Guilherme
Pinheiro, cientista e artista
Antes de falar sobre o jovem Guilherme, o correto seria eu iniciar
este artigo recordando os laços afetivos que ligam a minha família aos seus
antepassados. Acontece que como, normalmente, o ser humano tem preguiça de ler,
começarei pelo final falando primeiro do Guilherme.
Em 2006 graduou-se em Bioquímica pela Universidade Federal
de Viçosa. Recebeu a Medalha de Prata
Presidente Bernardes por obter o 2º coeficiente mais alto entre os 800
formandos e Votos de Louvor por ser o melhor aluno do Curso de Bioquímica.
Prestou concurso para mestrado na UFV e doutorado na UNICAMP,
sendo aprovado em ambos. Após dois meses
cursando doutorado em Campinas, optou em voltar para Viçosa, visto ser a
Universidade mais preparada para o campo que desejava prosseguir.
Concluiu com brilhantismo o seu Mestrado. Dedicou a sua
dissertação ao avô Domício, pesquisa sobre a “Caracterização molecular e funcional de transfatores da família NAC em
soja (Glycine max)”. Foi publicada em 2007, obtendo o título “Magister Scientiae” quando da
Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola na Universidade
Federal de Viçosa.
Atualmente está terminando o Doutorado em Ciências
Biológicas (Biofísica) na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A tese é
sobre “Estudos sobre o aprimoramento da
geração de bioetanol: o potencial do uso da microbiota bacteriana do caracol
gigante africano (Achatina fulica) na produção de enzimas celulolíticas”.
Mesmo com tantas atividades acadêmicas, o Guilherme ainda
arranja tempo para viajar pelo mundo, praticar esportes radicais e tem a
sensibilidade de compositor, cantor e instrumentista.
Em
Petrópolis participa da Revista Soundbaque “se
propõe a promover a cena musical de Petrópolis, bem como criar oportunidade de
divulgação do trabalho dos artistas da cidade em nível regional, estadual,
nacional e internacional."
Para saber mais sobre o SOUNDBAQUE recomendo o site http://soundbaque.com
.
Com
arranjos de Neury Nogueira e Sirius Hu, tendo na bateria o André Amon, ao piano
elétrico o André Mendes e Neury Nogueira (Baixo, guitarra, guitarra solo, slide
e violão) o Guilherme Pinheiro interpretou a sua música “Do Olhar”. A gravação pode ser ouvida no link https://soundcloud.com/soundbaque/guilherme-pinheiro-do-olhar.
Vale a
pena ouvi-la.
Do olhar
(letra e música de Guilherme Pinheiro)
Clique no PLAY ao lado
Sinto a
brisa quente desse dia
Que
paira sobre a minha cabeça
Mas
tudo está no seu lugar
Deixa
ser sem remédio está
Tudo
que eu mais quero nesse instante
É água
pura e fresca pra beber
Sinto a
tentação desse oásis que floresce
No
deserto que me prende a você
E nesses dias quentes vejo seu olhar
Entre miragens nuvens beijos ao luar
Na tua curva doce e meiga do olhar
Encontro a paz que busco pra me acalmar
A noite
é fria no deserto da saudade
Não há
saída por que sei que é só
Seu
corpo quente que protege e afaga
Na
noite mais vazia, noite mais vazia do meu ser
E nesses dias quentes vejo seu olhar
Entre miragens nuvens beijos ao luar
Na tua curva doce e meiga do olhar
Encontro a paz que busco pra me acalmar
Guilherme Pinheiro é Cantor,
compositor, instrumentista. Músico autodidata,
teve suas primeiras aulas de violão aos 16 anos de idade, o que despertou seu
interesse em cantar, iniciando logo em seguida o estudo da técnica vocal. Ao
longo do tempo, foi desenvolvendo talento também para composição. No período
universitário, na cidade de Viçosa - MG, atuou como vocalista em diversos
bandas de vários gêneros, incluindo pop, rock, sertanejo e forró universitário.
Mudou-se para Petrópolis em 2008 e trouxe consigo sua
bagagem musical eclética, com o intuito de conquistar o público carioca. Aos
poucos foi se integrando ao cenário musical local, atuando como vocalista e
violonista solo, com repertório pautado basicamente no rock clássico. Nesse
ínterim, trabalhou também acompanhado por músicos petropolitanos e se
apresentou em diversas casas de show locais.
Atuou, a partir de 2011, como tenor e solista do Coral do
Inmetro (Rio de Janeiro), regido pelo maestro Eduardo Morelenbaum, onde refinou
sua técnica vocal e adquiriu valiosa experiência. Se apresentou em diversos
eventos institucionais e em festivais de canto coral nas cidades do Rio de
Janeiro, Arraial do Cabo, Campos do Jordão, São João Del Rei, Caxambu,
Conservatória e Lorena.
No ano de 2012, voltou-se para o processo de composição e
gravação de suas músicas autorais, a serem lançadas com o selo “Sound Baque”,
como as músicas “Do olhar”, “Eu quero é viver” e “Amor de Carnaval”, entre outras.
Se você
leu até aqui, vale a pena continuar para saber um pouco da nobre procedência do
Guilherme.
Os avós maternos Maria Oliveira Bandeira e Domiciano Soares
Bandeira, mais conhecido por Domício, comerciante, foi um grande amigo de fé e prosa
do meu pai José Vieira Neto (Zizinho do Marcílio), conselheiro e companheiro de
partido político.
Os avós paternos Maria Pinheiro e Geraldo Luiz Pinheiro, político, foi vice-prefeito de Guidoval no período de 31/01/1967 a
30/01/1971. Desportista, foi o mais
entusiasta e dinâmico Conselheiro e Presidente do Cruzeiro Futebol Clube, cujo
estádio tem o seu nome. Uma justa homenagem. Músico,
incentivou os filhos a estudar e participar da Corporação Musical Belarmino
Campos. Lembro-me dos amigos Gilberto e Roberto no sax, mais tarde o Aloísio
dominando vários instrumentos, e principalmente o Luiz contagiando os carnavais
ou nos despertando em alvoradas musicais.
Fui vizinho do Sô Geraldo Pinheiro que vendo a minha vontade
em querer aprender tocar violão me disse certa vez que se eu morasse em
Guidoval me ensinaria música. Acontece que eu estudava no Colégio Agrícola de
Rio Pomba e só ia a Guidoval nas férias, final de semana e feriados. Não tive
esta sorte e privilégio em receber os seus ensinamentos.
A principal atividade econômica do Sô Geraldo Pinheiro era o
comércio, cerealista, mas o que eu lembro mesmo era do trabalho artesanal de
exportar mangas para o Rio de Janeiro. As famosas manga JP, sigla que significava José Pinheiro. Tinha um forte
concorrente a manga JR que significava José
Raimundo, mas era manufaturada pelo Landinho e Tuninho Estulano.
Afirmo, sem o menor medo de errar a JP e a JR foram as melhores mangas que o
povo carioca já saborearam. E eu menino, caminhando para rapazinho tive a honra
de trabalhar, nas férias escolares de fim de ano, com a JP e a JR. Foi com o dinheiro adquirido neste trabalho que comprei o
meu primeiro violão. Mas isto é outra história.
Lembro-me de um Natal que viramos a noite escolhendo,
selecionando e encaixotando mangas para mandar para o Rio de Janeiro. A nossa Ceia de Natal, por volta da
meia-noite, foi com um saboroso arroz branco com cascudo do Chopotó feito pelas
mãos mágicas da Dona Maria Pinheiro. Interrompemos, temporariamente, os
trabalhos para a ceia, depois continuamos a encher as caixas com as mangas mais
admiradas no Rio de Janeiro. E antes do dia amanhecer, numa madrugada-manhã de 25
de dezembro, muito tempo atrás, que faz bem a minha memória e à minh’alma, saiu
mais um caminhão, do Geraldo Pinheiro, carregado de insuperáveis mangas para
antiga capital da república.
Relembrei um pouco dos avós do Guilherme. Falarei um
pouquinho dos seus pais.
O Guilherme Luiz Pinheiro é o primogênito de José Luiz
Pinheiro Sobrinho e Neuza Maria de Oliveira Bandeira Pinheiro.
O Zé Luiz, é assim que eu o chamo. Eu e todos os seus amigos
que são muitos. Morávamos no lado de lá da ponte. Niterói. Praça Getúlio
Vargas. E junto com o Humberto, seu irmão, éramos nós que consertávamos as
caixas de manga danificadas. Pregávamos novas ripas, repregávamos as laterais,
refazíamos a vista onde se colocava as melhores mangas. Remontávamos novas
caixas de manga. Quantas conversas fora jogamos, quantos risos inexplicáveis ,
quanta amizade alicerçada na infância, para o resto da vida . Bom amigo o Zé
Luiz. Atualmente, confabulamos muito pouco, mas permanece a antiga amizade, a
cumplicidade.
A primeira lembrança da Neuza vem de 1982. Neste ano, eu e a
minha irmã Sueli Vieira Gomes fizemos o livro “Saudade Sapeense”.
Nossa idéia era divulgar poesias, poemas, contos e crônicas
de guidovalenses.
Dentre tantos conterrâneos que contribuíram para o sucesso
do livro surgiu uma novidade. Uma jovem, quase uma menina, escrevia como gente
grande. Neuza Maria de Oliveira Bandeira, depois Pinheiro. Escreveu aos 14 anos
a crônica “A SECA”. Um texto
enxuto, cáustico. Parecia um, precoce, Graciliano Ramos. Seria que ela já o
tinha lido? Não sei se a Neuza continuou a escrever. Se parou de “escrevinhar” é uma pena. Perdemos uma
grande escritora, a não ser que ela tenha escondido no fundo do seu precioso
baú os seus manuscritos. Se assim for, ponha-os para fora. Urgente!
Quando a enchente de 2012 arrasou grande parte de Guidoval,
a cidade ainda em estado catatônica precisava melhorar a autoestima, o astral.
A Neuza teve a feliz idéia de criar “Vamos Colorir Guidoval”. Tendo inúmeros conterrâneos como voluntários, Neuza à
frente, junto com o marido José Luiz Pinheiro e os filhos Guilherme, Lucas e
Maria Clara coloriram as fachadas das casas mais atingidas pela enchente. Este
gesto, mesmo parecendo tão pequeno, foi um grito, um alento, uma mensagem de
esperança de que Guidoval poderia recuperar. E de fato GUIDOVAL RECUPEROU. HOJE
É UMA CIDADE MAIS BONITA, mais solidária, mas fraterna.
E é dessa gente, desse povo, com este DNA que é feito o
Guilherme Pinheiro. Que ele faça mais e mais músicas, continue as suas
pesquisas, o nosso promissor cientista, músico e cidadão Guilherme.
Abraços, com admiração ao jovem conterrâneo Guilherme,
Ildefonso Dé
Vieira
23/08/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário