Vacinação proteção necessária para todos
País não pode relaxar diante dessa responsabilidade
(Gilberto Magalhães Occhi - FSP de 24/07/2018)
Os governos têm a responsabilidade de proteger a população e, quando se trata de vacinação, o Brasil é reconhecido mundialmente pelo seu PNI (Programa Nacional de Imunizações). Nas últimas quatro décadas, as estratégias de vacinação organizadas pelo Ministério da Saúde, somadas aos esforços de estados e municípios, renderam ao país a eliminação de doenças graves, como o sarampo e a poliomielite, temidas por deixarem sequelas severas em crianças e adultos, além de, em muitos casos, provocarem a morte.
O sucesso histórico de vacinação tem provocado, em parte da
população, inclusive pais ou responsáveis por crianças, até mesmo profissionais
de saúde, a falsa sensação de segurança e relaxamento diante da
responsabilidade de vacinar.
Nisso reside o perigo; é absolutamente falsa essa sensação
de que não há mais necessidade de se vacinar. Portanto, o retrocesso nas
coberturas vacinais deixa o país inteiro vulnerável a essas doenças.
O Brasil conseguiu mudar o perfil epidemiológico das doenças
imunopreviníveis. Diversas ações deram à sociedade brasileira tranquilidade
diante da erradicação da febre amarela urbana, da varíola, e ainda, a
eliminação da poliomielite, rubéola e o sarampo. O país reduziu, também, a
circulação dos agentes causadores de outras doenças consideradas gravíssimas
como a difteria, o tétano e a coqueluche.
Recentemente, o surgimento de casos de sarampo em Roraima e
no Amazonas acenderam um alerta. Mesmo sendo casos vindos da Venezuela,
imediatamente todas as esferas de governo reforçaram os serviços de rotina e
ampliaram as ações de controle da doença e prevenção de novos casos nesses
estados.
Preocupam alguns baixos índices de cobertura vacinal que
temos registrado em alguns estados brasileiros para diversas vacinas. O
Ministério da Saúde fez um alerta sobre a vacinação da poliomielite, que
apontava 312 municípios com cobertura vacinal abaixo de 50%. A pólio é uma
doença já erradicada, e ficar abaixo dessa meta é um risco para todos, já que a
doença pode voltar a circular.
O alerta é maior para os índices de crianças como
público-alvo. Provavelmente, muitos pais ou responsáveis, por não terem
vivenciado os anos de epidemia, desconhecem os riscos. Essas doenças matam ou
deixam sequelas como surdez, cegueira, paralisia, além de problemas neurológicos
que acompanham as crianças durante toda a vida.
O brasileiro tem hoje a cobertura anual de 19 vacinas muito
seguras, oferecidas pelo Sistema Único de Saúde. A estratégia protege o cidadão
e também impede a proliferação das doenças por diferentes regiões do Brasil. No
calendário de vacinação do Ministério da Saúde, pessoas de todas as idades
estão contempladas com vacinas que previnem e controlam as doenças
imunoprevíniveis mais prevalentes.
Todos os anos são feitas campanhas para conscientizar a
sociedade sobre a importância e necessidade de manter a caderneta de vacinação
atualizada.
De 6 a 31 de agosto, o Ministério da Saúde realizará mais
uma campanha de vacinação contra a poliomielite e contra o sarampo, destinada a
todas as crianças menores de 5 anos. Além de Roraima e Amazonas, há registro de
casos de sarampo em Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e
Pará.
O Brasil conta com a confiança e adesão da população, que ao
longo dos anos tem respondido às convocações das campanhas, para manter em dia
a caderneta de vacinação. Esse é um cenário que não pode ser mudado.
Gilberto Magalhães Occhi
Ministro da Saúde desde abril; ex-ministro das Cidades e da
Integração Nacional (2014-2015/2015-2016, gestão Dilma)
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