SEU CANDINHO MENDES
Assim como o Dr. José Lincoln,
um médico que teve sua importância em Guidoval nos anos 40 e hoje raríssimas
pessoas podem se lembrar dele, do Seu Candinho Mendes somente algumas pessoas
mais velhas de Guidoval podem se lembrar dele. Alguém com pelo menos sessenta e
cinco anos de idade.
Mas eu tenho muitas e boas
lembranças dele. Ele era pai do Seu Astolfo Mendes e avô do meu grande amigo e
ex-prefeito de Guidoval, Cândido Mendes.
Quando eu tinha uns quatro
anos de idade, lá pelos idos de 1943, morávamos em uma casa na Rua do Fundão
(Sete de Setembro) pertencente ao Seu Álbero Campos, um dentista prático local.
D. Ida, Plinio e Aulo
- 1943
Nessa casa havia uma cancela na porta da rua para que eu não pudesse fugir. Também nessa época o meu pai não gostava que eu chupasse mangas, a não ser sob controle, e não me permitia muito os picolés.
Não sei explicar o porquê,
nunca me falaram sobre isto, mas o Seu Candinho Mendes por vezes passando pela
rua me roubava por sobre a cancela, parava logo em seguida no bar do Seu Chico
Caputo, comprava uns três picolés, mandava embrulhá-los em papel impermeável,
punha-os no bolso do seu paletó de Brim Cáqui e me levava para a fazenda, mesmo
dentro da cidade, cuja casa principal ainda existe na antiga saída para Ubá.
Lá chegando ele me punha em pé
sobre a laje circular que cobria a cisterna no quintal da casa e me permitia
chupar os três picolés, que já haviam derretido um pouco. Eu me deliciava com
eles e nunca me esqueci disto. Ainda tenho uma vaga recordação da imagem do Seu
Candinho, que me proporcionava esta alegria. Na minha memória vejo um homem de
baixa estatura, magro e sempre usando paletó cáqui e um chapéu meio amassado,
com semblante alegre e bem humorado.
Brasília, 10 de setembro de 2013
Plinio Augusto
de Meireles
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