O maior poeta vivo da nossa cidade é o José Geraldo, filho dos saudosos Isaías Geraldo e Dona Margarida.
Além de poeta, escritor, filósofo, comerciante, vendedor, empresário e empreendedor, o Zé, como carinhosamente o chamo, é um pai de família exemplar e avó carinhoso, um amigo incomum.
Nasceu do lado de lá do Rio Chopotó, município de Rodeiro.
É só um detalhe geográfico, pois é um guidovalense de fato e alma.
Em 1973 musiquei a sua poesia “Andorinha” e a inscrevi no Festival Ubaense de Música Popular (FUMP), idealizado pelo Miguel Poggiali Gasparoni. Ela foi classificada junto a mais duas composições de minha autoria. Chegamos à final, filmada pela antiga TV Alterosa. Mas isto é outra história.
Tive a sorte, na minha mocidade, de vivenciar a sua companhia, junto com o inesquecível Manoel Rufino (Zim do Sô Nego). Momentos de sabedoria e aprendizagem, regados a filosofia, viola, cerveja e prosear. Bons tempos do Bar do Tio Oscar (Occhi).
Abaixo, transcrevo poesias do José Geraldo:
Além de poeta, escritor, filósofo, comerciante, vendedor, empresário e empreendedor, o Zé, como carinhosamente o chamo, é um pai de família exemplar e avó carinhoso, um amigo incomum.
Nasceu do lado de lá do Rio Chopotó, município de Rodeiro.
É só um detalhe geográfico, pois é um guidovalense de fato e alma.
Em 1973 musiquei a sua poesia “Andorinha” e a inscrevi no Festival Ubaense de Música Popular (FUMP), idealizado pelo Miguel Poggiali Gasparoni. Ela foi classificada junto a mais duas composições de minha autoria. Chegamos à final, filmada pela antiga TV Alterosa. Mas isto é outra história.
Tive a sorte, na minha mocidade, de vivenciar a sua companhia, junto com o inesquecível Manoel Rufino (Zim do Sô Nego). Momentos de sabedoria e aprendizagem, regados a filosofia, viola, cerveja e prosear. Bons tempos do Bar do Tio Oscar (Occhi).
Abaixo, transcrevo poesias do José Geraldo:
ROBOT
José Geraldo
Corre! Grita o cérebro, corre tolo!
Anda, anda rápido bobo!
Corre, como máquina, o rolo.
Anda, como na estepe, o lobo.
Ontem a fera na caça à vítima
Hoje a esfera da raça lídima.
Faminta no deserto escuro,
Escravo do ferro e do aço duro.
O homem!... A máquina!.. Frenesi!
A fome!... a ilusão luzidia!...
O amor à máquina... a vida vazia.
Corre, grita ao cérebro, corre aqui.
Transmutação! Corre, corre!
Viva a ciência saturada
Tropeça, anda, cai e morre...
Foi homem... é máquina sagrada.
O tempo fumega e range,
No alto da torre e chaminé.
Corre, tolo! Grita a lâmina que tange,
O ferro bruto do cume ao sopé.
No altaraço o robô trepida...
Tem nas mãos o séquito sagaz...
A chapa da lei e da vida.
A tremular sangrenta e fugaz.
A lei é guerra atroz.
Corre, tolo! Corre agora!
Quem foi da sempre algoz,
Hoje máquina se enamora.
Ribombam motores que chegam,
Guincham homens e escondem,
Fugidios, moribundos, resfolegam,
O fumo mortal que produzem.
Corre tolo! Grita o cérebro, corre!
Sua essência agora controlada,
Vagueia louca, fundo e morre,
Na lama da vida programada.
Agora... corre fustigado,
Pelo aço que lhe persegue.
Caminha, trôpego e cansado
Para o forno, o seu albergue.
Só uma rosa, só
José Geraldo
Só uma rosa, só
no teu colo desnudo
deitada viçosa
viçosa calada.
O respirar profundo
de teu peito carnudo
sussura quase mudo
a só uma rosa, só.
Uma seara de espinhos
do amado e presente
Só uma rosa, só
no teu peito pungente.
Na primavera da vida
teu jardim floresceu
deu rosas queridas
que o verão feneceu.
Rosas na pedra, rosas em vão,
muitas promessas floridas
puras de amor, fingidas,
no jardim da ilusão.
Só uma rosa, só
guardas na tua lembrança
de jardim que sem dó
ceifou toda esperança.
Muitos jardins pela vida
dão rosas em profusão
Só uma rosa, só
permanece no coração.
Disse adeus e partiu
deixando só espinho
mas a rosa floriu
em meio do caminho.
Só uma rosa, só
da vida a colheita,
do jardim da existência
de ilusão tão desfeita.
Do colibri passa arredio
Só uma rosa, só
teu corpo permanece frio
volta o pássaro vadio.
Voa... paira... voa... paira
Só uma rosa, só
desce e beija
Só uma rosa, só.
Teu corpo estremece,
serpenteia, rola e derrama
uma lágrima que umedece
o ser desperto. O ser que clama.
A ave volta ao assedio;
Só uma rosa, só
enfim, ficou querida
preveu amor, deu guarida.
No chão pétalas de rosas e lágrimas
juntas, bem juntas lá
Só uma rosa, só
sorria da rosa... a rosa cá.
A rosa sorriu de cá
a rosa sorriu de lá
Só uma rosa, só
Só uma rosa pr’a mar.
Andorinha
Letra: José Geraldo / Música : Ildefonso
Bateu asas, partiu...
O vento ajudou a levar.
O vento, o vento ajudou...
Ajudou, ajudou a voltar.
Partiu, foi pra viver.
Viveu, viveu pra voar...
Voltou, voltou só pra esquecer,
Chegou, chegou só para amar.
O vento só levou...
O vento só buscou...
Só levou para salvar,
Só buscou, simplesmente por buscar.
Andorinha que não teve sorte,
Em suas andanças, em idas pro norte,
Morreu em busca da vida,
Enquanto viveu em busca da morte.
Bateu asas e fugiu...
O vento partiu pra não ver.
O vento se foi e sumiu...
Sumiu só para esquecer.
Saiu, saiu só para viver...
Voltou, voltou só pra sofrer.
Sofreu, sofreu só sem dizer,
Caiu, caiu só pra morrer.
Andorinha que não teve sorte...
O vento soprou só e fugiu...
O vento passou e não viu.
Passou, passou só sem buscar,
Passou sem ao menos chegar.
O vento voltou a ventar,
A asa parou de voar,
Voltou, voltou só a ventar,
Parou, parou só de voar.
Andorinha que não teve sorte...
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