(trechos de e-mails de Therezinha Azevedo Cortés - 29/07/2010)
Muito embora tenha na época pertencido à comunidade como "Tarcisinhos" e posteriormente da Congregação das Filhas de Maria, até uma de suas presidentes, me recordo bem das noites de novenas, das Procissões, principalmente de Santa Teresinha, quando muito compenetrada, vestida como a Santa percorria as ruas algumas vezes debaixo de chuvas, até me lembro
agora, da ventania que levantava nossos véus.
Também me recordo das festividades, novenas dos leilões quando Zezinho arrematava bolos, frango já assado e levávamos para casa. Era aquela festa. E a festa de São Sebastião, sempre tinha prendas valiosas que eram leiloadas.
O mês de maio era aguardado com ansiedade pela solenidade das coroações à NOSSA SENHORA. Pela banda tocando na procissão que conduzia a coroadeira e todo um séquito de anjinhos de sua casa até á Igreja.
Ah! Como eram deliciosos os doces que recebíamos em cartuchinhos artisticamente confeccionados. E que deslumbramento para nós a criançada ver aquele chuveirinho luminosos dos fogos de artifício, cuidadosamente preparados pelo Zé Fogueteiro.
E as madrugadas quando ainda sonolentos subíamos na janela do quarto da Vovó para ver a banda passar. O badalar do sino anunciando o horário das missas, o ANGELUS, que mamãe nunca se esquecia de lembrar-nos da oração, mesmo se estivéssemos no mais animado jogo de amarelinha.
O que mais me marcou e sempre estou recordando são os muitos dos puxões de orelha que mamãe levou como presidente do Apostolado da Oração, por algumas vezes contrariar não totalmente princípios mas, ordens, decisões que nada mais eram que posicionamentos pessoais fruto de uma religiosidade que tinha como PAI, não um DEUS MISERICORDIOSO, e que Pe. Oscar com seu grande amor e zelo para com seus paroquianos seguia à risca, e qualquer deslize por menor que fosse, era pecado, não poderia receber a comunhão.
Um deles foi minha participação numa noite de Carnaval com a companhia de Emi, a filha de D. Daria e Snr,Agostinho (o farmacêutico, nosso vizinho).
Outra, foi conversar e aceitar fazer o vestido de uma das novas residentes da cidade. Na época em que foi aberta a casa lá da Rua do Alto, para acolher as chamadas moças de vida fácil, mas que não levavam vida nada fácil.
Vejo agora, que tenho ainda muito a recordar do nosso Sapé de Ubá, da vida de nossa família como Paroquianos de Sant’Ana, até das visitas do Vovô Amadeu, do Tio Afonso depois das missas.
Da participação ativa dos Tios Antenor, Horácio, Henrique na vida da Paróquia, nos leilões.
Me recordo com carinho das Tias Hortência, Neném, Corina, Tia Turca (a quem devo minha continuidade nos estudos) e da Tia Olga (que sempre me prestigiou) e Tia Maria, que sempre admirei como fiéis devotas do SAGRADO CORAÇAO DE JESUS, que tinham nossa mãe como Zeladora.
2 comentários:
Olá Terezinha,
Sou o Plínio Augusto, filho do Dr. Mario. Também tenho muitas recor-dações de fatos pretéritos da nossa terra. Lembro-me muito bem da maneira que a religiosidade ensinada e aplicada, pelos párocos de então, influenciava sensivelmente as nossas vidas. Com toda certeza você deve se lembrar das rodas feitas pelo Pe. João Chrisóstomo com a criançada, quase todas as tardes nas proximidades da igreja: “... urubú voa? voooa; passarinho voa? voooa; boi voa? e aquele que respondesse voa saía da roda".
Também tive certa vez que penar com uma sentença do Pe. João. Como coroinhas (acólitos), ajudávamos diariamente na celebração da Santa Missa e nos revezávamos nas atribuições. Mas a maioria gostava mesmo era de bater as campainhas no momento da consagração. A segunda função importante era levar até o celebrante as galhetas contendo a água e o vinho para a consagração. Os demais apenas repetiam as respostas em latim, ensinadas pacientemente pelo padre.
Entre os coroinhas da época estavam, além de mim, o Aulo, meu irmão, o Alcebíades e o Simeão da D. Bidica, o Manoel do Seu Elísio, e o José Maria do Seu Gilberto Henriques.
Numa disputa, salvo engano, com o Manoel, de quem levaria as campainhas, num certo dia, resultou uma discussão e o padre dando razão ao Manoel, me suspendeu das atividades por um mês. Somente permitiu a minha volta depois de eu lhe escrever uma carta, pedindo perdão e prometendo não repetir o ocorrido. Era severo demais.
Mas de você eu tenho uma recordação, não somente agradável, mas também muito importante: como aluno do Ginásio Guido Marlière, de saudosa lembrança, certa noite em sua casa na Rua Santa Cruz, estávamos eu, a Neusa Maciel e mais um ou dois colegas e você nos apresentou "O Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa" e nos ensinou como usá-lo. Foi você que me ensinou a usar o dicionário e creia-me: toda vez que utilizo um, lembro-me de você, mesmo que não nos tenhamos avistado mais desde a sua mudança para o sul do país.
Um grande abraço e um muito Feliz Ano Novo.
Plinio
Caro conterrâneo Plínio,
Tenho certeza que Terezinha apreciaria sobremaneira o seu texto, na mesma linha que o dela. Ambos mostram, para aqueles de nossa geração e para a de agora a evolução havida nas formas de visão daqueles que dirigem a Igreja. As mudanças benéficas havidas.
E mais a sua lembrança de que um ensinamento que lhe deu o faz se lembrar dela, como professor aposentado, e por conhecê-la, traz-me mais certeza que ela se sentiria muito bem, extremamente recompensada. É esse tipo de coisa que alegra e dá sentido a vida de um ex professor. Ser lembrado por ex alunos que seguiram bons caminhos na vida.
Um grande abraço.
João Bosco da Costa Azevedo
Lembro-me também das "rodas de boi voa".
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