Professor Ibsen Francisco de Sales
(Salim)
A primeira lembrança que guardo
do Professor Ibsen Francisco de Sales vem do final de 1963. Eu tinha 11 anos e o
professor nascido em 29 de janeiro de 1920 já completara 43 anos de idade.
Ele e o ex-prefeito José Pinto de
Aguiar (Zequinha do Casin) criaram um cursinho preparatório para “Admissão” ao Ginásio.
Terminava eu o 4º ano do grupo
escolar com a querida Profª Élvia Reis de Andrade. E com os ensinamentos destes
Mestres ingressei-me, em 1964, no Ginásio
Guido Marlière fundado pelo Professor Ernani Rodrigues.
E neste educandário tive o
privilégio de ter o Professor Ibsen Francisco de Sales lecionando Português.
A sala era composta de alunos
novatos e veteranos, repetentes contumazes. Ia de desatentos a rebeldes, de
tímidos a bagunceiros. Nada que uma boa reprimenda não controlasse a classe.
Aos mais afoitos ameaçava-lhes bater com uma gigantesca vara de talo ubá que
lhe fazia companhia. Intimidação esta nunca levada a efeito, mas o suficiente
para acalmar petulantes e assim poder explanar as suas inesquecíveis aulas. Para
se ter idéia do encantamento dessas aulas, até hoje são rememoradas por
saudosos alunos.
Em 1965 fui estudar no Colégio Agrícola de Rio Pomba, mas
quando em férias em Guidoval e aparecia uma oportunidade eu corria para
assistir às suas aulas. Quem não se lembra das encenações e histórias como a do
“ME DÁ MEU ANEL...” e outras invenções de sua mente criativa.
Quando ouvia alguém dizer “PRA
MIM FAZER”, Salim bronqueava desesperado, dizendo: “MIM NÃO FAZ NADA”. Aprenda
de uma vez por todas: “PARA EU FAZER.”
Ia esquecendo-me de dizer que
apesar do nome IBSEN, provavelmente em homenagem ao grande dramaturgo
norueguês, era mais conhecido pelo apelido SALIM,
alcunha adquirida, creio que, na infância.
Tempo passou, e de criança
cheguei à adolescência, tornando-se amigo do Salim na boemia, prosa, versos e
canções. E no início dos anos 70, em noitadas no Bar do Tio Oscar Occhi, juntos
com Sô Nilo, Sô Odilon Reis, Carminha do Virgílio, poeta José Geraldo, Zim do
Sô Nego e muitos outros amigos, proseávamos e cantávamos.
Um dos pontos alto do que poderia
ser considerado um “sarau musical” era quando o Salim recitava “Rapsódia Negra”. Ele transformou o fantástico
texto Martins Fontes, uma prosa em poesia onamatopéica.
Em 1.999, no site que fiz para a
nossa Guidoval, criei o “Cantin do Salim”
que pode ser acessado no link abaixo:
Nos próximps posts colocarei no
Facebook no Grupo “Quintal de Guidoval”
algumas informações sobre o meu saudoso amigo SALIM.
Em 19 de junho de 2001, enviei uma
correspondência à 14ª Câmara Municipal
de Guidoval sugerindo aos vereadores, que exerciam o mandato à época, o
nome do Professor Ibsen Francisco de Sales para receber o “Título de Cidadão Guidovalense”. E na Festa de Santana, daquele ano, a nossa Câmara Municipal lhe
homenageou outorgando-lhe o merecido título benemérito.
O Professor Salim já andava
adoentado e não pode comparecer à cerimônia e foi representado pelo saudoso
conterrâneo Ivo Câncio dos Reis, esposo da sua sobrinha Glorinha.
No dia 17 de setembro de 2001,
minha mãe telefonou dizendo do falecimento do grande mestre Salim. Não pude
comparecer ao enterro. Rezei minhas fracas, mas sinceras, orações por sua alma.
Que DEUS O TENHA E O GUARDE SEMPRE.
(Professor Ibsen Francisco de Sales e irmãos)
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