Pão-durismo (05 –
Causos do Sapé)
Conto o milagre, mas não o santo.
Um conterrâneo é tão pão-duro que perto dele munheca-de-samambaia parece
girassol da Rússia.
Algumas cenas eu vi, outras me
contaram. Para se ter uma ideia, ele coloca a pasta de dente atravessada, na
vertical na escova. Não come banana para não jogar a casca fora. Espirra sem
estar gripado só para que alguém lhe diga "Deus te ajude". Dispensa velório para não gastar lágrimas.
Assiste a missa pela televisão,
na casa do genro para economizar energia elétrica. Na hora do ofertório, sai de
fininho, vai a cozinha beber, de graça, água e cafezinho.
O Grilo do Zé Bento criou um
capado à meia com ele. Só engordou a banda do nosso miserável concidadão.
Se você o vir, se é que já
reconheceu de quem estou falando; pulando de um prédio do 20°andar, pule atrás
e estarás fazendo um bom negócio.
Na inauguração do Clube Meia-Meia, havia acabado de filar
um sonrisal do Vianelo Silva, quando o jogaram na piscina. Saiu do outor lado com
o comprimido espremido, intacto, na mão esquerda. Não fez nem borbulha.
Certa vez, foi ao Vasco (Reis) da Farmácia e pediu um
analgésico para dor de cabeça. Ia pagar a metade e se a dor passasse, voltaria
para pagar o restante. O Vasco, um emérito gozador; pegou o comprimido, partiu
ao meio, guardou a metade e falou para o nosso avarento:
- Então volte depois, com o
dinheiro total, para pegar e pagar o restante. Nessa, o sovina não se deu bem.
Para encerrar.
Um dia um garoto da roça,
perguntou-lhe as horas. Ele já achou um desaforo, ter que dar as horas. Onde já
se viu! A contragosto, retirou do bolso, o “oméga” ferradura. Com rabugice, sem
pressa, olhou de meia-jota, sem interesse e falou:
- Quatro horas.
O menino agradeceu e seguiu
caminho. Na verdade, o relógio registrava-se 16 horas e 14 minutos.
Chico do Felício (Manoelito
Siqueira) que estava ao lado comentou:
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