quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Etiene de Souza Reis


Um conterrâneo de bem com a vida
(JORNAL DE GUIDOVAL - Nº 18 - Jun/2006)

Etiene de Souza Reis nasceu na cidade de Dona Euzébia. Percorre as esquinas da vida como quem veio a passeio, granjeando amigos a cada abraço e sorriso.

Ainda criança veio para o Sapé onde passou uma infância e puberdade saudável.


Destacando-se no futebol, aos 16 anos foi para Belo Horizonte jogar no Cruzeiro. Depois passou pelo Botafogo de Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha e Nilton Santos, Corinthians de Pirilo, Comercial de Ribeirão Preto, Prudentina de Presidente Prudente, Petropolitano e Serrano de Petrópolis.

É sempre lembrado pelos que o viram jogar e é incluído na seleção do Cruzeiro de Guidoval de todos os tempos.

Etiene é bom de copo e garfo, exímio cozinheiro, bem humorado, ótimo contador de piadas, amigo para as horas de farra e velório. Aonde chega, junto chega a alegria.

Quando lhe perguntam: “Quanto ganha?” Responde “O quanto eu gasto.” E se insistem: “Quanto gasta?” Diz “O quanto eu ganho.”

Em Cabo Frio, na Praia de Peró, possuía uma barraca de comes e bebes.

Todos os dias, com chuva ou sol, ia cedo abrir o seu comércio. Dizia “se eu não vender nada, bebo a preço de custo”.

Agora aposentado, vendeu a barraca, ainda continua acordando cedo só para ficar mais tempo à toa com os amigos de Peró que começam a biritar lá pelas 10 da manhã. Tem dias que a vontade de bebericar é maior que o horário matinal, aí adiantam o relógio para dar início a mais uma jornada de gole.

Teve um companheiro que quebrou a tarracha do relógio de tanto apressar a hora.

Deveria ser obrigatória a presença de Etiene nas festas de SANTANA.


Um amigo nunca morre, vira estrela!
(JORNAL DE GUIDOVAL - Nº 25 - Abr/2007)
            
 As pessoas não morrem, ficam encantadas, escreveu Guimarães Rosa. Concordo com o genial escritor. No último dia 13 de março faleceu Etiene de Souza Reis, em conseqüência de uma cirurgia cardíaca. Acrescento o que já dizem os poetas: um amigo nunca morre, vira estrela!
         Nascido em 21/11/1938, na vizinha Dona Euzébia, Etiene adotou Guidoval como a cidade de seu coração. A recíproca também é verdadeira. O povo guidovalense adorava o Etiene. Na edição de 30/06/2006, o Jornal de Guidoval homenageou o Etiene com o artigo “Um conterrâneo de bem com a vida”.
         No dia 20/01/2007, o JG prestou merecida homenagem a diversos atletas na festa “Troféus Craques do Cruzeiro”. Etiene foi um dos agraciados, recebendo a Bola de Ouro. Deve ter sido a sua última grande emoção em vida.
         Etiene amava Guidoval, tanto que nas últimas semanas de sua vida buscou refúgio em nossa terra, vagabundeando pelas nossas ruas, adentrando lares e corações, tomando um cafezinho aqui e acolá.
         Acredito que Etiene gostaria de ter Guidoval como última residência ao seu corpo-matéria, mas foi enterrado em Juiz de Fora. Vários conterrâneos presentes na despedida ao Etiene se prontificaram a fazer o velório e enterro dele em nossa cidade, inclusive o Prefeito Élio Lopes, sem nenhuma despesa ou custo à família, que não aceitou.
         Colecionando amigos vida afora, conquistou o último na enfermaria do hospital enquanto aguardava a cirurgia. Em pouco tempo de convivência já passava o número do celular do vizinho de cama aos amigos. Foi através deste telefone que conversei pela última vez com o Etiene. Estava otimista como sempre foi. Deu errado a cirurgia, atrapalhando a sua trajetória terrena.
         Já deve estar no céu, rodeado de amigos. Inventando uma comida na cozinha com o Renato Ramos. Fazendo tabelinha com o Eloir e o Silvestre. Contando uma piada para o Natalino Dornelas. Esperando ansioso, junto com o Padinha Occhi, a próxima Festa de Santana. Bebericando uma cervejinha com o Salim. Proseando com o Wilton Franco. Abraçando o Zizinho do Marcílio ou juntando uma turma para soltar balões no terreno baldio do paraíso. O Etiene era de grandes amigos e amizades. Passou pela TERRA como um cometa iluminando todos ao seu redor. Agora, Etiene brilha no CÉU!
(escrito por Ildefonso Dé Vieira)

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