Um
conterrâneo de bem com a vida
(JORNAL DE GUIDOVAL
- Nº 18 - Jun/2006)
Etiene de Souza Reis nasceu na cidade de Dona Euzébia. Percorre as esquinas
da vida como quem veio a passeio, granjeando amigos a cada abraço e sorriso.
Ainda
criança veio para o Sapé onde passou uma infância e puberdade saudável.
Destacando-se
no futebol, aos 16 anos foi para Belo Horizonte jogar no Cruzeiro. Depois
passou pelo Botafogo de Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha e Nilton
Santos, Corinthians de Pirilo, Comercial de Ribeirão Preto, Prudentina de
Presidente Prudente, Petropolitano e Serrano de Petrópolis.
É
sempre lembrado pelos que o viram jogar e é incluído na seleção do Cruzeiro de
Guidoval de todos os tempos.
Etiene
é bom de copo e garfo, exímio cozinheiro, bem humorado, ótimo contador de
piadas, amigo para as horas de farra e velório. Aonde chega, junto chega a
alegria.
Quando
lhe perguntam: “Quanto ganha?” Responde “O quanto eu gasto.” E se insistem:
“Quanto gasta?” Diz “O quanto eu ganho.”
Em
Cabo Frio, na Praia de Peró, possuía uma barraca de comes e bebes.
Todos
os dias, com chuva ou sol, ia cedo abrir o seu comércio. Dizia “se eu não
vender nada, bebo a preço de custo”.
Agora
aposentado, vendeu a barraca, ainda continua acordando cedo só para ficar mais
tempo à toa com os amigos de Peró que começam a biritar lá pelas 10 da manhã.
Tem dias que a vontade de bebericar é maior que o horário matinal, aí adiantam
o relógio para dar início a mais uma jornada de gole.
Teve
um companheiro que quebrou a tarracha do relógio de tanto apressar a hora.
Deveria
ser obrigatória a presença de Etiene nas festas de SANTANA.
Um amigo
nunca morre, vira estrela!
(JORNAL DE
GUIDOVAL - Nº 25 - Abr/2007)
As pessoas não morrem, ficam encantadas, escreveu
Guimarães Rosa. Concordo com o genial escritor. No último dia 13 de março
faleceu Etiene de Souza Reis, em
conseqüência de uma cirurgia cardíaca. Acrescento o que já dizem os poetas: um
amigo nunca morre, vira estrela!
Nascido em 21/11/1938, na vizinha Dona Euzébia,
Etiene adotou Guidoval como a cidade de seu coração. A recíproca também é
verdadeira. O povo guidovalense adorava o Etiene. Na edição de 30/06/2006, o Jornal de Guidoval homenageou o Etiene
com o artigo “Um conterrâneo de bem com
a vida”.
No dia 20/01/2007, o JG prestou merecida homenagem a
diversos atletas na festa “Troféus
Craques do Cruzeiro”. Etiene foi um dos agraciados, recebendo a Bola de
Ouro. Deve ter sido a sua última grande emoção em vida.
Etiene amava Guidoval, tanto que nas
últimas semanas de sua vida buscou refúgio em nossa terra, vagabundeando pelas
nossas ruas, adentrando lares e corações, tomando um cafezinho aqui e acolá.
Acredito que Etiene gostaria de ter
Guidoval como última residência ao seu corpo-matéria, mas foi enterrado em Juiz
de Fora. Vários conterrâneos presentes na despedida ao Etiene se prontificaram
a fazer o velório e enterro dele em nossa cidade, inclusive o Prefeito Élio
Lopes, sem nenhuma despesa ou custo à família, que não aceitou.
Colecionando amigos vida afora,
conquistou o último na enfermaria do hospital enquanto aguardava a cirurgia. Em
pouco tempo de convivência já passava o número do celular do vizinho de cama
aos amigos. Foi através deste telefone que conversei pela última vez com o Etiene.
Estava otimista como sempre foi. Deu errado a cirurgia, atrapalhando a sua
trajetória terrena.
Já deve estar no céu, rodeado de
amigos. Inventando uma comida na cozinha com o Renato Ramos. Fazendo tabelinha
com o Eloir e o Silvestre. Contando uma piada para o Natalino Dornelas.
Esperando ansioso, junto com o Padinha Occhi, a próxima Festa de Santana.
Bebericando uma cervejinha com o Salim. Proseando com o Wilton Franco.
Abraçando o Zizinho do Marcílio ou juntando uma turma para soltar balões no
terreno baldio do paraíso. O Etiene era de grandes amigos e amizades. Passou
pela TERRA como um cometa iluminando todos ao seu redor. Agora, Etiene brilha
no CÉU!
(escrito por Ildefonso Dé Vieira)
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