quinta-feira, 8 de março de 2012

FORROBODÓ DO SALIM

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O Salim me convidou
Para um forrobodó
Na casa da sua vó
De colete e paletó

Meti um terno
Fui "praquele" cafundó
Vi uma morena só
Garganta deu um nó

Puxei conversa
Mais de esperteza do que dó
Ela sorriu...
Gostou do meu gogó

Fomos pro alpendre
Comendo pão-de-ló
Quando latiu prá mim
O vira-lata Totó

Nem pestanejei
Meti-lhe o pé no fiofó
O dono apareceu
Trazendo um enorme cipó

Nem quis explicação
Saber de trolo-ló
Formou-se a confusão
Um enorme qüiproquó

Pernada, rasteira,
Levantando o pó
Nego rolando ribanceira
Até o Chopotó

Mulheres rezando
À Nossa Senhora do Ó
O sanfoneiro muito vivo
Atacou novo forró
Sabedoria de Salomão
Paciência de Jó

Já avisei para o Salim
Não volto mais
No forrobodó da sua vó

Músicos
Voz: Paulo Loureiro
Violão: Geraldo Vianna
Baixo: Milton Ramos
Bateria: Esdra (Neném) Ferreira
Percussão: Ricardo Cheib
Teclados: Clóvis Aguiar


    Rapsódia negra

 
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É noite de São João,
É noite de lua cheia,
Lá fora faz frio.
Em torno do fogo aceso no terreiro,
vindos do Congo e da Guiné,
Crioulos e crioulinhos,
caboclos e cabranazes,
dançam e se misturam
aos sons dos rapapés
com o som dos instrumentos mais exóticos

Zunem, zunzunem os tambus e os urucungos,
zinem berimbaus,
gritam estrídulos apitos,
troam tambores, reco-recos e timbales,
ouvem-se chios de chinelos e de caixas,
cascavelhadas de chocalhos rechuchados,
rugidos e remugidos,
rouquidos e zangarreios,
grulhos, grugrulhos,
de cangueiras e de canzas,
de puítas e de marimbas,
zonzons de embiaxós.

Picando o passo,
o dançador desarticula-se,
saracoteia, cabriola,
regamboleia, e perereca,
e se distorce,
e desconjunta-se
em tremuras epilépticas,
em contraturas espasmódicas, tetânicas,
como o doente, quando dá o tângoro-mângoro,
e ficam zangaralhões,
bambalhamassas,
trangalhadanças.
Como as corujas, como os corvos crocitando,
em uivos surdos, em regougos agoureiros,
de cururus, jacurutus e noitibós,

Lúgubres, fúnebres, soturnos,
se misturam os zumbos dos urucungos e os rufos dos timbatus.
Trinam, tinindo, campainhas retínulas . ..
Há rataplãs, tantãs de tamborins,
roucos tutuques de zabumbas e ritumbas
— e o batourar, tamborilando, interrupto,
no babaréu das mussambas, o barundum dos atabaques.
Em trepe-trepe, em trape-trape, em teque-teque,
em estralada estrepitosa, estrondeante,
taraz-baraz, quadrupedando,
estrupidante, rugitando, em rugibó,
estalido e sapateio,
retumba o mundo africano,
trabuca o cateretê!

texto de Martins Fontes
adaptação e interpretação do Prof. Ibsen Francisco de Sales – SALIM

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