quarta-feira, 20 de março de 2019

10 - SERTÃO PROIBIDO


10 - SERTÃO PROIBIDO

O Saca-Rolha de novembro de 1977 noticiou o Segundo Festival de Batidas e a Primeira Mini-Olímpiada Guidovalense que não vingou, não teve prosseguimento. Uma lástima, poderia ter se transformado em um grande sucesso. Por esta época não mais se via pelas nossas ruas o Congado do Benedito Medeiros, a Igrejinha São José, nenhum cinema, o Canário da Terra, tampouco o burro Piano que por muitos anos serviu com presteza a prefeitura. No dia 1º de maio de 1978 o Ginásio Guido Marlière comemorou JUBILEU DE PRATA com um desfile inesquecível. Vingou o ideal do clarividente Professor Ernani Rodrigues. A programação durou três dias e teve futebol, gincana, baile, churrasco e Festival de Chopp.
Valho-me dessa ocasião para homenagear aos nossos mestres lembrando de Nadir Cunto Simões, Eurídes e Élvia Reis Andrade, Carmem Cattete, Mariana de Paiva, Célia Teixeira Albino, Jesuína Simões de Mendonça, Cecília, Conceição, Glorinha, Marta e Vésper Vieira, Zilda de Araújo Mendonça, Arlete Avidago Andrade, Odete e Glória Queiroz, Olga, Zuleika e Marta Ribeiral, Kerma da Cunha Benini, Eneida Pereira, Graça Bressan Geraldo, Dalva Franco, Inês e Terezinha Geraldo, Vera Oliveira, Mª de Lourdes Bressan, Luiza Rosa Occhi, Nicolina Martins de Castro, Ivone Vieira Pereira, Lyra Araújo Porto, Ester Reis, Dionísia Cardoso Pinto, Maria Marcília Vieira, Neli Marques de Oliveira, Sueli Vieira Gomes, Ana Marcília Ramos, Maria Raimunda, Soraia Vieira Queiroz de Souza, Elaine Ramos Vieira Pinheiro, Ibsen Francisco Sales, Joaquim de Freitas, Evandro Marques de Oliveira, Aristides Rocha, José Carlos Estevão (Carlinhos) e Renato Moreira da Silva, alguns dos nobres profissionais que consolidaram o ensino em nosso município.
Muitos professores poderão estranhar a não citação de seus nomes. Não foi proposital e sim esquecimento da minha fraca memória. Desde já peço desculpas pelo lapso involuntário. Afirmo a estes mestres que tal fato não acontecerá com os seus ex-alunos, pois como diz um texto que corre na internet, podemos não saber o nome das cinco pessoas mais ricas do mundo ou de dez vencedores do prêmio Nobel ou ainda os quatro últimos vencedores do Oscar, mas ninguém esquece dos professores que nos ajudaram na nossa formação, dos amigos que nos apoiaram nos momentos difíceis, das pessoas que nos fizeram e fazem sentir alguém especial. E depois disse Guimarães Rosa “Mestre não é quem ensina, mas quem de repente, aprende”.
O ano de 1979 foi fértil na vida de nossa cidade. Em janeiro, tornou-se realidade o sonho de Vasco Cândido dos Reis, inaugurando-se a Sociedade Esportiva 66 (SER 66). Nossas crianças não precisavam mais nadar na Ponte Guarani (Joca), na Cachoeira, nas pedras do Sô Nego ou na Prainha da Serra da Onça, sujeitando-se a adquirir uma cruel xistosomose. Tínhamos afinal um clube, fruto da obstinação e muito desprendimento do líder e idealista Vasco Reis.
No carnaval de 1979 a “Calouros do Samba” do Tilúcio trouxe para as ruas da cidade enredo denunciando a poluição do Rio Chopotó que terminava com os versos “Chora, Chopotó/Chora, meu povo / Nem que seja com lágrimas / Vamos regá-lo de novo.”
Infelizmente versos não regam rios. O jornal Saca-Rolha publicou matéria sobre a poluição, o Prefeito José Vieira Neto concedeu entrevista à TV Globo sobre o assunto, procurou insensíveis autoridades estaduais para que providências fossem tomadas a fim de reabilitar o nosso principal curso d'água, fonte de vida dagora e futuro. Tudo em vão. Mesmo a luta do MEG parece inútil. O nosso Rio Chopotó continua morrendo. É preciso urgente fazer um trabalho gigantesco, autoridades e comunidade, para recuperar os nossos córregos, revitalizar as matas ciliares, combater as erosões e assoreamento, impedir os desmatamentos criminosos, fazer parcerias com a Universidade de Viçosa, EMATER, IEF e Ministério do Meio Ambiente.
Em março de 1979, durante a administração do Prefeito José Vieira Neto, é inaugurado o asfalto Guidoval-Ubá, realização do então Governador Ozanan Coelho que ainda contribuiu para outros melhoramentos como a Ponte Guidoval-Rodeiro, próximo ao encontro dos rios Ubá e Chopotó, o prédio da atual Escola Estadual Mariana de Paiva, construção das 10 primeiras casas para necessitados na Av. Sebastião Ignácio da Costa.
O atento jornal Saca-Rolha, nesse mês, tece merecidos elogios ao Governador pela magnitude da obra. Dr. Ozanan, sempre presente em nossa terra, além de lutar pela emancipação política, foi um dos grandes benfeitores do município. Até hoje não fizemos uma homenagem que lhe faça justiça.
Por volta do meio-dia de 26/07/1981, à porta da Igreja Matriz de Santana, vão chegando jovens, já não tão jovens assim, para uma reunião combinada dez anos antes. São amigos de infância e juventude, conhecidos como a Turma da Santa Cruz. Foram os pioneiros a chegar ao topo Serra de Santana. Encontravam-se todos os dias durante as férias ou nos feriados e fins-de-semana. Conversavam, filosofavam depois saiam às ruas em serenatas às amadas e aos amigos.
O líder intelectual e espiritual do grupo era o Dr. Wilton Franco autor da linda bandeira do município. Médico, humano e humanista tinha sempre uma palavra amiga, um conselho ou um consolo para os momentos de angústia e aflição. Participava de todos os movimentos culturais, sociais e esportivos da cidade. Menos de 11 anos depois desse encontro a morte nos roubou o Dr. Wilton. DEUS, Senhor de tudo, também tem as suas preferências e quis a sua companhia mais cedo. 

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