sábado, 27 de fevereiro de 2010

Chapeuzinho Vermelho


Se história da Chapeuzinho Vermelho fosse verdade, como ela seria contada na imprensa no Brasil?

Veja as diferentes maneiras de contar a mesma história.


Jornal Nacional

(William Bonner): “Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...”

(Fátima Bernardes): “... mas a atuação de um lenhador evitou a tragédia.”


Programa da Hebe

“... que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?”


Cidade Alerta

(Datena): “... onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não! “


Superpop
(Luciana Gimenez): “Geeente! Eu tô aqui com a ex-mulher do lenhador e ela diz que ele é alcoólatra, agressivo e que não paga pensão aos filhos há mais de um ano. Abafa o caso!'


Globo Repórter

(Chamada do programa): “Tara? Fetiche? Violência? O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente? O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com amigos e parentes do Lobo, em busca da resposta. E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das vítimas, que silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter.”


Discovery Channel

Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.


Revista Veja

Lula sabia das intenções do Lobo.


Revista Cláudia

Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.


Revista Nova

Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama!


Revista Isto É

Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.


Revista Playboy

(Ensaio fotográfico do mês seguinte): “Veja o que só o lobo viu”.


Revista Vip

As 100 mais sexies - desvendamos a adolescente mais gostosa do Brasil!


Revista G Magazine

(Ensaio com o lenhador) “O lenhador mostra o machado”.


Revista Caras

(Ensaio fotográfico com a Chapeuzinho na semana seguinte): Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: “Até ser devorada, eu não dava valor pra muitas coisas na vida. Hoje, sou outra pessoa.”


Revista Superinteressante

Lobo Mau: mito ou verdade?


Revista Tititi

Lenhador e Chapeuzinho flagrados em clima romântico em jantar no Rio.


Folha de São Paulo

Legenda da foto: “Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador”. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.


O Estado de São Paulo

Lobo que devorou menina seria filiado ao PT.


O Globo

Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente.


O Dia

Lenhador desempregado tem dia de herói


Extra
Promoção do mês: junte 20 selos mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho!


Meia hora

Lenhador passou o rodo e mandou lobo pedófilo pro saco!


O Povo

Sangue e tragédia na casa da vovó.


Correio da Bahia e TV Bahia

Menina usando um chapeuzinho vermelho é atacada por um lobo e não consegue atendimento em nenhum hospital do Estado. Governador não se manifesta.


O texto acima foi retirado de e-mail que circula pela internet (autor desconhecido?). É uma boa reflexão para não acreditarmos em tudo que a imprensa publica.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Santo Ildefonso

Meu avô materno nasceu no dia 23 de janeiro e chamava-se Ildefonso em homenagem ao santo do dia.
O meu nome é em homenagem ao meu avô.
Hoje, dia 23 de fevereiro, é aniversário do Virgilinho (Luiz de Oliveira Filho).
Enviei-lhe os meus parabéns. Recebi de volta uma linda "Oração a Santo Ildefonso" que transcrevo mais abaixo.
Que Santo Ildefonso proteja a todos nós!


Santo Ildefonso nasceu no ano de 606, em Toledo, no dia 8 de dezembro.
Um homem de oração, foi discernindo a vontade de Deus também nas perdas.

Ficou órfão e, em meio aos bens que possuía, fez de tudo para a construção de um mosteiro para religiosos.
Um homem de discernimento, que não quer dizer sem medo, sem dificuldades.
Os santos não foram super-homens, mas pessoas de carne e osso que foram se deixando transformar por Aquele que é o santo dos santos: Jesus Cristo.
Ele que, pelo poder do Espírito Santo, opera maravilhas no coração que se abre.
Santo Ildefonso, um coração aberto para as vontades de Deus, mesmo contra a própria vontade.
Aconteceu que o Bispo de sua localidade havia falecido e o povo o elegeu.
Ele se escondeu num convento, mas foi descoberto e aceitou este grande serviço para o povo de Deus.
Foi um grande instrumento de Deus e devoto da Santíssima Virgem.
Ele propagou a Festa da Expectação de Nossa Senhora, em 18 de dezembro – Nossa Senhora do Ó, como ficou conhecida. Fruto desse amor, ele recebeu a graça de uma aparição da Virgem Maria, chamando-o de “meu capelão” e presenteando-o com uma casula do céu. Assim diz o seu testemunho.
Um homem revestido de humildade, de vida, de oração na vida sacramental, por isso foi um grande pastor para o seu povo. Não evangelizou sozinho, pois os santos bem sabiam e continuam a saber o quanto nós precisamos uns dos outros para que a evangelização aconteça, para que muitos conheçam esse doce nome que tem nosso Senhor Jesus Cristo.
Os santos foram aqueles que se consumiram pelo Evangelho para que muitos conheçam Jesus Cristo.

ORAÇÃO A SANTO ILDEFONSO

Ao vosso amparo e proteção
nos acolhemos, Santo Ildefonso,
e suplicamos a vossa intercessão
para vencermos o pecado
e sermos perseverantes
na prática do bem.

Alcançai-nos o zelo de uma vida, segundo o Evangelho,
que seja testemunho de Jesus Cristo
e avivai em nós o desejo de crescermos na fé.

Abençoai as crianças e os jovens,
os adultos e os idosos.

Intercedei pelos doentes
e pelos que vivem sozinhos e abandonados.

Confortai os tristes e os aflitos
e encaminhai os errantes.

Fazei regressar
os que andam perdidos pela indiferença e pelo pecado.

Reconciliai os casais desavindos
e iluminai os que atravessam momentos de crise.

Dai aos pais
a coragem do bom exemplo
e a lucidez cristã
nas suas tarefas educativas.

Santo Ildefonso,
nós vos pedimos o dom da fortaleza
para vivermos e testemunharmos a fé,
com coerência e sabedoria,
no meio das dificuldades que nos rodeiam.

Alcançai-nos a graça especial
que cada um mais precisa,
segundo a vontade de Deus.

A vós, que viveis na glória eterna,
pedimos que livreis de todos os males,
espirituais e temporais,
o povo que vos é dedicado
e que nos conserveis na fortaleza da fé,
no conforto da esperança,
no serviço generoso aos irmãos
e no amor de Deus.

Santo Ildefonso,
guiai os nossos passos
pelos caminhos da Eternidade.

Amém!



Abaixo, vídeo sobre Santo Ildefonso:

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Demência Utópica

Insônia...

Dia incompleto de acontecimentos,

repleto de fantasias e realidades,

circulam-se fantasmas da madrugada,

o ronco da vida.

Uma doença ataca os mais fracos. FOME.


Pensamentos vagueiam por esquinas vadias,

percorrem montanhas tímidas

e telhados soturnos. DOR.


Em maquinações doentias,

transportam-me a um cenário de poder.

O poder de ser eu. PODER.


Divago inconseqüentemente.

Um trem caipira serpenteia a minha mente. SEMENTE.


Construindo estórias eloqüentes,

de vento que se desmancha em redemoinhos. DELÍRIO.


O êxtase da opulência ou a mágoa profunda da miséria. SENIL.


Simples como um camponês que vai a fonte matar a sede,

lavar o suor de um dia de trabalho. ESCRAVO.


Ato corriqueiro, ir ao teatro,

assistir a um espetáculo de Nelson Rodrigues,

Brecht, Vianninha, Millôr Fernandes. MENTIRA.


Os namorados de mãos dadas,

os velhos de mãos dadas,

o povo de mãos atadas.

Almas gêmeas. ALGEMAS.


Nada de novo,

não há mais milagres prá contar.

O gordo fazia mágicas com números. MINISTRO.


A realidade estremece

ao rigor da brisa do inverno.

Sob as marquises,

crianças, rapazolas amontoam-se sob jornais,

de notícias amarelecidas,

sobre o respiradouro,

calafetação do prédio,

viciado calor humano

que não afugentam a imundice.

Arco-íris do bem e do mal.

Diálogo sem metáforas,

frases soltas. INFERNO.


Lua diferente.

Rostos nunca vistos.

Desconfiança.

Conceitos nunca enfrentados.

Obstáculos a vencer.

A primeira face pode não ser a verdadeira. INCERTEZA.


Multidões de olhos te farejam como corvos,

olhares te acolhem na verdade não escrita. AUGÚRIO.


Caminhando na noite

desesperado busco a orgia.

Corpo farto à luxúria.

Descerra-se a cortina.

Casais seminus bailam

ao ritmo de sons, rataplãs,

uma luz vermelha, fugaz. ZONA.


Desamparado, rebusco refúgio,

nos braços morena escultural,

os lábios carnudos, formosa, solitária,

solidária de carinhos.

Trocam-se carícias contidas,

sussurros banais, gestos audaciosos.

O convite da noite faminta quer mais.

Sinopse de vidas repartidas,

as estrelas convidam a um contato maior.

Como um cego é guiado,

por mãos que o levam ao humilde lar. SOFREGUIDÃO.


Em impulso inesperado, vai-se afoito.

Adentram-se ruelas, estreitam-se os caminhos,

labirínticos becos da favela de má fama,

da má fama que há.

Descortina-se uma aventura fácil.

O amor não escolhe trilhos.

Os lábios da morena são por demais tentadores,

são ancas sinuosos, ondulantes,

provocadoras que desafivelam os obstáculos.

Menino novo, impetuoso,

segue o cheiro da fêmea que o faz destemido.

Caminha com a valentia dos medrosos

que já não mais podem retornar.

Cio de animais. SEXO.


A pobreza da favela se mostra de porta a porta.

Porta de madeira mal acabada.

As janelas não conseguem

dissimular a penúria de todo um ambiente.

Os gatos, os pardais e a coruja

assustados pelos cantos observam o passar a madrugada. MISÉRIA.


Juntos, abraçados,

como amantes eternos em lua-de-mel,

mãos deslizantes e bocas sedentas

parasitam-se de seivas suculentas. ALIMENTO.


Línguas se entrelaçam.

Babel de desejos se comunicando.

Tato, contato de cobiça, anseios.

Corpos se integrando.

Seios a amamentar lábios sequiosos. VOLÚPIA.


Língua a percorrer corpo,

poros, infinitamente amorosa,

a descobrir centímetros,

calafrios, frios, arrepios.

Rosados mamilos,

enrubescendo, intumescendo, ereto, vivo,

correspondendo a impetuosos apetites,

despejando desejos, latejando desejos. DESEJO.


Estremeço.

Sinto-me a corresponder,

mulata morena. FEBRIL.


Solidão desfeita em espasmos,

Corpos úmidos, unificados,

cordão umbilical refeito,

seiva do amor a transbordar. ORGASMO.


O suor macho-fêmea

quimicamente reagem

enchendo o ar de perfume doce. SUBLIME.


Os corpos descansam.

Mudas carícias iniciam novamente.

Reacende a chama, a fúria, a sede de amor. INCÊNDIO.


O malabarismo amoroso

refaz-se em novas posições.

Vai-e-vens, balé lubrificado de malícia. ALQUIMIA.


O feliz cansaço adormece os corpos saciados. ENFASTIA.


Insone,

permanece a rolar na cama na companhia

de impertinentes pernilongos insensíveis,

músicos grotescos e desafinados. VEXAME.


Nos desvãos da loucura,

escura solidão, vivência de

abandono. .


DEUS põe e dispõe. OMNIPRESENTE.


Água de bica

não tem lugar certo prá ir,

tanto pode ir para esquerda ou direita.

Encontra o caminho e vai. DESTINO.


Confusa cores e vozes,

difusas, roucas, finas e graves. MURMÚRIO.


Risos e choros,

gargalhadas e soluços. VIDA.


Nunca é demais,

nunca é sempre,

retorno ao início

factível, fictício

Dor do mundo,

dor imunda. FIM.


Ildefonso Vieira - 27/10/1986 ( 21:40 Hs) 28/03/2000 (18:24 Hs)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BODAS DE PRATA

O artigo abaixo foi escrito em 2002 quando o jornal Saca-Rolha completou 25 anos de existência. Já se passaram mais de 7 anos e o Saca-Rolha continua merecendo todos os elogios e um pouco mais.

Vinte e cinco anos se passaram desde o primeiro número do Saca-Rolha. É a Boda de Prata do mais persistente, aguerrido, renitente e combativo jornal da nossa cidade.

O meu amigo Renato Moreira da Silva, desde a primeira hora, vem trabalhando à frente do Saca-Rolha registrando a vida de nosso município com pertinência e perspicácia.

Daqui a cinqüenta ou cem anos quem quiser contar a história desse quarto de século de Guidoval encontrará no Saca-Rolha a sua fonte maior.

É só folhear seus números e páginas para encontrar campanhas institucionais reivindicando a instalação do Colégio de 2º grau , a implantação da EMATER, a construção do asfalto Guidoval-Ubá, as denúncias ecológicas como a poluição do Rio Chopotó.

Verá que o Saca-Rolha publicou notícias polêmicas como: Vereadores que compareciam descalços às reuniões da Câmara, teias de aranha no prédio da prefeitura, altura dos matos nas praças, ausência de jovens à missa, bois do delegado pastando pelas ruas da cidade, sem contar as campanhas sistemáticas contra os cães sem dono perambulando por nossas ruas, vira-latas vindos dizem de longe, de Miraí ou sei lá donde. O Saca-Rolha tem birra de vira-latas, todos.

Por ser moderno e contemporâneo o Saca-Rolha instiga controvérsias, promove discussões, dá o que falar, traz reflexões, alimenta debates, tempero inevitável a avanços e progressos. É um jornal com personalidade, não esconde a cara, toma posição, finca bandeiras.

Esculhambou a AREG (alguém ainda lembra dela). Apoiou e incentivou o nascimento da Sociedade Esportiva Recreativa 66. Por vezes erra, nunca de má-fé, aí se retrata. Dá as mãos, digo páginas, à palmatória.

Em algumas oportunidades criticou o meu pai, o Prefeito José Vieira Neto; mas também o elogiou por diversas vezes como na inauguração da Escola Municipal D. Leonor de Araújo Porto (D. Leonor:Bondade!) ou então o Governador Ozanan Coelho que fez o asfalto Guidoval-Ubá.

No Saca-Rolha existe o sagrado direito de divergir, expressar-se, contrapor-se. No Saca-Rolha podemos reler textos primorosos do nosso poeta José Geraldo, Professor Ibsen Francisco de Sales, Pe. Casemiro, Dr.Wilton Franco, Dr. Jorge Sobral Venâncio. Se emocionar com o poema “De como eu amo uma cidade” do Marcus Cremonese ou o “Se essa rua fosse minha” de José Francisco Barbosa. Curtir um “Dedo de Prosa” com o Prof. Antônio Barbosa ou rever as críticas bem-humoradas do fundador Antonio Augusto Rossi.

Atestar a coragem do Saca-Rolha quando defendeu o humilde Berto de Paula espancado por alguma besta humana. É um periódico que abre espaço a novos talentos. Foi através desse jornal que vi surgir o jovem promissor Rodrigo Marques de Oliveira, hoje fazendo Mestrado de Física na USP.

O Saca-Rolha faz bem à nossa saúde lembrando e consagrando os nossos patrimônios morais, intelectuais e culturais como o Maestro Osvaldo José de Barros (Sô Tute), Odilon Reis, Belarmino Campos, Petronilo Silva (Sô Nilo), Dr. Mário Geraldo Meireles, Ernani Rodrigues, Vó Elisa, Padre Oscar, Trajano Viana. Uma lista extensa.

Um jornal deve estar presente na alegria mas é imprescindível na dor. O Saca-Rolha mostrou que saber ser solidário. O que dizer de um jornal que veste luto com a dor da cidade?

O Saca-Rolha vestiu luto por D. Alzira Freitas Vieira (madrinha do Renatinho), Sô Marcílio Vieira (meu avô), Waldemar Rufino (Sô Nego, pai do meu amigo Zim), D. Margarida e Isaías Geraldo (pais de meu fraternal amigo Gonzaga). Poderia citar muitos outros conterrâneos.

O espaço é exíguo. Comovente mesmo foi a Edição Especial quando do falecimento da jovem Gracinha, filha da D. Inês e do Geraldo Franco (Kôde)?

O Saca-Rolha também é da folia e com alegria noticiou, ao longo do tempo, a Rua do Lazer, carnavais com a “Calouros do Samba” e “Vila Trajano”, Auto de Santana, Encenação em homenagem a Virgem Maria, Via Crúcis na Semana Santa, Festivais de Batidas, desfiles da Escola Estadual Mariana de Paiva. Aqui abro um parêntesis para uma pergunta: Por que não retornar ao nome original “Guido Marlière”? Eis uma boa causa!

O Saca-Rolha é assim, mete o bedelho em tudo. Um palpiteiro. É isso que o torna singular. É o tambor que ressoa os anseios da população. O Saca-Rolha sempre defendeu a nossa cultura. Sem cultura, morrem-se crenças, costumes, valores espirituais, um povo. É O NÃO EXISTIR.

Sabendo disso o Saca-Rolha promove festas, teatro, música, concursos de contos. É um pasquim metido a besta. Um agitador cultural.

O Saca-Rolha faz bodas, mas os meus parabéns vão para o Renatinho. Esta longa existência é fruto do idealismo e obstinação do Renatinho que muitas vezes é incompreendido por uma parcela da população de Guidoval. Não lhe conhecem o caráter e o espírito.

O quanto ele é íntegro. Ignoram-lhe a cultura, o bom papo, o amigo que ele é. Diria que se pode avaliar o quão virtuoso é um homem pelos amigos que tem. Renatinho tem os melhores amigos que se poderia almejar: Dr. Carmem mais os filhos Robert e Marcellus Cattete Reis Dornelas, Dr. Gerson Occhi, Sebastião (da Padaria) Avidago Andrade, a família Barbosa (Márcio, Túlio, Rilma, José Francisco, Hélio, Maria Carolina, Antônio), Antônio Augusto Rossi, Raymundo Francisco (Tilúcio), Marcílio José Vieira Neto. E muitos e muitos outros. São tantos e tantos que ultrapassam as páginas e fronteiras desse periódico.

PARABÉNS RENATINHO. É uma honra ser seu amigo.



EU RECOMENDO O SACA-ROLHA

Leiam o Saca-Rolha. Assinem o Saca-Rolha. Prestigiem o Saca-Rolha. Promovam o Saca-Rolha. Faça Propaganda da sua Empresa no Saca-Rolha, ele tem compromisso com os destinos de Guidoval. E você também.

escrito por Ildefonso DÉ Vieira

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

FÉRIAS EM GUIDOVAL

(1ª parte)

Do Senadinho em Guidoval o meu irmão Marcílio me telefona. De prosa com o Renatinho, me diz que ele está cobrando um artigo para o Jornal Saca-Rolha. Pergunto se é para “escrever a favor ou contra?”. Pode ser a favor responde o intrépido Renato, contra pode deixar comigo.

O mesmo ínclito Renatinho que um dia me recitou a poesia “Cântico Negro” de José Régio que termina assim: Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí!”. Assim me decidi por escrever sobre o que vi nesses dias que passei em janeiro na nossa terrinha.

Reencontrei vários amigos. O primeiro abraço foi no Virgilinho que ouvia embevecido o filho Fabiano tocando cajon (pronuncia-se carron) na Praça Santo Antônio, junto com o Lucas Pinheiro (violão) e Danilo Rufino (violão e voz). Havia uma multidão ouvindo a “Música na Praça”.

Ouvir uma boa música, um excelente programa, diferente do que ocorre pelas madrugadas quando carros com sons ensurdecedores, barulhos e algazarra, perturbam a paz dos moradores da Praça e adjacências. Um caso de polícia. E ninguém toma providência, inclusive a polícia.

Ainda na pracinha escuto o neto do grande maestro Belarmino Campos, João Bosco, o maior bodoqueiro dos meus tempos de criança, contando histórias como do dia em que ele se negou a pagar o ingresso do filme de faroeste, pois o mocinho morrera no final. Onde se já viu! Não tem a menor graça índio e mexicano matando John Wayne e Buck Jones.

O João Bosco falou que o homem mais valente que conheceu foi o Nenego (Dr. Albro Ribeiral) quando numa audiência mandou um juiz se calar, chamando-o de mentiroso. Disse também que maior beque do Cruzeiro foi o Zé Maria Matos.

Foi ouvindo essas e outras reminiscências que da pracinha pude ver que sumiram com a cabeça do Dr. Ozanan Coelho no pequeno monumento-obelisco. Logo o nosso grande governador tão zeloso, cristão e de vida ilibada vir perder a cabeça em Guidoval”, gracejou o Marcellus.

Vi também com tristeza a placa do poema “De como eu amo uma cidade” sendo corroída pelas intempéries, cocô de pardais e mãos desumanas.

Não tive a oportunidade de me encontrar com o nosso prefeito Élio Lopes que estava viajando. Gostaria de lhe sugerir para abrigar o poema no “Centro Cultural José Bressan”, isto depois de uma boa recuperada na placa. Assim o poema ficaria protegido dos bichos que voam e dos animais que rastejam.

Guidoval é a nossa casa! A pracinha o nosso espaço gourmet integrando cozinha, sala de jantar, terreiro e varanda onde encontramos os amigos, colocamos a conversa em dia, deliciando-se com um cascudo no Chiquitin, bolinho de bacalhau da Maria do Mazin, cerveja gelada no Gilmar e Carlinhos do Fiim Kiel, bares que circundam a praça.

Foi na mesa de um desses barzinhos que relembramos do craque Eloir Máximo e de como a estrela do sucesso não quis iluminar o seu caminho como ele merecia. Por coincidência no dia 12/01/2010 o site Jornal Leopoldinense noticiava “Eloir: um cidadão que merece respeito”, parte duma matéria que o Jornal de Guidoval publicou em Novembro/2003.

Ainda na pracinha, paro para conversar com o Braz do Zé Firmino pajeando o netinho Diogo. Se o DNA do garoto honrar o avô e o tio Silvestre teremos daqui uns anos um atleta vestindo a camisa do nosso Cruzeiro branco-e-preto, quiçá até mesmo do mengão.

O amigo Dr. Ronaldo Ribeiro, passeando na cidade, me convida para almoçar em sua casa. Lá fomos, minha esposa Lourdes e eu, provar a doce hospitalidade da Dona Aracy e um indescritível Arroz com Suã feito pela mestre culinária Iraci do Cuca. A ela cabe, sem trocadilho, o título de Mestre-Cuca. A refeição foi servida pela simpatia da Simone. À mesa, além da anfitriã, Rosa Occhi e Conceição Áurea. Um bom vinho português nos acompanhou numa tarde de prosear instigante e inteligente sobre música, literatura e coisas menos importantes.

Aliás, hospitalidade é uma marca da nossa gente. Será que vem dos franceses, da D. Maria Victória Rosier, esposa de Marlière?

(2ª parte)

Quase todos os dias, eu e a Lourdes, andamos pelas ruas da cidade. Uns 6 km em uma hora. Queimar as calorias é preciso. Nossa caminhada já vai para mais de 31 anos de casados completados no Dia de São Sebastião.

No trajeto vamos conversando, revendo e cumprimentando conterrâneos. Na Rua do Campo: Xará, Miguel Alonso, José Carlos do Sô Lau, Félix Urgal, Messias, Abílio, Zé Carlos (Popota). Muitos outros.

Vejo a Dona Maria Leopoldo sentada à sombra da varanda da sua casa. Para não interromper a caminhada, penso “depois volto e abraço a Dona Maria”.

E cumpro o meu pensar. Retorno em outra hora. Converso com a centenária parteira. Registro-a numa fotografia.

Algumas pessoas ficam mais bonitas e sábias com o tempo. É o caso da Dona Maria Leopoldo. Bondosamente pede para que eu sente ao seu lado. Diz que é para eu pegar um pouco dos 103 anos que ela completará em 08 de outubro vindouro. Pego as suas mãos macias e sedosas que tantas vidas ajudaram a vir ao mundo. O tempo perto de Dona Maria parece não ter pressa. O tempo tem as suas preferências.

Seguindo a andança, na Avenida Sebastião Ignácio da Costa (Trajano Viana), a sorridente Luiza Preta faz questão de relembrar que o meu pai, Zizinho do Marcílio, construiu e doou as dez primeiras casas da avenida aos mais necessitados. Ela foi uma das contempladas. A sua gratidão me comove. A gratidão é virtude dos bem-aventurados.

Não vejo mais a sua vizinha Dona Zulmira. Claro, ela subiu ao céu. Deus escolheu um melhor lugar para lhe acolher.

E é caminhando que observo, vejo que a nossa cidade está mais feia, mesmo a gente olhando com os melhores olhos de quem ama imensamente a sua terra.

E aí, faz sentido a campanha “Por uma Guidoval mais bonita”. Aproveito para parabenizar a todos que estão participando deste movimento.

E se não bastasse a degradação de alguns locais (visual, arquitetônica e urbanística), agora veio a COPASA disposta a transformar nossa cidade num imenso queijo suíço, cheio de buracos horrorosos, abarrotados por hidrômetros, cuja função, além de enfear a cidade, é tornar as contas de água mais salgada. Só espero que a água não continue salobra e que um dia possamos beber o precioso líquido sem “coliformes e escherichia coli”.

Está cheio de hidrômetros nas paredes externas das casas. É assim na Esquina, Rua João Januzzi.



No Fundão, à porta do imóvel do José Júber, instalaram uma marafunda de hidrômetros. Um despropósito. Um atentado ao bom gosto. Não haveria uma melhor solução estética? Claro que sempre há uma forma de se poluir menos visualmente.

A COPASA é uma grande empresa, com ações na BOVESPA e até no exterior. Tem compromissos com os seus acionistas. Guidoval é só mais um negócio.

Uma placa na entrada da cidade diz que a “Implantação do Sistema de Abastecimento de
Água de Guidoval” termina em janeiro/2010 a um custo de R$558.981,67.

É com parte dessa grana que esburacam as paredes externas das residências da nossa cidade? Já andei por diversas cidades mineiras e nunca vi tanto disparate visual. Nós merecemos isso? Claro que não!

Guidoval precisa de um bom arquiteto, urbanista, paisagista. Com um pouco dinheiro e criatividade pode-se mudar a cara da cidade.
Um gramado ali, uma flor aqui, uma tinta de cal acolá. Praças e casas pintadas, passeios e meios-fios recuperados, lotes vagos cercados, conscientização na coleta seletiva de lixo. Ação integrada entre o executivo, legislativo, área educacional, setores religiosos, empresários, comerciantes, trabalhadores, todos em prol do município. Deixar divergências políticas apenas para as campanhas eleitorais.

Uma idéia simples é pintar uma faixa amarela, de 1,5 metros de largura, fazendo uma passarela para pedestres na Rua Padre Baião. Centenas de estudantes sobem e descem dia-e-noite a Rua do Campo para estudarem na Escola Mariana de Paiva e “Cid Vieira”. Depois, educar os motoristas a respeitarem esta faixa. E é claro os pedestres andarem nesta faixa.

Alguns guidovalenses usam este trajeto para “jogging”. Esta faixa pode se estender até Avenida na Vila Trajano, inclusive com marcas de 100 em 100 metros. Talvez, possa até ser um incentivo aos nossos conterrâneos a fazerem caminhadas. Tentar reduzir o colesterol e triglicérides, controlar a pressão, melhorar a sistema circulatório. Diminuir gente nos postos de saúde.

"Sapo não pula por boniteza, mas por precisão”, escutou Guimarães Rosa em suas jornadas pelo sertão.

(continua em outro POST)