escrito por Dr. Rodrigo Marques de Oliveira
A Câmara dos Deputados aprovou na última quinta-feira, 11 de março, o projeto de lei que cria o marco regulatório sobre a política dos resíduos sólidos. A proposta segue agora para o Senado e cria o regime de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
De forma encadeada, serão responsáveis pelo destino do lixo fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos. Essa é a parte considerada mais inovadora do texto, pois todos serão responsáveis pelo destino final do produto e pelo cuidado com a preservação do meio ambiente.
Se for transformada em lei, a proposta dará um novo rumo à política de reciclagem no país. Os mais diversos tipos de embalagens, latas de refrigerante/cerveja/chá, garrafas plásticas (PET) se tornarão ainda mais protagonistas no processo da reciclagem, por estarem em maior proporção no lixo urbano. Os resíduos sólidos perigosos à saúde deverão ser recolhidos pelos fabricantes e revendedores. Entre os produtos que deverão ser tratados assim pode-se citar os pneus, lâmpadas, baterias e pilhas e produtos eletrônicos.
Em suma, a indústria da reciclagem no Brasil se prepara para se profissionalizar. Inclusive, atento aos estímulos fiscais já previstos no projeto.
Em meio a este avanço, Guidoval amanheceu em mais um dia de março com fumaça no céu e muita mosca! Desde a última nota publicada no Jornal Saca-Rolha Edição Nº 134 (Fev/2010), a situação da usina de triagem e compostagem de lixo de Guidoval piorou bastante.
O restante do telhado da usina foi retirado. Descobriram o escritório, refeitório e banheiros. Deixaram para trás vasos sanitários e pias. Ou seja, não foi um saque! Afinal, que ladrão roubaria sarrafos de madeira de baixa qualidade e deixaria a parte mais valiosa para trás?!
Uma nova remessa de lixo foi espalhada ao redor da área construída. Impressiona! A prensa usada até dezembro para montar os fardos dos recicláveis repousa isolada em meio à destruição. Descuidada!
As fotos em anexo retratam impressões do descaso. Lixo sendo arrastado pela enxurrada para o Rio Xopotó; escritório completamente descoberto e o lixão com as dezenas de urubus e a proximidade com o rio.
Sobre a nota que publiquei no Saca-Rolha com a dúvida “Retorno aos tempos de lixão?”, já temos a resposta. Retornamos! Guidoval tem novamente um lixão com muito urubu, mosquito, mal cheiro, poluição do Rio Xopotó e absoluto descaso político.
Há argumentos dos mais variados. “A usina tinha que sair dali porque precisava construir uma estação de tratamento de esgoto, EXATAMENTE, ali”. Para se ter um avanço, é necessário destruir o que já está funcionando? E se gasta dinheiro público à revelia?! E porque precisa ser exatamente ali?
Falam em construir uma nova estação de tratamento de lixo em direção à comunidade dos 11 amigos. Onde? Aquela é uma região de muita montanha. Topos de morro são áreas de preservação permanente pelas leis ambientais. E as poucas baixadas são contornadas pelo Córrego Guarani. E, novamente, pra quê mudar a atual usina de lugar sem um argumento ou projeto convincente?
“É rota de colisão para aviões de grande porte que descerão em Ubá, portanto precisa destruir a usina para acabar com os urubus”. Primeiro que o protocolo da usina possui regras para se evitar a presença de urubus por lá. A própria usina de lixo guidovalense não tinha urubus em seus tempos áureos. Segundo, que grande vôo poderá haver de modo a aeronave ter que manobrar por sobre Guidoval, para a seguir, corrigir a rota para pousar no campo de aviação de Ubá?!
E por aí seguem tantas outras espinafrações que em maior ou menor grau de absurdo são usadas como argumento absoluto e suficiente para a destruição dos avanços atuais, sob a alegação de que um dia algo de melhor virá... Enquanto isso, a saúde dos guidovalenses, o meio ambiente e a saúde do Xopotó ficam postos a segundo ou terceiro planos... E sem ser informada do porquê destas transformações e crimes.
Que tal esperarmos novos avanços então?! Qual será a próxima sugestão da pauta política? Demolir a igreja matriz de Sant’Anna?! Hum... ótimo. Ué! Por que o susto?! Uma nova virá, né?! Em “novos moldes, mais moderna (...) a verba já tá liberada...” Obviamente que este parágrafo é uma sátira. Vamos aguardar por novas benesses sim. Mas até lá, cuidemos do pouco que temos. Simples assim. Complicados são os homens. E ao que me parece, principalmente governantes ansiosos.
Para ver a nota anterior:
http://bloguidoval.blogspot.com/2010/02/utcl-retorno-aos-tempos-de-lixao.html
4 comentários:
Dé,
Fiquei triste com o que lí sobre o rio xopotó.É preciso e com urgencia que se faça uma campanha de conscientização da população,afinal,o excesso de sujeira funciona como um escudo para a luz do sol afetando o ciclo biológico do rio exterminando plantas e animais que nele vivem.
Aos guidovalenses vai aqui um conselho: 1-Não joguem lixo no xopotó.2-Não canalizem esgoto diretamente para o rio.3-Observem se alguma indústria está poluindo o rio e avisem as autoridades.Por falar em autoridades,e elas,já fizeram alguma coisa?
Abraços,
Maria José Baía Meneghite
Jornal Leopoldinense
Leopoldina mg
Maria, autoridades já foram avisadas (mas fique a vontade para reavisá-las) e: ou seguem avessas ao que acontece ou a morosidade nalguma burocracia impede que atitudes sejam tomadas rapidamente.
Não há argumentos. A chegada de possíveis novas benfeitorias à cidade não pode estar atrelada à destruição do que se funciona bem hoje.
Saímos de uma situação exemplar (necessitando de ajustes, mas exemplar) para um viés de destruição e descaso com as leis ambientais e as comunidades que dependem do Rio Xopotó.
Rodrigo Marques
Rodrigo,
É lamentável como certas decisões políticas interferem na vida das pessoas e principalmente na preservação do meio ambiente.Torço como guidovalense (ausente) para que a situação tome outro rumo.Aqui em Leopoldina onde moro, a atual administração junto à secretaria do meio ambiente está lutando para conseguir uma usina como a de Guidoval e dar assim um destino decente ao lixo.Na verdade ainda sou pela educação das pessoas
através de campanhas maciças e multas às empresas poluidoras.Trabalho na prefeitura de Leopoldina e por aqui há uma frase sempre usada."Cidade limpa não é aquela que mais se varre,é aquela que menos se suja"
Maria José Baía Meneghite
Jornal Leopoldinense
Leopoldina
Oi Maria! A usina guidovalense viveu tempos áureos. Hoje é uma construção abandonada, completamente inerte. Uma transição de poucos meses!
Um dos argumentos de hoje, que a "usina não comportava mais lixo" advém da falsa conduta administrativa dos últimos anos, mesmo após diversos alertas do MEG. Tentaram instalar lixões outras vezes e o MEG interveio para que não ocorresse.
Não basta ter a usina de lixo. É preciso utilizar o icms ecológico - R$10 a R$14 mil p/ Guidoval - em maciças campanhas de conscientização. Já monitoramos e Guidoval chega a produzir lixo per capita/mês superior à metrópoles como SP e RJ. Algo próximo a 1kg de lixo por pessoa, por dia. É uma monstruosidade.
Bom, não quero ficar "prevendo o passado", mas - sem as devidas campanhas - que este argumento usado pela administração guidovalense viria, disso "eu já sabia"! Abraço e continuem lutando para conquistar uma usina para vocês tb. É de um benefício imensurável para a cidade.
Rodrigo Marques
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