À Minha Mãe Geni Reis Barbosa
Quem
a viu com eu vi,
Aguardando
retorno daquele que cedo saiu,
Ora
de bicicleta, ora num Ford 29,
Em
busca de sobrevivência para que não
Sentíssemos
a carência.
Quem
a viu como eu vi,
Peito
molhado do leite sagrado,
Que
a um filho alimentava e a outro adotivo
A
seu peito sugava.
Que
a viu como eu vi,
Reunindo
os filhos de joelhos ao chão,
De
olhos em Santa Teresinha e Santo Antônio
A
pedir por outro Antônio quando viajava.
Quando
a viu como eu vi,
Com
habilidade nos dedos
A
tecer lindas colchas de crochê
Para
o filho amado.
Quem
a viu como eu vi,
Bordando
como ninguém
O
primeiro enxoval de recém-nascido.
Quem
a viu como eu vi,
No
silêncio da noite, ouvindo a voz do filho
aflito.
Que
conflito. Era somente saudade...
Quem
a viu como eu vi,
Preocupada
com o filho que julgava mais
necessitado.
Quem
a viu como eu vi,
Trocando
a dor do parto difícil por um largo
sorriso
de felicidade
Quando
ao mundo um novo filho dava.
Quem
a viu como eu vi,
Lembrando
sempre daquilo que o filho mais
gostava
Satisfazendo
este desejo na mesa não faltava.
Quem
a viu como eu vi,
Largas
gargalhadas pelo mínimo que seu fIlho
fazia.
Quem
a viu como eu vi,
Orgulhosa
da família que constituiu.
Quem
deliciou este tempero,
Que
ninguém tem,
Como
eu deliciei
Quem
sentiu este amor como eu senti,
Quem
teve este ventre como eu tive
Hoje
entendo que uma Santa,
Aqui
na Terra, me acariciou.
Por
mim, chorou. Me amou.
Quem
a viu como eu vi,
Dormindo
sob rosas,
Agora
acreditei que não volta.
Foi
ao encontro do amor maior.
Já
conheço este sereno fechar de olhos.
Ele
já me machucou uma vez,
Mas
guarde o que lhe disse baixinho no
coração:
“-
Obrigado por ter me dado a vida
Até
um dia. A casa está preparada.”
Seu amado filho
Seis de junho 1996
poema de Zé Francisco Barbosa
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