São Félix e Santo Adauto (dia 30 de agosto)
De acordo com uma antiga biografia, Felix e Adauto nasceram no século
III e sofreram o martírio no princípio do século IV, provavelmente por
volta do ano 304. Felix era um sacerdote romano que foi condenado à
morte por ocasião da cruel perseguição aos cristãos, desencadeada pelo
imperador Diocleciano. Contam que, quando estava sendo conduzido ao
local onde seria executado, um desconhecido saiu do meio dos assistentes
e foi ao seu encontro. Chegando perto dos soldados, o desconhecido
exclamou em alta voz que também era cristão e, como tal, queria
participar da mesma sorte de Felix. Os soldados não tiveram dúvida.
Degolaram Felix e logo a seguir o desconhecido que havia audaciosamente
desafiado as leis do Império Romano. Como nenhum dos presentes conhecia a
identidade do desconhecido, ele foi simplesmente chamado de “Adauctus”,
palavra latina que significa adjunto, isto é, aquele que vai, que segue
junto. E Adauto ficou sendo o nome daquele que, junto com Felix recebeu
a coroa do martírio. O episódio permaneceu vivo na memória da Igreja
Romana que associou os dois mártires numa mesma celebração, a ponto de
alguns acharem que eles eram irmãos.
Os dois foram enterrados fora dos
muros da cidade e, mais tarde, o Papa São Sirício mandou construir uma
basílica sobre o túmulo deles. Essa basílica passou por restaurações e
ampliações ao longo do tempo e foi alvo de peregrinações até além da
idade média, quando foi devastada, caindo no esquecimento. Somente em
1903 a pequena basílica em que se encontravam os restos mortais dos dois
santos, foi definitivamente recuperada. Nela se encontra hoje um dos
afrescos mais antigos que se tem notícia, onde aparece São Pedro,
recebendo as chaves da Igreja, na presença de Santo Estêvão, São Paulo,
São Felix e Santo Adauto.
Hoje, no mundo pluralista em que vivemos, onde cada um busca um deus à
sua imagem e uma religião ao seu próprio gosto, São Félix e Santo
Adauto nos lembram que apesar de todos os perigos, vale a pena proclamar
ao mundo nossa fé em Jesus Cristo e, nem que para isso tenhamos que
enfrentar impérios poderosos como os do dinheiro, do poder e da mídia,
anunciar seu projeto, que é de vida para todos.
Os dois santos que
celebramos hoje nos desafiam com uma pergunta: Pode um cristão que cruza
os braços, que não se solidariza com aqueles que os dioclecianos deste
mundo condenam à morte, celebrar cristãmente a Santa Eucaristia?
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