sexta-feira, 3 de maio de 2013

À Minha Mãe Geni Reis Barbosa (Zé Francisco Barbosa)



À Minha Mãe Geni Reis Barbosa

Quem a viu com eu vi,
Aguardando retorno daquele que cedo saiu,
Ora de bicicleta, ora num  Ford 29,
Em busca de sobrevivência para que não
Sentíssemos a carência.

Quem a viu como eu vi,
Peito molhado do leite sagrado,
Que a um filho alimentava e a outro adotivo
A seu peito sugava.

Que a viu como eu vi,
Reunindo os filhos de joelhos ao chão,
De olhos em Santa Teresinha e Santo Antônio
A pedir por outro Antônio quando viajava.

Quando a viu como eu vi,
Com habilidade nos dedos
A tecer lindas colchas de crochê
Para o filho amado.

Quem a viu como eu vi,
Bordando como ninguém
O primeiro enxoval de recém-nascido.

Quem a viu como eu vi,
No silêncio da noite, ouvindo a voz do filho
aflito.
Que conflito. Era somente saudade...

Quem a viu como eu vi,
Preocupada com o filho que julgava mais
necessitado.

Quem a viu como eu vi,
Trocando a dor do parto difícil por um largo
sorriso de felicidade
Quando ao mundo um novo filho dava.

Quem a viu como eu vi,
Lembrando sempre daquilo que o filho mais
gostava
Satisfazendo este desejo na mesa não faltava.

Quem a viu como eu vi,
Largas gargalhadas pelo mínimo que seu fIlho
fazia.

Quem a viu como eu vi,
Orgulhosa da família que constituiu.

Quem deliciou este tempero,
Que ninguém tem,
Como eu deliciei

Quem sentiu este amor como eu senti,
Quem teve este ventre como eu tive
Hoje entendo que uma Santa,
Aqui na Terra, me acariciou.
Por mim, chorou. Me amou.

Quem a viu como eu vi,
Dormindo sob rosas,
Agora acreditei que não volta.
Foi ao encontro do amor maior.

Já conheço este sereno fechar de olhos.
Ele já me machucou uma vez,
Mas guarde o que lhe disse baixinho no
coração:
“- Obrigado por ter me dado a vida
Até um dia. A casa está preparada.”

Seu amado filho
Seis de junho 1996

poema de Zé Francisco Barbosa

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