Reforma
Política
Regresso mais uma vez a Guidoval, desta vez para votar. É
sempre gratificante exercer este direito que a democracia nos proporciona. A
prerrogativa de escolher através do voto os nossos legítimos representantes.
Acrescente-se a esta satisfação o ar puro que respiro, antes mesmo da "curva do aeroporto". Sei que são os
eucaliptos à beira da estrada, mas prefiro imaginar que seja a proximidade de
Guidoval.
Tenho um amigo nascido na cidade de
Tombos, Luiz Gonzaga de Freitas; que ajoelha e beija o solo, gesto idêntico ao
do Papa João Paulo II, toda vez que retorna a sua terra natal. Ainda não
cheguei a tanto, mas não se surpreenda se me vir praticando ato semelhante.
Antigamente, antes mesmo de transpor o nosso raquítico e
poluído Chopotó, eu saberia dizer qual propaganda política eu encontraria na
casa de Eduardo Nicodemo Occhi ou na de meu pai, José Vieira Neto - Zizinho do
Marcílio; ou ainda na casa de Francisco Moacir da Silva, o Sô Francisquinho.
Isto só para exemplificar com estes saudosos prefeitos, todos residentes à Rua
João Januzzi. Havia compromisso, respeito, fidelidade partidária.
Lembro-me muito bem da primeira investidura pública
vitoriosa de meu pai quando se candidatou a vereador. O meu avô Marcílio, de
outra facção política, foi até ao líder de seu partido esclarecer-lhe os
motivos porque votaria, daquela vez, no seu filho Zizinho. Isto ocorreu em
1.972, numa eleição em que o partido de meu avô nem apresentou candidatos para
concorrer e pregava o "voto em
branco".
Meu avô por esta época tinha mais de
80 anos, uma vida ilibada, irrepreensível. Não precisava dar explicações a
ninguém.
Tinha-se orgulho do partido e de seus
líderes. Como no hino do MENGÃO "uma
vez Flamengo, sempre Flamengo.". Valia para o PSD, PR, UDN ou PTB.
Perdiam-se eleições, nunca a dignidade.
Hoje existe uma "babel" de candidatos,
pára-quedistas, aventureiros, "mandrakes"
de todos os cantos destas geraes. Aparecem às vésperas das eleições, mercadejam
com as lideranças municipais e comunitárias, compram uns votinhos e somem, por
pelo menos quatro anos. Torna-se natural os votos serem trocados por um saco de
cimento, uma cesta básica ou uma caixa d'água.
Neste quadro político promíscuo, sem
comprometimento e lealdade, quem menos culpa tem é o ELEITOR, principalmente os
mais humildes e carentes. São eles, entretanto, os mais pobres e modestos, os
maiores perdedores ao permutarem o seu voto. Provavelmente estarão perdendo, no
mínimo; uma vaga na escola para o
filho estudar ou um leito no hospital
quando um familiar adoece.
Urge uma Reforma Política com a implantação do VOTO DISTRITAL misto, a Fidelidade
Partidária, MENOS partidos políticos e MAIS IDEOLOGIA.
Nossas lideranças locais precisam
parar de preocupar-se apenas com o seu umbigo e EMPENHAR com determinação para
o desenvolvimento do município. Para isto os eleitores os escolheram.
EM
TEMPO:
Eu pratiquei o voto distrital votando
Dirceu dos Santos Ribeiro e Saulo Coelho, políticos da nossa região.
Saulo com todo poderio econômico que
teve em mãos não o utilizou eleitoral ou politicamente para ser eleito, uma vez
que acabara de deixar a presidência
das Telecomunicações de Minas Gerais (TELEMIG). Apesar de
não ter sido eleito, honrou mais ainda o meu voto por não ter utilizado o expediente
de comprar "votos".
Esta babilônia, esta algazarra de
princípios partidários atingiu até na minha família. Minha irmã é delegada do
PFL, eu sou do PSDB e meu irmão milita
no PT.
(Ildefonso Dé Vieira – escrito em novembro/1998)
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