazenda de um branco.

Só a confiança na experiência do guia os manteve na picada de muitos volteios, até que afinal chegamos à região mais clara, junto de um regato, no qual avistaram uma índia nua, toda pintada, com desenhos de tinta azul – escura.
Ela banhava-se e assustou-se com a chegada dos cientistas.
(...)
Eram as suas choças construídas na terra nua sobre quatro pilastras de doze a quinze pés de altura, e de uns trinta a quarenta pés de comprimento. As paredes, de ripas amarradas com cipós e às vezes  rebocadas com barro, eram de duas alturas de homem, tendo as aberturas munidas de portas móveis de folha  de palmeira. O teto era feito de folhas de palmeira e palha de milho; do lado do vento eram fechadas as choças, ou, quando abertas, o teto descia mais abaixo nesse lado. Em cada uma das choças havia fogões em diversos lugares, para as diferentes famílias que ali moram. Algumas cabanas tinham forma de tenda, feitas só com folhas de palmeira. Para saída da fumaça, não havia outra abertura, além do teto e das portas. Redes fabricadas com fio de algodão, que substituem cama, cadeira, mesa, estavam suspensas, em volta, dos mourões da choça; constituem os principais trastes da casa e servem freqüentemente de cama  comum para marido, mulher e filho.

Algumas panelas de barro, cestas de fibra de palmeira trançada, cheias de batatas, milho, raízes de mandioca e outros produtos do mato, cuias com tinta de urucu e de jenipapo, um tronco cavado para nele socar milho, era tudo que constava dos apetrechos domésticos. As armas dos homens, arco e flechas, estavam por ali, encostadas às paredes.
Na choça do chefe via-se pendurado um chifre de boi com a extremidade cortada, por meio do qual ele dá aviso à sua gente, espalhada pela vizinhança, da chegada de um branco, ou de outro qualquer acontecimento, e chama-os para festa ou para a guerra.


 #  #  #  #  #   #

Pela narrativa acima ficamos sabendo de uma grande aldeia dos índios Coroados.

Existe, pois, a possibilidade de existir um sítio arqueológico com vestígios dessa aldeia (objetos, apetrechos usados pelos Coroados, etc...)

Fica à esquerda da estrada que liga Guidoval a Dona Euzébia.

É bem provável que seja próximo aos terrenos que pertencem ou pertenceram ao Dario Severino.  Pode ser também na região da Barreira.

É preciso achar este local.

Isto pode gerar divisas ao nosso município, transformando-se numa fonte de turismo para a região, com as nossas belas serras, plataforma de asa-delta, cachoeiras e fazendas, além do monumento do Guido na Serra da Onça.

É preciso que autoridades federal, estadual e municipal, pesquisadores, arqueólogos, paleontólogos, antropólogos e até mesmo Indiana Jones amadores pesquisem e localizem este sítio arqueológico.

Será muito bom, economicamente, para Guidoval e região.

Nenhum comentário: