Caçadas do Mundico
(escrito pela sobrinha Maria Das Graças
Santos Carmo)
Caçar era uma de suas paixões.
Fechava
a oficina às quatro da tarde. Entrava em casa assobiando, se metia no
"quarto de banho" onde estava sua parafernália de caça: a calça e a
camisa de brim verde; o "bate-bute"- apelido que ela dava ao par de
botas de couro; a espingarda que ficava sempre dependurada atrás da porta; o
quepe que era cuidadosamente ajeitado na cabeça; o cinturão com as munições; a
mochila de lona onde eram colocadas as aves
abatidas e o que não podia faltar o
apito que reproduzia o som de vários aves, entre elas o nambu, seu preferido
nas caçadas.
O camelo- era assim que chamávamos sua velha bicicleta- era
o companheiro de todas as tardes.E lá iam eles: Mundico, Elzo e quem mais
quisesse e pudesse.
Quando a noite já tinha descido sobre Guidoval, voltavam eles trazendo a caça para reforçar o jantar: nambus, marrecos e outras aves mais, cujos nomes só ele sabia.
Eu, que naqueles tempos morava com minha avó e meus irmãos que em tempos de férias escolares iam para lá, ajudávamos vó Feinha a depenar as avezinhas e já disputávamos quem comeria as coxas ou o peito, pois era só o que se aproveitava. Se a ave era maior, as penas viravam brinquedo, pois fazíamos petecas com palha de milho ou embira de bananeira e nos divertíamos na grama da praça.
Quando a noite já tinha descido sobre Guidoval, voltavam eles trazendo a caça para reforçar o jantar: nambus, marrecos e outras aves mais, cujos nomes só ele sabia.
Eu, que naqueles tempos morava com minha avó e meus irmãos que em tempos de férias escolares iam para lá, ajudávamos vó Feinha a depenar as avezinhas e já disputávamos quem comeria as coxas ou o peito, pois era só o que se aproveitava. Se a ave era maior, as penas viravam brinquedo, pois fazíamos petecas com palha de milho ou embira de bananeira e nos divertíamos na grama da praça.
Em noites de Lua cheia, as caçadas eram mais longas. Penso
que o derramar dos raios da Lua sobre a mata e sobre eles, o fantástico e o
mistério que fazem parte do verde profundo das matas causavam um efeito de paixão
e desejo e amenisavam o cansaço do dia de trabalho. Devia ser uma emoção que só
sentia quem vivia a realidade de ser parte integrante da exuberância da mata e
de seus quase intocáveis habitantes.
Essa rotina só mudava quando decidiam trocar a espingarda
pela vara de anzol. E então, era o tempo das piabas, dourados, lambaris, traíras
que, se eram em abundância, adormeciam por algum tempo congelados até que uma
visita importante fosse almoçar com a família. As aves e os peixes eram para
ele um troféu!
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