quinta-feira, 18 de julho de 2019

Professor Ibsen Francisco de Sales (Salim)


Professor Ibsen Francisco de Sales (Salim)

A primeira lembrança que guardo do Professor Ibsen Francisco de Sales vem do final de 1963. Eu tinha 11 anos e o professor nascido em 29 de janeiro de 1920 já completara 43 anos de idade.

Ele e o ex-prefeito José Pinto de Aguiar (Zequinha do Casin) criaram um cursinho preparatório para “Admissão” ao Ginásio.

Terminava eu o 4º ano do grupo escolar com a querida Profª Élvia Reis de Andrade. E com os ensinamentos destes Mestres ingressei-me, em 1964, no Ginásio Guido Marlière fundado pelo Professor Ernani Rodrigues.

E neste educandário tive o privilégio de ter o Professor Ibsen Francisco de Sales lecionando Português.

A sala era composta de alunos novatos e veteranos, repetentes contumazes. Ia de desatentos a rebeldes, de tímidos a bagunceiros. Nada que uma boa reprimenda não controlasse a classe. Aos mais afoitos ameaçava-lhes bater com uma gigantesca vara de talo ubá que lhe fazia companhia. Intimidação esta nunca levada a efeito, mas o suficiente para acalmar petulantes e assim poder explanar as suas inesquecíveis aulas. Para se ter idéia do encantamento dessas aulas, até hoje são rememoradas por saudosos alunos.

Em 1965 fui estudar no Colégio Agrícola de Rio Pomba, mas quando em férias em Guidoval e aparecia uma oportunidade eu corria para assistir às suas aulas. Quem não se lembra das encenações e histórias como a do “ME DÁ MEU ANEL...” e outras invenções de sua mente criativa.

Quando ouvia alguém dizer “PRA MIM FAZER”, Salim bronqueava desesperado, dizendo: “MIM NÃO FAZ NADA”. Aprenda de uma vez por todas: “PARA EU FAZER.”

Ia esquecendo-me de dizer que apesar do nome IBSEN, provavelmente em homenagem ao grande dramaturgo norueguês, era mais conhecido pelo apelido SALIM, alcunha adquirida, creio que, na infância.

Tempo passou, e de criança cheguei à adolescência, tornando-se amigo do Salim na boemia, prosa, versos e canções. E no início dos anos 70, em noitadas no Bar do Tio Oscar Occhi, juntos com Sô Nilo, Sô Odilon Reis, Carminha do Virgílio, poeta José Geraldo, Zim do Sô Nego e muitos outros amigos, proseávamos e cantávamos.

Um dos pontos alto do que poderia ser considerado um “sarau musical” era quando o Salim recitava “Rapsódia Negra”. Ele transformou o fantástico texto Martins Fontes, uma prosa em poesia onamatopéica.

Em 1.999, no site que fiz para a nossa Guidoval, criei o “Cantin do Salim” que pode ser acessado no link abaixo:


Nos próximps posts colocarei no Facebook no Grupo “Quintal de Guidoval” algumas informações sobre o meu saudoso amigo SALIM.

Em 19 de junho de 2001, enviei uma correspondência à 14ª Câmara Municipal de Guidoval sugerindo aos vereadores, que exerciam o mandato à época, o nome do Professor Ibsen Francisco de Sales para receber o “Título de Cidadão Guidovalense”. E na Festa de Santana, daquele ano, a nossa Câmara Municipal lhe homenageou outorgando-lhe o merecido título benemérito.

O Professor Salim já andava adoentado e não pode comparecer à cerimônia e foi representado pelo saudoso conterrâneo Ivo Câncio dos Reis, esposo da sua sobrinha Glorinha.

No dia 17 de setembro de 2001, minha mãe telefonou dizendo do falecimento do grande mestre Salim. Não pude comparecer ao enterro. Rezei minhas fracas, mas sinceras, orações por sua alma.

Que DEUS O TENHA E O GUARDE SEMPRE.

 
(Professor Ibsen Francisco de Sales e irmãos)

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