Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças—tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
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Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
Alberto Caeiro é considerado o mestre dos heterônimos de Fernando Pessoa, apesar de sua pouca instrução.
Poeta complexo e enigmático, ligado à natureza, despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar retira a visão, não o permite ver o mundo tal qual ele lhe foi apresentado: simples e belo.
Afirma que ao pensar, entra num mundo complexo e problemático, onde tudo é incerto e obscuro. Abaixo LINK para alguns os poemas do heterônimo, alguns compilados em livros como O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso, Poemas Inconjuntos e Fragmentos.
Nota: Alguns poemas são pequenos fragmentos de poemas maiores.
Para ler mais poesias escritas por Alberto Caeiro é só acessar http://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Alberto_Caeiro
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