terça-feira, 27 de setembro de 2016

As mentiras que os governos contam



As mentiras que os governos contam
(escrito por Ildefonso Dé Vieira -
publicado no "Jornal de Guidoval" em Dez/2006)

            A Previdência Social surgiu em 1923 para atender os empregados das estradas de ferro. Ao longo dos anos, estendeu-se aos portuários e marítimos (1926), telegrafia e radiotelegrafia (1928), serviços públicos (1931), mineração, comerciários, bancários e transporte aéreo (1934), industriários (1936), transportes de cargas (1939).
No intuito de fortalecer as diversas previdências, a “redentora”, em 1966, achou por bem unificá-las. Criou-se o INPS. Foi o primeiro passo para a esculhambação.
De uns anos para cá, desde que FHC, aquele do nhenhenhém, assumiu o governo, todo ano vem a lengalenga que a Previdência está quebrada. Conversa fiada. E vão mudando as regras do jogo com ele em andamento, sempre em prejuízo do trabalhador.
Em 1998 impuseram limite de idade para aposentadoria. Homens, aos 53 anos e mulheres, aos 48 anos. Mudaram as fórmulas no cálculo do benefício, introduziram o fator previdenciário. Passaram, mais uma vez, a perna no trabalhador.
O câncer da previdência são as aposentadorias milionárias de parte do Legislativo, Executivo, Judiciário e Forças Armadas, sem a contrapartida do governo federal e dos beneficiários. É claro que um juiz tem que se aposentar com o salário digno de juiz e não como se fosse um serventuário menos graduado. Um general deve se aposentar com o salário correspondente ao da ativa e não com o soldo de um recruta. Mas têm que pagar mês-a-mês, ano a ano por isto. Têm que contribuir o servidor-beneficiário e o governo-patrão, igual ocorre na iniciativa privada.
O que carcome a previdência são sonegadores, os inadimplentes, empresas que não recolhem o INSS. O que rói e enfraquece é a ineficiência do órgão, o festival de fraudes e roubos comuns na previdência, pagamentos de indenizações milionárias por incompetência jurídica. O que deteriora são os desvios de recursos para construção de Transamazônicas, pontes Rio-Niterói e outras obras mirabolantes. O que destrói o INSS é o abandono de milhares de imóveis e terrenos que poderiam render aluguéis ou recursos à instituição. O que vicia a instituição é o perdão de dívidas a devedores contumazes. O que corrompe são as anistias sem pé nem cabeça, inclusive pensão a anistiados políticos. Se o Estado tiver que indenizar, que justiça se faça, mas não com as minguadas economias da Previdência.
O que corrói a previdência é economia informal, a burocracia estatal, o pagamento de aposentadorias como a do FUNRURAL, Amparo Social ao Deficiente Físico e Amparo Social ao Idoso. Não sou contra estes benefícios, para os trabalhadores rurais, idosos ou deficientes físicos. Até louvo e aprovo esta forma de assistencialismo por parte do governo. Estas pensões sustentam e dão dignidade a muita gente. Só não posso concordar que se faça isto com o dinheiro dos contribuintes da previdência. O governo tem que criar fontes de recursos próprios a esta finalidade.
A previdência tem solução, o problema é o governo. Cada celetista é autossuficiente para a sua aposentadoria. Hoje, no mínimo, o empregado junto com o empregador recolhe, todo mês, 20% ao INSS.
Se pouparmos, mensalmente, durante 30 anos, estes 20%, ao final desse período acumularemos um capital, que aplicado, dará um rendimento mensal maior que o valor da aposentadoria que o INSS paga aos contribuintes. E ainda preserva-se o capital.
Exemplifico:
Para se aposentar com R$1.000,00 é só poupar todo mês R$200,00. Depois de 360 meses ter-se-á um capital de R$201.907,52 que poderá render todo mês, na pior das hipóteses R$1.009,54. Basta que esta aplicação tenha um rendimento de 0,5% ao mês, protegido da inflação. É só aplicar num Banco da Suíça, na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil.
Este raciocínio vale tanto para o Salário Mínimo de R$350,00 quanto para o teto máximo que é de R$2801,82 ou mesmo para quem queira se aposentar com R$10.000,00 ou R$50.000,00.
No site do Jornal de Guidoval está disponível uma planilha em Excel onde se poderão fazer inúmeras simulações e comprovar o que afirmo.
Em síntese é balela de que é preciso 3 ou 4 contribuintes para que uma pessoa possa se aposentar. O celetista é autossustentável e é bom que seja assim.  
Isto sem falar que além do recolhimento do INSS do empregado e do empregador (20%), ainda temos o COFINS (Contribuição para Financiamento Social) e o CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido). É muita grana que os governos, ao longo dos anos vêm administrando, na verdade surrupiando/desviando da Previdência.
Então onde está o rombo? No governo que é PATRÃO do Executivo, do Legislativo, Judiciário e Forças Armadas. O governo é patrão e não paga a parte dele.
Se privatizar a Previdência ela irá passar a dar lucro. Aposto que Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander, Real, HSBC aceitam este desafio. Será mais uma mamata. Que já está acontecendo. E o povo Ó!...

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