domingo, 31 de março de 2019

Coveiro Convicto (02 – Causos do Sapé)


Coveiro Convicto (02 – Causos do Sapé)

Na certeza de que seu familiar morrera envenenado, um conterrâneo nosso, conseguiu após três meses de luta na justiça, que fosse feito uma autópsia no corpo do cadáver de seu parente.

A perícia técnica chegou em Guidoval, subiu a Rua da Saudade e entrou o nosso campo santo, onde repousam saudosos antepassados e amigos apressados.

A autoridade da Medicina Legal solicitou ao coveiro para desenterrar o corpo da suposta vítima, suspeita de não ter falecido de causas naturais. Aliás, não compreendo este termo "morte natural". Para mim a morte é sobrenatural.

O coveiro, zeloso funcionário público municipal, não quis nem saber da ordem da autoridade e respondeu :

- Oiá , doutô eu sou pago para enterrar e não prá desenterrar defunto.

Não houve argumento suficiente para fazê-lo mudar a sua ideia.

Chamaram o, sempre disposto, Zé Carangola que executou o serviço.

O coveiro, como todo bom curioso, acompanhou de perto todo o trabalho.

Eu até acho que o coveiro está certo.

Coveiro é para enterrar. Para desenterrar talvez fosse necessário contratar um descoveiro. Ou dez-coveiros ?

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