quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MPB4 - trilha sonora de bons momentos de minha vida.


Morre aos 68 anos o músico Magro Waghabi, do MPB4 

Morreu, às 6h30m da manhã desta quarta-feira, o músico Antônio José Waghabi Filho, o Magro, do grupo MPB4. Magro, de 68 anos, que descobriu um câncer de próstata em 2002, fazia tratamento para metástase desde 2010. No dia 8 de junho deste ano, Magro fez sua última apresentação ao lado do grupo, que ajudou a fundar em 1963, em Natal, no Rio Grande do Norte. No dia 11 de junho, foi internado no Hospital Santa Catarina, em São Paulo, onde foi transferido para a UTI na última sexta-feira. 

Último a entrar para a formação original do MPB-4 - que ganharia este nome em 1964, um ano depois de nascer como Quarteto do CPC (Centro Popular de Cultura) - Antonio José Waghabi Filho, o Magro, se tornou peça fundamental do grupo ao assumir sua direção musical. Muitos dos arranjos vocais que tornaram célebre o conjunto foram criações suas.
Nascido em Itaocara (Nordeste do Estado do Rio), multi-instrumentista que se dedicou mais aos teclados, ele foi decisivo, por exemplo, para a concepção de "Roda viva", a música de Chico Buarque que o compositor apresentou ao lado do grupo no Festival da Record de 1967, conquistando o quarto lugar. "Roda viva" virou presença quase obrigatória nos shows do MPB-4 - que nunca encerrou suas atividades, tendo havido apenas a troca de Ruy Faria por Dalmo Medeiros em 2002.
Foi em 1965, em São Paulo, que o quarteto conheceu Chico. No ano seguinte, dividiram (também com Odete Lara) o palco da boate Arpége, no Rio, no show "Meu refrão". E pelo menos até 1974, no show "Tempo e contratempo", o MPB-4 e os arranjos vocais de Magro acompanharam Chico em quase todos os discos e espetáculos.
— Ele fez arranjos importantes para o Chico. O arranjo vocal de "Roda Viva" tem uma importância muito grande para a trajetória dessa música. É um exemplo de como um arranjo pode acrescentar muito ao resultado final — afirmou o violonista e maestro Luiz Claudio Ramos, que toca com Chico desde os anos 1970.
Amigos que conversavam frequentemente sobre arranjos, Luiz Claudio e Magro trabalharam juntos, no final da década de 1970, no show "Cobra de vidro", que o MPB-4 e o Quarteto em Cy apresentaram ao longo de dois anos. Complementares, os dois conjuntos vocais realizaram vários espetáculos e discos juntos.
— Estou muito chocada. Era um irmão nosso. E era o maestro do grupo. Foi sempre maravilhoso trabalhar com ele — disse Cybele Freire, do Quarteto em Cy, destacando também o talento na cozinha de Magro, que foi sócio do restaurante Razão Social, em Botafogo. — Ele fazia uma feijoada de amendoim como ninguém.
Ao mesmo tempo divertido e aguerrido, Magro contribuiu para que o MPB-4 consolidasse sua identidade como um grupo de perfil político durante a ditadura militar, mas também com espaço para o humor. Dentre os discos marcantes do conjunto estão "De palavra em palavra" (1971) e, sobretudo, "Cicatrizes" (1972), no qual os arranjos vocais de Magro sobressaím em faixa como "San Vicente" (Milton Nascimento/Fernando Brant) e "Partido alto" (Chico Buarque). O músico também assinou arranjos para outros artistas.
Magro descobriu um câncer de próstata em 2002. Após anos morando num sítio em Seropédica, na Baixada Fluminense, decidiu se mudar para São Paulo e intensificar o tratamento. Estava internado desde 11 de junho no Hospital Santa Catarina. Seu último show ocorrera três dias antes, em Natal. Miltinho, Aquiles e Dalmo passaram, então, a se apresentar sozinhos.
Último disco do MPB-4 com a participação de Magro, "Contigo aprendi" foi gravado no ano passado e lançado em julho. "Com ele vai junto uma parte considerável do vocal brasileiro. Com ele foi a minha música", escreveu Aquiles no site do grupo.
O corpo do músico será cremado nesta quinta-feira, às 11h, no Crematório da Vila Alpina, em São Paulo. Magro deixa mulher e dois filhos.
http://oglobo.globo.com/cultura/morre-aos-68-anos-musico-magro-waghabi-do-mpb4-5723149

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