Recebo do meu Amiguirmão Zé Maria de Matos e-mail onde relata e relembra conversas passadas, ocasião em que lhe falei de um samba que eu fiz para uma escola de Cataguases.
Na mensagem o Zé Maria me diz que o presidente da “Escola de Samba Luzu” se interessou em saber detalhes da história, deste samba que nunca foi para a avenida. Informou, ao Zé, que a “Luzu” voltará a desfilar no carnaval na cidade dos verdes, dos Peixotos, dos Abrittas.
Aí entrei no baú do tempo, busquei os bytes soltos na memória para chulear a história.
Corria o ano de 1.978. No Bar do (tio) Oscar (Occhi), o Zequinha do Pedro Dias me ouviu cantando “Salve, ó Chopotó! Salvem o Chopotó.” tema da “Calouros do Samba” para o carnaval do ano vindouro.
O Zeca, é como eu chamo o José Geraldo da Silva, me pediu para fazer um samba para uma escola de Cataguases. A sua esposa, Leninha, é filha do Sô Sete e Dona Josefina que moravam perto do hospital, próximo ao Bar do Montavani.
O tema era algo sobre os astros, astrologia. Não tive acesso a release, sinopses, prospectos para subsidiar a letra.
Em novembro de 1978, o mais famoso astrólogo do país, Omar Cardoso havia falecido.
Naquele tempo eu tinha a mania de fazer samba-enredo, vício aprendido com o amigo Chacal de São João Del Rei, depois que fizemos o “Quiumbandão” em 1975.
Acabei de postar (17 horas) no meu twitter (http://twitter.com/ildefonsovieira) “Fazer samba é fácil. Difícil é fazer samba bom”.
Lá fui eu fazer mais um samba inconseqüente. Saiu “Festa Zodiacal” que nunca chegou até a escola de samba de Cataguases, Não sei era a “Zulu” ou a “Luzu”. Na época existiam duas agremiações com estes nomes anagramáticos.
Em 1979, ocorreu a pior enchente da história de Minas Gerais até aquela data.
A Bacia do Rio Pomba com o seu glorioso afluente Chopotó inundaram cidades, causando destruição, prejuízos e mortes.
O carnaval, de rua, em Cataguases foi cancelado. Não teve desfile das escolas de samba. Nem Luzu, nem Zulu.
O irônico ou profético é que o samba que fiz para a “Calouros” de Guidoval, exaltava o Rio Chopotó, denunciava a poluição que o arrasava e pedia às autoridades providências.
O refrão dizia: “Chora, Chopotó, / Chora, meu povo, / Nem que seja com lágrimas, / Vamos regá-lo de novo”.
Naquele ano de 1979, nos dia 19 e 20 de janeiro, enquanto eu me casava em BH com a Lourdes, o pacato Chopotó inundou a nossa cidade, causando danos à cidade e à população.
E como providências não foram tomadas, passados quase 30 anos, o Chopotó, furioso, em 17 e 18/12/2008, quase arrasou a nossa cidade. Prejuízos incalculáveis.
E por que me lembro disso tudo?
É porque tenho amigos. E amigos não deixam a gente esquecer.
A amizade é o melhor remédio para Alzheimer.
Abaixo, pode-se escutar a canção “Festa Zodiacal” numa gravação caseira, “talequale” a letra e melodia.
É só clicar em PLAY.
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Festa Zodiacal (Os Astros)
Os astros iluminado a avenida,
Desta escola, que é a vida,
A luz do nosso carnaval.
Meia-Pataca tão querida,
De Rosário Fusco,
Lusco-fusco,
Astro da cultura mundial.
Vejam a previsão,
Que a nossa escola arrisca a fazer,
Quem não prega a paz de coração,
Muito arrisca a sofrer.
Omar, o mar, amar ao luar, | bis
As estrelas estão a nos contemplar. |
Amar gente de câncer não traz doença,
Me dê licença que eu quero amar,
No Ano Um da criança
Quero ver a balança
Da justiça funcionar.
A felicidade mora e povoa
Em todos os signos,
Não escolhe cara ou coroa,
Basta sermos dignos.
Omar, o mar, amar ao luar, | bis
As estrelas estão a nos contemplar. |
1.979 - Foi proclamado, pelas Nações Unidas, o Ano Internacional da Criança. O objetivo era chamar a atenção para os problemas que afetavam as crianças em todo o mundo, como por exemplo, a desnutrição e a falta de acesso à educação.
Canceriano - O autor do samba nasceu em 29 de junho, crente e bobo como todos que acreditam sem signos e horóscopos.
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